DENÚNCIA !!!!

Acabei de passar por uma situação embaraçosa num supermercado aqui de Porto Alegre, que não vem ao caso citar o nome, mas que todo mundo conhece.

Achei que isso só acontecia com algumas pessoas, mas pelo visto está generalizado.

Já na entrada, notei um olhar um pouco estranho dos seguranças.

Fui na parte das cervejas e quando me dou por conta, estava um dos seguranças me seguindo, fui pegar umas bolachas e quando olho, tinha outro me seguindo. Quando fui ao caixa, ele continuou a me seguir. Fui obrigado a comparecer à gerência a fim de relatar a situação.

Ele chamou um dos seguranças pra saber o que estava acontecendo.

E eis o que ele responde: “Nós notamos a camisa do Inter que o moço vestia e apenas seguimos o líder”.

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O pastorzinho de merda

O pastorzinho de merda

Ao menos uma vez por dia, alguém vem me ofender no Twitter. Sempre fico meio assustado porque costumo levar a sério o que dizem. Depois dou risadas, pois, na verdade, as ofensas são sempre dirigidas ao Ministro da Educação Milton Ribeiro.

Eu sempre respondo com um #ForaBolsonaroGenocida, o que deve deixar o ofensor desconcertado por alguns segundos. Agora já posso responder com um #BolsonaroGenocidaComedorDePãoComLeiteCondensado.

Só que hoje me chamaram de pastorzinho de merda. E eu adorei! Ri alto!

Fico preocupado. Será que estou me acostumando a apanhar, mesmo que por tabela?

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El Roto de hoje

El Roto de hoje

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2021 e 1937, segundo os russos

2021 e 1937, segundo os russos

Aviso a todos, em especial ao Prof. Luiz Dario Teixeira-Ribeiro, ao Mauro Scheuer e demais marimbondos da segunda melhor livraria do Rio Grande!

Os russos estão fazendo piadas pânicas entre si. A verdade é que o calendário de 2021 é igual e mesmíssimo ao de 1937, ano máximo dos expurgos stalinistas. A citação deste ano causa calafrios por lá.

Mas vai dar tudo certo. Bolsonaro conseguirá as vacinas e 2021 será luminoso como… Deixa pra lá.

A piada por lá é assim: “Você não precisa comprar um calendário de 2021, basta reutilizar um de 1937”.

Fonte: Elena Romanov

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Atrás do Balcão da Bamboletras (XXXII)

Atrás do Balcão da Bamboletras (XXXII)

O Igor Freiberger criou a capa do meu livro. Com um incentivo desses, já fantasio desvairadamente com uma fortuna baseada na Cultura, vivendo no Brasil de Bolsonaro.

(A foto foi tirada por minha filha Bárbara Jardim, com quem me sinto à vontade para palhaçadas…).

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Processo mundial de enlouquecimento

O mundo começou a enlouquecer em grande escala quando Bob Dylan ganhou o Nobel (de Literatura) em outubro de 2016. Três semanas depois, Trump foi eleito presidente trazendo uma onda planetária de loucura. Depois vieram uns golpes, uma eleições estranhas no leste europeu, Bolsonaro, a invasão evangélica, a pandemia e, quando parecia que íamos começar a reverter a coisa, bammmm, Trump está quase reeleito. Podiam dar um Nobel pro Roberto Carlos (de Química, talvez) e fechar o ciclo, né?

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Podemos partir?

Podemos partir?

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.

Pálido, porém perseverante, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… “Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses”.

Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes. – “Paris! Paris!” Proferiu Pedro Paulo. -“Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir”.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: -Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? -Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Paranhos – Porto – Portugal

Autor: António Jorge (Portugal)

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A inicial B na música erudita

A inicial B na música erudita

É incrível o número de bons combositores cuja primeira letra do sobrenome é B. Estava bebendo vinho agora e falando pra Elena: Bach, Beethoven, Bartók, Brahms, Bruckner, Biber, Buxtehude, Britten, Borodin, Bowie, BacCartney, Barber, Boulez, Bizet, Brokofiev, Bernstein, Beatles, Berlioz, Bahler, Bozart, Berg, Bussorgsky, Bellini, Bley, Bottesini, Bendelssohn, Joe Bean — autor de Garota de Ibanema –, enfim, são muitos.

Bolfgang Abadeus Bozart (1756-1791)

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2022

2022

Em 1962, uma revista italiana publicou uma matéria sobre como o mundo seria em 2022. Abaixo, uma das fotos ilustrativas.

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As 20 piores capas de LPs e CDs eruditos segundo o maestro Leonard Slatkin

As 20 piores capas de LPs e CDs eruditos segundo o maestro Leonard Slatkin

A gente é useiro e vezeiro nesse negócio de capas de discos.

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O PUM dá a sua opinião a respeito do covid-19 de Bolsonaro

O PUM dá a sua opinião a respeito do covid-19 de Bolsonaro

O Partido Utópico Moderado vem aos brasileiros explicar o que rola no Planalto. Espreitamos o quarto de Boçalnato e o que ouvimos entre paredes?

— Presidente, a cloroquina é um placebo em seu caso.
— O que é placebo?
— É tipo o seu governo.

.oOo.

Armação Ilimitada II:

Bolsonaro foi convenientemente esfaqueado em 2018. Agora, contrai um oportuno Covid-19. É o governo Neymar. Em qualquer dificuldade, rola no chão.

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Uma obra de arte neste 17 de abril…

Uma obra de arte neste 17 de abril…

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As mortes por coronavírus nos EUA e o cinema (deles)

Eu lamento as duas mil mortes de ontem nos EUA. Mas fico pensando nos filmes horríveis que teremos que aguentar, se sobrevivermos. Eles não vão deixar a humanidade livre disso.

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Ludwig e Elise (e Napoleão)

Ludwig e Elise (e Napoleão)

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Locais fechados em Porto Alegre-RS até segunda ordem

Locais fechados em Porto Alegre-RS até segunda ordem

LOJAS:

Mesbla
Lobrás
As Brasileiras
JH Santos
Casas Sloper
Wolens
Taft
Coates
Louro
Armazém Riograndense
Krahe
Masson
Disapel
Cambial
Incosul
Casa Lyra
Bromberg
Saco e Cuecão
Gang
Hermes Macedo
Guaspari
Lojas Alfred
Livraria Sulina
Magazine Alberto Bins
Disco de Ouro
Quick
Yes Discos
King’s Discos
Star Discos
Manlec
Marinha Magazine
Casa Lu
D’Grau
K&K
Lancheria Julinho
Scarpini
Lojas Alfred
Escosteguy
Livraria Kosmos
Adegas
Courolândia
Couro Esporte
Casa dos Gravadores
Gaúcha Car
Importadora Americana (Ford)
Cauduro
Vêneto Confeitaria
Banco Meridional
Banco Sul-Brasileiro
Maisonnave
Sandiz
Sulcolor
Botinha da Zona
Paulistana
Patry`s
Mobycenter
Pernambucanas

CINEMAS:

Cine Guarani
Cine Vitoria
Cine Lido
Cine Cacique
Cine Imperial
Cine Baltimore
Cine Marrocos
Cine Ritz
Bristol
ABC
Pirajá
Avenida
Astor

ESTÁDIOS:

Eucaliptos
Olímpico

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Cervantes, Nietzsche, Suassuna, García Márquez, Clarice, Pessoa e outros, ao comerem miojo

Cervantes, Nietzsche, Suassuna, García Márquez, Clarice, Pessoa e outros, ao comerem miojo

Autor desconhecido. Foi muito alterado e acrescentado por mim e amigos — o texto mais que dobrou.

– Você é Nietzsche?
– Sou sim.
– Então fala: “comi um miojo”
– Deveras obscura a ideia de que uma ração precária e arbitrariamente nomeada alimento, possa, de fato, nutrir ao ponto de esquecermos de que toda a vontade de potência manifesta na determinante ideia diante da tragédia do eu, cuja única escolha possível é o aniquilamento total de toda divindade contida na ignorância e na natureza da matéria dormente e vagante a que chamam: homem. Era sim um prato de massa delicadamente disforme que sentia adentrar minhas entranhas, embebida em um suco pobre e tépido, salino! humano demasiado humano e arbitrário afirmar que de fato é um miojo.

.oOo.

– Você é Suassuna?
– Sou sim
– Então fala “comi um miojo”
– Já cansado dessa agonia de passa fome, come gororoba, passa fome, come gororoba, achei por bem de engolir essa papa e torcer pra não chegar tão cedo a hora de descomer!

.oOo.

– Você é Cervantes?
– Sou sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Calhou de aquele dia ser sexta-feira, e não havia em toda a estalagem nada além de umas rações de uma massa que em Castela chamam miojo, e na Andaluzia macarrão instantâneo, e noutras partes lámen, e noutras ainda noodles. Perguntaram-lhe se porventura comeria ele noodles, pois não havia outra massa que dar-lhe de comer.

.oOo.

– Você é Gabriel García Márquez?
– Sou sim.
-Então fala: “comi um miojo”.
– Minhas únicas viagens foram quatro aos Jogos Florais de Cartagena de índias, antes dos meus trinta anos, e uma noite ruim na lancha a motor, convidado por Sacramento Montiel para a inauguração de um de seus bordéis em Santa Marta. Quanto à minha vida doméstica, sou de comer pouco e de gostos fáceis. Quando Damiana ficou velha não se tornou a cozinhar em casa, e minha única refeição regular desde então foi um macarrão de rápido cozimento, embebido em um caldo salgado que me confundia o paladar, depois do fechamento do jornal.

.oOo.

– Você é Tolkien?
– Sim
– Então fala: “comi um miojo”
– Adentrei a cozinha naquela tarde ensolarada. Os raios atravessavam as janelas fazendo traços paralelos que tocavam a parede cimentada e pintada de azul. Um azul profundo como de um céu a tarde a beira do crepúsculo em Valfenda. O teto contrastava com o azul, a madeira me lembrava as florestas de carvalho. O assoalho era de madeira de lei, rangia enquanto eu caminhava para pegar minha tigela favorita. Quando a água começou a borbulhar na panela, introduzi o macarrão em meio a fervura. O fogo crepitava sob a panela de ferro, era uma leve brisa que invadia pelo corredor longo. Coloquei os temperos e senti subir o aroma. Despejei na tigela a sopa e sorvi ainda quente. Era como o fogo de Aldruin, com o sabor dos banquetes em Minas Tirith.

.oOo.

– Você é Augusto dos Anjos?
– Sou sim.
– Então fala “Comi um miojo”.
– Senti como que preso a um ferrolho
Incapaz de saciar minha própria fome
Prostrado diante da massa disforme
Coberta de um ígneo e mal cheiroso molho

.oOo.

– Você é Bukowski?
– Sou sim
– Então fala “comi um miojo”.
– Tomei um último gole de vinho do porto. Olhei pro pacote em cima da mesa. Abri. Joguei a massa seca e fedorenta na água fervente. Não era nada saboroso mas ia garantir uma boa cagada. É necessário ter algo pra se cagar além de cerveja e vinho barato.

.oOo.

– Você é Drummond?
– Sou sim
– Então fala “comi um miojo”.
– No meio da fome tinha um miojo,
Tinha um miojo no meio da fome
Fome vasta que dá nojo
Se eu comesse um miojo
Seria uma rima, não uma solução.
Fome vasta, mais vasto é meu coração.

.oOo.

– Você é Clarice Lispector?
– Sim.
– Então fala: “Comi um miojo”.
– Se ela ao menos soubesse onde está o macarrão desidratado nessa casa desidratada, pouparia o mundo do constrangimento de se deixar flagrar agora no centro ordinário da cozinha que sequer treme, e não responde ao sussurro “Onde está o miojo?”. Pare de buscar. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é resposta a meu – a meu mistério”. “Se tivesse a tolice de se perguntar ”quem sou eu?” ao invés de “onde pus o miojo?”, cairia estatelada e em cheio no chão, com o pacote do lámen sabor blattodea na mão . Sabor barata. Comeria já frio o miojo que não comi.

.oOo.

– Você é Fernando Pessoa?
– Sim e não. Sou outros.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Falo a três vozes. A quatro. A mil.
(Ricardo Reis) Enquanto a biblioteca de Alexandria arde em chamas, como esse miojo e é tudo. Sábio é o que assiste ao espetáculo do mundo.

(Alberto Caeiro) A flor é a flor, o tempo é só flor. Pensar é mastigar. O mais é flor, chuva, miojo.

(Álvaro de Campos) Eia, engrenagens que moem, trituram a moderna nutrição dos argonautas do amanhã! Eia, uhaaa, r-r-r-r-r-r de meus dentes apolíneos contra o trigo do gêmeo cop-noodles que fermenta o filho odisseico e já regurgito o novo homem-lámen das auroras sanguinárias.

(Fernando Pessoa) O miojo de vossa mesa não é mais belo e triste que o miojo de minha aldeia.

.oOo.

– Você é Homero?
– Sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Canto a brava sofreguidão de Aquiles, que tomando da inexorável colher de bronze investia contra a massa semelhante aos cabelos de Medusa, que fervilhava fumegante sobre as bem construídas mesas. Briseida, tá sem sal! bradou o filho de Peleu. Eu avisei! retrucou Cassandra do alto das inexpugnáveis muralhas.

.oOo.

– Você é Leonardo Padura?
– Sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Ele sabia que a velha Josefina não o perdoaria pelas folhas de taioba não entregues. Precisava falar com o magro Carlos e pedir que intercedesse a seu favor com a velha. Mas a cabeça ainda latejava devido as duas garrafas de rum vagabundo que conseguira comprar com o que lhe restou da venda do último livro, uma espécie de guia de como remover pulgas de cães. Acordou com o focinho gelado de Lixeira II no seu braço testando se ainda havia ali, naquele moribundo, um resquício de alma ou se teria de voltar a cavocar o pote com massa que havia lhe servido na noite anterior.

.oOo.

– Você é Guimarães Rosa?
– Sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Nonada, minha barriga estava desinquieta. Como diz meu compadre Quelemém, lá das bandas do Andrequicé, se ouvir uns roncos das entranhas homem, Deus esteja. Varei o pacotinho das minhoquinha a vir a ser um caldo cramunhado e salgado com as lágrimas do visitado pelo sem nome. Meti-lhe goela adentro. Travessia.

.oOo.

– Você é Anaïs Nin?
– Sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– A massa contra o prato produz asco, mas o contato com a língua apenas engendra repulsa e resignação.

.oOo.

– Você é Monterroso?
– Sim.
– Então fala: “comi um miojo”.
– Quando viu, o miojo ainda estava lá.

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Calendário de Tretas para 2020

Calendário de Tretas para 2020

Encontrei esta provocação no Facebook, mas acrescentei muitas outras. Então, esta é minha previsão mínima de tretas para 2020:

Janeiro

— Calor: amo ou odeio?
— Ler um livro ou ver BBB?

Fevereiro

— Carnaval, ame-o ou deixe-o?
— O ano começa só depois do Carnaval mesmo?

Março

— Dar flores, presentes, tapas ou respeito e conscientização no Dia Internacional da Mulher?
— Não esfriou ainda… Greta deve estar certa.

Abril

— Ovo ou barra na Páscoa?
— Comemorar o Dia do Índio?

Maio

— Mês das mães: mãe de animal de estimação também é mãe?
— Cadê meu inverno? Estou bufando desde dezembro!

Junho

— Dia dos Namorados: dar presentes para as esposas ou não? Com quem sair no dia 12?
— Frio: amo ou odeio?

Julho

— Dá para fazer festas juninas em julho?
— Olimpíadas: o Brasil investe o suficiente no esporte ou não? O único medalhista de ouro do país foi no Taekwondo: história de superação ou romantização da precariedade de condições? E o monopólio do futebol? Quando acabará?

Agosto

— Comemorar meu aniversário ou não?
— Por que este mês demora tanto a acabar?

Setembro

—  A Revolução Farroupilha é uma mera fundadora de mitos ou a consagração de nossa brava gente?
— Jogamos ou não uma bomba no Acampamento Farroupilha?
— Sirvam suas façanhas ou traição aos Lanceiros Negros?
— Não esquentou ainda… Greta deve estar errada.

Outubro

— Por que a esquerda não se uniu, porra?
— Botar foto de criança no Face?
— Comemorar ou não o Halloween?

Novembro

— Dia da consciência negra ou dia de todas as raças?
— Como será o novo prefeito de direita de Porto Alegre? Mudará algo?
— A Feira do Livro vale a pena?
— E o Black Friday?

Dezembro

— A década acabou ano passado ou vai acabar agora?
— O ano foi uma merda ou foi bom?
— Beethoven faz 250 anos. Ele era mesmo surdo? Mesmo?
— Sim ou não ao horário de verão?
— Chocotone, panetone ou bacalhau a Brás?
— Com ou sem uva passa?
— Como viver sem a torta macron de damasco?
— Por que os parentes bolsomínions não fazem uma festa só pra eles?

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A Prefeitura de Porto Alegre faz tudo pela leitura

A Prefeitura de Porto Alegre faz tudo pela leitura

Tudo pela leitura!

A prefeitura, na tentativa de reduzir o uso excessivo de celulares por parte da população, projetou a nova orla com orifícios do exato tamanho para fazer os nossos telefones móveis mergulharem nas águas do Guaíba.

Leia livros!

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A explicação dos incêndios

A explicação dos incêndios

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Atrás do balcão da Bamboletras (XIII) — A visita de Dostoiévski (II)

Atrás do balcão da Bamboletras (XIII) — A visita de Dostoiévski (II)

Mas tenho mais fatos a narrar sobre a visita de Dostoiévski à Livraria Bamboletras, durante o lançamento do Ingresia de Franciel Cruz.

Apresentei-lhe ao célebre escritor um livro de seu conterrâneo e contemporâneo Tolstói, Anna Kariênina. Ele olhou, risonho porém visivelmente contrafeito, e disse:

— Ah, um Tolstói qualquer.

Notei que ele tinha achado minha atitude ofensiva e tentei consertar a situação dizendo que, imagina, atropelada por um trem, muito melhor uma machadinha ou um bom parricídio — já pensou que maravilha se acontecesse em Brasília, Dostô? –, mas como ele não reagia, reclamei das considerações agrícolas de Liêvin, louvei o príncipe Míchkin e o niilista Kirílov e fui saindo de fininho antes que ele jogasse em mim aquele copo de cerveja.

(Com Bruno Pommer e Milton Ribeiro).
(Fotos: Rômulo Arbo).

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