Showing all posts in Fotos
Uma foto
Dez fotos de Nova Iorque à noite
Dez fotos de Tim Walker
Em torno de uma fotografia clássica
A famosa foto da fotógrafa norte-americana Ruth Orkin (1921-1985) já foi vista em diversas circunstâncias, quase sempre com a mesma óbvia interpretação. Uma grande amiga minha diz sentir medo cada vez que olha a foto. Tirada em agosto de 1951, na cidade de Florença, mostra uma mulher alta, bela e bem vestida passando por um grupo de homens que a olham com ar de desejo. Assédio. Um, bem próximo da moça, leva a mão à própria genitália enquanto assobia. Em resposta, ela caminha com medo — ou pelo menos com receio –, puxando o xale, evitando olhar para eles.
O que pouca gente sabe é que esta foto, hoje clássica, serviu para ilustrar a revista Cosmopolitan dentro de uma matéria chamada Don’t Be Afraid to Travel Alone.
Se era para perder o medo… Bem, as feministas utilizam bastante esta imagem para demonstrar o agressivo assédio das rua. A foto foi cuidadosamente encenada ou ao menos repetida sob diversos ângulos, como comprova o rolo do filme. Isto não lhe tira o mérito.
O curioso é que a modelo Ninalee “Jinx” Allen nega a encenação. Diz que os homens estavam por ali. Eram uns desocupados no alto desemprego do pós-guerra. A fotógrafa Orkin conheceu Jinx, uma pintora também norte-americana, na época com 23 anos, dias antes de retratá-la. Ambas estavam viajando sozinhas pela Europa — algo raro nos anos 50 –, encontraram-se Florença e Orkin convidou Jinx para servir de modelo nas fotos que pretendia vender para a revista..
Após a publicação na Cosmopolitan, a imagem clássica passou a ser parcialmente censurada, cortando-se a metade esquerda da foto ou apagando-se a mão do homem do guarda-chuva. A partir de meados dos anos 1960 a fotografia completa voltou a ser mostrada.
Jinx ainda está viva e diz que a imagem pode ser interpretada e apreciada como cada um quiser. Porém, como muitas vezes acontece com as obras de arte, parece haver enorme distância entre a sensação de quem participou e a interpretação de quem vê. Ela não vê assédio na foto. Jinx achou tudo muito divertido. Gostou tanto que passeou depois com um dos sujeitos, conforme comprova outra foto de Orkin.
A interpretação que faço da belíssima foto é a mesma das feministas. Jinx pode não ter se sentido intimidada, mas a imagem não o demonstra. Há uma matilha prestes a interromper a caminhada dela.
Hoje, Jinx é a bela senhora de 89 anos que, em 2011, tirou a foto abaixo, aos 83, 60 anos depois da foto, com o mesmo xale e colar.
Feliz Dia do Amigo!
Para regozijo de meus sete leitores, estarei no StudioClio a cada duas semanas falando sobre música
Há um bando de loucos que gosta de me ouvir falar ou escrever sobre música. Bem, tem gosto para tudo. Isto foi lentamente se acentuando após o nascimento do PQP Bach, lá no longínquo ano de 2006. Pois agora, a cada duas semanas, estarei no StudioClio na série de palestras Almoço Clio Musical. Abordarei sobre obras fundamentais da música erudita, algo como “o imprescindível em música”, devidamente contextualizadas e com o apoio de vídeos que apresentarão trechos ou obras completas.
Durante cada palestra, haverá a apresentação didática de fundamentos, explicações sobre a terminologia, comentários sobre a estrutura da obra, instrumentação, gênero e estilo. A função começa dia 23 de maio, às 12h20, com os Concertos de Brandenburgo, de J. S. Bach. Acho que vou apresentar 4 dos 6 concertos, com comentários sobre o autor e os concertos, na verdade chamados originalmente de Concertos para Diversos Instrumentos.
O tom será o habitual, bem-humorado e procurando utilizar as curiosidades que cercam cada obra. Afinal minha ideologia é a de que a arte é filha da criatividade, da habilidade, do conhecimento, da inteligência e do artifício. E todos estes itens guardam parentesco maior com a alegria do que com a sisudez.
Na semana passada, fui tirar as fotos para ilustrar as chamadas. A primeira é a mais séria.
Depois o Francisco Marshall, no papel de fotógrafo, começou a dizer bobagens. Mas eu me mantive com a cara mentirosamente professoral.
Então, ele me deixou num canto da foto, se fosse necessário escrever alguma coisa à esquerda da imagem.
Mas a coisa descambou quando ele me pediu para imitar a cara séria de Bach. Não tive tempo para preparar nada melhor.
Mais competente foi o meu Beethoven, cujo mau humor é fácil de imitar.
Tentei fazer uma cara de Mozart que fosse leve e ousada como sua música, mas só fiz cara de Pollyanna.
Meu apaixonado e encantado Chopin saiu com jeitinho de débil mental.
Não soube o que fazer com Tchaikovski.
Já para fazer o gordão Brahms foi só encher as bochechas de ar.
Haydn foi o mais feliz dos homens.
A sífilis de Schubert manifestou-se erradamente através de uma tosse. Deveria ter me coçado.
E então ele deu por finalizada a sessão.
Já tenho o meu book.
O topo da cadeia alimentar (ou da evolução).
A mais bela foto e o mais belo vídeo da Greve Geral de 28 de abril
E Guilherme Santos, meu colega de Sul21, o mais belo e significativo vídeo.
Não tenho nada a ver com isso, apenas publico
Formação rochosa — ah, as formações rochosas… — no Arches National Park (EUA).
Na Capadócia, há uma outra bizarra coleção de rochas fálicas. Algumas delas têm 40 m de altura. Foram criadas por erupções vulcânicas há aproximadamente 9 milhões de anos. A erosão do vento e da água deixaram-nas assim. Os turcos falam em cones, pilares, pináculos, cogumelos e chaminés. Deixa eles.
Formação rochosa na Tailândia (conhecida como “A Vovó”).
Outra formação rochosa na Tailândia (conhecida como “O Vovô”).
Um afresco romano em Pompeia (Itália).
Templo do Amor Khajuraho (Índia).
Montanhas em Guizhou (China).
Formação rochosa nas Filipinas.
Propaganda italiana de sorvete.
Um amigo mandou isso…
Vão trabalhar!
Uma sessão de fotos de Carl Nielsen
Esses compositores eruditos, tão sérios… Vejam abaixo fotos do grande e eminente dinamarquês Carl Nielsen (1865-1931). Importante: ele foi grande MESMO!
Carl August Nielsen é o Villa-Lobos da Dinamarca, o compositor nacional do país. Com seis sinfonias, concertos fundamentais para violino, flauta e clarinete, duas óperas, seis quartetos de corda, um extraordinário quinteto de sopros, músicas de câmara e centenas de hinos e outras obras vocais, o trabalho do Carl Nielsen é considerado um tesouro nacional e ponto de encontro entre dinamarqueses.
Carl Nielsen foi original e diferente, perturbador e inspirador. E as fotos abaixo…
Sorte na foto
É óbvio que, como disse o Fernando Guimarães, eu tive muita sorte. No dia 2 de fevereiro, há uma semana, estava voltando de férias em um avião da LATAM. E quis fotografar a ponte do Guaíba. Nem lembrava da procissão de Navegantes que ocorria em Porto Alegre, mas acabei registrando parte dela, além de pegar a ponte erguida, o navio que recém passara e a fila de carros. Após tirar a foto, fiquei encantado com minha sorte. Se tivesse planejado…
Teve outra também interessante. A usina do Gasômetro na ponta, à direita, com o Absoluto tomando conta da paisagem atrás, ao pé do Morro Santa Teresa.
Visitando a zona evacuada de Tchernóbil
Eu sempre incomodei a Elena para saber. Ela mudava de assunto, dizendo que doía falar naquilo. É que gosto de saber tudo sobre a pessoa que amo. Desde o nascimento, todo esse passado me parece puro encantamento, ainda mais se pensar que qualquer alteração — ou decisão tomada — poderia ter desviado Elena de mim. Afinal, ela veio de muito longe. Porém, a história de Tchernóbil não tem nenhum encantamento e devo ser apenas um cara chato.
Não há magia no acidente de Tchernóbil e sua relação com a cidade bielorrussa de Moguilióv, onde Elena nasceu e viveu até o final da adolescência. A cidade fica próxima do acidente e os ventos costumam ir para aquele lado. Quando li o livro de Svetlana Aleksiévitch, Vozes de Tchernóbil, soube que tinha razão — a cidade fora atingida fortemente. Mas ela me contava poucas coisas, na verdade uma coisa só, um fato que ocorrera no dia 1º de maio de 1986. Ignorantes do que estava ocorrendo, a população participou do desfile tradicional da data. Todos foram convocados para o mesmo e ninguém fora avisado de qualquer perigo. O acidente nuclear acontecera cinco dias antes, em 26 de abril. Um casal de professores que costumava ouvir a Voz da América foi para o evento munido de guarda-chuvas. Não chovia e todos riram deles. Depois de alguns dias, apareceu uma nuvem escura que passou lentamente sobre a cidade e a grande chaminé de uma famosa fábrica de tecidos sintéticos pegou fogo sem faísca nenhuma… Depois ela viu a carcaça resultante. Todos estavam assustados com a reação química entre a chaminé e a nuvem.
Quando eu estava lendo Vozes de Tchernóbil, a igualmente bielorrussa Aleksiévitch falou numa professora de arte, alguém muito inteligente e capacitada, e logo tive a certeza de que Elena a conhecia. Perguntei e ela me trouxe fotos onde estavam a tal professora, sua mãe e a própria Elena. Em pleno início dos anos 80, eles pareciam formar uma comunidade de hippies tardios. As fotos eram sempre de grupo, improvisadíssimas, e Elena aparecia como uma pré-adolescente rindo no meio de uns caras barbudos e de umas mulheres 100% ripongas.
Só ontem, inesperadamente, apareceram outras fotos. A excelente pianista e professora responsável pela turma da Elena, formada exclusivamente por futuras musicistas, era casada com um policial de alto cargo em Moguilióv. Por solidariedade e para demonstrar mobilização, ele e sua esposa organizaram uma excursão à área evacuada. Fariam uma apresentação de canto para os policiais que vigiavam o local, impedindo o acesso e os roubos de casas e maquinário. Ignorando o perigo e pensando em fazer uma coisa boa, as meninas aceitaram o convite. Era perigoso, mas elas queriam dar alento àquelas pessoas que se sacrificavam. E foram cantar na zona evacuada em Brahin. Na volta, o marido da professora e os policiais que acompanharam o grupo receberam uma significativa promoção e privilégios apenas concedidos aos liquidadores de Tchernóbil. As estudantes não ganharam nada.
Ficaram lá três dias. Ela disse que cantaram, caminharam, se emocionaram, riram e dançaram com os milicianos. Um deles se apaixonou por ela e pediu-lhe o endereço. Trocaram cartas, mas nunca mais se viram.
Um dia, falei que queria registrar a história de sua relação com o acidente. Faria algo ao estilo de Aleksiévitch, mais uma voz de Tchernóbil. A coisa não andou. Não insisti.
Hoje a Elena está muito bem, basta olhar a linda mulher que é. Mas tem saúde frágil e teme que a radiação abundante venha a se manifestar um dia, se já não aconteceu. Ela fala em esquecer o passado, mas, repito, sou muito chato. Ela concordou que eu mostrasse as fotos de ontem.
Fotografias de Helen Levitt (1913-2009)
Um passeio poético pela Voluntários da Pátria
Fotos de Bernardo Jardim Ribeiro
Pautado para simplesmente caminhar pela cidade, o fotógrafo Bernardo Ribeiro escolheu percorrer a Voluntários da Pátria da estação rodoviária até a Ramiro Barcellos. A região pouco turística estranhou a presença do fotógrafo. Em certo momento, ele foi alvejado por uma maçã. Mesmo assim, o resultado foi excelente. São gatos em antiquários, carroceiros, mendigos, crianças e Papais Noéis…. Enfim, belas cristalizações do fugidio em Porto Alegre.
É tudo tão estranho…
Uma das melhores fotos do mês, de acordo com a National Geographic
3 anos
3 anos não é muito tempo, mas foram tantas vezes que apressei o passo para me encontrar contigo, foram tantas vezes que me preparei te contar uma coisa engraçada ou não, uma novidade ou não, foram tantas vezes que fiz café e te acordei, foram tantas vezes que me virei para te ver rir, foram tantas vezes que te admirei, foram tantos beijos e abraços que só posso concluir que cabe muita coisa em 3 anos, até porque a gente se acostuma com o que é bom e o resto passa a ser estranho. É como se tivéssemos aberto um parêntese de calma, amor e delicadeza em nossas vidas, e tivéssemos esquecido de fechar. Eu sinto este período como um caminho para trás no tempo, na direção de uma segunda juventude. Te amo, Elena.
Uma foto, a foto
Não sei o que mais dizer sobre a foto abaixo além de que são três grandíssimos artistas que amo muito. Maurizio Pollini (74), Martha Argerich (75) e Daniel Barenboim (73) estiveram juntos ontem num camarim, em Lucerna. Como escreveu Norman Lebrecht, são “seis mãos de ouro” que ouvi muito e das quais espero ouvir ainda muito mais.
via Guilherme Conte
Elena aplica a Lei Maria da Lenha neste blogueiro
Fotos de Milton Ribeiro
Estava tudo muito tranquilo. Tirávamos fotos. A de baixo era para aparecer depois deitada como se fosse uma gravura de Chagall com a Elena voando. Mas achei-a muito bonita em pé e deixei assim.Mas era para aparecer assim, ó:
Depois tiramos outras fotos. Sou um chato e acho minha mulher linda, fazer o quê? Fiquei pedindo poses até que ela achou tudo um abuso e
resolveu aplicar a Lei Maria da Lenha em mim.