Mauvício

Eu procurei ouvir o jogo do Imortal, mas não o encontrei. As emissoras que normalmente narram as partidas estavam falando em serrote, mosquito e pescador. Não entendi nada. Perde o rádio gaúcho, perde sobremaneira o ouvinte em informação. Quanto foi o jogo? Que negócio é esse de serrote? Claro que o Grêmio ganhou, né?

Mauvício Saravia

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É claro

É claro

É óbvio que houve pênalti a favor do Grêmio. Não sei o que veem os juízes naquela casinha do VAR. Deve ter algum tipo de alucinógeno lá. O Inter teve dois pênaltis sonegados contra Fortaleza e Palmeiras — se convertidos, seriam mais três pontos na nossa conta –, assim como o Grêmio só foi para a final do Salsichão por erro de arbitragem. No grupo de colorados com quem estava assistindo o jogo, todos “deram” o pênalti e sorriram deliciados com a decisão do apitador.

É o terceiro jogo consecutivo MUITO RUIM do Inter. As deficiências de Rogel apareceram em todo seu esplendor, a idade de Bruno Henrique não suporta jogar duas vezes por semana, Vitinho é o próprio tubarão de laguinho — só joga Gauchão (cadê Gustavo Prado?) — e Bernabei parece sentir as ausências de Victor Gabriel e Juninho. Para terminar, contra times fechados, Borré é mais jogador do que Valencia.

Mas vamos em frente. O Inter precisa voltar a jogar e o Grêmio segue candidato ao Arerê.

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Gre-Nal 447: a atualização de nossa superioridade

Nos últimos 10 Gre-Nais tivemos 5 vitórias do Inter, 3 empates e 2 vitórias dos Nocivos.

Com o empate de hoje, o “Imortal” completará 2 anos sem ganhar Gre-Nal. Uma pena.

Na história, são 165 vitórias do Inter, 141 empates e 141 vitórias do Grêmio. A batalha do Grêmio com os empates é duríssima.

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Mauvício

Obviamente, o Grêmio não precisa de técnico, precisa seguir na autogestão, como ficou demostrado hoje. Inclusive sou contra termos um capitão, a liderança tem de ser dividida horizontalmente. Nada de inovações como Felipão, Mano e South Summit. Assim, ganharia o Grêmio, ganhariam sobremaneira as relações humanas. No mais, que jogo chato.

Mauvício Saravia

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Mauvício

Ninguém esperava que o Imortal perdesse para o Flamengo. Pelo contrário, todos previam uma vitória fácil do Tricolor. Seria a confirmação de um ano sobremaneira frutífero. A equipe de Quinteros há de se recuperar na próxima rodada. O Mirassol não tem culpa de nada, mas vai pagar o pato! É da vida.

Mauvício Saravia

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Mauvício

Mauvício

Amanhã, o Grêmio começa a pavimentar seu caminho para o título brasileiro de 2025. Se o Inter empatou com o Flamengo no Rio e o Central Córdoba venceu, estamos a menos de 24h de vermos o time carioca sobremaneira esquartejado na Arena OAS.

Mauvício Saravia

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Não é opinião: Inter e Grêmio contra os grandes

Não é opinião.

Internacional contra os 11 Grandes :
✅ Internacional 165v X 141v Grêmio
✅ Internacional 41v X 35v Palmeiras
❌ Internacional 25v X 32v Corinthians
❌ Internacional 30v X 31v São Paulo
✅ Internacional 30v X 28v Santos
✅ Internacional 39v X 38v Flamengo
✅ Internacional 33v X 27v Vasco
✅ Internacional 35v X 31v Fluminense
✅ Internacional 30v X 25v Botafogo
✅ Internacional 35v X 29v Cruzeiro
✅ Internacional 40v X 34v Atlético-MG
9 x 2

Grêmio contra os 11 Grandes :
❌ Grêmio 141v X 165v Internacional
❌ Grêmio 22v X 47v Palmeiras
✅ Grêmio 36v X 35v Corinthians
❌ Grêmio 36v X 41v São Paulo
❌ Grêmio 30v X 40v Santos
❌ Grêmio 42v X 43v Flamengo
✅ Grêmio 42v X 29v Vasco
✅ Grêmio 43v X 28v Fluminense
✅ Grêmio 30v X 24v Botafogo
❌ Grêmio 27v X 36v Cruzeiro
✅ Grêmio 36v X 27v Atlético-MG
5 x 6

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Mauvício

O Grêmio demonstrou hoje à noite estar indo em linha reta ao caminho das vitórias. O técnico Quinteros, como seu profundo conhecimento do futebol boliviano, é o nosso grande comandante. A Arena OAS, lotada, rugiu na noite desta terça-feira. Ganha o Tricolor, ganha sobremaneira o futebol gaúcho.

Mauvício Saravia

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O futebol neste 31 de março / 1º de abril

Nove clubes brasileiros se manifestaram contra a Ditadura na passagem do 31/03 – 01/04: Vasco, Bahia, Botafogo, Corinthians, Sport e Inter, além de Remo, Náutico e Souza.

É melhor ser torcedor de um dos nove, né? Me disseram que a diretoria dos nocivos está cheia de bolsomínions. Triste.

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18 anos

18 anos

Aquele momento em que a gente teve a certeza de que, bem, fud6u.

E erramos todos.

Há 18 anos.

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Ruy Carlos Ostermann: um encontro com o Professor, de Carlos Guimarães

Ruy Carlos Ostermann: um encontro com o Professor, de Carlos Guimarães

Resenha escrita para a revista Parêntese.

Há no RS algum apreciador de futebol com mais de 30 anos que não tenha ouvido, visto ou lido Ruy Carlos Ostermann? Não creio. Pedir distância crítica a qualquer um deles é impossível. Eu, por exemplo, comecei a ouvi-lo na Rádio Guaíba no distante ano de 1967 e de lá para cá o contato foi muito frequente. Para deixar ainda maior a proximidade, passei boa parte de minha vida trabalhando em dois empregos e eles me obrigavam a um deslocamento a partir das 16h, bem no horário do Gaúcha Entrevista, onde o Ruy, produzido por longo tempo pelo saudoso Paulo Moreira, entrevistava pessoas ouvindo-as com curiosidade e sem interrompê-las. Pois ele foi um comunicador multitemático, multimídia e aparentemente ubíquo.

Li Ruy Carlos Ostermann: um encontro com o Professor (436 páginas), em 3 dias e não me considero masoquista, ou seja, o livro e a extensiva pesquisa de Carlos Guimarães me prenderam por completo. São 35 capítulos diagramados com inteligência, deixando claros os depoimentos, as crônicas do biografado e o próprio texto de Guimarães, o que torna o livro um longo diálogo em que as comprovações do que está sendo dito aparecem de forma fluida.

O começo não promete muito. As origens familiares não são, digamos, fascinantes, mas isto dura pouco. Logo o texto ganha em velocidade e interesse. Também pudera! Seus pais tomam a atitude incompreensível de colocá-lo num internato a poucos metros de casa. E Ruy não parecia ser um problema. Ali parece nascer uma revolta que faria nascer outra pessoa, uma que, inclusive, teria dificuldades na escola e que aprenderia a dirigir seus interesses apenas para o que lhe interessava — a linguagem, a escritura, o pensamento e o esporte.

Ruy foi dos primeiros intelectuais que quebraram a falsa impossibilidade de alguém ser conhecedor de futebol e, ao mesmo tempo, uma pessoa de amplo conhecimento em áreas como arte, filosofia, literatura, história, ciências e música. De forma muito pessoal, ele foi o jornalista que trouxe a linguagem culta e elegante para o rádio, ao mesmo tempo que destronava o achismo reinante. Foi Ruy quem implantou as planilhas em seus comentários. Ele não dizia apenas que um time jogou melhor que o outro, depois enfiando um blá-blá-blá qualquer — nosso homem “de humanas” tratava de informar o número de chutes e de chances de gol, os escanteios, as defesas difíceis dos goleiros, etc. E tudo isto traduzido numa linguagem ausente de aridez. Imagino a festa que ele faria com as estatísticas de posse de bola e os mapas de calor que temos hoje.

Além disso, Ruy era um interessado observador de esquemas táticos, ou seja, ele podia descer alguns degraus em direção ao campo sem passar vergonha. Podia conversar com um técnico sem que este sugerisse a ignorância do jornalista.

O livro de Guimarães também oferece um belo e atraente painel da história do rádio e dos jornais de Porto Alegre, com destaque para o apogeu e declínio da Caldas Junior e a tomada de liderança pela RBS, através de uma administração mais sensata e da paulatina contratação das mesmas figuras que antes brilhavam na Guaíba. As fofocas, hesitações e desafios estão todos muito bem contados, inclusive a rivalidade entre Ruy e Lauro Quadros. Por muito tempo, Ruy foi chefe do departamento de esportes da Rádio Gaúcha e âncora de programas com a participação de Lauro.

Lauro e Ruy, de 85 e 90 anos de idade, parecem dois embaixadores. Eles negam quaisquer confusões, mas não era o que se dizia na época. De um lado e de outro, Guimarães tenta furar o bloqueio dos dois velhos, sem sucesso. São amigos. E as amizades são um importante ponto na vida de Ruy, Ele as cultivava com uma tão especial dedicação que elas foram o que impediu sua ida para a Globo, que lhe ofereceu “rios de dinheiro” para se transferir e que recebeu sempre a mesma resposta: a vida dele, a família e os amigos estavam aqui.

Recomendo o livro de Guimarães. E não apenas para os amantes do futebol.

Carlos Guimarães e Ruy Carlos Ostermann | Foto: Rogério Fernandes / Matinal

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Vinícius Jr. e a Bola de Ouro

Negro, militante e latino. É demais para a Bola da Ouro.

Mas não é novidade: em 1996, o alemão Matthias Sammer recebeu o prêmio, superando o não-militante Ronaldo Fenômeno, que vivia uma super temporada no Barcelona.

Agora, comparar jogadores fora do contexto do time é tolice. Quem conhece futebol compara equipes ou jogadores de mesma posição e características — e mesmo assim depende do time onde vão entrar.

Por exemplo, quem é melhor no Inter: Alan Patrick ou Vitão? Wesley ou Fernando? São perguntas ridículas. Agora, imagine fazer isso em âmbito mundial?

Quem é melhor? Borré ou Valencia? Para o time de Roger, Borré. Para o de Coudet, Valencia.

 

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Compromissos do Inter em maio

Compromissos do Inter em maio

7, 10, 13, 16, 19… Sim, de três em três dias haverá jogos do Inter neste mês de maio. Haja jogador! Como diria o bolsonarista Renato, tantos jogos assim refletem a grandeza do Gr… Nada disso, reflete é a bagunça do calendário da CBF. Tem jogos em todos os dias da semana. E três contra o Juventude.

Compromissos do Inter em maio:

— 07 (terça-feira) – Real Tomayapo, na Bolívia, às 21h (Sul-Americana)
— 10 (sexta-feira) – Juventude, no Beira-Rio, às 21h (Copa do Brasil)
— 13 (segunda-feira) – Juventude, no Beira-Rio, às 21h (Brasileirão)
— 16 (quinta-feira) – Delfín, no Beira-Rio, às 19h (Sul-Americana)
— 19 (domingo) – Cuiabá, na Arena Pantanal, às 18h30 (Brasileirão)
— 22 (quarta-feira) – Juventude, no Jaconi, às 21h30 (Copa do Brasil)
— 25 (sábado) – São Paulo, no Beira-Rio, às 21h (Brasileirão)
— 28 (terça-feira) – Belgrano, no Beira-Rio, às 21h30 (Sul-Americana)

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Borré

Borré

É normal contratar jogadores que estão em baixa no futebol europeu. D’Alessandro estava dando sopa no San Lorenzo porque não deu certo nem na Espanha e nem na Alemanha.

É o caso de Borré. Falei hoje com um colombiano que diz que até na seleção do país ele é contestado. Mas lembro bem dele no River. Era um avião e acho que dá para consertá-lo. Tem 28 anos.

Só acho que ele podia parar com aquele negócio de bater continência.

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Beira-Rio — 55 anos

Beira-Rio — 55 anos

Há 55 anos, no dia 6 de abril de 1969, eu estava na inauguração do Beira-Rio. Inter 2 x 1 Benfica, gols de Claudiomiro (foto), Eusébio (Benfica) e Gilson Porto. Eu tinha 11 anos.

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E o Inter novamente não fará a final do Gaúcho

E o Inter novamente não fará a final do Gaúcho

Este Inter do início do ano tinha um grande problema. O esquema preferido de Coudet é o 4-1-3-2. Ele não se move disso. É um belo esquema, mas há aquele “1”. O Inter quase cometeu suicídio financeiro por causa daquele “1”. Gastou 4 milhões de euros (R$ 21,6 milhões) por 50% dos direitos de Thiago Maia — realmente um excelente jogador. Mais: trouxe Fernando por um salário que não deve ser baixo e ainda roubou Bruno Gomes quando este estava indo para o Fortaleza. Era uma justificada loucura por volantes, pois Aránguiz apenas quebra o galho como “1”. Acho que atua melhor jogando mais à frente. O “1” precisa iniciar as jogadas, dar proteção à zaga e cobrir os laterais. É muito para Aránguiz, mesmo que ele não permaneça em campo até o final. É um baita jogador que rende melhor mais solto.

Ontem, por exemplo, faltou cobertura para Bustos. O atacante pela esquerda do Ju nos deu um baile. Coudet poderia ter posto o Mallo por ali para acabar com a festa. Não botou. Também poderia usar Bruno Gomes e Rômulo para dar melhor cobertura e também reforçar o meio no lugar de Bruno Henrique e Aránguiz, ambos em noite muito infeliz. Aquele negócio de perder quase sempre a segunda bola nos matou. Gosto muito do esquema do Coudet, mas para funcionar tem que ter um meio muito mordedor desde lá na frente. Isto não ocorreu. Outra coisa foi a ingenuidade do Maurício e a infantilidade do R. Renan. Mas claro, agora é fácil falar. Não vou seguir, mas o fato é que, além desses, muito mais gente assinou essa eliminação.

E temos que enaltecer o Roger Machado, que fez o Juventude jogar mais do que nós. Mereceram ir para a final.

Coudet durante Inter x Juventude | Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

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Palavras inteligentes encontradas por aí (sobre ontem à noite)

Há menos de 3 meses, o Inter era uma massa amorfa. A gente não conseguia dizer se os jogadores eram bons ou ruins porque não era possível sequer identificar uma intencionalidade naquele time.

Espero que não crucifiquem o Valencia, ele joga muito. Mas ontem perdeu duas chances com o gol aberto.

O mínimo seria fazer uma das chances e ninguém estaria falando de “nó tático” do Diniz. 🙂 Perdemos pelos erros capitais nas finalizações. E do Renê, que Ele toda a visão do lance e não fez o movimento para deixar o John Kennedy em impedimento. Para terminar ainda errou em bola em cima da linha.

O Coudet ainda vai melhorar bastante o time com uma pré-temporada bem feita. Só que para tanto teria que ficar… O Inter precisa de banco. Dizem que Coudet mexe mal, mas não apontam quem deveria entrar.

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“Somos Azuis, Pretos e Brancos”: o Tricolor em busca de suas cores

“Somos Azuis, Pretos e Brancos”: o Tricolor em busca de suas cores

O presente texto é produção de Matheus Donay da Costa, que na época de publicação do texto estava no quarto semestre do curso de História da UFSM. Trata-se de uma revisão do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”, do jornalista Leo Gerchmann. Matheus é integrante do Stadium- Grupo de Estudos de História do Esporte e das Práticas Lúdicas. Os resultados parciais deste trabalho foram já apresentados e o resumo publicado nos anais do XIV Encontro Estadual de História da Associação Nacional de História – Seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS), em julho de 2018.

.oOo.

Quantas cores cabem em um clube de futebol? Na cidade da longevidade, Veranópolis (interior do RS), o clube homônimo carrega um título pouco comum no esporte: pentacolor. A seleção holandesa carimbou na história apelido que dialoga com sua cor, imponente e singular. Nos tempos de Cruyff cunhou-se o termo “Laranja Mecânica”. Na mesma década do sucesso holandês, as arquibancadas do estádio Olímpico transformavam o Grêmio num clube de 7 cores: as do arco-íris, por méritos da torcida Coligay.

Em 1903, ano da fundação, foi definido que o uniforme do Grêmio seria listrado nas cores azul e havana, com gravata branca. Por falta de oferta no comércio, o havana foi substituído pelo preto e assim se fazia o tricolor de Porto Alegre. É o que nos conta o jornalista Leo Gerchmann no seu livro Somos Azuis, Pretos e Brancos, publicação que provoca algumas inquietações em leitores curiosos.

Capa do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”.

Comigo, a relação com o livro inicia-se no inverno de 2015 em Santa Maria. Lembro que fazia bastante frio e fui à feira do livro em busca da recém lançada obra da L&PM, o livro do Gerchmann. Indisponível, mandei mensagem para o autor. Em 2 dias, estava em destaque na banca da editora. Texto lido, alguns questionamentos na cabeça, novas histórias e personagens a conhecimento do público. Histórias que, conforme o autor, ficaram esquecidas ou deixadas em segundo plano por muito tempo por diversas razões.

O tempo passou, entrei no curso de História e, em contato com aquele universo cotidiano de palavras – historiografia, fonte, método, teoria – um ensinamento: ler a contrapelo. Assim voltei à obra do Leo, sabendo que não se tratava de uma produção acadêmica, ainda que fosse um livro de história (como está identificado na sua classificação). E a história, se pretendemos levá-la minimamente a sério, exige método. Logo de cara constatei: esta história pra mim começa no gelado inverno santamariense de 2015, para o Leo começa (ou se intensifica) numa noite fria de agosto de 2014, quando ocorre o episódio de racismo com o goleiro Aranha na Arena.

Não demorou muito para que o clube abrisse suas portas para o lançamento de Somos Azuis, Pretos e Brancos. Eis uma nova memória em disputa, diferente daquela difundida popularmente: o clube do povo (Internacional) versus o clube da elite branca (Grêmio). A proposta do autor é clara: acabar com a pecha atribuída ao tricolor, desfazer a injustiça. Marcos Rolim, autor do prefácio, é enfático: “A investigação histórica de Léo Gerchmann nos libertou”.

Mesmo que escrito por um jornalista e a obra seja reivindicada como livro-reportagem, chamo a atenção para um aspecto fundamental. Aqui, faço uso de um trecho do livro “Pesquisa Histórica e História do Esporte”, elaborado por diversos pesquisadores da área. “A questão é simples e óbvia, mas deve ser relembrada, inclusive porque é clara a característica multiprofissional do campo de investigação (no qual atuam “historiadores de formação”, mas também oriundos de outras áreas): qualquer que seja a opção teórica/metodológica adotada, a história do esporte é sempre história. São os debates da disciplina-mãe (bem como das ciências humanas e sociais como um todo) que devem nortear a atuação do pesquisador, independentemente da sua área original de formação.”

Com base na leitura de Somos Azuis, Pretos e Brancos, tentei pinçar as fontes utilizadas, afinal, é impossível revisitar o passado sem acessá-las. Nas primeiras páginas, as fontes são indicadas como documentos abertos de forma irrestrita pelo Grêmio (no livro aparecem ainda algumas colunas de jornais e fotografias), além do auxílio do Memorial Hermínio Bittencourt e do Museu do Grêmio, ambos pertencentes à instituição, além de alguns entrevistados. Todavia, o grande problema de Somos Azuis, Pretos e Brancos reside aqui, nas fontes.

Fontes orais

Num mundo tomado pelas fake news, quem preza pela qualidade de uma informação/afirmação demanda que ela seja corroborada de alguma forma. Assim, toda e qualquer conclusão há de ser amparada em fontes concretas, estilhaços do passado que nos oferecem caminhos para buscar acessar o que já aconteceu. Em Somos Azuis, Pretos e Brancos, constantemente são expostos relatos orais de entrevistados. Frente a esta situação, me questiono: o que Gerchmann faz em seu livro é história oral?

Na historiografia, a pertinência dessa metodologia é constantemente debatida. Afinal, é a história relatada por um indivíduo, com suas crenças, suas emoções, sua subjetividade. História oral não é um fim em si mesma, e sim um meio de conhecimento (Alberti, 2007). Quando se estuda um tema através da oralidade, é preciso estudar os diversos discursos produzidos pelos entrevistados, ou seja, as variadas narrativas tornam-se objeto de análise.

Vamos aos casos de Somos Azuis, Pretos e Brancos. No segundo capítulo, Gerchmann expõe uma situação em que o Internacional não aceitava analfabetos. A fonte? “Relatos de pessoas que viveram os primórdios do clube”, segundo ele. Mas quem são essas pessoas? Quando isso foi sabido? Curiosamente, esse tipo de produção de história nos remete muito ao que Gerchmann critica em seu texto: histórias transmitidas sem responsabilidade, que perpetuam atribuições que a princípio não condizem com a instituição. Aliás, a denúncia é interessante. Uma investigação contundente poderia trazer informações inéditas acerca de uma eventual exclusão por parte do Internacional.

Em outro momento, Léo recorre a Tarciso (atacante negro do Grêmio dos anos 70 e 80). Para corroborar a tese, diz Tarciso: “Nunca sofri preconceito no Grêmio. Fui muito bem acolhido e vivi grandes alegrias. Sou muito grato ao torcedor gremista e ao povo do Rio Grande do Sul.”  Contudo, vale pontuar que Tarciso é o segundo maior artilheiro da história do clube. A acolhida e o trato com um jogador de glórias dentro das quatro linhas podem transcender (ou amenizar) muitas barreiras raciais, não?

Somos Azuis, Pretos e Brancos é recheado dessas conclusões amparadas por uma metodologia pouco crítica, que arbitrariamente escolhe o que considerar e o que relevar. Utilizar as palavras de um jogador negro para descartar a discriminação no clube é no mínimo duvidoso. O mesmo ocorre com a transcrição de falas de Alcindo, o maior goleador do Grêmio. Segundo ele, sempre achou estranho quando diziam que o clube era segregacionista. “Xingamentos racistas? Oriundos apenas da torcida do Internacional.

Analisando todas essas passagens do seu livro, é notório que há um esforço em fazer história através da metodologia oral. Ao passo que há este esforço, há também muitas idas na contramão de uma história oral coesa. Primeiramente, por afirmações não corroboradas por outros tipos de fontes. Em segundo lugar, por considerar a narrativa dos seus entrevistados (o restrito nicho de dois ex-atletas negros do Grêmio) provas irredutíveis. Não há crítica ou investigação histórica, como recomenda-se. A compreensão também fica menos nítida por não saber que tipo de perguntas Gerchmann fez às suas fontes e como conduziu as entrevistas.

Fontes documentais

Trabalhando com documentos, Leo Gerchmann dedica um capítulo inteiro para o primeiro estatuto do clube, uma consolidação das primeiras atas. Segundo ele, um documento de vanguarda que seria aceito por qualquer entidade progressista do nosso século. Aqui, me chama a atenção as interpretações extraídas dos artigos do estatuto. Dos deveres dos sócios, o artigo 6 exige bom comportamento no recinto da sede e fora dela. Léo celebra tal exigência no comentário que a segue. Mas afinal, o que seria um bom comportamento no ano de 1911, pouco mais de 20 anos após a proclamação da República, em uma Porto Alegre em constante crescimento urbano e industrial?

Ainda no estatuto, Gerchmann não poupa exclamações para salientar um trecho que exige o respeito às nacionalidades, crenças e opiniões de seus consócios. Me pergunto de novo, quais são as crenças e as opiniões dos consócios do Grêmio em 1911?  Para validar a ideia de que este artigo do estatuto sugere um clube democrático (como é feito no livro), seria indispensável saber quais são as crenças.

O autor ainda endossa um trecho que fala em “vedar a entrada no recinto do Grêmio às pessoas que achar inconvenientes” traçando um paralelo com a atualidade, onde o Grêmio e outros clubes têm tentado fazer com as torcidas organizadas. Mas afinal, deveriam as torcidas organizadas serem vedadas e tratadas como inconvenientes? Uma posição pouco comum entre aqueles que defendem um futebol popular.

Fontes fotográficas

Imagem em destaque da capa do livro “Somos Azuis, Pretos e Brancos”.

Outro recurso que é muito utilizado no livro são as fotografias, principalmente no capítulo “Os negros além de Adão”. Ainda que seja muito sugestiva, uma foto não contém em si uma verdade absoluta. São inúmeras as variáveis: luz, sombra, estado de conservação, revelação do filme, principalmente fotografias em preto e branco.

No livro são apresentadas fotos de jogadores identificados como negros e mulatos pelo autor, com propósito de desmentir a história de que Tesourinha, apenas em 1952, teria sido o primeiro jogador negro do Grêmio. Buscando por outras fontes que dessem alguma pista, encontrei a biografia de Tesourinha publicada por Sergio Endler em 1985. Ele afirma: “Na verdade o Grêmio já utilizara em sua equipe jogadores considerados “baianos”. Isto é, homens com algum traço biológico negro, mas com predominância branca na sua aparência física.”

Todavia, Endler não trata o tema com a devida precisão, o que exigiria uma  investigação mais profunda. No mais, jornais da época (que não são abordados no livro) acusam a estreia de Tesourinha como um marco histórico, o fim de um preconceito de 50 anos vigente no clube. Aliás, cabe aqui uma ressalva acerca do uso de jornais: eles também não são detentores da verdade, produzem discurso com base em diferentes variáveis, como a ideologia dos proprietários, interesses econômicos, políticos, entre outros. Pra mim, a questão dos primeiros jogadores negros do Grêmio permanece ao menos aberta à discussão. Requer uma análise mais apurada, que cruze outras bibliografias e fontes históricas.

Jornal do Dia, em 15/02/1952, trata como bombástica a especulação do jogador “colored” Tesourinha.

O historiador (ou qualquer um que se sujeite a construir uma história) está fadado à arbitrariedade. Escolhe qual fonte vai trabalhar, qual vai deixar de fora, como vai produzir o texto. Seria inocente pensar o contrário. Acontece que em Somos Azuis, Pretos e Brancos a arbitrariedade soa gritante, demonstra-se escancarada a cada parágrafo, revelada em contextos mal explicados ou sequer mencionados. No capítulo chamado “Prejuízos do Marketing”, Gerchmann discorre sobre um período de crise no Grêmio, onde se cunhou a “cruel e indevida caracterização de elitismo”.

Os anos 40, de fato, não foram fáceis para o clube. O rival Internacional empilhava campeonatos gaúchos com o time que ficou conhecido por Rolo Compressor e que contava com jogadores negros no elenco. A abertura do Grêmio era quase que uma necessidade para interromper a hegemonia colorada. Para o autor, este episódio de crise foi meramente socioeconômico, longe de qualquer questão racial. Um período em que, para se reerguer, o clube foi atrás da sua “essência”.

Mas afinal, o que seria “voltar à essência”? Este período turbulento só é retomado posteriormente por Gerchmann no capítulo “Preconceito? Algo a ser combatido por todos”, um espaço onde procura (com muita resistência) reconhecer notórios episódios racistas na instituição.

Nos anos 40, se destaca uma figura no clube chamada Aurelio Py, antigo presidente do Grêmio e conselheiro à época. O livro reproduz na íntegra o discurso de posse de Py, chamado “O credo do bom gremista”, que em algum momento diz: “Creio no Grêmio porque, trabalhando pelo aprimoramento da raça, colabora na formação de uma raça eugênica para o nosso futuro.” Gerchmann faz uma citação interessante aqui, explicando a eugenia através de Francis Galton, que seria “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.” 

O que chama a atenção é a conclusão tomada pelo autor, que a partir desta definição conclui que a eugenia citada por Aurelio Py seria a recuperação da alma gremista vitoriosa, e não uma referência à raça no sentido biológico. Como escrevi anteriormente, tal capítulo propõe-se a reconhecer erros, ainda que seja extremamente resistente. Isso porque todo e qualquer evento citado precede ou antecede da palavra “ato isolado” ou “episódio menor”.

Imagem da webserie no canal oficial do Grêmio no Youtube. Título é o mesmo do livro de Leo Gerchmann e conta a trajetória de diversos jogadores negros no clube.

Problemático tanto no uso de fontes como nas interpretações, vejo a narrativa do livro como outro ponto a ser debatido. São constantes os malabarismos retóricos para desvincular o Grêmio de qualquer origem elitista e segregacionista e acabar com a imagem de “bom moço” do Internacional. A escrita fala por si só, com palavras escolhidas minuciosamente, principalmente quando Gerchmann discorre sobre os primórdios do Grêmio e sua relação com a família Mostardeiro (que vendeu terrenos para o clube e foi sócia da instituição).

Fica notório em passagens como “Mostardeiro e Dona Laura eram um casal de origem humilde que fez fortuna com muito trabalho e tino empreendedor”. Conta também que Dona Laura promovia festas para trabalhadores, muitos deles ex-escravos e que lá se liam poesias socialistas. Fatos alheios à história do Grêmio mas que transmitem uma ideia, ainda que inconsciente, de aproximação popular do clube no seu início. Quanto à atribuição do Internacional à uma origem elitista, faço questão de reproduzir as palavras de Gerchmann:

“Antes de entrar no segundo motivo para a adoção do nome Internacional pelo rival do Grêmio, quero contar um pouco mais sobre esse Internacional de São Paulo. Vejam bem como o mundo dá voltas. Em 1933, em dificuldades financeiras (como o nosso Internacional também viveu por aqui em razão da crise de 1929, o Internacional paulista, cujo uniforme era igual ao do Milan ou do Atlético Paranaense (listras vermelhas e pretas na vertical), fundiu-se ao Antarctica Futebol Clube. Juntos, originaram o Clube Atlético Paulista, que, por sua vez, em 1937, uniu-se ao Estudantes. Daí, saiu o Estudantes-Paulista, que, em 1938, foi incorporado ao São Paulo FC. Sim, o São Paulo Futebol Clube! O Internacional de São Paulo, um dos inspiradores do nome que acabou sendo adotado pelo homônimo de Porto Alegre, é uma das vertentes do São Paulo, o clube paulista tido como mais elitizado, como sede no luxuoso bairro Morumbi, na capital paulista. Que coisa!”

A ideia é simples mas trabalhosa: busca associar, através do Inter de São Paulo (clube onde jogavam os irmãos Poppe, fundadores do Inter de Porto Alegre) e suas diversas uniões e fundições, uma ligação entre luxo, elitismo e o Internacional. Um malabarismo trabalhoso.

História x Memória

Clube se apropriou do título da obra em suas publicações oficias.

Enfim, poderia discorrer tantas outras linhas sobre as diversas passagens contidas em Somos Azuis, Pretos e Brancos. Porém, detenho-me aqui à uma conclusão: tal livro deve ser encarado como um produtor de memória, não de história.

Reproduzo aqui outro trecho do livro “Pesquisa Histórica e História do Esporte” (2013), que melhor elucida essa diferença: “Nesse ponto diferenciam-se os trabalhos do que Marieta de Morais Ferreira (2002) definiu como “historiadores” e “produtores de memória” (history makers). O segundo grupo seria composto por autores que produzem trabalhos sem se ater aos cuidados metodológicos; esses acabam por considerar suas fontes como se fosse um retrato fiel do que ocorreu no passado. Ao utilizarem relatos orais, reproduzem discursos de memória como história, apresentando assim um ponto de vista particular do ocorrido como um estudo crítico do passado.”

Memória e História não são sinônimos, mesmo que conversem entre si. A História precisa, enquanto ciência, ser crítica, suportada por metodologias. Ser carrasca com as fontes, ir à exaustão com perguntas aos documentos. A memória, esta sim, permite a subjetividade, a parcialidade, a reformulação do passado condicionado pelo presente. Se aproxima-se do tipo de conteúdo apresentado por Gerchmann: uma obra importante, sim, que traz à luz uma discussão de extrema relevância, mas que soa oportuna, visto o contexto de sua publicação. O tema é caro e tanto Grêmio quanto Internacional precisam de suas histórias passadas a limpo, para além das fontes institucionais. Precisam da história, não da memória. Memória os milhões de aficionados produzem diária e incansavelmente.

Se no inverno de 2015 quase fui convencido pelo texto do Gerchmann, três anos depois, Somos Azuis, Pretos e Brancos me causa inquietação. Ainda há muita coisa a ser investigada. Há muita conduta a ser revista nos dias atuais para que não voltamos às crises dos anos 40. Que continuemos a tentar descobrir nossas cores, sobretudo, com rigor.


Referências Bibliográficas:

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3ª Ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2007

ENDLER, Sergio. Tesourinha.1ª Ed. Porto Alegre: Editora Tchê!, 1984.

GERCHMANN, Leo. Somos Azuis, Pretos e Brancos. 1ª Ed. Porto Alegre: L&PM Editores, 2015

MELO, V. A. et al. Pesquisa Histórica e História do Esporte. 1ª Ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013

 

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O mascote do River Plate é uma galinha?

O mascote do River Plate é uma galinha?

Sim.

O River Plate não tem um mascote oficial. No entanto, a imagem de uma galinha passou a ser usada pelo clube depois de uma brincadeira da torcida do Banfield, da década de 1960, que soltou uma galinha branca com uma faixa vermelha, reproduzindo o emblemático uniforme. Quando o River entrou em campo, um torcedor do Banfield soltou uma galinha branca com uma faixa vermelha, reproduzindo o emblemático uniforme. A ave foi chutada para longe pelo atacante Más e depois sacrificada no vestiário do Banfield, o que hoje certamente geraria um escândalo mundial. A brincadeira teve enorme repercussão nos estádios e na imprensa argentina, a ponto de o inventor da gozação jamais ter revelado seu nome com medo de ser agredido pela torcida do River. Chegou a receber ofertas polpudas para aparecer em programas de TVs, mas sempre respondia: “Isto não paga o que vai acontecer comigo”. Ele está com 80 anos e continua exigindo anonimato.

Certa vez, os torcedores do Chacarita Juniors atiraram uma galinha para o campo. O goleiro Pumpido, do River Plate, quis afastar o animal e deu-lhe um pontapé. A ave teve morte imediata no gramado.

“Nem gosto de falar nisso”, confessa o arqueiro. “É um episódio feio da minha carreira.”

Goleiro do River, Nery Pumpido chuta uma galinha em jogo contra o Chacarita em 1984

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Bom dia, Mano Menezes

Bom dia, Mano Menezes

Como sou jornalista, jamais minto para meus 6 leitores. Deste modo, dir-lhes-ei AGORA toda a verdade.

No início de 2022, Mano Menezes foi abduzido. Você é inteligente, então não preciso escrever bobagens como “abduzido por extraterrestres”. Em seu lugar, foi colocado um androide de inteligência superior. E o Mano não-humano, o Não Mano, o InuMano, por assim dizer, chegou a escalar Pedro Henrique, Alemão (depois Romero) e Wanderson no ataque CONTRA O PALMEIRAS. O jogo acabou 3 x 0 para nós. Só que aquele não era Mano, claro. Imaginem que ele chegou a deixar Edenílson na reserva! Isto prova inequivocamente que se tratava de um androide!

No início deste ano, acabou a experiência alienígena. Eles devolveram o Mano humano, aquele que nem toneladas de Imosec cura a diarreia. Sim, devolveram o c@gão. O que não tem volantes bons e então escala dois, como se a soma de dois ruins resultasse em um bom. Para comprovar, experimentem colocar dois cantores ruins cantando.

Nosso presidente foi enganado: renovou o contrato do Mano Inumano e recebeu um Mano com soltura intestinal. Esqueçam aquele Mano aventureiro que só queria a beleza e o sonho no futebol. Aquele era o androide.

E não briguem com a notícia — não minto.

Abaixo, uma foto do androide de 2022. Saudades dele!

O InuMano foi visto recentemente tocando guitarra no grupo Metallica.

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