O Walking Football

O Walking Football

Lembrando Santiago Ortiz Monsalve

Eu não conhecia o walking football. Quem primeiro conversou a respeito comigo — pois o praticava no País de Gales — foi o Santiago citado acima. Ele, apesar de jovem, jogava o walking football com pessoas idosas em Swansea e dizia que era complicado porque em hipótese alguma podia-se correr atrás da bola. Só se pode caminhar, sempre com um pé no chão, como a marcha atlética das Olimpíadas, por exemplo. Como driblar, como evitar que a bola nos fuja? Como se calcula o chamado ponto futuro? Como se bate uma falta?

Bem, nunca joguei, mas o walking deve ser ótimo. Imagine seguir jogando futebol, mesmo depois dos 60 anos? Imagine um futebol inclusivo e preparado para ter menor impacto físico e que ao mesmo tempo favorece uma longevidade ativa?

O esporte pode ser praticado tanto em ambientes internos quanto externos e existem milhares de times em todo o Reino Unido, com jogadores com mais de 50, 60 e 70 anos. O esporte também se tornou popular entre mulheres.

Embora baseado no futebol, o walking tem cerca de 50 diferenças em relação ao futebol padrão. Por exemplo, se um jogador corre, é marcado um tiro livre para o adversário. Essa restrição, juntamente com a proibição de carrinhos, tem como objetivo evitar lesões e facilitar a prática do esporte por aqueles que são fisicamente desfavorecidos. O jogo era originalmente jogado sem goleiros — embora haja variações — e a bola nunca deve ser chutada acima da altura da cabeça. Diferentes bolas são usadas nas variações indoor e outdoor do esporte. E o tamanho do campo pode variar para se adequar a diferentes locais.

E mais não sei, mas gostaria de tentar.

O calendário do futebol brasileiro para 2022

Por Tiago Luz

O calendário do futebol brasileiro para 2022 é o seguinte:

– Férias 2021/22: 10/12/21 a 08/01/22 (30 dias)
– Pré-Temporada: 09/01 a 25/01 (17 dias)
– Campeonatos Estaduais: 26/01 a 03/04 (16 datas) <— Céus, pra quê?!
– Copa do Brasil: 23/02 a 19/10 (14 datas)
– Série A: 10/04 a 13/11 (38 datas)

A Copa do Mundo iniciará no dia 21/11/2022, apenas oito dias após o fim do calendário nacional da primeira divisão. Em 2018, a seleção brasileira fez um período de preparação de quase um mês, 27 dias. Se o mesmo for feito em 2022, isso significa que haverá uma sobreposição de dezenove dias, quase três semanas, entre a preparação e o Campeonato Brasileiro.

Ou seja, na melhor das hipóteses, se tudo correr maravilhosamente bem, vários times perderão jogadores para seleções nas últimas três semanas do Brasileiro.

Quando, daqui a um ano, seu dirigente favorito do seu clube do coração reclamar de desfalques, lembre-se de perguntar qual foi a posição dele em relação a esse calendário. Já adianto que, muito provavelmente, foi de concordância.

Uma parte importante da Cartilha do Rebaixamento

Uma parte importante da Cartilha do Rebaixamento

Está sendo um mau ano para o Inter… E um ano muito feliz para os colorados! Arerê!

Bem, a lista abaixo não é algo casual. Vejam as coincidências.

Muitos técnicos utilizados
Argel
Falcão
Roth
Lisca
Renato
Tiago Nunes
Felipão
Mancini

Muitos goleiros utilizados (a maioria péssima)
Danilo Fernandes
Lomba
Jacsson
Chapecó
Brenno
Vanderlei
Paulo Victor

Ruindades sul-americanas contratadas a peso de ouro
Nico Lopez
Campaz

Jovens lunáticos
Jean Pierre
Valdívia

Capitães de seleções ruins
Villasanti
Seijas

Centroavantes estrangeiros ruins
Ariel
Churín

Influencers de baixo nível
Baldasso
Farid

SWAT de dirigentes defasados
Fernando Carvalho
Denis Abraão

E Douglas Costa…

Mas numa coisa o coirmão está inovando: vai ser o primeiro rebaixamento de um grande com salário em dia e superávit financeiro. Uma verdadeira façanha.

Um resumo das chances do Grêmio, para os colorados torcerem corretamente…:

Se o Bahia e o Juventude — os dois, AMBOS — ganharem somente uma das 4 partidas que lhes faltam, ficariam com 43.

Se o Grêmio ganhar do São Paulo e do Atlético MG e empatar com o Corinthians, faria os mesmos 43 pontos e escaparia pelo critério do número de vitórias.

É o jeito mais lógico, apesar de improvável.

Jogos que faltam para o trio:
Grêmio: SP (c), Corinthians (f) e Atl-MG (c)
Juventude: Bragantino (c), Fortaleza (f), SP (f) e Corinthians (c)
Bahia: Atl-GO (f), Atl-MG (c), Flu (c) e Fortaleza (f)

Como disse um amigo

Os mesmos que cobram título ou vaga direta na Libertadores, apostavam que o Inter seria rebaixado.

Nossa realidade, que eles fingem não saber (ou esqueceram), é a manutenção na Série A, uma Sula de bônus e a continuidade da reestruturação do Clube.

É isso. Nosso time é apenas um pouco melhor do que o Grêmio. Talvez nem isso. Talvez seja apenas administrado por gente mais normal.

Não fosse o Grêmio, estaríamos na maior crise.

Uma ligação do Milton Saad

Uma ligação do Milton Saad

Me liga o Milton Saad para dizer que o Arerê é pura alegria, é Carnaval, é festa, é gente dançando feliz.

E completa dizendo que naquele “Um minuto de silêncio”, além de ser uma cópia dos argentinos, não se dança, não se comemora, nada. É fúnebre, denso, pesado, maldoso, fatal.

Nós não queremos ser fatais ou imortais. Somos colorados.

O Arerê é aquela alegria de ver alguém voltando para casa. Já o Minuto de Silêncio é para quando o Bolsonaro cair. O Arerê é para abraçar, o Minuto é para se despedir.

Isso diz muito, né, Saad?

Inter ensina a como entregar 3 pontos e entrar nervoso num Gre-Nal… Que vale 3 pontos

Inter ensina a como entregar 3 pontos e entrar nervoso num Gre-Nal… Que vale 3 pontos

Sim, sei da vontade colorada de ganhar um Gre-Nal e de afundar com o Grêmio. Sei também da mística e da simbologia que envolve o clássico, mas jamais esqueçam da matemática e do dito objetivo de alcançar uma vaga para a Libertadores 2022.

Pois poupando seus craques — ironic mode on –, o Inter entregou 3 pontos para o São Paulo. Ora, o atual São Paulo dói de ruim e poderíamos sair com um resultado melhor do Morumbi. Ontem, domingo, pouparam para um Gre-Nal que será sábado, seis dias depois… Yuri, Taison e outros estão com 2 cartões amarelos, mas sabemos que, bem orientados, atacantes podem jogar meses sem levar cartões.

Lembro de 2001, quando o Inter jogou com os reservas poupando jogadores para um clássico. Perdeu de 3 x 0 para a Portuguesa e depois, nervoso, perdeu também o Gre-Nal em casa. Eu estava no Olímpico e vi os descansados titulares perderem aquele jogo por 1 x 0. Também quero afundar o Grêmio, mas colocar isso acima do próprio clube é coisa de gente pequena, minúscula. E nosso comando têm sido repetidamente assim, diminuto.

Ao preservar jogadores no Morumbi, o Inter trouxe para si parte do peso que estava 100% com o Grêmio. Decretando a própria derrota para o São Paulo, assumiu risco alto na luta por vaga Libertadores. Já são quatro jogos sem vitória. Mas vamos lá.

Registros fotográficos familiares da época da construção do Beira-Rio

Registros fotográficos familiares da época da construção do Beira-Rio


Milton Nerd dentro do Beira-Rio em construção em setembro de 1968 (eu tinha 11 anos). A época era de ditadura, mas os óculos são do Realismo Socialista.


Eu e minha irmã …


E meu pai, falecido em 1993 e que infelizmente não pode ver Campeão do Mundo o clube que me inoculou com tanta competência.


Orgulho após impedir o octacampeonato do Grêmio (foto de janeiro de 1970, 12 anos)

Koff e as contratações de técnicos

Koff e as contratações de técnicos

Certa vez, conversando com o Fábio Koff — sim, apesar de ser um colorado bem chato, fui e sou amigo de grandes gremistas –, ele me disse que numa ocasião viajara para contratar um técnico de futebol.

Chegando na casa-sítio-espetáculo do cara, o Fábio sentiu-se de tal forma constrangido e pressionado pela riqueza do sujeito, que resolveu aumentar a proposta por conta própria, enquanto aguardava a chegada da sumidade. Acabou por fechar a contratação. Foi um completo fracasso.

Vagner Mancini vai receber 700 mil por mês e mais 5 milhões se retirar o Grêmio do buraco. Fico pensando no patrimônio desta figura que tem anos de trabalho como técnico e já rebaixou 5 clubes.

(Se alguém me pagasse 5 milhões para retirar um time do rebaixamento, talvez não desse certo, mas vocês veriam coisas bem criativas…)

Koff com a Taça Libertadores e a Toyota.

 

4 drops aleatórios de 5 de outubro

4 drops aleatórios de 5 de outubro

Se construírem aquelas torres ao lado do Beira-Rio, gostaria de ver a torcida invadir sem violência a torre que tivesse bandeiras do Grêmio. Isso me divertiria.

Por quê? Ora, pelas manchetes da RBS. O fato uniria duas coisas que eles detestam: ocupações e Inter.

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Dois dos autores mais citados por Karl Marx em todos os seus escritos são Miguel de Cervantes e William Shakespeare. Menos difundido, mas igualmente conhecido, é que ele falava quase todas as línguas europeias, que relia os clássicos gregos com gosto (uma vez por ano ele lia Ésquilo no grego original) e que recitava longas passagens de memória para sua família e amigos de A Divina Comédia, bem como versos de Heine e Goethe. Fora do alemão, seus favoritos eram o poeta escocês Robert Burns, Walter Scott e Honoré de Balzac. Certa vez, ele escreveu que, terminada sua obra econômica, escreveria uma obra crítica sobre A Comédia Humana. Sua filha mais nova, Eleanor, diz: “Para mim e minhas irmãs, ele lia o Homero inteiro, todo o Nibelungen, Dom Quixote, As Mil e Uma Noites , etc. Mas Shakespeare era a Bíblia de nosso lar, sempre na boca de alguém e nas mãos de todos. Quando eu tinha seis anos, sabia de cor todas as cenas de Shakespeare”.

Por Mario Goloboff, no Página 12

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Se a questão é tentar acertar o Nobel de Literatura de 2021 a ser anunciado quinta-feira pela manhã, o cara que fede a prêmios é Mia Couto. A russa Liudmila Ulítskaia pode vencer e a francesa Ernaux tb. Mas acho que ganhará alguém obscuro, como tantas vezes.

Ou Joni Mitchell, já que premiaram Dylan…

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Eu lembro que jamais ia nas palestras matinais da FLIP de Paraty em razão das cachaças ingeridas na noite anterior. Só voltava a funcionar ao meio-dia. E meio mal.

 

Para os colorados delirantes

Para os colorados delirantes

Para que os colorados tenham ideia do quão ruim é a campanha do time, basta dizer que ambos — Inter e Grêmio — têm 18 jogos e 5 vitórias. O que nos diferencia são 4 empates, quatro pontos a mais que deixam o Grêmio no rebaixamento e nós pensando que somos grande coisa.

Não que seja uma maravilha, mas o percentual da gestão Aguirre, se fosse aplicado aos jogos restantes, nos daria uma posição melhor, ainda mais que teremos os jogos mais fáceis no início do returno. Jamais esqueçamos que Miguel Ángel Ramírez nos deixou na 17ª colocação.

Bom dia, Aguirre ou Futebol, futebol e (pouco) futebol

Bom dia, Aguirre ou Futebol, futebol e (pouco) futebol

O Inter venceu ontem à noite o Fluminense por 4 x 2, placar que não espelha a dificuldade do jogo, que estava 2 x 2 aos 90 minutos e que ficou 4 x 2 aos 93 e 95. Meio envergonhado com os olhares, o Inter está amamentando um recém-nascido espírito vencedor — o qual ontem não se abateu com o gol de empate do Flu aos 38 do segundo tempo.

Só os bons: Edenílson Cuesta e Bruno Méndez | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Aguirre também está conseguindo que o time não pare de criar chances de gol. Antes criávamos e desperdiçávamos, agora criamos e fazemos. Durante a época de desenfreado despilfarro, a sombra do Z-4 aproximou-se e eu tinha receio de que o time desanimasse de vez. (Sabemos que os times grandes que caem passam por esta fase de nervosismo, perdendo gols incríveis a cada jogo). Mas o fato é que fizemos 8 gols  contra 2 times nada ruins.

Deste modo, Aguirre e o departamento de futebol tiveram o mérito de umedecer o chão, fazendo a poeira baixar, de acalmar os ânimos de quem estava deslumbrado com a janela de transferências e de deixar o grupo respirar. Tenho certeza de que em nosso sorriso de hoje há boa dose de alívio.

Cuesta voltou a fazer seu jogo de grandes acertos e algumas falhas. Dourado e Lindoso estão cobrindo direitinho os avanços do argentino — que ontem deu os passes para os dois gols de Edenílson. (Aliás, Ed jogou demais ontem e já é um dos goleadores do Covidão 2021). Yuri se encontrou. Taison começa e voar. Bruno Méndez é um verdadeiro achado. Daniel é outro acerto. Só Moisés e Patrick não conseguem acompanhar os outros. Por que tu não escalas Paulo Victor no lugar do Moisés, Aguirre?

E afastaram o Galhardo. Bom jogador, só que um baita de um chato, basta olhar pra cara dele para saber que adora azucrinar.

Estamos com 21 pontos em 16 jogos. É uma campanha fraca (44% de aproveitamento), mas é ascendente.

E la nave va. Ainda não sabemos claramente para onde vai, só que não é para o Z-4.

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Há exatos 15 anos, eu, meu filho Bernardo e o amigo Milton Saad fomos juntos ao Beira-rio. Tinha chovido durante o dia, mas parou de chover ali pelas 17h, enquanto nos deslocávamos para o estádio a fim de ver o Inter ganhar nosso primeira Libertadores. Ficamos horas na fila, mas como valeu a pena!

Dois causos daquele dia:

~ 1 ~

Meu sobrinho Filipe — na época um adulto de 22 anos e que assistia o jogo em outro local do estádio — não suporta a tensão e resolve “ver” o final da partida fechado no banheiro. Entra no malcheiroso recinto com o rádio a todo volume. Como consequência, vê saírem das privadas e de todos os cantos pessoas gritando para ele desligar aquela porcaria. O banheiro estava lotado.

— Aqui ninguém ouve rádio, caralho! Se quiser ficar com a gente, desliga!

Filipe desligou. Todos ouviam o som do estádio, esperando os gritos da comemoração do título. Sim, é uma espécie de seita da qual ignoramos a existência. Eles ficaram ali parados, os nervos à flor da pele, aspirando à vitória e a inolvidável fragrância de um banheiro masculino de estádio de futebol. (Nada como saber usar crases).

~ 2 ~

Eu pergunto para o Bernardo, no finalzinho do jogo.

— Dado, quantos minutos?

Ele consulta o relógio.

— 42.

Depois de meia hora e de uns duzentos ataques do São Paulo, pergunto novamente:

— Dado, quantos minutos?

Ele consulta o relógio.

— 43.

— Não pode, merda! Tu não sabe nem controlar o tempo, bosta!

(Como se mede o “tempo emocional”?).

15 anos. Saudades daquele dia.

Sim, Tinga fez este gol bem na minha frente

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O Grêmio está louco para cair. Dei gargalhadas com a entrevista de Felipão após a partida. Segundo o mestre, o Grêmio tinha perdido porque não se esforçava nem cometia faltas nos momentos fundamentais. Interessante. Ele vive nos anos 90.

Fico feliz de ter previsto as dificuldades tricolores. Quem lê minhas bobagens, sabe que eu escrevi que Geromel, Rafinha, Diego Souza e Maicon completariam 36 anos neste segundo semestre e não aguentariam as exigências físicas do Brasileiro. O Grêmio conseguiu substituir bem Rafinha, mas Diego e Maicon sumiram e Geromel está Geromal.

É claro que nós desejamos a terceira queda, só que esse Campaz que eles contrataram é muito bom e pode acertar o time e enterrar de vez Jean Pyerre — o bom jogador que parece não querer jogar. Acho que, para livrarem-se do Z-4, eles precisarão ganhar mais ou menos a metade dos pontos que disputarão a partir de agora. É simples, mas sabemos como é. Quando estamos mal, até peido descadeira.

O Inter estava caindo e reagiu. Eles deram uma broxada violenta, daquelas que o cara até para de se mexer. Que permaneçam assim.

Quem tem medo de Felipão? | Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press

Para onde vai o Inter?

Para onde vai o Inter?

Depois dos espetaculares vexames contra Vitória e Olímpia, espero que a goleada sobre o Flamengo dê alguma alegria a este time que tem medo de fazer gols. Sonho que possamos acabar o primeiro turno na primeira página da tabela. Este é meu primeiro e modesto desejo.  No segundo turno, jogando apenas o Brasileiro, talvez possamos chegar ao grupo da Libertadores para comemorar uma classificação e o descenso de outrem… Quem sabe? São desejos modestos, como diria Heine (*).

(*) Heine escreveu: Meus desejos são: uma cabana modesta, telhado de palha, uma boa cama, boa comida, leite e manteiga; em frente à janela, flores; em frente à porta, algumas belas árvores. E, se o bom Deus quiser me fazer completamente feliz, me permitirá a alegria de ver seis ou sete de meus inimigos nelas pendurados.

Bom dia, Diego Aguirre (com os lances de Inter 0 x 0 Olimpia e eliminação do primeiro nos pênaltis)

Bom dia, Diego Aguirre (com os lances de Inter 0 x 0 Olimpia e eliminação do primeiro nos pênaltis)

E repetimos 1989. Falando sério, não me surpreendeu muito. O que me surpreendeu foi a crueldade das semelhanças. A derrota veio novamente nos pênaltis e, durante a partida, Edenílson perdeu um pênalti, igualzinho a Nílson há 32 anos. Nílson e EdeNílson, até os nomes são coincidentes.

Taison jogou bem e chutou uma bola, que normalmente acertaria, no poste | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Tivemos várias oportunidades para marcar, muitas. Só no primeiro tempo, perdemos SEIS chances claras, sem sermos ameaçados uma única vez pelo Olímpia. No segundo, foram mais duas, além do pênalti. O time correu muito, todo o tempo. Passou a jogar mal após a cobrança errada do pênalti, mas jamais desistiu. Taison jogou bem, foi o maestro, mas não adiantou.

Só que nossa incapacidade de transformar superioridade em placar é severa. Tu, Aguirre, tenta corrigir isso, sem conseguir. O fato parece ter raízes na psicologia. Yuri claramente não quis fazer aquele gol no primeiro tempo (veja o primeiro lance de ataque do Inter nos melhores lances, abaixo). Talvez por desejar muito fazê-lo e resolver o problema, ficou amedrontado, congelado e chutou no goleiro, sem olhar. Quando Aguilar estava longe, Yuri poderia ter chutado no canto, mas não fez nada, não conseguiu ver onde ele e o goleiro estavam.

O medo de errar transformou uma bola fácil em gol perdido | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Agora, Aguirre, é ridículo escalar Yuri e Galhardo juntos. Simplesmente não dá certo e isto sabíamos antes do jogo. Também não entendo porque Paulo Victor, que é bom apoiador, não foi escalado no lugar de Moisés num jogo onde estava escrito nas estrelas que só iríamos atacar. E para que insistir com Patrick, que passa por péssima fase?

Bem, adeus Libertadores! Agora só nos resta um 2021 melancólico e de pindaíba no Campeonato Brasileiro. Foram-se os anéis, espero que não deixemos também os dedos num rebaixamento.

E vamos em frente, sem repetir experiências testadas que não deram certo. Minha mulher é russa, então ela vem com uns ditados meio diferentes. Um deles é “Quem olha muito para o passado, está de bunda para o futuro”.

Inter 2 x 3 Olimpia: a mais doída das derrotas

Inter 2 x 3 Olimpia: a mais doída das derrotas

Hoje à noite, às 21h30, no Beira-Rio vazio pela pandemia, o Inter enfrentará o Olimpia do Paraguai por uma vaga nas quartas-de-final da Libertadores da América. Há 32 anos, um Beira-Rio lotado viu a mesma decisão, só que ela valia uma vaga na final. Daquela vez, tínhamos vencido o primeiro jogo em Assunção por 1 x 0. Desta vez, o primeiro jogo foi 0 x 0. Pois bem, aquele dia decisivo de 1989, mais exatamente o 17 de maio de 1989, foi o dia mais triste de minha vida do ponto de vista futebolístico.

Eu assisti ao jogo pela TV. Estava trabalhando no interior do estado e vi a partida sozinho, num quarto do Rigo Hotel, em Santa Rosa. Só não chorei porque não sou disso, mas, nossa, que tristeza!

Podíamos empatar e estivemos duas vezes com o empate na mão, em 1 x 1 e em 2 x 2. Para piorar, quando do 2 x 2, houve um pênalti a nosso favor. Nilson, que era perfeito batendo pênaltis, mudou seu estilo de cobrança e errou. Logo o Olimpia fez 2 x 3 e a decisão foi para os pênaltis. Não lembro de jogo mais cruel. E  sensacional, também. Tivemos várias vezes a classificação à disposição e a vimos escapar.

Nunca vi colorados tão tristes, arrasados mesmo. Em Santa Rosa, no dia seguinte, parecíamos uns atropelados. E eu tendo que me concentrar no trabalho. 0 x 0, classificado; 0 x 1, pênaltis, 1 x 1, classificado; 1 x 2, pênaltis; 2 x 2, classificado; pênalti a nosso favor, erramos; 2 x 3, pênaltis.  O jogo foi um carrossel de emoções e, nos pênaltis…

E, nos pênaltis, tínhamos infinitamente o melhor goleiro — Tafffarel, um especialista em pegá-los. Almeida, o goleiro do time paraguaio, era uma piada. Mas eles bateram 5 cobranças perfeitas — uma delas executada pelo próprio Almeida — e Leomir, até hoje bruxo e auxiliar de Abel, naquela época um volante reserva, errou a sua.

Não houve roubo. Eles nos venceram com lisura. Só que foi um rigoroso, violento e inesquecível massacre psicológico. Algo para não esquecer nunca mais. Abaixo, coloco o compacto do jogo. Depois, um texto do jornalista Carlos Corrêa sobre aquele dia. Sofram vocês agora!

E hoje, nada de pênaltis, tá? Vamos ganhar nos 90, pelamor.

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Por Carlos Corrêa, no Correio do Povo

Jogadores do Inter ficaram inconsoláveis após eliminação na Libertadores de 1989 | Foto: Roberto Santos / CP Memória

Já era madrugada. Em uma churrascaria no bairro Menino Deus, Abel Braga e Luiz Fernando Záchia haviam chegado há pouco para um dos piores jantares de suas vidas. Ambos mal comeram. Ninguém deu um pio na mesa. Horas antes, ambos haviam participado da pior derrota da história do Beira-Rio. Em questão de 90 minutos, uma noite que tinha tudo para ser festiva transformou-se em uma das memórias mais dolorosas dos 50 anos do estádio, uma procissão silenciosa de mais de 70 mil colorados nos arredores da avenida Padre Cacique. Não foi apenas uma derrota, foram duas em uma. Pelas semifinais da Copa Libertadores de 1989, o Inter recebia o Olimpia com a vantagem de ter vencido o jogo de ida por 1 a 0, com um gol de bicicleta de Luís Fernando. Bastava empatar em casa para ir à final. Mas a noite de 17 de maio de 1989 era uma daquelas em que nada daria certo para os colorados. Derrota por 3 a 2 no tempo normal. Derrota por 5 a 3 nos pênaltis. Eliminação. Frustração. Dor.

Há, inegavelmente, mérito dos paraguaios na classificação. Para quem vivenciou aquela partida, no entanto, a derrota começou muito antes do árbitro chileno Hernan Silva apitar o início. Mais precisamente, assim que terminou a partida no Paraguai. “Talvez fosse melhor se tivéssemos perdido a partida lá. Porque entre os jogadores, os dirigentes, a imprensa, a confiança era altíssima. O jogo lá poderia ter sido mais, era para ter sido 2 a 0 ou 3 a 0. Já estávamos pensando no Mundial. Não era nem na final da Libertadores, com o Nacional de Medellín, a gente já estava pensando no Milan”, admite o ex-centroavante Nilson.

Os relatos neste sentido não são isolados e comprovam que o clima de festa era incontrolável. Por mais que o discurso oficial fosse de respeito ao adversário, o jogo da volta era tratado no Beira-Rio como uma mera burocracia antes de encarar os colombianos na decisão. “Teve um dia, antes da partida, em que eu estava subindo a escadaria, indo para a concentração e passa por mim outro dirigente, me dizendo: ‘Estou fretando o avião para a Colômbia’. Ali eu senti medo, porque esse tipo de coisa chega aos jogadores”, relata Záchia, à época vice de futebol. De fato, chegou, por mais tentativas que o técnico Abel Braga tenha feito para que o clima de soberba não tomasse conta do vestiário. “Não tem como, a gente acabava pensando. Com todo aquele papo de Tóquio, chegou um momento em que eu me vi pensando: ‘Caramba, se a gente chegar lá, o Baresi vai me marcar’”, conta Nilson.

Nem o atacante e nem o Inter chegaram a Tóquio naquele ano. E não demorou muito a partir do início da partida para que jogadores e torcida percebessem que aquela noite ficaria para a história e por motivos nada felizes. Logo aos oito minutos, o Olimpia escapou em um contra-ataque e Mendoza fez 1 a 0. Tudo parecia não passar de um susto, afinal a reação veio rápida e aos 11 os anfitriões empatavam, com Dacroce. Só que o jogo colorado não encaixava. E os paraguaios, sem nada a perder, ameaçavam mais e mais. Até que aos 37, o zagueiro Aguirregaray errou na saída de jogo e Amarilla colocou os adversários novamente na frente. “São coisas do jogo. Parece que não era para ser”, resigna-se o ex-goleiro Taffarel. Mas ainda havia espaço para reação. E ela veio no começo do segundo tempo, quando aos sete minutos Luís Fernando, o mesmo que fez o gol no Paraguai, cabeceou para deixar tudo igual novamente.

O empate classificava o Inter e tudo ia bem. Na verdade, tudo ficaria ainda melhor quando Nilson foi derrubado aos 22 minutos e a arbitragem assinalou pênalti. Naqueles poucos instantes, a espera por Tóquio era só uma questão de tempo, um protocolo a ser cumprido. Cobrador oficial, o centroavante botou a bola embaixo do braço e se encaminhou para a marca da cal. “Eu estava bem. É curioso, porque nunca ninguém vinha falar comigo nessa hora. E aquele dia o Heider veio e falou: ‘Bate do jeito de sempre que não tem erro’. Eu sempre batia do lado esquerdo. Mas aquele dia era como se tivesse uma voz no meu ombro dizendo para eu mudar de canto. Bati cruzado e o goleiro pegou. Eu nunca batia cruzado. Se eu batesse como batia sempre, ele nem tinha aparecido na foto”, lembra o ex-jogador. Da frustração ao silêncio foram exatos 90 segundos, tempo para o Olimpia puxar outro contra-ataque, Neffa chutar, a bola desviar em Leomir, enganar Taffarel e ir para as redes: Olimpia 3 a 2. “Foi um troço sui generis. A gente perde o pênalti, tem um escanteio, eles lançam da defesa e fazem o gol. Aquilo ali derruba qualquer um”, observa Záchia.

Nilson x Almeida | Foto: Roberto Santos / CP Memória

Nem Taffarel salvou

Apesar da derrota no tempo normal, ainda restava a esperança dos pênaltis. E ela não era pouca por uma razão com nome e sobrenome: Cláudio Taffarel. Aquela semifinal da Libertadores de 1989 foi uma das raríssimas ocasiões em que o notório pegador de pênaltis não defendeu nenhuma cobrança. Não era para ser. “Sempre achei que a gente fosse passar. Eu só pensava que o Taffarel ia se consagrar”, conta Nilson. Por ter perdido a penalidade no tempo normal, o técnico Abel Braga preferiu preservar o centroavante e não escalou ele entre os cinco cobradores. “Eu me sentia bem, pedi para bater, mas o Abel disse que se eu errasse de novo, a torcida ia me matar. Ainda argumentei que se a gente não passasse, iam me matar igual. E aí ele disse: ‘Não vou fazer isso contigo, vai bater o Leomir’”. O Olimpia acertou suas cinco cobranças. O Inter não chegou à quinta, porque Leomir errou a sua. O Inter estava eliminado da Copa Libertadores.

Não por acaso, Záchia define aquela noite até hoje como um velório. Houve protestos no Portão 8, mas a decepção dos torcedores era muito mais evidente nos silêncios de quem da arquibancada olhava o gramado sem entender o que havia acontecido. “Quando terminou o jogo, caiu a ficha. Ficamos até muito tarde, muito tarde mesmo. E nem era para evitar a torcida ou alguma coisa assim, era tristeza mesmo. Você olhava o vestiário e era todo mundo jogado nas banheiras com uma cara horrível”, revela Taffarel. O trauma de ficar no quase na Copa Libertadores só viria a ser superado 17 anos depois, com o título de 2006. Ainda assim, aquele jogo com o Olimpia permanece como uma cicatriz. E como a pior derrota do Inter dentro do Beira-Rio.

Bom dia, Aguirre (com os lances do baile de Inter 0 x 2 São Paulo)

Bom dia, Aguirre (com os lances do baile de Inter 0 x 2 São Paulo)

Aguirre, só te resta agradecer ao São Paulo o fato de não ter nos goleado por 5 ou 6 x 0. Obrigado.

Bem, meu amigo, basta ler as redes sociais. Quando vimos que tu tinhas escalado a zaga com Lucas Ribeiro e Pedro Henrique, selaste nossa sorte. Inventaste algo que só funciona no teu imaginativo cérebro. O Inter traz um zagueiro e tu o colocas na lateral direita, mantendo a dupla comprovadamente ruim, a que era para ser substituída. Parabéns. Aos dois minutos, o estreante uruguaio tentou um drible desnecessário e deu início ao Show da Zaga.

Diego Aguirre, o Professor Pardal | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Mal posicionados, Lucas, Pedro e Daniel cometeram um absurdo, com destaque para o goleiro que, mesmo vendo seu gol aberto, colocou-se para interceptar um cruzamento. Que não aconteceu. O cara do SP chutou para o gol vazio. Um disparate completo cometido por 4 Patetas: Méndez, Lucas, Pedro e Daniel.

É incrível a falta que fizeram Cuesta e Edenílson. A zaga fracassou espetacularmente e quem falava mal de Cuesta sentiu saudades dele. No meio sem Edenilson, a qualidade dos passes, que já era péssima com ele, foi a zero.

Patrick sumiu. Caio Vidal é uma mosca tonta que perdeu dois gols feitos antes de nossas oportunidades de ataque desaparecerem. Bruno Méndez não tem habilidade para jogar na lateral. Johnny está perdido — melhor seria se ficasse na frente da zaga, ao lado de Dourado. Yuri também vai mal, mas está desacompanhado.

Erramos um número absurdo de passes. O futebol moderno pertence a quem é mais rápido e erra menos. Somos rápidos, mas não acertamos passes. É uma vergonha.

Digo sem medo de errar que o time de hoje é inferior ao de 2016. Sinto no ar um cheiro de Segunda Divisão e já vi que o 17º colocado — o primeiro que cai — está a três pontinhos de distância.

Não temos dinâmica nenhuma de jogo, nada de entrosamento, mas creio que, para minorar nossa inevitável derrota no GreNal do próximo sábado, deveríamos entrar com Daniel (o burro); Saravia, Méndez, Cuesta e Paulo Victor; Dourado e Johnny (protegendo a zaga), Edenílson e Boschilia (Taison, se puder); Yuri e Caio Vidal (ou Palácios, ou Cuestinha, tanto faz).

E vou escrever uma coisa chocante: o Inter é pior do que o Grêmio. Bem pior. Uma pena.