Plácido Domingo: concertos cancelados nos EUA e ovação na Europa

Plácido Domingo: concertos cancelados nos EUA e ovação na Europa

O universo erudito norte-americano respondeu às acusações de assédio sexual que teriam sido cometidos pelo tenor e maestro Plácido Domingo. Quatro instituições foram radicais. A Orquestra da Filadélfia cancelou um concerto que teria participação dele. A Orquestra divulgou uma nota para justificar sua decisão. “Nosso comprometimento é o de manter um ambiente seguro, respeitável e apropriado”. A Ópera de São Francisco “desconvidou” o tenor espanhol de um concerto que seria realizado em outubro. Imaginem: o evento seria realizado para comemorar os 50 anos da estreia do cantor junto à instituição. Por meio de sua assessoria, os responsáveis pela Ópera alegaram que, embora nenhuma acusação contra Domingo tenha sido provada, ela tem o compromisso de repudiar qualquer situação de assédio.

As acusações dão conta de que Domingo causava prejuízos a artistas que não cediam a seus desejos.

A Ópera de Los Angeles e a Ópera Nacional, de Washington, foram mais reservadas. Los Angeles, onde ele atua como diretor artístico, informou que os casos de assédio serão investigados, ainda que reconheça que o maestro seja “uma força criativa” dentro da instituição por mais de três décadas. A Ópera de Washington, que teve Domingo sob contrato por 15 anos, afirmou por meio de seus representantes que não dispõe de políticas definidas para qualquer tipo de assédio e abuso. Os diretores da casa não quiseram dar mais detalhes se irão investigar o comportamento de Domingo — que teria assediado mulheres enquanto foi diretor artístico do local.

Enquanto isso, em Salzburgo, os bravos e os aplausos começaram quando Plácido Domingo foi visto caminhando rapidamente no palco antes de uma apresentação no Festival de Música na cidade. Foi uma ovação de pé que durou bem mais de um minuto. Aquela seria a primeira apresentação de Domingo desde que surgiram acusações de assédio sexual contra ele. A plateia aplaudiu todos os grandes momentos da ópera. Ele teve que pedir para parar a ovação de pé na última parte para que outros artistas também fossem homenageados.

O imponente Grosses Festspielhaus, a Grande Sala de Concertos do Festival, estava lotado naquela arde de trovoada. Havia gente junto às portas com placas pedindo para comprar ingressos para a apresentação esgotada. Era uma das óperas menos conhecidas de Verdi, Luisa Miller, que seria regida por Domingo. No saguão, havia o que parecia ser um pequeno santuário para Domingo — uma banca de venda de CDs e vídeos, junto com fotos de imprensa e de produções recentes. Em outros lugares do balcão, havia todos os Esa-Pekka Salonens ou Anna Netrebkos que você poderia desejar, mas todos pareciam querer Domingo.

Ao final de Luisa Miller, a ovação durou 15 minutos!!! Quaisquer que sejam os resultados da investigações em Los Angeles, Domingo poderá seguir cantando e regendo na Europa. E… Cada vez mais os europeus acham que os norte-americanos são um bando de idiotas, isso estava claro na atitude e na indignação das pessoas.

Esta foi a primeira aparição pública de Domingo desde que a AP informou que oito cantores e um dançarino acusaram Domingo de avanços sexuais indesejados. As acusações foram todas anônimas e ainda não comprovadas. A Ópera de Los Angeles, onde Domingo é diretor geral, iniciou uma investigação.

Isso ainda vai longe.

Com o Los Angeles Times, Norman Lebrecht e outros.

Nova-iorquinos pedem a remoção de pintura de Balthus que “sexualizaria” menina

Nova-iorquinos pedem a remoção de pintura de Balthus que “sexualizaria” menina

No final da semana passada, alguns nova-iorquinos lançaram uma petição exigindo que o Metropolitan Museum of Art removesse uma pintura de 1938 do famoso pintor francês Balthus (pseudônimo de Balthasar Klossowski) onde é mostrada uma jovem púbere com a roupa interior exposta. O motivo seria o “clima hoje instalado em torno do tema do assédio sexual”. Porém, o Met se recusou a retirar a obra.

Thérèse Dreaming, de Balthus (1908-2001), “sexualizaria” a menina, mostrando sua calcinha sob uma saia. A petição diz que a posição do pé e do joelho esquerdo da menina seriam “provocantes”.

Thérèse Dreaming, de Balthus
Thérèse Dreaming, de Balthus

“O artista desta pintura, Balthus, sempre teve uma grande atração por meninas adolescentes e esta pintura está inegavelmente romantizando a sexualização de uma criança”, escreve Mia Merrill, 30, a empresária de Nova York que criou a petição. “Dado o clima atual em torno do assédio sexual, o Met não deveria romantizar o voyeurismo e a objetivação das crianças. O Met é uma instituição de renome, deveria se preservar. Eu estou apenas solicitando ao Museu que examine mais cuidadosamente a arte em suas paredes e entender determinados quadro insinuam”.

A petição, que foi lançada na sexta-feira, havia coletado quase 7.000 assinaturas no domingo à noite. Pouco.

Porém, como toda razão, um representante do museu disse que não removerá a pintura porque a arte deve refletir muitos períodos de tempo – não apenas o atual. “Nossa missão é colecionar, estudar, conservar e apresentar obras de arte importantes em todos os tempos e culturas, a fim de conectar pessoas com criatividade, conhecimento e ideias”, disse o porta-voz Kenneth Weine.

“Momentos como este fornecem uma oportunidade para o diálogo, e a arte visual é um dos meios mais significativos que temos para refletir sobre o passado e o presente”.

Em 2013, o Met realizou uma exposição de pinturas de Balthus intitulada Balthus: Cats and Girls – Paintings and Provocations.