Antes de tudo, um detalhe: o maior doador individual da campanha do atual Ministro da Saúde para deputado, em 2014, Elon Gomes de Almeida, é sócio do grupo Aliança, uma administradora de planos de saúde.
Pois bem, em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o atual Ministro da Saúde, o famigerado Ricardo Barros (PP-PR) revelou com toda a clareza o projeto político do governo de Michel Temer com relação à Saúde, explicitando que “o país precisa rever o direito universal à saúde”, e que “quanto mais gente puder ter plano, melhor”.
Barros afirmou que pretende criar uma equipe para rever protocolos da área e descobrir se há fraudes na aplicação dos recursos. Ele defendeu, no entanto, que “quanto mais gente puder ter planos de saúde, melhor porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do Governo em sustentar essa questão“. Ora, então para que pagamos o SUS? Para usá-lo somente para receber uma merreca de aposentadoria? Qual é a razão deste duplo pagamento? É a mesma questão na educação. Pagamos impostos, mas, se queremos uma educação melhor para nossos filhos, pagamos também colégios particulares. E o que é o estado mínimo? Não é aquele que garante, saúde, educação e segurança? Pois não chegamos ainda lá.
(O país tem 2 milhões de profissionais e trabalhadores do SUS, parte dos quais constituem as 40 mil equipes de Saúde da Família, com cerca de 265 mil Agentes Comunitários de Saúde, milhares de estudantes de cursos de graduação e pós-graduação na área de saúde, milhares de gestores que atuam em mais de cinco mil municípios desse imenso país, lutando para garantir o acesso universal a serviços de saúde. A Constituição Federal de 1988 consagrou “Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado” e instituiu o SUS como Sistema de Saúde Pública universal e equitativo, tentando inscrever o Brasil no rol dos países civilizados).
Arthur Chioro, que dirigia o Ministério da Saúde até antes da última reforma ministerial de Dilma, afirmava constantemente que faltavam recursos e que era necessário que houvesse outras fontes para suprir o sistema, com a provável volta da CPMF. Cortes, entretanto, nunca fizeram parte dos planos. O país gasta aproximadamente 7% de suas Receitas Correntes Brutas com o sistema. Para o Movimento Saúde Mais Dez, que reúne mais de cem entidades do setor, seria necessário elevar esse valor para 10%.