Porque hoje é sábado, Emmanuelle Béart

Porque hoje é sábado, Emmanuelle Béart

Ah, as mulheres francesas, sempre e repetidamente as francesas!

Quando vi estas fotos no melhor blog do mundo,

logo pensei em meus clientes do Porque hoje é sábado (PHES).

Pois Emmanuelle, em minha opinião, tem tudo:

belos olhos para se olhar,

boca carnuda,

seios que fazem (OK, fariam) a alegria de nossas mãos, coração e periferia,

traseiro well styled.

Tudo isso numa

mulher muito talentosa.

Porque há toda uma vida,

com ou sem Béart (ou Beaux Arts),

e é bom saber que nossa libido,

considerada equivocadamente por tantos como algo vulgar e vergonhoso,

faz questão, mesmo em nosso imaginário, de ligar-se a alguém que saiba conversar.

Pois,

um atributo da beleza e do tesão

é que nossa companheira tenha lido mais do que O Pequeno Príncipe,

que tenha chegado a outras plagas mais complexas,

ou que conheça música,

ou que faça ou se interesse por alguma coisa de humano ou humanista,

que entenda e crie piadas,

e que tenha horizontes mais amplos que o próximo jantar. Porém, …

diga-me sinceramente, você perdeu tempo lendo as besteiras que escrevi?

Porque hoje é sábado, Veja

Porque hoje é sábado, Veja

Fui mostrar a Veja para a Juliette Binoche e a Kristin Scott Thomas. Vejam o que aconteceu.

Então procurei Juliette em particular. Déjà vu. Veja, Ju!

Mas ela não quis olhar e demonstrou de um jeitinho todo seu. Amei-a ainda mais.

Então, invadi o quarto da Kristin a qual me disse, tapando o nariz, que Veja fedia.

A politizada e inteligente Vanessa Redgrave simplesmente virou o rosto e nem viu a Veja.

A shakespeariana Kate Winslet demonstrou cansaço de Veja. “Prefiro a mídia alternativa”, suspirou cansada.

Fui embora da hostil Inglaterra indo para a mui gentil França. Irène Jacob tirou a roupa quando falei em Veja — entendera outra coisa — mas, quando soube de minha intenção, fechou os olhos, agastada.

Fiz o mesmo com Emmanuelle Béart. Ela me dispensou, horrorizada.

Pensei que a juventude sem preocupações de Laetitia Casta aceitaria ler a revista, mas ela ficou nessa posição lânguida e declarou que eu era velho demais. Fiquei ofendido.

Na Espanha, Penélope Cruz alegou dor de cabeça.

Dirigi-me à Itália, contudo Sara Tommasi não aceitou a Veja nem como revista de cabeleireiro.

Sophia Loren foi curta e grossa: “Mostre a Veja para a Alessandra Mussolini!”.

La Bellucci jogou mel nos olhos e, bem, tive de limpá-la. Gosto de mel.

Passando pela Sérvia, Ana Ivanovic mostrou-me o que faria se eu insistisse com Veja. Mal-educada!!!

Fui aos EUA em busca de gente republicana, mas Kim Basinger atalhou: “Não quero ficar mais deprimida ainda”.

Quando mostrei a Veja para a Gene Tierney, ela começou a recitar uns mantras esquisitos sobre paz e equilíbrio e seus seguranças me enxotaram.

Desci para Venezuela. Aida Yespica quis saber o que havia sobre Chávez na Veja. Observei seus seguranças atentos e nem mostrei a coisa para ela.

Sônia Braga deu-me as costas.

Voltei à Inglaterra e Helena Bonham Carter fez furos na revista com seu cigarro, enquanto eu ia ao banheiro. Desisti.

Post publicado originalmente em 15 de março de 2008

Delírio dialógico polifônico matinal (após longo e literário telefonema que me impediu de escrever o post)

É? Então vai ver que persigo os polifônicos…

Eu defenderia Thomas Bernhard e Cunningham numa discussão, mas seria capaz de gritar por Virginia Woolf, de me escabelar por Guimarães Rosa, de ir às vias de fato por Melville, de roubar álcool, tabaco e papel para Faulkner, de rolar no chão pelo Mann de Doutor Fausto, de ter uma convulsão por Joyce, outra por Dostoiévski, de matar e roubar por Juliette Binoche, Emmanuelle Béart, Irène Jacob ou Cécile de France e faria minuciosamente TUDO O QUE ACABO DE CITAR por Tchékov, cujas peças te mostrariam, te mostraram ou te mostrarão grandes diálogos.

Diálogos? Ih, esqueci Shakespeare e… Deixa assim.

Porque hoje é sábado, Emmanuelle Béart

A L.C.R.

Lembro da história que um grande amigo me contou há pouco tempo. Era a primeira metade de 1994 e seu casamento já estava na crise em que se manteve por mais sete anos quando, finalmente, para gáudio dos amigos, esboroou-se. Sua mulher reclamava da falta de dinheiro em casa e queria abortar o segundo filho do casal, o que não aconteceu. Ele, desesperado e irritado, resolveu vingar-se dela saindo com aquele back-up que alguns homens têm no escritório. Ao final de uma sexta-feira, saiu caminhando pela rua com a colega; viu um cartaz onde estava escrito Jacques Rivette, Michel Piccoli, Jane Birkin e Emmanuelle Béart. Interessou-se. Não podia ser um mau filme. Convidou-a, depois iriam a um bar. OK. Só faltou ler uma coisinha no cartaz além dos atraentes nomes dos artistas: 240 minutos.

O filme tinha aquele ritmo francês que causa engulho e sono aos americanizados espectadores atuais…

… mas meu amigo estava antes colonizado pela tristeza que pelo mau gosto.

Pouco a pouco deixou-se levar pelas belas imagens que narravam…

… a história do pintor em crise criativa que recebia uma nova modelo.

Passou a achar que a crise do personagem de Piccoli tinha tudo a ver com a sua e…

… que alguém como Béart poderia solucionar rapidamente quaisquer problemas. Imagina se não.

Lá pelas tantas, a colega perguntou:

— Que horas são que esta coisa não acaba nunca?

Ele viu que já tinham transcorrido três horas… Porém o filme não parecia estar perto do fim.

Ela queria retirar-se, mas ele desejava ver a modelo até o final do filme.

A colega irritou-se e disse que então ia embora. Foi.

Meu amigo ficou até o final. Sentia, enquanto ia sozinho para casa — a sua casa dos horrores –, aquele tremendo amor ao cinema… Hoje ele freqüenta outra praia, de águas mais calmas e quentes.

E a serenidade retornou àquele amigo que hoje vive com quem, desde o primeiro indício (em ambos os casos), sempre quis.

O filme é La Belle Noiseuse na França, A Bela Intrigante no Brasil, A Bela Impertinente em Portugal e The Beautiful Troblemaker nos EUA. Direção de Jacques Rivette. Asseguro-lhes, é uma obra-prima, não obstante o que diz nosso intrépido navegador.