O caso Woody Allen: abuso não se relativiza, mas há que provar

O caso Woody Allen: abuso não se relativiza, mas há que provar

Provavelmente, as acusações de abuso que feitas a Woody Allen sejam mesmo verdadeiras, que o diga seu casamento. Abuso é uma coisa que não pode ser relativizada — é uma violência inaudita, é crime e ponto. Não me venham com papos de que o(a) menor estava pedindo e outras explicações, etc. A responsabilidade é sempre do adulto. Não posso afirmar com certeza, é claro, mas apostaria que Allen é um escroto do gênero abusador.

Estas questões são muito complicadas. Aqui e ali, ouço relatos do gênero “fui abusada(o)” desde que me conheço por gente. Todos feitos por adultos. Sabe-se que a criança abusada raramente acusa. A maioria sente-se impotente para fazê-lo, até porque muitas vezes trata-se de alguém conhecido ou muito próximo. Na maioria das vezes, o abusador é uma pessoa normal, até mesmo querida pelas crianças e pelos adolescentes. A vítima tem a impressão de estar errada, de ser ela o problema e poucos casos são denunciados no momento em que ocorrem. Parece algo auto-imune.

Hoje, Allen tem 78 e Dylan 28.
Hoje, Allen tem 78 e Dylan 28.

Tive a sorte de ter passado longe de tudo isso, mas, como dizia, ouvi relatos dolorosos e verdadeiríssimos e outros que são realmente difíceis de acreditar. Na verdade, não acredito em apenas um. A pessoa tinha o vício de ser vítima em todas as situações e só anos depois dei-me conta de que as circunstâncias narradas eram absolutamente impossíveis, dado o ano a que “o conto” remetia. (Havia uma situação-chave cujo contexto simplesmente não existia no final da década de 70, início dos 80…). Mas a narradora parecia acreditar inteiramente no que dizia e chorava enquanto falava. O filme A Caça mostra que a questão do abuso tem de ser comprovada, que não basta apenas a acusação.

Tais complicações também existem na família Allen-Farrow: a loucura não está ausente nela. Acho que Mia Farrow não cabe em nenhum modelo de normalidade e guarda enorme ódio a Allen. Mas é mãe da vítima, que fora adotada pelo casal. Também acho que Allen não cabe no citado modelo, mas nunca foi a um tribunal se explicar, né? Ele apenas nega o fato como “falso e vergonhoso”. Apesar do que suponho, nada do que dizem dele foi provado. O que se sabe é que Dylan diz que houve um episódio horrível e nós sabemos que era uma casa de malucos. Então, o linchamento de seu nome é meio irresponsável, não?

Depois, quando eu digo que o mundo é complexo…

Tenho a cabeça aberta sobre sexo. Eu não estou acima de qualquer suspeita, quando muito, estou abaixo delas. Digo, se eu fosse pego num ninho de amor com 15 garotas de 12 anos de idade amanhã, as pessoas iam pensar: é, eu sempre soube disso a respeito dele.

Woody Allen, na revista People em 1976.

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Saiu agora no Uol (05/02/2014, 15h30) o que reproduzo abaixo:

Filho de Allen e Farrow defende o pai e diz que mãe o fez odiá-lo por anos

Moses Farrow, filho adotivo de Woody Allen e Mia Farrow, se pronunciou a respeito das declarações de sua irmã Dylan, que, em carta aberta ao “New York Times”, acusou o pai de ter abusado sexualmente dela quando ela tinha sete anos de idade. Em entrevista à revista “People”, Moses defendeu Allen e culpou a mãe por toda a situação.

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