Porque hoje é sábado, Karolina Szymczak

Porque hoje é sábado, Karolina Szymczak

É engraçado como esta simpática coluna sabatina, também conhecida como PHES,

atrai as mulheres, hetero, homo, bi, etc.

Uma amiga de uma amiga, recente amiga minha — entenderam? — veio ao Sul21,

durante esta semana, e reclamou que o PHES estava muito contido ultimamente.

Desta forma, a partir desta edição, empreenderei um (falso) esforço de alongamento,

procurando ir no sentido contrário a um comportamento contido
(altamente proibido pelos norte-americanos que dominam a rede).

Em exaustivo trabalho de pesquisa, encontrei esta mulher incrível

nascida na Polônia.

Karolina Szymczak tem tantos encantos que não saberia dizê-los

da mesma forma que não consigo pronunciar seu nome.

Szymczak deve iniciar por Chem…, assim como Szymborska.

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Hoje, de Tata Amaral

Ontem, em mais um belo domingo cigano em Porto Alegre, vimos dois filmes e uma exposição surpreendente que merece uma segunda visita — pois chegamos quase na hora do fechamento. A exposição é a do sul-africano William Kendridge e está lá no Iberê Camargo. Os filmes foram o bom Ginger & Rosa e o extraordinário Hoje, de Tata Amaral.

Já ouvi de algumas pessoas que o tema da ditadura já encheu o saco. Discordo totalmente. A ditadura é o grande fato histórico de nosso passado recente e, sinceramente, nem a literatura nem o cinema a exploraram de forma crítica e inteligente. Isto para não falar na própria política, que tem medo de tocá-la e que — com honradas exceções — se protege na Lei da Anistia. E, se a Lei da Anistia protege militares e a polícia, há uma Lei do Silêncio que protege os muitos civis apoiadores, financiadores e beneficiários, sem falar na corrupção do período, substituída por mensalões. Acho que até os julgamentos deveriam obedecer à cronologia dos fatos.

Hoje é um passo enorme no sentido de dar dimensão humana às vítimas da repressão. O filme, passado em um dia dentro de um apartamento, mostra Vera (Denise Fraga) chegando de mudança em sua nova casa, após receber uma indenização do governo brasileiro em razão do desaparecimento do companheiro. vítima da ditadura militar. Com o dinheiro, ela compra seu primeiro imóvel e, no dia da mudança, recebe uma visita. O roteiro foi baseado no livro Prova Contrária, de Fernando Bonassi e, se eu conto o que acontece, estrago tudo.

O filme,nada naturalista e todo em tom menor, mostra em 90 minutos um leque de opções dramáticas, fixando-se na questão da dúvida sobre a delação e da culpa. Não há nenhum general, nenhuma arma, nenhuma correria. Tudo se passa em São Paulo, em 1998. As cenas mostradas são de como aquelas pessoas chegaram aos dias de hoje, iluminando os fatos passados com uma luz ambígua. Imperdível.