Sou a pessoa menos indicada para chorar a saída de Falcão. Na verdade, fui contra sua entrada desde o primeiro momento. Em minha opinião, sua coleção de fracassos pregressos o condenava. E, com efeito, desde a saída de Celso Roth, o time pouco evoluiu: a dinâmica não funcionava em campo; a defesa só excepcionalmente não falhava; Bolívar e seus asseclas permaneceram como os intocados donos do vestiário; as substituições eram muito confusas — lembram da entrada de Ricardo Goulart para “virar” o jogo contra o Peñarol? — ; o horrendo, verdadeiramente funesto Nei era incontestável; o time jogava uma bem e duas mal; os jovens só entravam no time à fórceps — lembram que Falcão acusou Oscar de não ter massa muscular dias poucos antes de ele tornar-se fundamental, etc. Falcão, amigos, estava perdido e a fraca atuação contra o São Paulo é emblemática.
É óbvio que o presidente que o contratou é o mesmo que agora o demite com estardalhaço. Se havia incompetência à beira do gramado, havia também e há ainda nos gabinetes. O regime do clube é presidencialista e nunca Giovanni Luigi deveria ter permitido a entrada como treinador de alguém que agredia suas concepções, fossem elas quais fossem. O que sei que elas nunca foram lá muito fortes… Ou seja, se houve incompetência de um, houve o mesmo do outro lado, que confiou o futebol a um homem que… Bem, eu não deixaria meu cachorro para o diretor de futebol Roberto Siegmann cuidar. Agora, Luigi demite os dois e, aparentemente, pretende retomar o vestiário. Bem , mas se quiser tirar o poder de alguns antigos líderes, só fazendo uma limpeza geral. Eu duvido.
Talvez seja pedir demais, mas eu aconselharia profissionalismo à diretoria do Inter. Falcão sempre me pareceu um diletante bem intencionado, um comentarista que desceu ao campo, uma aposta na mística de um ídolo, nunca alguém capaz de alterar e treinar um time taticamente. Sou muito mais um Diego Aguirre ou mesmo Dunga, que tem comando de vestiário e é muito mais divertido com a imprensa. Só a perspectiva de respostas atravessadas e as possíveis brigas com os repórteres de determinadas emissoras já me animam.
Caiu Falcão. Falta cair Bolívar e sua turma de titulares por decreto. Se Luigi reconquistar o vestiário e a disputa por titularidade, se houver o acesso dos jogadores mais jovens, ele pode virar o jogo. Não torço contra Luigi apenas por achá-lo tolo. Porém, se Fernandão for um gerente de futebol — se for mesmo contratado — apoiado na liderança de Bolívar, podemos esquecer.