Minelli, 91 anos

Minelli, 91 anos

Rubens Minelli foi, sem dúvida, o melhor técnico que vi comandando o Internacional. Era um cara nada teimoso, aparentemente sem manias por jogadores ruins (ou por jogadores amigos, ou por jogadores de empresários influentes) e que se apoiava naqueles que estavam jogando bem para dominar o vestiário. Foi um estrategista revolucionário em sua época. Seu Palmeiras de 1969 já era um time taticamente muito diferente do normal, mas nada como seu Inter de 74 a 76. Minelli trouxe o estilo do futebol da Holanda de 1974 para o Beira-Rio. Venceu todos os jogos do Gaúcho de 1974, disputado logo após aquela Copa do Mundo — foi campeão também em 75 e 76 — e foi bicampeão brasileiro 75-76. Treinava todo mundo, inclusive a imprensa. Semanalmente, pagava um almoço para os repórteres que faziam a cobertura do clube. Pedia que desligassem os gravadores, mas enchia-lhes de cerveja e das informações que podia dar.

Sempre fazia uma ou duas substituições por volta dos 10 min do segundo tempo. Sempre tentava pressionar os adversários de modo a abrir rapidamente 2 x 0 e baixar o ritmo. Tinha mil jogadas ensaiadas e estratégias para cobranças de faltas. Se Muricy disse que jamais viu alguém tão bom e convincente nos treinamentos, eu garanto pelos resultados.

Feliz aniversário, Minelli.

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Luigi a contragosto

Luigi a contragosto
Austeridade forçada.
Luigi: austeridade forçada.

Nosso presidente Giovanni Luigi Calvário voltou a comprovar que é bom de negócio. Se lhe diminuíram o orçamento, se o objetivo era enxugar, ele enxugou. Tanto que livrou-se de Forlán, Scocco, Bolatti, Airton, Damião, Gilberto e Kléber. De novidades, contratou apenas uns jovens, o zagueiro Ernando e o volante Aránguiz, da seleção chilena. O problema é que, sabemos, Luigi só é bom nos negócios. Tanto que, mesmo de cara e mãos amarradas, a ordem de diminuir a folha de pagamento foi cumprida com rara competência. Vendeu todo mundo que estava a mais. Ou quase todo mundo.

A esperança colorada é que a contenção de gastos acabe por fazer com que o departamento de futebol volte a realizar um de seus trabalhos mais nobres: o de descobrir novos talentos dentro do clube. Um dos esportes mais imbecis que os dirigentes recentes e a torcida colorada passaram a praticar era o de sonhar com contratações para todas as posições, sem pensar nos meninos. No momento em que os chamaram, a resposta veio em tom maior: com maior ou menor dificuldade, eles garantiram 5 das 6 vitórias em 6 jogos no Campeonatinho Gaúcho. (Vejam que o Grêmio tem 11 pontos e nós 18). É sempre bom lembrar que em algum lugar do passado, revesávamos Carpegiani, Falcão, Batista, Caçapava e Jair em nosso meio-de-campo.

Sim, tinha muita gente de fora no time dos anos 70, mas, naquela época, as chamadas “pratas da casa” eram melhor tratadas. Sob Minelli, por exemplo, as contratações vinham mais para suprir carências do que para acalentar os sonhos malucos de alguns torcedores. Nem vou discorrer sobre a recente contratação do craque da Copa de 2010 e seus 800 mil por mês, tá? Quem tem a minha idade sabe que Minelli pediu Lula em 74 e Marinho Perez em 76 porque eram as peças que faltavam para montar seu time. Eram caros, caríssimos, mas não consigo lembrar de grandes investimentos sem retorno naquela boa época.

Claro que sou um torcedor e, mesmo que eu reclame da impaciência e dos desejos dos colorados, sou um deles. Claro que minhas teses são ditadas pelo desejo de voltar a ter um grande time. Dentro deste contexto é que acredito que o projeto improvisado e “realizado a contragosto” pelo presidente Luigi possa dar certo. Mas, por favor, creio que Minelli pediria um centroavante JÁ. Lembram que, em 76, ele pediu Dario no meio do ano e o homem foi fundamental? Pois só um milagre tornará Rafael Moura e Wellington Paulista jogadores adequados para o Inter que queremos.

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Anotação sobre Falcão

Anotação sobre Falcão
Falcão em 1979

Li hoje uma discussão sobre se Falcão teria sido o maior jogador do Inter em todos os tempos. Gostaria de dar meu pitaco. Entre 1973 — tinha 16 anos naquele ano — e a Libertadores de 1980, devo ter visto Falcão jogar umas 300 vezes. Acho que ele fez parte do mais importante time do Inter (o de Minelli, entre 74 e 76), o time que nos tirou da rotina provinciana de campeonatos gaúchos, dando-nos protagonismo nacional.

Pois bem, conhecendo as várias formações daqueles anos, reafirmo a enorme importância de Falcão, mas o coloco ao lado de Carpeggiani, Figueroa e Lula. Este último, tão pouco lembrado, ouviu risadas de seus companheiros quando disse que ia ao Maracanã arrebentar com o Botafogo. E fomos lá e ganhamos por 3 x 2, com três gols de Lula. Ele veio do Fluminense acostumado a ser campeão e mudou a cabeça de um grupo que via os paulistas e cariocas como inatingíveis. Já Carpeggiani era o dono e responsável pelo ritmo acelerado do time de Minelli e Figueroa secundava Lula na indignação contra o provincianismo. Ou seja, Falcão sempre esteve bem acompanhado.

Ele foi o principal jogador do time de 79-80. Antes, era um monstro como outros. Aqueles eram times espetaculares, cheios de craques. Caras como, por exemplo, Batista, Jair e Valdomiro seriam deuses se jogassem atualmente. É minha opinião. Digo isso sem ser passadista. Acho que são fatos mesmo.

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