Terras do Sem Fim, de Jorge Amado

É estranho reler Jorge Amado depois de mais trinta anos. Não deixa de ser um retorno ao Colégio Júlio de Castilhos e a suas “leituras obrigatórias”. Nós, gaúchos meio ou menos bairristas, sempre tivemos problemas com o baiano. Naqueles anos, havia dois escritores que conseguiam viver de seus livros no Brasil: Jorge Amado e Erico Verissimo. Sendo Verissimo gaúcho de Cruz Alta — terra de minha mãe, que o conheceu –, sempre fazíamos seu elogio à custa de críticas ao baiano. Pura bobagem. Não obstante, éramos obrigados a ler dois de seus romances para o colégio: Gabriela Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos. Claro, estes romances, nos anos 70, quando comparados à produção de Erico daquela época – Incidente em Antares, O Senhor Embaixador e os dois autobiográficos Solo de Clarineta, fazia com que Jorge parecesse um escritor folclórico, malemolente e brejeiro, de menor importância. Como resultado, acabávamos nos afastando dele.

Houve várias tentativas de reavaliar — sempre para melhor — a obra de Jorge Amado. A última vez foi uma Flip (2006?). Foi com este espírito que abri Terras do Sem Fim. Logo tive uma surpresa: o romance, escrito em 1943, homenageia em dedicatória Dmitri Shostakovich, “compositor e soldado de Leningrado”. Mas as surpresas ficam por aí, pois, ao iniciar a leitura deparo-me com a frase inicial: O apito do navio era como um lamento e cortou o crepúsculo que cobria a cidade. Achei a frasezinha meio sem-vergonha e vi que ou me adaptava ou passaria maus bocados, pensando em cortar frases e expressões desnecessárias ou de gosto duvidoso. Apesar de duvidar da necessidade de recuperar Amado, mudei, passando a me ater não aos detalhes mas à trama, a fim de suportar a leitura. Ainda sublinhei diversas dessas pérolas e erros, mas não vou encher o saco de vocês nem copiar mais trechos do livro.

A postura pantagruélica de comer a história contada e esquecer a linguagem revelou-se a correta. O romance funciona muito bem dessa maneira. O capítulo em que o negro Damião fraqueja é autenticamente maravilhoso, assim como a construção de alguns personagens, como a dos coronéis combatentes, a do advogado Virgílio, a do Dr. Jessé e a do jogador “capitão” João Magalhães. A única coisa de que realmente não gostei foi do atalho que Amado percorreu para desfazer o triângulo amoroso entre o Coronel Horácio, sua mulher Ester e Virgílio. Em vez de encarar o conflito, em vez de nos colocar a interessante questão sobre quem seria mais mais importante para o violento coronel, se a mulher que amava ou o competente advogado que lhe apoiava, Amado arranja uma providencial e implacável febre que mata a mulher e o conflito. Para não ficar muito chato, o romancista volta à questão num quase epílogo, fazendo com que Horácio descubra a traição postumamente. Porém, naquela altura, o trabalho do advogado não era mais fundamental, a luta acabara. É uma covardia muito utilizada e aceita pela maioria das pessoas; prova disso é que grande parte das pessoas enterneceu-se com o filme dos caubóis (Brokeback Mountain), onde também um personagem morre justo no momento em que seu amante cobra-lhe uma solução e uma continuidade para seu caso amoroso. Detesto este gênero de expediente e isto prejudica muito o romance, em minha opinião.

Sobram uma história bem contada, uma narrativa envolvente e talvez aquilo que fosse o objetivo do comunista Jorge Amado: a denúncia das condições de vida na região do cacau. Sim, não tenho dúvidas, nisto o romance é poderoso. Mas, convenhamos, poderia ser melhor. Minha dúvida é se Erico também era tão descuidado… Acho que não.

Para finalizar, tenho que dizer três coisas que julgo importante.

1. Não sofro da sacrofobia que parece ter atingido nosso leitor e comentarista Marcos Nunes, mas também não creio que seja necessário recuperar Jorge Amado.

2. Porém, se for para demonstrar que o Brasil já teve bons romancistas vendedores de livros, se for para demonstrar nossa decadência ao eleger Yed…, ops, Paulo Coelho e a atual auto-ajuda de Lya Luft como campeões de vendas, RECUPEREM AGORA O BAIANO COM TODO MEU APOIO!

3. Certas cenas de Terras do Sem Fim são pura Rede Globo. Espero que Paulo Coelho não venha futuramente influenciar nossa televisão. Aumentaria a venda de antieméticos e de suicídios no país.

16 comments / Add your comment below

  1. Milton, uns comentariozinhos sobre Jorge:

    Acho que há necessidade de resgatar o sujeito, sim.

    A questão do “regionalismo” no sujeito é uma das razões. De modo geral, há uma resistência do sul e sudeste a Jorge Amado que só se explica por isso. O problema é que essa resistência é justamente a um dos pontos fortes do sujeito: a capacidade de transformar em literatura o falar e o espírito de sua terra, algo que, na minha opinião, nenhum outro escritor brasileiro conseguiu.

    O outro é a resistência ao “folclorismo”, diretamente relacionada à anterior. E em parte esse é um dos grandes problemas de JA, porque essa resistência foi fortalecida quando ele saiu do PCB e abandonou o realismo socialista. Tem sido uma crítica política, muito mais do que literária. em “Gabriela” isso se sobrepõe a narração da transformação social de Ilhéus. Em “Dona Flor” acaba obscurecendo uma história que, afinal, não deixa a dever ao que o realismo fantástico fez de melhor, e que se você quiser pode assumir um cunho extremamente feminista.

    E sempre que falam do estilo de Jorge Amado eu lembro que Balzac tampouco era grande estilista; eventualmente recorria a deus ex machinas como o que você apontou; e nem por isso deixa de ser um grande escritor. Mais que tudo, a literatura do sujeito tem uma força que eu não vejo em muitos escritores por aí.

    Acho que JA merece uma releitura porque o conjunto de sua obra é impressionante. 🙂

    1. Rafael, falando em deus ex machinas, quantas não há na obra de Shakespeare, por exemplo. E em se tratando de realismo fantástico, em Cem Anos de Solidão, GGM impossibilitado de matar uma das personagens, simplesmente atende ao recurso de abduzí-la entre lençóis. Quer um deus ex machina mais conveniente do que este?

  2. Jorge Amado é um dilema para mim que nunca me propus resolver. Numa perversão total de um comentário de Joseph Bródski, que disse ter sido influenciado por Samuel Beckett sem nunca te-lo lido, só pela apreciação da seriedade filosófica de seu rosto, Amado sempre me fez cultivar esperança de que ele fosse realmente o VERDADEIRO grande escritor nacional, e que um dia a imortalidade definitiva iria lhe chegar à parte sua imagem de certa forma degradada por ser “best-seller”. A única coisa que li dele foi “A Morte e a Morte de Quincas Berro Dàgua”, por ocasião de sua morte_ e quase tive um troço de tanto rir. A Gabriela eu folheava em bibliotecas, um dos volumes de sua extensa obra encadernada em capa dura vermelha que parecia ser tão necessária nas bibliotecas quanto os fichários de registros, e me encatava da facilidade que Amado tinha de empregar palavrões. Não era para mim, mas a popularidade de um autor que, indiscutivelmente não era das mesmas searas da Lya e do Coelho, mas de uma estirpe bem mais acima, me fazia fantasiar que talvez ele fosse nosso Dickens, com toda a força de criação de características mitológicas de uma Bahia onde as brumas setentrionais e o fog misterioso eram convertidos no sol sobre as casas coloniais coloridas e os veleiros dos pescadores com suas velas recolhidas. E como soavam_ e ainda soam_ estranhamente poéticas as palavras “xotas” e “buceta” naquelas páginas. Quando estávamos discutindo a literatura brasileira, eu inconscientemente pensava em jogar a questão: e o Amado? Em Navegação de Cabotagem, seu livro de memórias, ele diz ter sido cogitado para o nobel, tendo sido preterido por razões comezinhas de geografia junto com o Kazantzakis (este um grande escritor!), e que a descoberta desta injustiça já o deixava feliz. Agora, escritor prolífico, ele cometeu uma das aberrações da literatura brasileira que penso ser a mais terrível (recordando que nunca o li): a trilogia sartreana(!!!) Os Subterrâneos da Liberdade. Imagine um autor hedonista e lascivo como o Jorge, existencialista?

    Agora Veríssimo sim creio ser um autor a ser revisto urgentemente. Li dois livros dele, inesquecíveis: Olhai os lírios dos campos, e o Incidente em Antares. Do primeiro me recordo do Megatério, o edifício pretendido pelo engenheiro; e o segundo, uma parte da crítica jura ter sido uma das influências para Cem Anos de Solidão.

    Mas é sempre bom saber que existem dois gigantes nos extremos do Brasil que, afora os apontamentos de desconcerto de uma leitura especializada, sempre deram o que realmente importa para a arte do romance: o deleite!

    1. Eis que após a mancada, saco o pau e dou uma na cabeça do maldito apócrifo: a não ser por uma proeza mais fantástica ainda que o teor desses dois livros, é impossível que Incidente em Antares tenha influenciado Cem Anos de Solidão, visto que o primeiro é de 1971, e o último, de 1967. Desculpem!

  3. Olá Milton!

    Os romances do Jorge Amado parecem os folhetins globais. Tocaia Grande, por exemplo, é uma trama com inúmeros personagens cuja trajetória de vida é detalhada meticulosamente no livro. Ainda assim, do alto da minha imaturidade para a avaliação literária, considerei um ótimo romance, principalmente pelo final. Sorte nossa que ele nasceu bem antesw da Rede Globo, já que se fosse contemporâneo ou sucedâneo dela, teríamos mais um a escrever histórias de aluguel.

  4. (Agora o relativismo em que Amado se encontra justifica referências pejorativas como a de um post da Rachel Nunes que diz ter Garcia Márquez se tornado um mero Jorge Amado em suas últimas obras. Concordo, já sem dor alguma. O nobel, como fez com vários outros autores, destruiu Márquez, de forma que do alto de seus mais de oitenta anos sua obra significativa se resume a Ninguém Escreve ao Coronel, Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera.)

    1. Charlles
      Falando no GGM, vou dicordar de você.
      Devo admitir, porém, que tenho uma questão emocional muito forte com ele. Meu interesse mais genuíno por literatura e meus escritos literários de gaveta devem muito a um livro do GGM que você deixa de fora da lista de sua obra significativa. É a coletânea de contos: Os Funerais da Mamãe Grande.
      Certa vez, li uma entrevista do GGM onde ele dizia que, ao ler a primeira frase de “A Metamorfose”, teve uma revelação e pensou “mas se pode fazer isso com literatura? Pois então isso me interssa.” Pois eu tive a mesma sensação ao ler aqueles contos, especialmente “A Sesta de Terça-feira” (que é uma Antígona caribenha) e “A Viúva Montiel”.
      Contudo, algo mais me marcou na edição que li: as ilustrações do Caribé. Aquilo estava tão integrado na obra do GGM que um dia fui ler, veja só, Jorge Amado e vi ilustrações também do Caribé. Achei aquilo um ultraje e me senti estranho…
      Eu incluiria como obra significativa, também, o “Outono do Patriarca”, “Crônica de uma Morte Anunciada” e “A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada”.
      Concordo que os últimos livros (“Do Amor e Outros Demônios” em diante) são mesmo muito fraquinhos. Como também eram fracos livros iniciais “Olhos de Cão Azul” e “La Hojarasca”.

      1. Luís
        Eu tenho uma intensa relação com GGM que envolve amor e ódio. Vejo que você e eu fazemos parte dos leitores desse colombiano cuja manipulação de seu livros contribuiu para acionar sensores que vão além de uma simples leitura. As ilustrações de Caribé, a foto em preto e branco sobreposta em azul do autor sorrindo, com sua enorme verruga negra na face direita que vinha na contra capa das primeiras edições da Record, a ânsia por ter um pouco mais do arrebatamento de CAS nos contos dos volumes que você citou, fez com que eu visse seus livros com o mesmo deslumbramento de quem acha documentos antigos em um baú, de forma a que cheiros, poeira e o amarelo das páginas torna-se parte do prazer. Depois as edições mais cuidadas (em vista dos aprimoramentos que a Companhia das Letras trouxe ao Brasil que provocou uma mudança editorial em todas as outras empresas), com sobrecapas avulsas e desenhos que, infelizmente, já não eram mais de Caribé. Fui acompanhando todo esse desenvolvimento da obra de GGM, desde quando o li pela primeira vez em 1990, apresentado por um amigo que me fez sair da obsessão pelos russos e ver que São Petersburgo se dividia em povoados que iam desde a Guatemala (Miguel Ángel Astúrias) até a Argentina de Borges, Sabato e Cortázar, no panorama dos prosadores hispanoamericanos. A transposição foi completa, e logo estava eu me martirizando em ter de proteger Márquez contra as evidências poderosas de que Cortázar era melhor contista e até melhor escritor, apesar de ter perdido o rumo do romance. Li tudo de Márquez_ tudo mesmo, até seu roteiro para cinema e seus pretensiosos diálogos de como produzir uma história. O Outono do Patriarca acho que foi uma das mais apiedantes implosões do que poderia ter sido um grande livro sacrificado em nome de um experimentalismo fracassado: é duro de ler e seu excesso de fantasias estropiadas mostra que GGM era um péssimo fabulista. Não acho que ele tenha um grande conto, também fiquei pasmo com Mamãe Grande (e Cândida Erêndira realmente pode perdurar para a posteridade, mas não seria uma novela e não um conto?), e lia suas crônicas dos Textos do Caribe quase até decorá-las. Mas depois vi a quem GGM tinha débito, o que fez com que o frescor de seu provável gênio de contista se dissipasse. Foi GGM que me levou a Faulkner. Aliás, Cem Anos, é uma repaginação poética das sagas dos Stupens e Snopes dos romances do Faulkner.

        Depois do Nobel, tudo do GGM é lamentável. Seu estilo tão marcante virou uma arremedo de si mesmo, passando a impressão de que ele usava o mesmo molde automático para produzir. O Coronel em Seu Labirinto não chegou nem a ser concluído e é tão ruim que no posfácil a consciência de Márquez confessa que a única coisa de boa da proeza era os erros históricos suprimidos pela correção. Autores latinos americanos contemporâneos tem criticado esse vazio preenchido de lantejoula de grife com a paródia de Mc Ondo, em referência a uma literatura fast-food.

        De forma que abandonei Márquez por um bom tempo, até me reatar através de sua autobiografia, que foi um desfibrilamento em sua morte antecipada. Agora, Márquez é sim um grande escritor, a primeira frase de CAS é a mais bela de todas (a meu ver, só igualada em força com a frase introdutória estarrecedora do “Arco Íris da Gravidade”); uma página de Crônica de Uma Morte Anunciada_ a do reencontro entre a noiva devolvida e a de seu ex-noivo_ vale não só todo esse romance insosso como toda a literatura em espanhol produzida nos últimos 50 anos ( todas as cartas recebidas lacradas e nunca lidas, mas guardadas numa mala no momento do reencontro depois de anos de angústia e raiva remoída; nada pode ser mais belo do que isto). Bolaño, por exemplo, apesar de ser quem é, nunca alcançou uma catarse como esta (ou como as inúmeras catarses do Cortázar, até em seu grande romance da amarelinha).

        Esse é um assunto muito rico, e vai aí uma sugestão para futuro post do Milton.

        1. Pois é Charlles
          “Um general em seu labirinto” é tão ruim que não consegui terminar, por isso nem incluí na lista. A Erêndira é uma novela sim, mas eu gosto do livro todo. Embora ache que ele, por vezes, seja fantasia com pouco conteúdo, acho que a narrativa de “O afogado mais bonito do mundo” tem um ritmo que é pura poesia.
          Quanto ao “Outono”, eu confesso que me deixo seduzir pela vertigem da narrativa, pela explosão de imagens que são, obviamente, excessivas. Eu me deixo embriagar, ainda que corra o risco da ressaca.
          Também li GGM pela primeira vez em 1990. No ano seguinte, li o CAS (e conheci Cortázar, Borges e Sábato: mas não sei se são comparáveis) e, desde então, decorei o primeiro parágrafo do livro. No Amor nos Tempos do Cólera o que mais gosto é o último.
          Bem, nem vou começar a escrever sobre CAS porque daria um mundo. Ou vários.

        2. Ops… acho que fui ambíguo. Quando disse que não sei se Coratázar, Borges e Sábato são comparáveis ao GGM, não quis dizer que não sei se são tão bons, mas, obviamente, que não sei se é possível aplicar a comparação, porque os considero bastante diferentes.

        3. Farinatti e Charlles.

          Eu tive a sorte de ler apenas os maiores livros de GGM. Não cheguei nunca aos menores e, vejam, gostaria de colocar “Crônica de uma Morte Anunciada” entre os maiores. A explicação para isto data de uns 4 anos: tinha comprado outros livros dele, mas comecei pelo último, “Memória de minhas putas tristes”, a fim e escrever sobre ele quando de seu lançamento.

          Bah, que livro fraco! Desisti dos outros.

          Logo depois li “As intermitências da morte” de José Saramago e passei a achar que o Nobel, Charlles, não tinha matado o português. É metade livro de humor e metade lirismo. Gostei muito!

          Uma das poucas coisas boas de ter 52 anos é poder dizer que “O Amor nos tempos do cólera” foi lido… tipo assim… no dia em que chegou!

          Abraços.

  5. Sacrofóbico, essa realmente é muito boa…

    Jorge Amado faz uma literatura populisticazinha, ao estilo do que Cacá Diegues faz no cinema. Quando não deriva para a propaganda comunista barata, se encaminha para os desvios da sexualidade made in Brazil, apud Gilberto Freyre, onde o que há de mais vermelho é a pimenta.

    Cara, você vai achar um horror, mas eu não gosto de Incidente em Antares. Me parece uma tentativa de adequação aos parãmetros do bem sucedido realismo mágico também com tempero made in Brazil, mas de churrasco dos pampas. Cadáver insepulto a discursar no coreto certamente fazia sentido em meio às nossas ditaduras de sempre, mas só isso, sentido, o que não é lá grande coisa. E tem um jeito meio relaxadão também, o que nem desgosto, quando o caso é literatura de emergência, mas aí o tempo passa e fica só o desleixo, no caso do Jorge, urgência maior de atendimento aos reclamos da editora, mui interessada em desovar o Amado do ano, que nem Roberto Carlos.

    Já matou sua santidade hoje?

  6. Claramente, tem dois Jorges Amados: o que escrevia na e pela luta social e o que se rendeu ao sucesso fácil e depois à rede Globo. Li ambos, mas prefiro infinitamente o primeiro, mesmo quando fazia propaganda, como no “Cavaleiro da Esperança”, era autêntico e de briga, depois virou um Paulo Coelho idolatrado pela platinada. Quanto a Érico Veríssimo é um dos maiores escritores brasileiros e, tal como Euclides da Cunha e Graciliano Ramos, é pouco reconhecido e conhecido de todos os brasileiros.

  7. Com palavras difíceis, o motivo de tentar diminuir a obra de Amado é simples: ele era comunista quando escreveu a obra. Este simples fato ofende a pós-modernidade acadêmica, que é a versão atualizada da cultura afetada e desnecessária que Amado tão bem descrevera em seu romance.

    É com obsessão religiosa que a crítica pós-moderna procura detectar algum sinal de “reducionismo” na obra marxista do baiano para poder acusá-lo com ares entendidos. Pura propaganda anticomunista disfarçada sob um verniz acadêmico. Nauseante. Vida longa a Amado e ao compositor e soldado de Leningrado que homenageou.

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