Ensino religioso em estado laico: mais atraso e discriminação para o Brasil

Sob protestos do PSOL e do PPS, o plenário da Câmara aprovou na noite de quarta-feira, 26/08/2009, a ratificação do acordo entre o Brasil e o Vaticano, que prevê a instituição do ensino religioso em escolas públicas, isenções fiscais e imunidade das instituições religiosas perante as leis trabalhistas. Assinado no final do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Bento XVI, o acordo prevê também a manutenção, com recursos do estado, de bens culturais da igreja católica, como prédios, acervos e bibliotecas.

Criticado por amplos setores da sociedade, como a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o texto acabou aprovado em votação simbólica após a costura de uma negociação com a bancada evangélica, muito forte no Congresso, para estender os privilégios às demais religiões. O acordo seguirá agora para apreciação do Senado.

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Segundo Aude Valérie Bumbacher, da Anistia Internacional e da Graduate Institute of International Studies de Genebra, geralmente, em países onde a religião faz parte da vida civil pública, há pouco espaço para o desenvolvimento da educação para os direitos humanos. As crianças não têm escolha em deixar de participar de sermões religiosos e a escola não abre espaço para os direitos humanos. Frequentemente, até mesmo a educação cívica não é ensinada, porque é vista como uma concorrência à educação religiosa.

E vai além: a França, por exemplo, tem uma definição e aplicação desse conceito muito restrita. Símbolos religiosos são proibidos na esfera pública, portanto nem professores nem estudantes podem portá-los, como acontece com o uso do véu por mulheres muçulmanas. Praticar ou exibir esses símbolos é possível apenas na esfera privada ou nas comunidades religiosas específicas.

Organizações internacionais como as Nações Unidas, por meio do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, desenvolveram diferentes programas, treinamentos e materiais voltados especificamente para educadores e professores de direitos humanos. Desde a metade dos anos 1990, educação para os direitos humanos tornou-se uma preocupação no sistema das Nações Unidas como uma tentativa para encontrar a paz e a tolerância no mundo.

Enquanto isso, nosso país, baixando as calças para o Vaticano e os evangélicos, vai entronizando mais atraso e ignorância onde não há bem educação. O que fazer? Em minha opinião, a religião é algo a ser adotado por quem precisa dela, não uma obrigação ou sugestão do Estado. Com a finalidade de obter o apoio do rebanho de imbecis de Edir Macedo, Ratzinger e assemelhados, vamos ter professores formando hordas de carolas? É de perder as esperanças.

Fonte: Jornais e Revista Educação.

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Mais:

Aprovada na semana passada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o texto tem 20 artigos que criam um estatuto jurídico e legitimam direitos que a igreja católica detém há décadas no Brasil. Entre outros pontos, o acordo regulamenta a forma do ensino religioso nas escolas públicas e prevê que o casamento oficiado pela igreja, caso siga também as exigências do direito civil, tenha valor jurídico.

A ratificação do acordo deve suscitar ações de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o deputado Regis de Oliveira (PSC-SP). Ele fez um apelo para que o texto fosse retirado de pauta para maior discussão. “Não se pode votar matéria dessa gravidade no escuro”, disse. “Estamos entrando em terreno perigoso porque o Brasil é um estado laico e não podemos interferir nisso”, explicou.

Coube ao deputado Chico Abreu (PR-GO) encaminhar votação contra o acordo. “Embora sejamos um país católico, o ensino religioso não pode ser uma imposição na rede pública”, criticou. Ele considerou também que o texto cria privilégios à igreja católica em relação às demais religiões.

Para o tresloucado deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), todavia, o acordo respeita o ordenamento jurídico brasileiro e em nada fere a Constituição, uma vez que apenas consolida diversas normas já praticadas no Brasil. Ele lembrou que outros estados laicos, como a Itália, aprovaram acordo semelhante com o Vaticano e outras religiões. Além disso, conforme destacou, o Congresso “tem legitimidade para convalidar tratados e acordos internacionais”.

O ponto mais polêmico do acordo com o Vaticano é o parágrafo primeiro do Artigo 11, que institui o ensino religioso facultativo nas escolas públicas de ensino fundamental. “O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação”, afirma.

Arrã. Se neste momento, se neste minuto de minha vida estou sendo discriminado por ser ateu — futuramente, darei maiores detalhes — imaginem o que farão esses fascistas conosco?

54 comments / Add your comment below

  1. Trata-se de um tipo de reacionarismo cordial, marca do governo Lula: concessões pontuais a todos para receber deles as concessões possíveis. Para que bater de frente com uma banca que tem a liderança máxima, no senado, do senador Sarney, que instituiu a impressão na moeda a frase “Deus seja louvado” e foi flagrado falando de benesses ilícitas finalizando sempre seu diálogo com frase igual ou semelhante? Compor para governar, ceder para usufruir de poder, ter poder para… que mesmo? Ah, para algumas outras pequenas concessões ao eleitorado, investimentos a conta-gotas, satisfações pontuais a sindicatos, distribuição de benesses aos correligionários, etc.

    Depois disso tudo, o Emir Sader quer que nos levantemos para defender “nosso” “governo de esquerda”.

    Por outro lado, a intolerância é extensiva; religiosos de todos os matizes discriminam, ateus também; ideologias se confrontam e, sorrisinhos no rosto diante de oponentes, todos pensam em exterminá-los. Não tem essa de respeito ás diferenças: eu não sou respeitado por nenhum religioso e não respeito nenhum deles, ponto. Não me disponho a pegar em armas para varrê-los da face da Terra, e muitos também não fariam isso com os ateus mas, de lado a lado, há quem se disponha a tal gênero de ação.

    Não há como demonstrar a um religioso que toda sua informação mística é balela. Vale a provocação: quem gosta de Guimarães Rosa possui, no fundo de suas razões materialistas, um traço de religiosidade que as movimentam.

    Não há como demonstrar a uma ateu que sua Razão não é tão soberana assim, existindo “n” exemplos de seres racionais que proporcionaram desastres equivalentes àqueles que criticamos por sua matriz religiosa.

    A estupidez dissemina-se em todo campo humano.

    Enfim, lamento mais esta decisão equivocada a unir governo e congressistas num populismo religioso pró-Vaticano (pois, afinal, é o Catolicismo Romano o beneficiário direto dessa pequena tragédia) mas, como quase tudo que acontece e provém do governo, pode ser, no final das contas, mais uma iniciativa frustrada por mil reações contrárias, e nenhuma escola pública insira o ensino religioso como nada além de uma disciplina eletiva, escolhida somente por conversos, tendente a desaparecer por insuficiência de quadros doc entes e discentes.

    Nada, portanto, de alarmismo.

    Quanto ao caso de discriminação pessoal, não se altere não, Milton. Pense bem se, em muitos casos, voc~e mesmo não faz o mesmo com algumas pessoas, não tanto por razões religiosas, mas por orientação política.

    Não existem santos: místicos ou iluministas.

    Reiteranduum (latim selvagem): Nihil sacro.

  2. Tanta coisa por fazer na Educação e esses caras ressuscitam o ensino religioso.

    Na boa, fico “meio desesperado”.

    Melhor ver os jogos das eliminatórias para esquecer:

    18h00 Uruguai x Colômbia
    20h00 Paraguai x Argentina

    Quero ver se Messi pode resolver o problema…

    1. Se Messi não faz nada contra um Brasil que, jogando mal, foi mais eficiente, que dirá em Assunção, contra o Paraguai. Borduna neles, guaranis!

      Uruguai? Não é a Província Cisplatina, território agregado ao RGS? Que joga o Campeonato Gaúcho sob o nome de fantasia “Grêmio de Futebol Portalegrense”?

    2. Nao resolveu, uma pena… como brasileiro não me satisfaz o fato da Arghhhhh ficar fora da copa – que patriotada é essa comandada pelo Galvão hem?? Ridículo…

  3. Marcos, meu caro! Eu bem que ia escrever um extenso arrazoado sobre sua “provocação” (uso o termo exclusivamente por cortesia), discorrendo sobre Guimarães Rosa e Julian Jaynes, falando sobre as presunções arrogantes do neocórtex cerebral dos hominídeos (sem deixar de reconhecer sua utilidade para derivar integrais e integralizar derivadas) e as pesquisas de António Damásio, expondo um meticuloso arrazoado sobre o equívoco das premissas (i)lógicas de seu “mero fato”, elucubrando sobre o “sentimento oceânico” referido por Freud e os erros e acertos da psicanálise e da psicologia analítica – sim, até mesmo ousava esboçar aqui minha revolucionária teoria sobre a estrutura do subconsciente humano e a “prisão arquetípica” que o hemisfério esquerdo do cérebro construiu no lobo frontal humano, e pelo qual se criou uma religião às avessas em que Jaldabaoth está na mesma linha de continuidade histórica da Fluoxetina (esse deus tão moderno), isso tudo sem jamais perder a pertinência temática com o tema do post do Milton, de forma a concluir dando minha contribuição ao protesto veemente e justificado contra o ensino religioso em toda e qualquer escola, acrescentando ainda ao debate a deplorável, horrenda, teratológica imunidade tributário-constitucional de que gozam templos, terreiros, igrejas, padres, pastores, pais de santo, estelionatários e falcatruas de todo o gênero.

    Eu ia fazer tudo isso, mas sou incapaz de manter uma linha de argumentação coerente desde a última sexta-feira.

    E porque? Porque? Pelo mesmo motivo que me fez mal comer, mal dormir e mal falar durante esse feriadão: a maldita idéia que teve o Milton de reproduzir o post de um tal Brutagueño, no qual se faz referência a uma determinada foto de Scarlett Johansson. Não uma foto qualquer, mas uma foto em que a tesuda beldade olha para o Woddy Allen de um jeito indescritível (“indescritível” ao menos para minha apoética criatividade, que jaz prostrada desde a fatídica sexta).

    A partir de então, um abalo sísmico pessoal de proporções mitológicas atingiu-me. Fiquei em estado de choque após ver o olhar que a moça deitou em cima daquele proto-nerd pretensioso! Apático, calado, sem inspiração, sem ânimo de combater e enfrentar instigantes provocações (não, nesse caso não estou sendo cortês e, portanto, não me refiro ao seu comentário), nem mesmo a vitória priápica do Inter no domingo resgatou do inferno meu espírito torturado.

    Afinal, o que me importa o Guimarães Rosa, o que me importa o Estado laico, o que me importa o Sarney, o que me importam minhas razões materialistas e minhas espúrias motivações religiosas se, no fim de tudo, está a muda certeza de que JAMAIS Scarlett Johansson dirigirá um olhar semelhante para minha pessoa? Por Deus! (ou, na linha do politicamente correto no Estado Democrático de Direito Laicizado: Pelos Deuses! Pela Deusa! Por Brahma! Por Buda! Pelo Azucrim! Pelo Exu-tranca-rua! Por Deus-nenhum-que-não-existe!). Meu mundo todo ruiu naquela sexta-feira, ao constatar as limitações imperativas da realidade: a gostosa loira bocuda olhou apaixonada, derretida, encantada, para um cabeçudo artista – mas esse cabeçudo artista não era, nem jamais poderia ser, eu.

    Provoque-me então! Vitupere-me, se você é do tipo que chuta cachorro morto, que corneteia torcedor do fluminense, que tira sarro da seleção argentina, pois o meu triunfo, a minha desforra calada, será saber que, questões ontológicas e ônticas à parte, Scarlett também jamais olhará para você daquele jeito.

    Abaixo, a foto, para que os outros leitores do Milton também se corroam por dentro:

    http://miltonribeiro.opsblog.org/files/2009/02/scarlett_johansson_12.jpg

    1. Ora, fique tranquilo: ao vivo, sem Photoshop e sem maquiagem, a Scarlett não é essa coisa toda não. Nem eu, nem você, nem Guimarães Rosa, nem Lula, Damásio e muito menos Freud. E quanto ao Julian Jaynes… que catzo é Julian Jaynes?

  4. Ah, sim… sobre as críticas ao Lula e seus confábulos com autoridades religiosas, veio-me à cabeça um comentário pertinente, mas não sei se presta (pode ser um indício de recuperação, talvez): Paris vaut bien une messe.

  5. Assunto espinhoso…será?

    Ano passado, para concluir o curso de História, tive de ministrar 40 aulas em escola pública, na disciplina de Estágio. Esse martírio foi suavizado por ser permitido realizá-lo em dupla, e lá fomos eu e um amigo encarar a tripulação amotinada dos alunos, sedentos por matarem os capitães do navio naufragado. Com minha experiência de professor há muito resguardada em um limbo traumático do subconsciente, alertei a meu parceiro: “Vamos combinar sermos os mais realistas possíveis para ver se o tempo fica a nosso favor. Por isso, nada de pedirmos para eles rasgarem a primeira página dos livros e nem subirem nas carteiras para verem o mundo de novos ângulos. Nós estamos no Brasil, que só fica atrás de Angola no ranque do pior sistema de educação do mundo. Além do que, aquela foto ali na parede não é de Walt Whittman, mas do Alcides Rodrigues”. Para meu amigo foi fácil, um primor de ingenuidade pedante que disparava sua enciclopédia de conhecimento, sem perdão, em cima de moleques que mascavam bovinamente seus chicletes e não estavam nem aí para nada; mas meu índice de sarcasmo se mostrava todo dia com o mercúrio na tampa, pronto para estravazar. Logo percebi que aqueles meninos e meninas eram monges budistas sem nenhum comportamento exemplar, mas com a mesma percepção irrevogável de que viviam um presente perpétuo. Nada para eles importava, o passado, a literatura, a matemática, a educação física_ era bonita aquela plenitude despojada sustentada pela fé na infância imortal, mas não sobrevivia diante a verdade torpe insinuando-se por detrás, de suas precárias situações familiares, e de que logo se tornariam adultos sem direção, prontos para aventuras da sobrevivência cujos resultados tendiam a ser perigosos, ou para o conformismo. Uma professora pediu para que a substituíssemos em sua aula de Ensino Religioso. O mercúrio já havia evaporado. Em uma sala de trinta alunos, enquanto meu parceiro lia um salmo da bíblia, eu coloquei os pirralhos em fila e ia-lhes esconjurando os demônios, tirando as aves do inferno através de imposição das mãos em suas cabeças, simulando tapas em seus rostos, rasteiras, fazendo que seus corpinhos tremessem como tsunames libertos do Catarrento, ou simplesmente, num passe único, atirando os que estavam de pé nos fundos todos para o chão. Eles estrebuchavam, babavam, oravam em línguas, gritavam “o Senhor é meu pastor”, reviravam os olhos. No final, passamos sacolinhas imaginárias nas quais eles, com os rostos cheios da mais descarada pudicícia, enchiam com volumes de ar entre as mãos (suas carteiras forradas de dinheiro), e de brincos, jóias, anéis e relógios abstratos. Até hoje, quando um deles nos veem pelas ruas, gritam nossos nomes, vão onde estou para o cumprimento, e falam em nosso idioma inventado, a língua dos anjos: chupabalahalls, professor, ashalabalaia, professor. Ouvi que as coordenadoras e professoras não tiveram coragem de averiguar a causa da gritaria. Naquele dia, quem havia sido momentaneamente exorcizado do horror da educação nacional, fora eu!

  6. Caso dois: tenho uma irmã que estudou em uma rede de ensino franqueada para as principais cidades brasileiras. Um colégio que forma neoliberais sanguinários, monoculares, competidores selvagens (descobri a expressão agora: não é genial?), que desenvolvem a matemática elementar de converterem os livros em informação de efeitos financeiros imediatos. Minha irmã conseguiu sobreviver a esse spa de enxugamento de qualquer caloria intelectual que não seja voltada para as maiores universidades e os melhores empregos_ ela conta que as alunas que vinham com a pele com um bronzeado a mais, dos finais de semana, eram expulsas da instituição!_ e se tornou uma fisioterapêuta que dedica o tempo livre ao acompanhamento de crianças com síndrome de Down. O caso é que a vida estudantil dela foi toda pautada por instituições com a mesma visão de resultados pré-determinados, sem surpresas no final, sem inspirações para a arte ou outras dessas aberrações da adolescência desvirtuada.

    Há espaço, em um extremo ou outro da educação nacional, para preocupações sobre os efeitos deletérios do ensino religioso nas escolas? Os alunos merecem esse debate?

    1. Sim, há espaço, pois tal “ensino mitológico” apenas piora uma situação já horrorosa.

      Minha filha — meu filhp também pertenceu à mesma escola — estuda num colégio laico e lê desde Reparação à Sófocles. Tem 14 anos. Atualmente, estuda O Jogador, de Dostô. Funciona bem.

  7. Penso que um curso de religião deva começar pelo pecado contra o Espírito Santo. Que foi justamente a pergunta que fiz para uma freira quando tinha 8 anos. Irmã Renilda, era o nome dela. Paixão preta. Não deu outra: cinco anos depois Renilda se casou. E eu… fiquei punhetando a ver navios…

  8. Tu já tinhas comentado desta escola. Mas convenhamos_ a não ser que os estados do sul realmente correspondam àquele diferencial positivo da clássica formulação ideográfica de países presos ao corpo morto do restante do Brasil_, é uma louvabilíssima exceção. Aos 14 anos ler, graças ao currículo escolar, Dostoiévski e Ian Mc Ewan: é tema não só para post mas para um documentário do João Jardim. Se na referida escola de meu comentário acima, um dos alunos fosse flagrado com um romance de 400 páginas nas mãos_ ainda que fosse o Reparação_…, nem sei a bronca que levaria.

  9. bah, mais um filiado ao Exército dos Pastores Ateus.

    só espero que o blog não fique insuportável. De fanatismo anti-religioso bastava o Avelar – que parei de seguir no twitter depois que passou a ser um pastor evangélico às avessas.

  10. quanto ao tema, acredito que religião deve ser ensinada sim, mas sob perspectiva e inserida em um contexto histórico.

    se o adolescente conhece a origem da fé e os preceitos das principais religiões do mundo, ele só tem a ganhar no seu conhecimento, ao contrário do que apregoam os mais fanáticos do EPA. É indispensável conhecer um assunto para poder ter opinião sobre ele.

    acredito que ao mesmo tempo do acordo, o Governo Federal estabelece diretrizes de conteúdo programático para as escolas públicas quanto ao ensino religioso – e com aqueles petistas todos lá, eu não espero nada do tipo “leia a Bíblia e seja feliz”. Muito pelo contrário.

    1. Não sei se vale a pena explicar, é muito óbvio.

      História é história. A religião foi absolutamente necessária ao mundo num tempo em que precisava haver um castigo para quem matasse seus filhos, agisse fora dos padrões, etc. Não havia ética, então tinha de existir em seu lugar um ser superior, punitivo ou meramente indicador do que era correto ou permitido.

      Hoje, a religião é uma necessidade apenas sentida por algumas pessoas. É vetor de ignorância, lucro fácil e conservadorismo. Ponto.

      Sobre o “petismo”: este é um post bem antipetista, não? E a lei valeria a partir de um governo petista e invadiria outros.

      1. Milton, concordo com você, mas há um detalhe absolutamente pertinente (talvez seja o que o Luís Felipe esteja dizendo), que é quase impossível para ateus ortodoxos compreenderem: existe diferença entre RELIGIÃO e IGREJA. A primeira, eu defendo (em meu humilde posicionamento), a segunda eu rejeito taxativamente, pois é a ligada ao comércio e ao estelionato. Não sou ateu, mas não sigo igreja nenhuma_ nem religião_, e acho que é girar continuamente em torno do mesmo eixo a “erudição” intolerante do tal ateísmo idelberiano. Vou fazer uma observação que abre abismos e o piso liso onde ando pode gerar um escorregão: o que seria de alguns povos orientais se não fosse o islamismo e o budismo (e, o judaísmo), como formas de reação à dominação ideológica do ocidente? Um de meus autores preferidos_ Edward Said_ trata de maneira corajosa esse assunto. Respeito ateus que tinham um profundo sentido do sagrado e eram religiosos, como Bernard Shaw e Carl Sagan.

      2. “I’m not an atheist and I don’t think I can call myself a pantheist.

        We are in the position of a little child entering a huge library filled with books in many different languages. The child knows someone must have written those books. It does not know how. The child dimly suspects a mysterious order in the arrangement of the books but doesn’t know what it is. That, it seems to me, is the attitude of even the most intelligent human being toward God. We see a universe marvelously arranged and obeying certain laws, but only dimly understand these laws. Our limited minds cannot grasp the mysterious force that moves the constellations. I am fascinated by Spinoza’s pantheism, but admire even more his contributions to modern thought because he is the first philosopher to deal with the soul and the body as one, not two separate things.”

        A citação é do velho Einstein. Ele não acreditava em Deus, como fez questão de reiterar diversas vezes: para ele, não existe um “Deus pessoal” (frise-se o “pessoal”, como fez questão de frisar Joseph Campbell), nos termos da tradição judaico-cristã, e o “Deus Impessoal” das outras religiões (de Quetzacoatl a Brahma) seriam metáforas, fábulas infantis que a humanidade inventou para explicar aquela “biblioteca” em que se encontra. Porém, Einstein tampouco ousava fechar questão a favor dos ateístas.

        Isso porque as religiões, mitos são metáforas, fábulas infantis. Mas Einstein (e eu, óbvio) jamais acrescentariam o qualificativo “apenas” nessa proposição. As religiões e mitos não são “apenas” metáforas, “apenas” fábulas, pois estamos (eu e o Einstein, olha que coisa linda) muito longe de subestimar as fábulas e os sonhos.

        O grande erro das religiões é literalizar o que é simbólico. Nisso, as instituições religiosas não são diferente dos esquizofrênicos, que também literalizam os conteúdos simbólicos que suas mentes desordenadas produzem, em sonhos despertos. Porém, disso não decorre, necessariamente, que tais delírios alucinógenos não simbolizam verdades psíquicas cheias de significado.

        O Milton tem total razão quando diz que as religiões institucionalizadas, com seus sistemas fechados de interpretação, dogmatismos canhestros e hierarquia sacerdotal, são apenas úteis em sociedades primitivas, como instrumento social domesticador do animal humano – mas são nada mais que excrescências em um Estado Democrático pautado pela liberdade científica.

        Porém, é preciso distinguir as religiões (sistemas literalizadores de símbolos) das diversas mitologias criadas pela humanidade. Como eu disse, as mitologias são “fábulas” comunitárias – ou, antes, “sonhos” coletivos da humanidade. Ocorre que temos um século aí de psicanálise e psicologia analítica demonstrando que mesmo as fábulas e os sonhos mais aleatórios contêm verdades simbólicas cuja referência são estruturas basilares da psique humana. E eu não aludo apenas à mamãe Jocasta. Esse é um mito (cuja interpretação psicanalítica é muito mais complexa do que o “Freud for Dummies” pensa ser) que representa uma verdade do inconsciente íntimo, como se, no mapa da psique, observássemos as características de uma determinada quadra ou rua. Há, talvez (olha o talvez aí) escalas maiores desse mapa, que revelariam os contornos do continente em que essa rua ou quadra está localizada. Se os sonhos de um homem revelam os conflitos sexuais infantis recalcados, as diversas mitologias (cristãs, budistas, induz, indígenas) revelam as verdades subjacentes, talvez (olha o “talvez” aí de novo) às estruturas mais basilares da psique humana, em termos universais.

        Logo, embora as religiões institucionalizadas sejam apêndices cuja extinção seria bem-vinda, a produção religiosa/mitológica humana é espontânea e inesgotável, operada em cada indivíduo, grupo e sociedade em menor ou maior grau, e jamais pode ser cerceada ou totalmente sublimada, porque corresponde a verdades emocionais/psicológicas que a Arte (ao menos na concepção mercantilista, quase materialista, que atualmente temos da arte) não consegue suprir satisfatoriamente, e que nem um século de revolução maoísta teria o condão de eliminar.

        Taí porque os ateus (inclua-me fora dessa) estão em uma posição complicada: sonham em eliminar (talvez com razão… olha o talvez aí de novo) as estruturas religiosas arcaicas, mas não oferecem nenhum sistema que satisfatoriamente as substitua na função de desaguadouro daquela produção mitológica espontânea operada dentro de cada indivíduo e grupo. A ciência, explica o mundo, mas não o justifica em termos emocionais, não o representa em termos que faça sentido ao nosso sistema límbico (que efetivamente manda em nós, e leva o o lobo frontal na conversa, deixando esse pensar que é um déspota… a expressão “testa de ferro” talvez tenha um significado muito mais profundo do que imaginamos). A arte, como já disse, está em uma situação de indigência lastimável. Por causa desse impasse, a luta dos ateus é inglória e já está perdida (infelizmente… ou não, porque não simpatizo profundamente com nenhum dos lados nessa batalha).

        1. Isso de recorrer sempre a Einstein, de um lado e de outro, para legitimar a crença ou não crença em deus, parece a tal Lei de Godwin em que, quando uma situação degradante atinge um nível de análise delicado, sempre surge alguém para comparar com o nazismo, o fascismo, ou aproximar personagens envolvidos a Hitler.

          No mundo dos grandes descobridores parece haver uma ordem dual, em que o aparentemente mais racional sobrepõe-se sobre o outro, voltado para extremos malucos. Einstein demorou engolir o aparentemente absurdo da idéia dos quantas, na qual seu parceiro, Max Born, já cogitava havia tempos_ mas poucos identificam quem foi Born, de imediato. Enquanto Darwin afundava-se numa depressão irreversível devido a verdade levantada por sua grande teoria de que viemos de uma coalizão gerida pelo acaso, sem nenhum deus que nos tornasse especialmente predeterminados, Wallace, que desenvolvera a teoria evolucionista ao mesmo tempo que Darwin, já achava o caminho para harmonizar aminoácidos primordiais, macaco, seleção natural e deus tudo num mesmo balaio_ mas só fala-se em escola darwiniana e neodarwinismo. Enquanto Freud resumia toda a tragédia humana na impossibilidade dos esquemas castradores da sociedade em liberar o indivíduo para dar umazinha na mãe de vez em quando (uai, quequitem gente!), Jung intuía que a realidade sensorial comportava prenúncios de outras dimensões.

          E é de Jung a frase com a qual compartilho: “Eu não acredito. Eu sei.”

  11. Religião é matéria histórica sim senhor. A guerra é milhares de vezes mais burra que a religião e está aí, em todo livro didático de primeiro e segundo grau.

    O ensino religioso que se resume ao ensino da moral não é apenas inócuo, como retrógrado e incompatível com o tempo atual. O ensino religioso nas escolas maristas, atualmente, está bem mais perto da história das religiões do que do proselitismo bíblico. Colocar a questão religiosa como uma necessidade sentida por algumas pessoas, me desculpe, é fechar os olhos para a realidade. A religião continua mudando o mundo diariamente.

    Ontem mesmo uma das cidades mais importantes da Indonésia restabeleceu a sharia para a lei penal. Aceh passou por conflitos étnicos, religiosos e políticos violentos até 2004 e resolveu dar um passo atrás em relação à lei penal no país, voltando aos castigos físicos – hediondos – que estão sendo progressivamente banidos no país. Com o objetivo de tentar colocar a ordem numa cidade em turbulência. Apoio popular? Maciço.

    Se eu sou professor de história e meu chefe ateísta diz para mim que eu devo ignorar esse assunto, pois religião é nocivo e etc., eu vou ser obrigado a discordar. Porque ele vai ver no jornal o assunto e não vai saber nada a respeito. Não é isso que eu quero ver de um aluno escolar. Ele tem que entender o assunto. E se religião é um assunto preponderante, bom, tem que ser estudada mesmo. Jogar luz em cima do assunto pode até aumentar o número de ateus (não ultrapassa 10%, se não me engano) ou de militantes do ateísmo (acredito que são menos que 1%, entre os próprios ateus).

    1. Eu não disse que Religião não era matéria histórica, pelo contrário. Disse que a religião foi absolutamente necessária ao mundo num tempo em que precisava haver um castigo… tatata

      Ou seja, é histórica, sim.

      -=-=-=-

      Mas a discussão está atravessada. O governo vai dar dinheiro à Igreja, OK? Também achas que o riquíssimo Vaticano deva ser financiado ou só o Edir Macedo — que é a mesma coisa, só que mais novo, indiscreto e menos artístico?

      Disseste que “A religião continua mudando o mundo diariamente” e isto é a maior das ameaças. Fundamentalismo muçulmano, judeu, católico…

      (… e JUSTAMENTE uma escola marista que me discrimina, não permitindo que obras literárias como Os Sertões sejam passadas corretamente a certos alunos. Realmente, não posso seguir este assunto.)

      1. É fantástico, Charlles. Meu antispam pega a todos, mas deixa passar um cara desses. Ele quer que tu cliques em Bunker, mas eu não te aconselho, viu?

        (Se ele estiver me mandando tomar no cu, que diferença faz?)

        1. essa discussão tá um misto de comédia e discussões eruditas sobre religião – não parem, por favor, ao mesmo tempo que me divirto eu me instruo – não parem, etá ótimo!!!

  12. “I’m not an atheist and I don’t think I can call myself a pantheist.

    We are in the position of a little child entering a huge library filled with books in many different languages. The child knows someone must have written those books. It does not know how. The child dimly suspects a mysterious order in the arrangement of the books but doesn’t know what it is. That, it seems to me, is the attitude of even the most intelligent human being toward God. We see a universe marvelously arranged and obeying certain laws, but only dimly understand these laws. Our limited minds cannot grasp the mysterious force that moves the constellations. I am fascinated by Spinoza’s pantheism, but admire even more his contributions to modern thought because he is the first philosopher to deal with the soul and the body as one, not two separate things.”

    A citação é do velho Einstein. Ele não acreditava em Deus, como fez questão de reiterar diversas vezes: para ele, não existe um “Deus pessoal” (frise-se o “pessoal”, como fez questão de frisar Joseph Campbell), nos termos da tradição judaico-cristã, e o “Deus Impessoal” das outras religiões (de Quetzacoatl a Brahma) seriam metáforas, fábulas infantis que a humanidade inventou para explicar aquela “biblioteca” em que se encontra. Porém, Einstein tampouco ousava fechar questão a favor dos ateístas.

    Isso porque as religiões, mitos são metáforas, fábulas infantis. Mas Einstein (e eu, óbvio) jamais acrescentariam o qualificativo “apenas” nessa proposição. As religiões e mitos não são “apenas” metáforas, “apenas” fábulas, pois estamos (eu e o Einstein, olha que coisa linda) muito longe de subestimar as fábulas e os sonhos.

    O grande erro das religiões é literalizar o que é simbólico. Nisso, as instituições religiosas não são diferente dos esquizofrênicos, que também literalizam os conteúdos simbólicos que suas mentes desordenadas produzem, em sonhos despertos. Porém, disso não decorre, necessariamente, que tais delírios alucinógenos não simbolizam verdades psíquicas cheias de significado.

    O Milton tem total razão quando diz que as religiões institucionalizadas, com seus sistemas fechados de interpretação, dogmatismos canhestros e hierarquia sacerdotal, são apenas úteis em sociedades primitivas, como instrumento social domesticador do animal humano – mas são nada mais que excrescências em um Estado Democrático pautado pela liberdade científica.

    Porém, é preciso distinguir as religiões (sistemas literalizadores de símbolos) das diversas mitologias criadas pela humanidade. Como eu disse, as mitologias são “fábulas” comunitárias – ou, antes, “sonhos” coletivos da humanidade. Ocorre que temos um século aí de psicanálise e psicologia analítica demonstrando que mesmo as fábulas e os sonhos mais aleatórios contêm verdades simbólicas cuja referência são estruturas basilares da psique humana. E eu não aludo apenas à mamãe Jocasta. Esse é um mito (cuja interpretação psicanalítica é muito mais complexa do que o “Freud for Dummies” pensa ser) que representa uma verdade do inconsciente íntimo, como se, no mapa da psique, observássemos as características de uma determinada quadra ou rua. Há, talvez (olha o talvez aí) escalas maiores desse mapa, que revelariam os contornos do continente em que essa rua ou quadra está localizada. Se os sonhos de um homem revelam os conflitos sexuais infantis recalcados, as diversas mitologias (cristãs, budistas, hindus, indígenas) revelam as verdades subjacentes, talvez (olha o “talvez” aí de novo) às estruturas mais basilares da psique humana, em termos universais.

    Logo, embora as religiões institucionalizadas sejam apêndices cuja extinção seria bem-vinda, a produção religiosa/mitológica humana é espontânea e inesgotável, operada em cada indivíduo, grupo e sociedade em menor ou maior grau, e jamais pode ser cerceada ou totalmente sublimada, porque corresponde a verdades emocionais/psicológicas que a Arte (ao menos na concepção mercantilista, quase materialista, que atualmente temos da arte) não consegue suprir satisfatoriamente, e que nem um século de revolução maoísta teria o condão de eliminar.

    Taí porque os ateus (inclua-me fora dessa) estão em uma posição complicada: sonham em eliminar (talvez com razão… olha o talvez aí de novo) as estruturas religiosas arcaicas, mas não oferecem nenhum sistema que satisfatoriamente as substitua na função de desaguadouro daquela produção mitológica espontânea operada dentro de cada indivíduo e grupo. A ciência, explica o mundo, mas não o justifica em termos emocionais, não o representa em termos que faça sentido ao nosso sistema límbico (que efetivamente manda em nós, e leva o o lobo frontal na conversa, deixando esse pensar que é um déspota… a expressão “testa de ferro” talvez tenha um significado muito mais profundo do que imaginamos). A arte, como já disse, está em uma situação de indigência lastimável. Por causa desse impasse, a luta dos ateus é inglória e já está perdida (infelizmente… ou não, porque não simpatizo com o outro lado tampouco, mas também não me identifico com esse).

    1. Victor, como disse o Ian McEwan numa brilhante entrevista, a religião é INERRADICÁVEL, pois é algo pessoal e emocional. Eu concordo totalmente com ele.

      Mas sua presença, venda e influência como instituição DEVE ser diminuída.

  13. Pra descontrair, olha só que maluco, notícia da Zero Hora:

    “Sequestrador de avião no México se inspirou na data 9/9/9
    José Marc Flores Pereira, de 44 anos, afirmou estar cumprindo uma “missão divina”

    O secretário de Segurança Pública disse que o homem, que seria um pastor, avisou uma aeromoça que tinha uma bomba, que era acompanhado por três cúmplices e que explodiria a aeronave. Ao ser questionado sobre quem eram seus cúmplices, respondeu:

    — O Pai, o Filho e o Espírito Santo.”

  14. Tive que fazer nessa madrugada uma notícia justo a respeito desse assunto.

    Uma carta do Vaticano foi publicada pelo La Repubblica e repassada pela EFE:

    http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3967165-EI294,00-Vaticano+ensino+da+religiao+catolica+nas+escolas+nao+pode+ser+substituido.html

    A carta é um recado bem claro ao Brasil: o Vaticano só reconhece como ensino religioso o ensino católico.

    Recado ao Brasil porque na lei que regulamenta o ensino religioso, está claro que o Estado Brasileiro só reconhece o ensino desde que ele seja multiconfessional, e proibido o proselitismo. Ou seja, proibida a catequização.

    O próprio Tarso, ministro da Justiça chamado a intervir nesse assunto, criado numa casa de ateus (não sei se ateístas) disse que a lei não fere a legislação brasileira nem intervem no estado laico. Justamente por que assegura o direito ao ensino multiconfessional e veda o proselitismo.

    Isso não é um passo atrás. É um passo à frente. O Estado está apoiando a amplitude do conhecimento sobre a religião. Se levada adiante a ideia, quem dará aula de religião não será o formado em Teologia da PUC, mas o especialista da Licenciatura em História, com conhecimento amplo do assunto.

    Muito melhor do que fechar os olhos para o assunto e não falar nisso em sala de aula.

    1. Luís Felipe, é exatamente isso:”Muito melhor do que fechar os olhos para o assunto e não falar nisso em sala de aula”.

      Há 50 anos não se falava em sexo em sala de aula. Mas pregava-se o “blablabla” moralista da reacinária-franquista-salazarista-fascista Igreja Católica.
      Ora, discutamos agora religião e sexo, religião e política, religião e ética etc,etc.
      Se tal proposta for levada a sério, estar-se-á, seguramente, a formar-se uma geração de críticos, no sentido marxista do termo.
      Qual é o receio?
      Por que a necessidade de Deus (ou deuses) em praticamente todas as civilizações humanas? Esta é uma bela pergunta para ser discutida em sala de aula. É claro que o professor(ou professora) não pode ser um teólogo, como muito bem ressaltou o Luís Felipe, mas um historiador, um antropólogo, um sociólogo, isto é, alguém que utilize o conceito de Deus(ou deuses) como matéria-prima investigatória à compreensão do valor epistemológico da(s) cultura(s) humana(s). Ou um outro tema muito interessante: a similitude entre as diversas culturas humanas.

      Lembro-me agora, de um post do Idelber sobre ateísmo. Até onde acompanhei: foram mais de 550 comentários, a favor e contra. Ora, senhoras e senhores, isso não pode ser considerado um evento desprezível. Tal fato está a amostrar algum significado. Que significado é esse? Tais questões, para mim, estão em aberto.

  15. tive uma reação semelhante a do luis felipe em relação ao blog do idelber. sempre me pergunto porque algumas pessoas são incontestavelmente brilhantes quando tratam de política, de antropologia, de literatura, de música, cuidando do texto dentro do contexto mais amplo.
    mas quando falam de religião, empregam simplificações, generalizações, misturam todas as denominações religiosas como se fossem um bloco único, monolítico, enfim, fazem tudo (alguns mal disfarçando, às vezes involuntariamente, um acentuado ressentimento) o que mão fariam retoricamente com outros campos de estudo.
    basta ver o uso expressivo de palavrões e frases de desprezo.
    esse acordo entre Vaticano e igrejas evangélicas (e aqui separo e tenho que dizer que são políticos que representam igrejas neopentecostais – igrejas de orientação pentecostal surgidas a partir dos anos 70 como a Universal, a Renascer, Sara Nossa Terra) não teve aceitação por parte de igrejas protestantes tradicionais ou históricas (batistas, presbiterianos, adventistas). Esses últimos viram, não sem certo temor (como você, milton, também mencionou), que esse acordo na surdina apoia o reforço de poder da igreja romana. isto parece apenas um “ensaio” do que ainda virá.
    no link abaixo, uma ótima análise desse acordo com o vaticano:
    http://michelsonperguntas.blogspot.com/2009/08/analise-do-tratado-brasil-vaticano.html

    1. Que bom que mais gente reagiu da mesma forma. Eu fiquei realmente impressionado quando vi o Idelber, alguém cuja posição ideológica sempre vai no caminho da tolerância e do entendimento, dizer coisas como “burrice de um cristão” ou “tem que respeitar religião porra nenhuma”, tal qual um CAPITÃO NASCIMENTO dos ateus.

      mas ainda bem que esse posicionamento é minoria absoluta. Nunca vou entender a ideia de discriminar para não ser discriminado.

  16. Curiosamente, penso o mesmo. Pessoas brilhantes quando tratam de outros assuntos, perdem inteiramente a lógica e a razão quando o assunto é religião.

    A análise deste Michelson conclui que nada muda… Bom, então que engavetem o projeto!

  17. O SÉTIMO DIA
    (DN.4.2) Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo,; (EF.2.7) para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça em bondade para conosco em Cristo Jesus; (1CO.15.45) pois assim está escrito:
    (GN.2.3) – E ABENÇOOU DEUS O DIA SÉTIMO, E O SANTIFICOU; PORQUE NELE DESCANSOU DE TODA A OBRA QUE, COMO CRIADOR, FIZERA: (AR.85.6)
    E o que o Senhor quer dizer com as 85 letras e 6 sinais acima é isto:
    SOU O ESPÍRITO QUE DESCEU DO CÉU, CRIANDO A SUA FÉ; E FAÇO SANTO O QUE É BATIZADO COM NOME DE ARNALDO RIBEIRO: (IL.85.6)
    (Lc.12.50 – Tenho, porém, um batismo com o qual hei de ser batizado; e quanto me angustio até que o mesmo se realize; (IS.21.16) porque assim me disse o Senhor: (1RS.18.31) Israel será o teu nome, (LS..9.6) porque ainda que algum seja consumado entre os filhos dos homens, se estiver ausente dele a tua sabedoria, será reputado como nada.(LC.4.21) Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir: (LC.6.5) O Filho do Homem é Senhor do sábado:
    E agora José? Ou melhor, Chico?…

  18. O LIVRO DA VIDA
    (ES.12)
    (JB.6.45) – ESTÁ ESCRITO NOS PROFETAS: (IS.34.16) – BUSCAI NO LIVRO DO SENHOR E LEDE (ES.87.8) – AO ESPÍRITO DO NOSSO SANTO GUIA, NESTE MEU SER QUE É PREDESTINADO, RECOMPONDO ESSES CARACTERES, DESSA FORMA: (148 letras e 8 sinais)
    (JB.19.28)- Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado para se cumprir a Escritura, disse: (1SM.12.3) – Eis-me aqui, (DN.9.24) – para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna:(JB.8.25) – Que é que desde o princípio vos tenho dito? (LC.12.2) Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido:(LE.3.1) – Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu; (2PE.3.4) porque desde que os pais dormiram, todas as cousas permanecem como desde o principio da criação:(AP.14.13) Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: (BC.4.4) – Ditosos somos, ò Israel; porque as cousas que agradam à Deus nos são manifestas: (JS.1.8) – Não cesses de falar deste livro da lei, antes, medita nele dia e noite, pára que tenhais cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; (JB.13.15) – porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também: (LC.16.17) – E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei: (ÊX.3.6) – Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: (EC.24.32) – Tudo isto é o livro da vida, e o testemunho do Altíssimo, e o conhecimento da verdade: (IS.46.8) – Lembrai-vos disto e tende ânimo, tomai-o à sério, ó prevaricadores; (EC.28.7) – porque a corrupção e a morte estão a cair sobre aqueles que quebrantam os mandamentos do Senhor: – (IS.24.5) – Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna: (SL.14.3)–Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; (SL.106.33)- pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente: (RM.6.19) – Falo como Homem por causa da fraqueza da vossa carne: (LC.16.9) – E eu vos recomendo: Buscai n’A BIBLIOGÊNESE DE ISRAEL, o poder do saber viver sob a proteção de Deus; (RM.8.22) – porque sabemos que toda a criação, a um só tempo geme, e suporta angustias até agora:
    ESCREVI ESSE RESUMO, AGINDO COMO UM DOS SANTOS PROFETAS, LENDO NOSSO CARATER, E CRIANDO O LIVRO QUE DÁ SENTIDO À SANTA VIDA, PELO SENHOR DEUS: ESSE SÁBIO PROFETA É CRISTO, E TEREIS PODER: (IL.148.8)
    A Bibliogênese de Israel

    S I N O P S E

    Desde o inicio dos tempos proféticos, muito já se cogi-tou e muito já se escreveu à respeito da Escritura Sagrada; na tentativa de se alcançar os fundamentos da criação divina e das próprias Criaturas; porque é para essa finalidade maior que a mesma existe entre nós, como sendo a única e inesgo-tável fonte do verdadeiro conhecimento.

    Todavia, jamais houve consenso sobre o Legado Bíblico; porque o Espírito de Deus escondia a sua verdade entre os seus símbolos; e também porque os descendentes de Adão e Eva viviam cultuando a esperança pela volta de Cristo, pois não havia ninguém que soubesse fazer a vontade do Senhor na terra.

    Na verdade, esse Livro Sagrado permanecia selado e lacrado hermeticamente, impedindo que os olhos da carne pudessem vislumbrar o seu conteúdo objeto, ou a herança espiritual que o Criador de todas as cousas legou às nossas almas; porque todos dormiam o profundo sono da inconsciên-cia, e não havia quem pudesse tirar os seus selos.

    Por isso mesmo, até o dia 30.09.1985, havia tempo e modo para todo propósito debaixo do céu; até mesmo para que matássemos a esperança vã dos Homens e das Mulheres de boa fé, que esperavam pela volta de Jesus Cristo; porquan to naquele dia o Filho o amor se agiu, e desceu como Autor desse trabalho singular; porque Cristo já esperava por essa Providência Divina, a fim de consumarmos as profecias de conformidade com os Santos ensinamentos que os Leitores já passam a receber do próprio Rei de Israel.

    Espero que o mundo faça bom proveito da loucura divi-na, na certeza de que esta é mais poderosa do que a sabedo- ria humana.
    O Autor

  19. A BOCA FALA DO QUE ESTÁ CHEIO O CORAÇÂO
    (LC.6.45)
    (EC.51.33) Eu abri a minha boca e disse: (IS.66.5) Ouví a palavra do Senhor, vós que a temeis; (IS.30.15) porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: (JB.3.27) O homem não pode receber cousa alguma, se do céu não lhe for dada: (LS.7.15) Mas Deus me fez a graça de que eu fale segundo o que sinto, e de que presumisse cousas dignas destas que me são dadas; (EF.3.16) para que, segundo a riqueza da sua sabedoria, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no Homem interior; (2TS.3.2) e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos: (IS.22.4) Portanto digo: (AP.2.7) Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: AP.13.10) Aqui está a perseverança e a fidelidade dos Santos: (EF.3.8) A mim, o menor de todos os Santos, me foi dada a graça de pregar aos gentios o Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo; (RM.7.22) porque no tocante ao Homem Interior, tenho prazer na Lei de Deus:
    (RM.9.1) Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência: (1CO.9.3) E a minha defesa perante os que me interpelam é esta: (DT.4.20) Como hoje se vê: (EF.4/4/6) Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados, numa só esperança da vossa vocação; há somente um Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus, e Pai de todos, o qual é Senhor de todos, age por meio de todos, e está em todos: (TG.4.12) Há um só legislador e Juiz; (TM.2.5) porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os Homens, Cristo Jesus, Homem:
    (IS.46.5) A quem me comparareis para que Eu seja seu semelhante? (JÓ.6.28) Agora, pois, se sois servidos, olhai para mim e vede que não minto na vossa cara: (JÓ.33.3) As minhas razões provam a sinceridade do meu coração, e os meus lábios proferem o puro saber: (GL.1.20) Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto; (1PE.2.6) pois isso está na Escritura:

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