Outra conversa

Como qualquer humano, Guinga rende mais quando em companhia estimulante (aqui, item 4). O show de ontem, no belo Teatro do CIEE, que não conhecia, não foi algo de emocionar, mas teve arrebatadora perfeição técnica — sim, isso existe e é outro gênero de emoção. Não fosse o pedal do pé esquerdo do baterista emitir um miado de quem está precisando de um Jimo Penetril ou outro desengripante, teria sido perfeito. O quarteto de Zé Nogueira e o próprio foram impecáveis, o que é sua melhor qualidade e seu maior defeito. É óbvio que qualquer qualidade torna-se defeito quando utilizada ao paroxismo — inclusive quando esta é a discrição e a elegância — , ainda mais se considerarmos que o low profile não combina com absolutamente todas as músicas de Guinga apresentadas. Houve uma ou duas para as quais faltou um pouquinho de sujeira. Nada grave ou que não possa ser corrigido facilmente.

Graças ao pré-sal, o show custou R$ 10,00 e faz parte da série Circular BR 2009. Amanhã, esta turma estará no Teatro Paiol, em Curitiba. (O baixista Jorge Helder é o máximo e, por favor, cuidem o pé esquerdo do baterista. Se fizer um rangido, desengripem-no!).

9 comments / Add your comment below

  1. Milton, acessei o link sobre o daltonismo só agora e rolei de rir. Agora compreendo as vezes em que o Ramiro te chamava de piriquitinho do saco roxo ou coisa que o valha. Muito instrutivo do ponto de vista científico. Até então eu achava que apenas nós, os gagos, éramos extremamente bem dotados. Um amigo gago perdeu a perna direita num acidente de moto e um pouco de maquiagem e um jeans adaptado quase não dá a perceber.

    1. Informação nada científica. Também sou gago e… bem, essa coisa de ser extremamente bem dotado não passou por aqui. Ou eu seria genetic amente desviante? Ou algo ainda pior?

    2. Mas eis que leio os comentários da época, e o Ramiro esclarece mais uma deficiência de proporções que acomete os daltônicos:

      “Desta maneira, no meio acadêmico, a síndrome de Dalton ficou conhecida como Daltonismo, que nada mais é do que uma ilusão de ótica, que impossibilita uma visão realística sobre o tamanho da dita cuja, digamos, varetinha “carnale”.”

  2. Cinco acordes

    Sonhos não tinham qualquer importância; para ele eram somente disparos neuronais que combinavam imagens de forma abstrusa. Mas acordara naquela manhã assustado depois de uma viagem onírica simples: numa pianola esquisita (veio a saber depois que se tratava de um cravo), cuja superfície era pintada com variadas cores e ornamentos rococós, um músico iniciava um tema, mas só emitia cinco acordes –o resultado, contudo, era belíssimo. Lamentou o súbito despertar por ter perdido o desenvolvimento do tema e, talvez, a voz de alguma cantora que bem poderia surgir na sequência, revelando uma canção. Mesmo assim esqueceria o acidente se, no dia seguinte, o sonho não se repetisse, e nos próximos três dias posteriores. Aquela abertura fixou-se em sua mente e ocupava um espaço que não dava margem às suas demais preocupações. Tentava repetir cantando os acordes para outras pessoas; atendentes de lojas lhe apresentavam diversos discos tentando acertar a música, a maioria sem qualquer semelhança, inclusive instrumental, e alguns até com aberturas semelhantes, dois deles de concertos clássicos com cravo solista – na capa de um deles divisou, enfim, o estranho instrumento – outros três com cravo mais orquestra de câmara. Nada idêntico, porém. Nunca gostou de música clássica, mas com aqueles acordes que o perseguiam começou a colecionar, via Internet, vários concertos de música barroca; depois vieram as do período clássico, romântico, moderno…

    Ontem foi a um concerto e descobriu, enfim, a música que se iniciava com aqueles cinco acordes; quem a tocava era um violonista e, apesar dos acordes iniciais, a música não era barroca, mas algo como uma modinha brasileira contemporânea. Agora já é tarde demais.

  3. Milton, vou te falar! Não suportava até hoje esses links agrupados ao texto e não dava bola para eles, algo a ver com minha indisposição a notas de rodapé. Mas li-os de seu texto de ontem. O do Dr. Fantástico me fez vir aqui mais uma vez para sugerir um post sobre este filme, um dos meus preferidos.

    Guinga? nunca ouvi falar!

  4. Oi, vcs estão aqui! Eu estava lá em cima.

    Guinga é bom!

    “Piriquitinho da genitália grande”…

    Varetinha carnale… Putz.

    Linkaria é coisa boa, Charlles.

    A gagueira me fez lembrar da maior manchete que li no Planeta Diário, no tempo que era jornal e engraçado: “Fanhos querem afifar!”.

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