O Brasil é longe daqui

Compartilhe este texto:

Eu acredito que os brasileiros tenham cada vez maior dificuldade de identificar-se com sua Seleção. Os representantes da tal Pátria de Chuteiras usam Nike e seus pés pouco pisam o solo nacional. Não pensem que vou defender a indústria esportiva nacional ou tenha me tornado um bobo nostálgico que vá defender a manutenção de nossos craques no Brasil. O que escreverei tem apenas força de constatação. Era assim, hoje é assado.

Acostumado a ver times como a Internazionale de Milão – time que ganhou a Copa dos Campeões após ter entrado em campo sem NENHUM jogador italiano – ; acostumado a ver Lúcio e Maicon, por exemplo, naquela seleção mundial; acostumado a ver a CBF dando-lhes preferência nas convocações – pois seriam mais experientes em âmbito internacional – não há como alguém considerar a Seleção Brasileira sua óbvia representante. Sim, eles irão à Copa jogar por nós – isto é certo – e tornar-se-ão ídolos nacionais se ganharem; porém, se jogarem menos do que em seus clubes serão chamados o mais brandamente de mercenários. Neste caso, há possibilidades de nossa torcida achar mais divertida a Espanha ou a Holanda, por exemplo. O que quero dizer é que perdemos grande parte da emoção e a parceria entre time e torcida é hoje mais discreta, rarefeita. Vemos tanto o Campeonato Brasileiro quanto o Italiano, Espanhol ou Inglês. Nossos ídolos são quaisquer.

Tenho filhos adolescentes e, semana passada, eles discutiam para quem torcer. E, sim, havia os que gostariam de ver Brasil campeão e outros que queriam os argentinos ou holandeses no topo. Discutiam animadamente, com naturalidade. Uns gostavam de Messi e Milito, outros de Snejder e do futebol bonito da ex-Laranja Mecânica. Nada surpreendente. Somos um país estranho, nem nossa direita é nacionalista, muito pelo contrário… Não somos nem um pouco parecidos com nossos vizinhos neste quesito.

Para piorar, a seleção é convocada e administrada pela CBF, vista com antipatia por todos os torcedores que não sejam corintianos ou flamenguistas. Nos últimos anos, foram descobertos escândalos na arbitragem, assim como a entidade realizou mudanças nos jogos do Corinthians de 2005, com a clara finalidade de beneficiá-lo. O Flamengo… Bem, o Flamengo devia erguer uma estátua aos árbitros. Melhor dizendo, várias estátuas.

Mas derivo. A CBF, doida por dinheiro, também não se esforça muito para a identificação do time com a torcida e marca amistosos em qualquer lugar do mundo que lhe pague uma boa cota. Não lembro de um jogo amistoso da seleção em território nacional nos últimos tempos. Tais jogos são sempre vendidos para o exterior. Então, além dos jogadores viverem fora do Brasil, também não movimentam nossas cidades, torcida, hotéis, estádios. É tudo muito frio, distante. Como se não bastasse, há as convocações para estes jogos… Nada vai me convencer de que certas convocações vieram apenas para facilitar a venda de jogadores para a Europa. Sandro, do Internacional de Porto Alegre, foi vendido para o Tottenham logo após uma despropositada (e solitária) convocação e o que dizer dos chamamentos – muito piores – feitos ao loirinho Mozart, ao piadista Eduardo Costa, ao “artilheiro” Afonso, a Vagner Love ou a Hulk? Parece sério?

Para terminar, há a imprensa brasileira. Com esta, convivemos diariamente. E ela é muito chata. Ela não quer apenas resultados. Quer festa e show. Sem show é uma merda. Para ela, o futebol dos times de Mourinho,por exemplo, não servem. O Mundial de 1994 parece hoje ser uma vitória da qual devemos nos envergonhar. O time do Parreira jogava feio – todos jogavam parecido naquela Copa – , então, aquele Mundial tornou-se a vitória de Romário e seus brucutus.

Espero uma boa Copa. Claro, sou louco por futebol. Vou torcer pelo nosso “escrete” e desejo jogos sensacionais, mas sinto em mim aquele germe, aquela vontade que tudo dê bem errado e que um país menor e inédito leve a melhor.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

40 comments / Add your comment below

  1. Adoraria ver alguma seleção africana campeã. Mas as possibilidades disso acontecer parecem remotas.

    Se for pra ver Espanha ou Argentina campeãs, prefiro torcer pelo vistoso toco y me voy campeão de Gilberto Silva e Felipe Melo

  2. Caro Milton,

    Sou flamenguista e odeio a CBF. Os jornais por aqui evidenciaram uma entrevista do Dunga onde ele deu a entender que houve pressão dos patrocinadores – além da própria CBF – tanto na escalação dos jogadores quanto na exclusão de alguns.

    Repito aqui o que comentei em um post do Rafael Galvão:
    “Acho o Dunga a expressão máxima do anti-futebol. Lembro que em 90 eu morri de raiva com a presença dele no time, e que em 94 eu tive que engolir minha raiva e concordar que ele foi peça fundamental na vitória da seleção brasileira. Em 94 a seleção tinha a cara do Dunga e foi a pior seleção a vencer uma copa. Se ele ganhar a copa com essa seleção, vou continuar achando que ele é retranqueiro e que representa tudo o que o futebol não deveria ser. O Dunga é alemão. Ou deveria ser. “Na alemanha eles jogam algo que parece futebol. E funciona.”

    O problema é que uma leitora achou que a minha implicância com o Dunga fosse de cunho racial. Uma certa Denise escreveu:
    “Oi, concordo contigo sobre esta perseguição ao Dunga, aliás lendo os comentários observei q uma pessoa acha q ele é de origem alemã, e ,infelizmente, por preconceito já meteu o pau, mas ele descende de italianos. (…)”

    E eu tive que replicar:
    “Denise,

    Não tenho preconceito contra alemães ou qualquer outro estrangeiro. A minha comparação se refere à qualidade do futebol apresentado pelos alemães, que está longe de ser um futebol divertido como o brasileiro. Eu sou brasileiro e gosto de ver o que por muito tempo se chamava “futebol arte”. Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, é tão brasileiro quanto eu, já que nasceu e cresceu no Brasil (aprendi o nome dele em 1990 e nunca mais consegui esquecer), mas é alemão, futebolísticamente falando. E o futebol alemão está para o futebol brasileiro assim como a Lua está para o Sol.”

    Vou trocer pelo Brasil, como sempre: de camiseta, volume alto, bandeira e berrando a cada erro ou gol, mas não ficarei triste se uma nação africana acabar levando a copa.

    1. Que arrogânica, meu caro. A Alemanha ganhou 3 Copas do Mundo. Mais do que ela só a Itália e o Brasil. O que você vai dizer de todos os outros países que nunca ganharam nada?
      Deve ser um traço da cultura brasileira mesmo a bipolaridade entre o ufanismo e o complexo de vira-lata.
      Você é uma das vítimas da lavagem cerebral do Galvão Bueno, que fica repetindo baboseiras do gênero.
      A Alemanha é freguês do Brasil no futebol. Se um dia a Alemanha bater o Brasil em uma final certamente pessoas como você e o Galvão Bueno passarão a ter mais respeito pelos adversários.

      1. Arrogante não, flamenguista. Fui mal acostumado, com craques como Zico & cia. Gosto do dribling, da firula e dos passes milimétricos. Ia ao Maracanã assistir Flamengo x Botafogo só para ver Garrincha jogar. Mas vivo no presente, reconheço as deficiências do sistema implementado pela CBF e não, não sofro do complexo de vira-lata nem tampouco sou ufanista (não posso ser orgulhoso por algo que não depende de uma minha decisão, como nascer no Brasil ou as vitórias da seleção brasileira), mas me sinto no livre direito de opinar, criticar e não me escondo atrás de pseudônimos. Morando fora há 11 anos, tenho o prazer de assistir jogos sem o chato do Galvão Bueno – Sempre preferi o Silvio Luis – e não acho que a Alemanha seja freguês de ninguém. Mas que o que ela joga não lembra o futebol que estamos acostumados no Brasil, ah, não joga não! E o Dunga, meio alemão, meio italiano, é a antítese do futebol brasileiro. Para quem acabou de assistir Brasil x Portugal não há dúvidas.

        E agora, com uma ponta de arrogância – só para você: Nós não temos que respeitar time nenhum. Somos os melhores do mundo!
        😛

        PS – “Você é uma das vítimas da lavagem cerebral do Galvão Bueno, que fica repetindo baboseiras do gênero.” = Frase feita típica de quem ainda não acredita que o comunismo morreu e se acha o máximo ao criticar quem pensa por conta própria. 😛 😛 😛

  3. Simpatizo com o fim do nacionalismo;
    Gosto de Copa do Mundo porque gosto de futebol;
    Não gosto da administração das coisas, mas das coisas em si;
    A CBF não é uma coisa em si, mas uma coisa de alguém;
    Temos direito a uma festa mais baratinha e sem as obrigações do padrão FIFA;
    Reunir os melhores jogadores do mundo serve para produzir o melhor espetáculo do mundo;
    Se o espetáculo é ruim apesar da reunião dos melhores, algo de muito errado há nisso;
    Se a vida não tem nem sentido nem propósito, o futebol é a celebração disso.

  4. Se a sede da CBF ficasse na Suiça faria alguma diferença prá nós ? Acho que não. A CBF só existe prá administrar a seleção brasileira e sua inesgotável fonte de grana. A CBF não tá nem aí pro futebol brasileiro. Vou fazer como um amigo que é tão Colorado e anti-gremista que torce até prá eleição no grêmio terminar em pancadaria, assim, vou torcer prá que a Copa termine em pancadaria.

  5. Comentários acerca da falta de entusiasmo popular com a nossa(?) seleção correm soltos. Creio que há muitas razões, algumas citadas por você: falta de identificação com os jogadores do exterior, predomínio do futebol força, administração financista e corrupta, mercantilismo dos jogadores e times, a prática do esporte com profissão e não como dedicação ao time do coração, etc.
    Quanto a mim, chega a hora do jogo e torço. Ridicularizo o ufanismo, mas não deixo de gritar. Ganhando ou não, depois do carnaval vêm as Cinzas e uma nova segunda-feira. Abração.

  6. Belo texto, Milton.

    A última vez que torci “para valer” pelo Brasil foi em 1994. Dali em diante, fui perdendo a simpatia pela Seleção. Até torci em 1998, mais “pela integração” ao monte de gente que queria ver o Brasil ganhar do que por convicção. Em 2002 foi por causa do Felipão. Já em 2006, achei a coisa mais sensacional aquele time ser eliminado da forma que foi: 1 a 0 para a França, fora o BAILE (foi uma das raras vezes que vi um time ser humilhado ao perder apenas de 1 a 0).

    Esse ano, confesso estar mais inclinado a torcer pela Seleção, ela não está tão “nojenta” como em 2006. Mas, como sonhar não custa nada, gostaria de ver o Uruguai ou uma seleção africana levantar a taça. Se não der nenhum deles, pode ser a Argentina ou a Holanda.

    Quanto aos amistosos, em 2008 teve um Brasil x Portugal (6 x 2) em Brasília, na inauguração do Bezerrão (que é o estádio mais moderno da capital federal mas mesmo assim se construirá outro lá, ao invés de ampliar o já existente). Mas é realmente raridade, e não duvidemos que nas eliminatórias para a Copa de 2018 a Seleção começe a mandar seus jogos no Emirates Stadium…

  7. Alan, vi o Dunga como um excelente volante. Nada mais. Acho que ele acabou como símbolo por ser grosso… e muito bom naquilo que fazia.

    Agora, prefiro Clodoaldo, Pirlo, até Gilberto Silva.

  8. Caro Milton,

    é, realmente, a cada Copa desde 1990 (Brasil, 9o lugar, lembra?, eliminado por uma Argentina cambaleante, que ainda assim foi vice) fica difícil torcer para o futebol de resultados que é a ideologia predominante aqui e alhures.
    Acho que chegaremos nas quartas e adeus. Como em 2006.
    Ou não, pois tudo pode acontecer, inclusive sermos hexa. Contudo, aposto mais na Holanda, Espanha, Argentina e, correndo por fora, Inglaterra. Itália e Alemanha chegam às quartas e olhe lá. A surpresa pode ser a Eslovênia.
    Bem, mais uma copa com expectativas, oba-oba e o $ervilismo medonho de 99% do jornalismo esportivo. Haja saco!

    Um abraço

    Gustavo Lisboa
    Belo Horizonte – MG
    Belo Horizonte – MG

  9. Marcos, grande frase:

    “Se a vida não tem nem sentido nem propósito, o futebol é a celebração disso”.

    Sempre digo para meu filho — o qual já foi um projeto de hooligan:

    “O futebol é a mais importante das coisas desimportantes”.

    1. As Copas agora são uma piada: para dar mais emoção, os fabricantes sempre “inventam” uma bola nova com uma tecnologia “avançada” a cada Copa, o Brasil só faz “amistosos” contra seleções indicadas e /ou patrocinadas pela patrocinadora (lembra do Nilmar no ano passado ?) e o técnico convoca jogadores indicados.

      E Haaaaajaaa coração: os locutores de TV devem ter sempre um grande texto para encher lingüiça (não consigo escrever sem trema – deveriam ciar a palavara “lingoiça”) Hoje o Luiz Roberto na Globo lançou mais uma pérola: “o Brasil já conquistou títulos em três continentes e aqui na África deve fechar o quarto continente. E um dia teremos uma copa na Oceania para fecharmos os cinco continentes”. Que estatística sensacional !!

  10. Rodrigo, foi mesmo um baile aquele 1 x 0. Tinha esquecido do amistoso contra Portugal, devia ter dinheiro do Arruda!

    Torci contra o Brasil pela primeira vez em 1974. Tu nem eras nascido, eu tinha 17 anos. Quando me vi, estava torcendo para o Cruyff. Mas havia a dita(nada)branda. Era fácil torcer contra.

  11. Gustavo,

    se há uma seleção na qual não acredito é na inglesa. Não sei bem pq. O negócio daqueles caras é literatura mesmo!

    1. Caro Milton,

      Coloquei a Inglaterra correndo por fora por consideração, talvez, ao Barnes, que vi jogar pela TV nos idos de 1984, quando da vitória da seleção inglesa frente à brasileira em um amistoso no Maraca. Foi um a zero, golaço dele, do Barnes (John Barnes):Wikipedia: “10 June 1984 will always be a day to remember for Barnes, he scored one of the most breathtaking individual goals ever seen, when he outpaced and out-thought several Brazilian defenders before rounding the goalkeeper and slotting the ball into an empty net during a friendly match at the Estádio do Maracanã Stadium in Rio de Janeiro. The goal brought him worldwide fame but also a sense of heavy expectation, with some observers and supporters expecting him to produce moments like that on a match-by-match basis.” Ou então por causa daquele craque baixinho, o Owen, da Copa de 98, quando a Inglaterra perdeu para a Romênia bravamente. Ou então o Lineker, de 1986 e 90… Mas, friso, corre por fora a Inglaterra.

  12. Numa cena tola dum filme supervalorizado uma turma de esquerda diz que torcerá contra o Brasil na Copa de 70 por causa da ditadura; como o filme encadeia cenas-clichê uma após a outra, acontece o óbvio: na hora agá todo mundo revira a casaca para torcer para o Brasil mesmo, Um ex-político de geladeira contou que em 70 ele torceu pelo Brasil por separar uma coisa da outra; depois, tendo feito o que fez, deu pra entender essa declaração dele melhor: foi só uma distorção ética a mais. Como em 74 eu tinha só 13 anos, não cogitei torcer contra o Brasil; quatro anos depois, refleti e torci mais uma vez a favor, murmurando “Caminhando e cantando…”, e em 82, na maior porralouquice, não estava nem aí pra ditadura, enquanto em 86, com a distensão toda, o país caindo pelas tabelas, só nos restava o escrete para festejar (no caso para chorar). O mundo gira, a Lusitana roda, nossa vida passa e nada fica para a História, mas a gente gosta de contar, né?

  13. tbm achei bem meia boca esse ano em q meus pais…
    o q é isso companheiro nunca vi, mas tenho vontadeZINHA até. não posso acreditar q seja pior. [como a gente fica curioso com essas disputas baixas… ô destino]

  14. COPA DE 2010 – AFRICA DO SUL

    TRÊS CENÁRIOS
    Por Gustavo Lisboa (em 2049)
    (é autorizada a reprodução integral ou parcial do texto desde que citada a fonte)

    CENÁRIO CATASTÓFRICO
    ARGENTINA CAMPEÃ
    BRASIL EM 27º LUGAR

    A Copa de 2010 será lembrada pela pior participação do Brasil em todos os tempos. Melhor dizendo, desde 1966 o selecionado canarinho não protagonizava um vexame tão portentoso. Bom, para os torcedores do Brasil de todos os quadrantes da Terra a Copa da África do Sul deve ser esquecida para sempre, ao bem do bom futebol.
    A estréia do Brasil não poderia ser mais esperada. Apesar dos problemas físicos de sua maior esperança de título, o excelente (em outros tempos) Kaká, a comissão técnica (Dunga à frente) depositava quase todas as fichas no ex-melhor do mundo, como se fora o maestro supremo de onze jogadores rumo ao hexacampeonato. A estréia foi com a desconhecida Coréia do Norte. Esperava-se uma vitória brasileira, como de praxe. Não foi o que aconteceu. Aos 15 minutos do primeiro tempo, Kaká se contunde gravemente em uma disputa apertada de bola no meio-campo. Vai direto ao Hospital e é constatada uma fratura que urge operar. Para o resto de 2010 seu destino é fora dos gramados. O Brasil perdera seu maestro. No final do primeiro tempo, a Coréia do Norte abre o placar, em uma jogada rapidíssima de contra-ataque.
    O resultado da partida é um empate de um gol, conseguido apenas no final do segundo tempo, pelos pés oportunistas de Júlio Batista. O Brasil inteiro faz corrente para o time ganhar, e bem, seu segundo jogo, contra o rápido time da Costa do Marfim, que havia empatado bravamente com Portugal, em uma pugna emocionante, na primeira rodada do grupo G.
    Na segunda rodada, o pesadelo se acentua com a derrota do Brasil para a Costa do Marfim, com dois gols de Drogba, o artilheiro. No dia seguinte, Portugal goleia a Coréia do Norte. Só nos restaria torcer, desesperada e fatalmente por uma vitória simples do Brasil contra nossos colonizadores. O fantasma de 1966 estava à porta.
    O resto da história é conhecido. Em uma partida disputada palmo a palmo, apesar de o Brasil ter empatado duas vezes, Cristiano Ronaldo selaria nosso caixão nos acréscimos. O fim do mundo chegara para o Brasil. 2014 seria diferente, e foi. Mas isso é para outra oportunidade.
    Portugal em primeiro, Costa do Marfim em segundo (um gol a mais de Portugal, no critério de desempate), Brasil despachado, espanto mundial.
    Sem o Brasil, a Copa, para os sul-africanos, perdera a graça. Sua própria seleção seria eliminada na primeira etapa, ainda assim ficando, na classificação geral, acima do Brasil. No seu grupo, a grande surpresa fora o selecionado celeste, que disputou essa etapa classificatória como se eliminatória fosse, empatando com a França e ganhando apertado da África do Sul e do México. Um segundo lugar no grupo, posto que uma França ágil fizera um gol a mais, mostrava ao mundo que a gloriosa Celeste Olímpica poderia brilhar de novo.
    Restaria torcer para…Gana! Sim, o primeiro país da África Negra a ser independente, anglofalante, que foi a sensação da primeira fase da Copa. Duas vitórias acachapantes e um empate glorioso com a forte Alemanha. E sem falar dos nove a um sobre a Austrália. Gana era a queridinha da mídia.
    No grupo C, a Inglaterra passou adiante, sem muitos brilhos. Três vitórias simples. Três 2 a 1. A Eslovênia ficou no segundo posto, desbancando uns Estados Unidos temeroso e uma Argélia pífia.
    A Argentina, que mereceu com sobras o tricampeonato, começara a Copa com um punhal entre os dentes e a gana de ser a número um. Três vitórias convincentes mostraram ao mundo que o MERCOSUL tinha seu representante de gala. Na bolsa de apostas, era pule de dez para o título.
    A Holanda passou sem sustos pelo seu grupo, vencendo seus três jogos, inclusive com uma goleada sobre um trágico Camarões. Dinamarca e Japão disputaram palmo a palmo o segundo lugar, vencido pelo goal average pela Dinamarca. Mas pelo futebol apresentado, Japão é que mereceria seu lugar. Mas como falar de justiça no futebol?
    Itália e Eslováquia fizeram outro duelo arrepiante. Mais uma vez, o critério do gol a mais foi utilizado, um recorde em Copas. Itália em primeiro, Eslováquia, a sensação do Leste Europeu, em segundo. Um Paraguai amorfo voltou para casa.
    Espanha completou a lista dos primeiros lugares. Com três vitórias justas, seu futebol era candidato ao título, mais que Itália ou Inglaterra. Ou mesmo a Alemanha.
    Nas oitavas de final, A França passou pela Coréia do Sul, a Alemanha ganha nos pênaltis da Inglaterra, idem para a Holanda contra a Eslováquia (na melhor partida ate então no Mundial). Portugal brilha sobre o Chile, a Argentina sofre para derrotar o Uruguai, Gana goleia sem piedade a Eslovênia, Itália derrota na sorte a Dinamarca e a Espanha se esmilingue para vencer a Costa do Marfim.
    As quartas de final viram o que foi considerado a final antecipada da Copa, a peleja entre Argentina e Gana. Que foi resolvida apenas na prorrogação (2X2 no tempo normal), com dois gols de Messi. Final da partida, e a Argentina estava em uma semifinal depois de vinte anos.
    Franca e Holanda se classificaram nos pênaltis, em partidas eletrizantes. Aos olhos de quase todos, Portugal mereceria estar no lugar da Holanda. Mas, como sabemos, futebol não e sinônimo de justiça. Para a Alemanha, a despedida nas quartas de final foi um premio de consolação. Pelo futebol apresentado, bem dizendo. A Espanha carimbou o passaporte para a semifinal com uma exibição digna de um Velásquez, eliminando uma Itália sem fôlego.
    Na primeira semifinal, a Holanda vira espetacularmente sobre a França e consegue o feito de ir para uma final de Copa do Mundo, após 32 anos. Na outra, a Argentina acaba com o sonho espanhol com três gols de Messi. 1978 era na África do Sul. Argentina e Holanda, uma revanche?
    Triste ilusão para os holandeses. Sem piedade alguma, a Argentina fuzila os Laranjas com quatro gols. Messi faz dois e se transforma no maior artilheiro em um único certame, com quatorze gols em sete jogos, uma impressionante media de dois por jogo. A Copa de Messi, é como ficou conhecida a Copa da África do Sul.
    Na decisão do terceiro lugar, a Espanha vence a França, com justiça e integridade.

    CENÁRIO DELIRANTE
    BRASIL CAMPEÃO (HEXA)
    ARGENTINA EM 2º LUGAR

    A Copa de 2010 será lembrada pela eternidade como o inicio de duas décadas de hegemonia do futebol brasileiro (Campeão em 2010, 2014, 2018, 2026) e o descobrimento de uma geração de craques inigualável. Paulo Henrique Ganso brilhou nas Copas de 2014 e 2018. A sua aposentadoria precoce em 2021, por motivo de séria contusão, com certeza impediu o Brasil de ter conquistado o tetra seguido em 2022, na Copa da Austrália. Retomamos o caneco em 2026, na Rússia. Mas, passados vinte e três anos, quem sabe ano que vem, na Copa de 2050? Possam os gramados paraguaios serem gentis para o selecionado brasileiro!
    Mas é lá na África do Sul que começam esses anos de glória. Embora Kaká tenha se superado em campo e a defesa tenha levado apenas seis gols (uma média inferior de um por jogo), o mérito maior foi a presença de campo e as ótimas colocações de Luis Fabiano, Robinho e Nilmar nas áreas adversárias. Juntos, eles fizeram 27 dos 33 gols marcados pela seleção. Foi um trio de atacantes como poucos nas Copas do Mundo. Talvez desde a Copa de 1954, quando a Hungria assombrou o mundo, com seu trio de ouro: Puskas, Czibor e Kocsis.
    O Brasil começa a Copa com uma goleada magistral sobre a enigmática Coréia do Norte: 7 a 0, com cinco gols de Luis Fabiano, igualando o recorde de Salenko, da Rússia, na Copa de 1994. No outro jogo da rodada inicial, a Costa do Marfim empata bravamente com Portugal, 2 a 2.
    Na segunda rodada, o Brasil não toma conhecimento do selecionado africano e, de virada, faz 4 a 1. Luis Fabiano e Robinho marcam dois gols cada. Portugal sofre para derrotar a Coréia do Norte.
    Na rodada decisiva, o Brasil já estava tranqüilo e classificado. Para Portugal, somente a vitória bastava. Mas não era o dia de Cristiano Ronaldo. Embora tivesse marcado primeiro, aos dois minutos de jogo, ele viu as esperanças de sua equipe serem derrubadas pelo ataque mortal do Brasil. Cinco gols em trinta minutos de jogo. Luis Fabiano, Robinho (dois), Daniel Alves e Maicon foram os membros do pelotão de fuzilamento. Mais uma virada empolgante do Brasil, então favoritíssimo ao título. Portugal voltava para casa por ter um saldo de gols inferior ao de Costa do Marfim, que derrotara a Coréia do Norte por 3 a 1.
    A Argentina estava preparando para seu grande confronto na final com o Brasil. No primeiro jogo de sua chave, despachara a Nigéria com sonoros cinco gols. No segundo, contra a Coréia do Sul, seis a três. No último jogo, mais uma goleada: sete a um na ínfima Grécia. A seleção da Coréia do Sul conquista a segunda vaga.
    A Espanha não teve grandes trabalhos para vencer os seus três jogos. O Chile ficou em segundo.
    A Alemanha foi para as oitavas de forma titubeante: uma goleada previsível contra a Austrália, um empate amargo contra a Sérvia, uma vitória suada contra Gana. A Sérvia ficou com a outra vaga.
    Eslovênia e Inglaterra protagonizaram um duelo sensacional no grupo C. Empataram entre si na última rodada e dois gols a mais de saldo favoreceram a brava Eslovênia no posto de primeiro lugar. A Inglaterra teve de se contentar com o segundo posto.
    No grupo F, a Eslováquia foi a grande surpresa. Estreante em Copas, a equipe do Leste Europeu não se fez de rogada e vence com propriedade o experiente Paraguai, a inexistente Nova Zelândia e empata com a Itália, em uma partida em que estava vencendo até os 46 minutos do segundo tempo, quando uma lambança do juiz dá um pênalti para a Itália. O primeiro lugar foi justíssimo. A Itália, mais uma vez, chega as oitavas desacreditada de seu futebol. O que não deixou de ser verdade, como se viu.
    Uruguai e França passaram para as oitavas, no grupo A. A Celeste Olímpica reviveu os velhos tempos de glória ao ganhar de virada com dois gols de “Loco” Abreu a enjoada França. A anfitriã da Copa, a África do Sul, conseguiu dois empates e ficou no início do caminho. Os Azuis se contentaram com um segundo lugar.
    Nas oitavas, o Brasil humilhou o Chile, com cinco gols (Luis Fabiano (2), Robinho (2) e Maicon), o Uruguai ganha da Coréia do Sul e passa para as quartas pela primeira vez em 40 anos, a Eslovênia derrota a Sérvia em uma partida espetacular, alcunhada de “A Batalha dos Bálcãs” pela mídia esportiva, a Holanda não toma conhecimento dos italianos campeões do mundo, a Argentina passeia pela França, a Alemanha se estraçalha e vence a Inglaterra na prorrogação, a Eslováquia surpreende o Japão e a Espanha esmaga a Costa do Marfim, com show de Fabregas.
    As quartas de final viram a virada da Eslovênia sobre o Uruguai (que abrira dois gols em dez minutos de jogo), o show brasileiro contra uma Holanda atordoada (três gols de Luis Fabiano e um de Robinho), o massacre portenho de Messi e companhia nos 5 a 2 sobre a desconsolada Alemanha de Podolski e a atordoante vitória da Espanha na partida contra uma agradecida Eslováquia.
    Semifinais: Brasil cadencia seus gols contra a Eslovênia, dois em cada tempo, como se poupasse para a batalha definitiva contra a Argentina, que sofre, sofre e sofre contra uma Espanha lutadora, mas vence na prorrogação, pelos pés sacrossantos de Messi. Três a dois Argentina e a certeza de uma final inédita e magistral.
    O dia 11 de julho de 2010 ficará na história do futebol, com toda a certeza. A primeira meia hora de jogo assistiu a um Brasil arrasador, com Luis Fabiano, Nilmar e Robinho infernizando a zaga portenha. Quatro gols (dois de Luis Fabiano e um para Robinho e outro para Nilmar) e a certeza de uma goleada definitiva. Entretanto a Argentina descontou no finalzinho do primeiro tempo e iniciou o segundo marcando o Brasil praticamente na pequena área canarinha. Mais um gol argentino, e a partida assume proporções épicas e inauditas. Entretanto, Messi é expulso (injustamente) por uma (suposta) jogada desleal contra Kaká, que espertamente valoriza a falta. A Argentina perde a sua ofensividade e o Brasil retoma o domínio do jogo e administra o hexacampeonato.
    Na disputa pelo terceiro lugar, a Espanha vence tranqüila a Eslovênia, fazendo a sua parte com justiça.
    O destaque absoluto sem dúvida foi Luis Fabiano, maior artilheiro em uma única Copa do Mundo, com 15 gols (igualando Ronaldo, o Fenômeno em gols marcados em copas). Desde Justin Fontaine, com 13 gols na Copa da Suécia, em 1958, não se via tal artilharia.

    CENARIO REALISTA
    ARGENTINA CAMPEÃ
    BRASIL EM 5º LUGAR

    Para a seleção brasileira de futebol, a Copa de 2010 na África do Sul foi considerada um divisor de águas. A partir de mais um fracasso (relativo) nos gramados, tomou-se a consciência de que era preciso, antes de qualquer coisa, valorizar o estilo de jogo brasileiro por excelência, que é de jogar bonito, para frente, sem medo de tomar gols, porque nós fazemos mais do que levamos.
    O que se viu na África do Sul foi uma seleção temerosa de levar gols. Levamos seis gols, pouco mais de um por jogo, o que não é uma estatística assustadora, considerando a ofensividade do futebol atual , mas só fizemos 11 gols em cinco jogos disputados, um número pífio (um gol marcado a mais que em 2006) para uma seleção pentacampeã do mundo. Há uma contradição nessa maneira de jogar.
    Estreamos no grupo G com anêmicos dois gols sobre a misteriosa Coréia do Norte. Luis Fabiano e Kaká. Costa do Marfim e Portugal empataram entre si. Na segunda rodada, o Brasil ganha suado de Costa do Marfim, graças a uma ingenuidade da defesa marfinense, por ocasião do segundo gol brasileiro (Robinho, oportunista). Portugal goleia a Coréia do Norte, apagando um pouco a má impressão do jogo de estréia. Quanto ao Brasil, as dúvidas permaneciam.
    Na rodada derradeira do grupo G, a Costa do Marfim vence de virada a Coréia do Norte. O Brasil ganha de Portugal, nos acréscimos. Estávamos salvos! Primeiro lugar do grupo! Ufa! Quem sabe as coisas não melhorariam? Portugal ganha a vaga nas oitavas por saldo de gols contra Costa do Marfim. Mais um ufa!, desta feita, vindo do Atlântico Norte.
    Passemos uma retrospectiva panorâmica sobre os outros grupos.
    Grupo A: Uruguai e França disputaram a liderança do grupo até o minuto final. Chegaram rigorosamente empatados em todos os critérios. Empataram entre si e ganharam pelo mesmo placar da África do Sul e do México. A moedinha decidiu a liderança do grupo para o Uruguai. Delírio em Montevideo. Espanto no mundo.
    Grupo B: A Argentina reassumiu a condição de favorita com a exibição de gala de Messi e companhia nos jogos contra a Nigéria (4 a 1), Coréia do Sul (3 a 2) e na goleada de 5 a 1 sobre a Grécia. A Coréia do Sul ficou com a segunda vaga, desbancando uma apavorada Nigéria e um frágil México.
    Grupo C: A Inglaterra e a Eslovênia garantiram a passagem para as oitavas, com a primeira em primeiro pelo critério de saldo de gols. Não praticaram um grande futebol, mas graças a um decepcionante Estados Unidos e a uma Argélia inexistente, o caminho foi aberto sem maiores dificuldades.
    Grupo D: A Sérvia fez o melhor ataque da Copa na primeira fase. No saldo de gols, levou a melhor sobre uma pesada, mas eficiente, Alemanha. A Maior goleada da Copa (e uma das maiores de todas) foi o 9 a 0 da Sérvia sobre a Austrália, o saco de pancadas dessa Copa, com 16 gols sofridos em três jogos. A Alemanha não parecia ir muito longe, tampouco a Sérvia.
    Grupo E: A Holanda mostrou um futebol que lembrava por alguns momentos o da Laranja Mecânica, da Copa de 1974. Ganhou dois jogos e deixou escorrer mais uma vitória, ao empatar com um valoroso Japão em dois gols. Já a Dinamarca lutou para vencer as partidas contra o Japão e o risível Camarões, conseguindo um segundo lugar meio que injusto (não existe justiça no Futebol, não sabia?), posto que o Japão apresentara uma vontade maior de jogar e vencer.
    Grupo F: A Itália estréia com um subnutrido empate de um gol contra o Paraguai. A Eslováquia trucida a Nova Zelândia. Na segunda rodada, Eslováquia vence o Paraguai e a Itália claudica na vitória contra a Nova Zelândia. Na decisiva rodada, graças a uma falha clamorosa na arbitragem a Itália vence de virada a Eslováquia. Coisas do futebol. Quanto ao Paraguai, de volta para Assunção, sem maiores choros nem velas, com uma vitória de dois gols sobre os turistas neozelandeses.
    Grupo H: Chile e Espanha estréiam vencendo seus jogos. No segundo jogo, Chile empata com a Suiça e a Espanha goleia Honduras. Na última rodada, Espanha vence um bravíssimo Chile, nos acréscimos. Honduras surpreende o mundo e ganha da Suiça. Primeira zebra da Copa. Espanha e Chile avançam.
    Oitavas de final. Onde as coisas começam para valer.
    Uruguai e Coréia do Sul fizeram uma partida de tirar o fôlego. Até os 30 minutos do segundo tempo a pugna estava praticamente definida para a Coréia do Sul, graças aos seus dois gols marcados. Entretanto, baixou o santo no “Loco” Abreu e o Uruguai empata. Na prorrogação a disputa se acentua, mas a decisão vai para os pênaltis. O Uruguai se classifica para as quartas de final, o que não acontecia há quarenta anos.
    A Alemanha sua para virar o jogo contra a Inglaterra. Até quando a Alemanha iria enganar o mundo com seu futebol feio?
    A Holanda derrota a Eslováquia, sem grandes dificuldades. De volta a 1974?
    O Brasil faz um quase perfeito primeiro tempo na partida contra um atemorizado Chile. Quatro gols, três de Luis Fabiano e um de Robinho, e a certeza de que 2006 era passado. Será? Os dois gols do selecionado chileno mostraram que devagar com o andor porque o santo era de barro.
    Já a Argentina acordara de vez para o Mundial, goleando uma ágil França por quatro a um, três gols de Messi e um de Aguero. Maradona quase enfarta de alegria. Buenos Aires explode. Paris implode.
    A Sérvia ganha da Eslovênia, em um embate conhecido como “A Batalha dos Balcãs”, em um jogo violento e disputado, com três expulsões (duas da Sérvia).
    Itália e Dinamarca empatam no tempo normal e na prorrogação em um gol. Nos pênaltis, a Itália dá-se melhor e passa para as quartas. Definitivamente não há justiça no futebol. Foi a melhor partida disparado da Dinamarca nessa Copa. Sombras da Dinamáquina de 1986 passearam no campo. Entretanto, a estrela da Itália ainda brilhava, Até quando?
    Espanha e Portugal digladiaram-se em uma partida célebre, ecoando as velhas rixas peninsulares entre os dois países. Um a um no tempo normal, dois a dois na prorrogação, alternâncias de gols, velocidade, raça. A Espanha tem um novo ídolo: o seu goleiro. Portugal despede-se da Copa com os olhos altivos e o peito estufado de orgulho pelo futebol demonstrado nessa partida.
    Quartas de final. O funil é mais estreito.
    A Alemanha escondera seu futebol? Como explicar a exibição de primeiro time no primeiro tempo. E os três gols de Podolski? Mistérios das Copas. Pobre do Uruguai. Fora muito longe para depender apenas de “Loco” Abreu e de sua garra insana. No segundo tempo, esboça uma reação que somente um gol não foi suficiente para suster. O resultado não foi injusto; foi lógico. Alemanha nas semifinais, pela terceira vez consecutiva.
    O Brasil encontrara sua nêmesis na cor laranja da Holanda. De azul, azulou em campo, vendo os gols de Luis Fabiano pararem nas mãos do arqueiro holandês. No desespero de Lúcio, Maicon, Kaká e o resto do time, quando a Holanda faz o segundo gol, nos acréscimos, e adia o sonho do hexa para o Brasil em 2014. Renovação! Sangue novo! É o brado forte, retumbante, que ribomba da África do Sul ao Brasil. Sim, em 2014 seremos campeões!
    A Argentina mais uma vez passeia, altaneira, no gramado. 4 a 1 na Sérvia. Messi é o maestro soberano. Dois gols e assistência para mais outros dois. Argentina, pule de dez nas casas de apostas. Sérvia, dever cumprido.
    Espanha aniquila a Itália em 45 minutos. Três a um, sem maiores considerações com a atual campeã mundial. Espanha, desde 1962 não chegava a uma semifinal. Semifinal!
    O futebol tedesco tropeça na Holanda mágica que desfila em campo seu futebol envolvente. Desde 1974 não se via um selecionado holandês tão agradável de ver jogar. A Alemanha é nocauteada e não consegue reagir. Três a um para a Holanda. Mais uma final, a terceira! Quem sabe dessa vez não vai?
    Mas tinha a Argentina e tinha a Espanha que se esgoelaram em campo em um três a três colossal. Dois a dois no tempo normal, três a três na prorrogação e a disputa vai para as penalidades máximas. O esforço é grandioso demais para os espanhóis. Após infinitas cobranças, o goleiro argentino logra defender um pênalti e seu país está, vinte anos depois, em uma final da Copa do Mundo.
    A Grande Finalíssima.
    Dois a dois. Continua o placar na prorrogação. Quatro expulsões, duas de cada lado. Penaltis. Um tiro para fora, da Holanda. Argentina converte todos. Argentina tricampeã. O jogo fora de um nível técnico altíssimo no primeiro tempo, que terminara em um a um. No segundo tempo, a violência começa a imperar depois de a Holanda empatar, aos trinta minutos. Na prorrogação, as expulsões são a tônica. O futebol virara sinônimo de peleja ardente. A Argentina era campeã, mas a Holanda não fora um adversário surpresa ou errôneo. Merecera estar na final, principalmente pela sua exibição na semifinal contra a Alemanha. Contudo, a Argentina tinha Messi, apenas ela. E a Holanda se resignara a ser vice-campeã pela terceira vez em sua história.
    Na disputa do terceiro lugar, uma Espanha mordida ganha de virada da Alemanha. Terceiro lugar e a certeza de que um dia a Espanha será campeã do mundo de futebol.
    Destaque? Messi, com 13 gols em uma única Copa, empatando o recorde de Fontaine, pela França em 1958. Messi, que fizera mais da metade dos 25 gols da Argentina. Messi, que levara sua seleção ao terceiro título. Messi, cujo passe saltara para 500 milhões de dólares após a Copa. Messi, o salvador, o ungido por Maradona, o sucessor do deus Maradona. A Copa de 2010 com razão foi a Copa de Messi.

  15. Corinthians 2X0 Internacional. Vai ter DVD tb?? hehe! (claro que vai, afinal o Sorondo não empurrou o Danilo, né?!!). PS: mas por favor, caipiras do Sul, não entreguem a rapadura, porque precisamos de vcs para tirar os bambis nas semis. Depois vcs caem. hehe

  16. Caro Milton…
    Desde o momento em que achei aquele texto sobre Montevideo em seu blog (há pelo menos duas horas), ainda estou aqui lendo e me deliciando com seus comentários e considerações, além dos comentários que são muito bons….
    Neste em especial, sobre a nossa seleção ‘brasileira’ -nem tanto!) me liguei pois eu gostaria de ter escrito o que penso e você o fez por mim.

    Abraços
    Sandra Maria
    Curitiba-Pr.

Deixe um comentário