Mas Polanski, 33 anos depois, está preso

Pois é. Andei lendo sobre o Caso Roman Polanski e — apesar de considerar a pedofilia o crime mais grave antes do assassinato — há tantos, mas tantos detalhes, que não sei o que eu decidiria em um juri. Os anos 70 eram diferentes. Polanski, já adentrado nos quarenta anos, namorava meninas de 15, como a grande Nastassja Kinski. Era tudo permitido, como podemos ver por esta surpreendente foto norteamericana de Brooke Shields, aos 11 anos de idade, em 1976.

Se isto não é pornografia infantil, não sei o que é. Saiu na imprensa da época, apesar de ser revoltante a nossos olhos certamente mais esclarecidos. (Digo isso sem nenhuma ironia).

Para meu pasmo, Samantha Gailey foi levada a Polanski pela mãe. E a mãe deixou-a sozinha lá para uma sessão de fotos… E Polanski era uma conhecida e admirada figura pública. E reconhecido por correr atrás de ninfetas. E era aceito pela sociedade menos conservadora. E Samantha, de 13 anos, tinha experiência sexual prévia.

Olha, é tudo muito estranho. O que hoje é um crime indiscutível, não parecia ser grave nos anos 70, apesar do veredicto do tribunal, que foi escolhido a dedo. De resto, calo-me antes que as feministas apareçam com uma argumentação perfeitamente razoável, porém com aquele tom indignado que nos deixa sem opções. Ou respondemos e somos sexistas (acusação falsa), ou ficamos quietos e somos indiferentes (acusação falsa), ou rimos e somos o pior tipo de rastejante (acusação que minha modéstia impede de considerar 100% falsa).

(*) A foto acima foi retirada deste post do Varal de Ideias.

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  1. Claro que isso só pode ser confuso. Tem uma cortina de fumaça espalhada pelo puritano-fascismo estadunidense sobre o assunto “pedofilia”. Pedofilia significa sexo com CRIANÇAS. Adolescentes NÃO SÃO CRIANÇAS. Isso não encerra o assunto, mas a abordagem à questão ‘sexo com adolescentes’ tem que ser 100% outra. Tava na hora de o mundo lembrar que existiu um sujeito chamado Wilhelm Reich e reler sua ‘Psicologia de Massas do Fascismo’, entre outras coisas!

    1. É difícil enfiar na cabeça das pessoas que racismo, por exemplo, não é relativizável; enquanto que o sexo adolescente (eu escrevi adolescente e refiro-me principalmente aquele após os 15 anos) tem de ser. Mas vá defender uma ideia dessas.

  2. Maturidade sexual não se mede por faixa etária. Alguns morrerão sexualmente imaturos; outros vivenciarão o sexo desde a infância e não encontrarão aí nenhuma fonte de problemas existenciais (não em termos obsedantes, porque algum problema o sexo sempre causa, e em qualquer época e circunstância – como também o inverso). Apesar disso, em termos sociais, a generalização é necessária, para proteger aqueles que, aos 13 ou 16 anos, estão alheados às questões sexuais e, violados, são intimamente destroçados (isso para não falar em pessoas ainda mais jovens, e até bebês, como infelizmente ocorre em muitos casos).

    A questão Polanski, no entanto, deveria considerar atenuantes desde a época, mas principalmente hoje, quando a mulher, antes adolescente, com filhos e tudo o mais, só requereu um simples pedido de desculpas por algo que, se causou algum transtorno íntimo, não durou para forjar um adulto social e sexualmente incapaz, cativo do medo. O testemunho dela dá conta de uma sedução banal estimulada por drogas, algo nada incomum e não especificamente brutal, apesar de, digamos, a natureza não ortodoxa da relação (que visou, curiosamente, preservar a virgindade da jovem).

    É um assunto com matizes demais, mas devemos, sobretudo, preservar a noção de que o sexo, apesar de causar problemas, também os soluciona, e faixas etárias fixas não compreendem diferentes estados de maturidade das pessoas.

      1. Milton, uma coisa eu acho que você devia fazer: tirar a foto. Querendo (eles) ou não (você), ela ratifica o laissez-faire da pornografia pedófila.

        Finalizando, só mais umas cositas: será que todos nós tivemos 12, 13 anos? Alguns já nasceram com 20? Ninguém com 12, 13 e até 17 anos se lembra como era a vidinha sexual adolescente, com interdições ou não, violências ou não, participação ou não de pessoas mais velhas? Nenhum homem jamais foi alegremente comido pela tia quando tinha 15 anos? Nenhuma mulher seduziu com 15 anos seu primo de 22? Não sabemos de nenhum homem de 20 anos que estuprou uma mulher de 40? No assunto violência sexual, o buraco é mais acima.

      2. A foto é grotesca e ilustra bem o conteúdo setentista da “pequena crônica”. Eu discordo cordialmente. Não vejo motivo para retirá-la.

  3. Biologicamente, a maturidade sexual ocorre com a aptidão para a reprodução. E esse foi o parâmetro utilizado pelas civilizações até bem pouco tempo. Quem não tem uma bisavó ou trisavó que se casou aos 13, 14 anos? E geralmente com homens bem mais velhos, em termos relativos. Nossos avôs e trisavôs eram pedófilos?

    1. Parece que se tornaram, Adroaldo… Não nego que alguns até pudessem ser e que alguns casamentos fossem verdadeiros estupros, mas não era o habitual. Minha avó não se incomodou, tenho certeza.

  4. Uai, pessoal,

    o mundo muda os parametros mudam também. Meu trisavô além de pedofilo (casou com mulher bem mais nova que ele …dizem que tinha 14 anos quando teve o primeiro filho) era dono de escravos. Nenhuma das duas coisas era considerada crime na época. Mas, o polanski comia menininhas de 14/15 anos quando isso já era considerado crime, embora não tão maldito como hoje, mas ainda assim era crime.
    Mudando o crime para tentar fazer uma analogia: o cara que fuma maconha hoje é um criminoso embora a maioria dos liberais considere isso absolutamente normal, é ou não é? No entanto, daqui a 20 anos pode ser que a sociedade considere fumar maconha um crime hediondo (dai os criminosos de hoje – que são nossos amigos, até – vão parecer horrorosos).
    Com o polaski o que aconteceu, pelo que sei, é que ele não pagou o crime na época, tá pagando agora.

    1. Se a contabilidade da Justiça é a de que quem não cumpriu antes cumpre agora, OK.

      Mesmo assim, gostaria de deixar claro que O MUNDO sabia que Nastassja Kinski, por exemplo, era namorada de RP aos 15 anos. E todos achavam normal e suas fotos — feitas pelo polonês nas Seychelles — apareciam em todos os jornais.

  5. O mal da relativização é que, aberto o precedente, ela tem que valer para todos os casos. Se Polanski seduziu (diante o histórico do fato, “seduziu” é um baita de um eufemismo: leiam um artigo específico sobre o Caso Polanski no site da Revista Piauí) uma menina de 15 ou 11 anos, nos anos libertinos de 70 ou 60, e isso pode ser amenizado pelo momento temporal em que fotos grotescas como a reproduzida acima eram aceitas, então, vamos perdoar a pedofilia na igreja católica. Não, não, não. Não me venham dizer que é uma coisa completamente diferente. Leiam “Os Demônios de Loudun”, e “O Elogio da Loucura”, e verão o quanto era “comum” o sexo em todas as vertentes no clero romano.

    O que Polanski fez, com todos os requintes admissíveis, foi uma aberração, que nenhum fato relacionado ameniza: se a menina não era virgem, se a mãe foi conivente. A coisa fica bonita no livro do Nabokov, mas no mundo real, onde a maturidade sexual e a dimensão da infância determinam a grande violência que é a pedofilia, tudo fica revoltante. Não entendo, Milton, essa sua afirmação de que o sexo com uma menina de 15 anos não possa ser visto com o foco estrito da pedofilia. Ontem mesmo, quando assisti erraticamente à televisão (sempre que isso acontece, há algo na tv que me choca), vi, embasbacado, a um comercial do desodorante Rexona para meninas, cujo slogan é: “para você que sabe como chamar a atenção de seu menino”.

    Já trabalhei no sistema penitenciário, no cargo de supervisor administrativo, e sei o que digo: só quando se confronta com relatos de pedofilia, se perceba a verdadeira amplitude dessa violência. Acompanhei oitivas de pedófilos com juízes, em que o relato colhido com as meninas molestadas era lido para os presentes, e a vontade geral, depois que a voz se silenciava, era partir para cima do agressor com tudo. Vai me desculpar, mas não há nada de discursivo nesse assunto, e tentar criar uma postura moderna e revisionista é colaborar para que a sociedade caminhe livremente por essa vereda de total permissividade, em que a estupidez da mãe conivente, e a vida pregressa de outros abusos que uma menina tem, legitime que ela possa continuar sendo violentada descriminadamente.

    Fica aqui meu repúdio ao post de hoje.

    (já postei um comentário sobre um caso em que flagrei cenas de pedofilia no computador de uma repartição pública, de filmes caseiros internacionais, que ainda hoje é um dos dilemas morais da minha vida: fui aconselhado por um colega a não acionar a polícia, pois o suposto acusado era pai de família, o que acabei acatando)

    1. Eu li e acato tua crítica, o que quero dizer é que um crime permitido em 1977 não deveria ser analisado sob a luz de 2010. Não sei se este crime ocorreria hoje. Não sei mesmo. Neste assunto, a sociedade avançou para melhor, sem dúvida.

      Em minha opinião — e eu lembro da imagem de sátiro que Polanski tinha na época — , os pais de Samantha são parte fundamental no ocorrido. Não digo que as suas penas devam ser iguais a de RP, mas eu nunca os levaria livre. Se RP deve ser punido, os pais também.

      1. como assim “crime permitido em 1977”? Não era, ele foi julgado culpado já na época, chegou a ficar preso e só não ficou preso porque relativizaram e a coisa chegou até os nossos dias

  6. A permissividade também chegou ao Brasil (com atraso) nos anos 80, com o filme “Amor, estranho amor” quando uma Xuxa, ainda não famosa, teve sua cena com uma criança.

    Os norte-americanos sao o campeões em falsa moralidade: a prostituição é considerada crime em vários estados e até dez ou vinte anos atrás a sodomia também era proibida por lei. Isto tudo na capital mundial da pornografia, que gera figuras bizaras como Paris Hilton ou Lady Gaga e onde fazer sexo com charutos presidenciais não é sexo, assim como fumar maconha, sem tragar, não é crime.

    1. A sociedade americana é algo inexcrutável, ou melhor, é algo incompreensível para mim. Noite dessas, liguei num canal da Net e lá estavam o grupo de colegiais de sempre fazendo de tudo.

      Sim, eram “atrizes” de mais de 18 anos, acho eu… Mas porque alimentar fantasias com colegiais? Isso eles não proibem!

      1. Na verdade, existe sim uma insinuação de sexo com um menino de onze, doze anos. Nesta obra, de Walter Hugo Khouri, o ator principal era Tarcísio Meira, mas com ascenção de Xuxa nos anos 80, o VHS foi lançado com a Xuxa na capa, o que gerou um processo por parte da apresentadora, que proibindo sua comercialização, algo que ela conseguiu só recentemente.

        Mas, com o advento da internet, esta proibição tornou-se inócua. Basta procurar.

  7. Que bom, Charlles, que você existe.

    Já disse no outro post e continuo dizendo que considero o que ele fez abominável sim. Querer chamar a atenção de meninos não é o mesmo a estar sexualmente apta a se relacionar com homens. É muito diferente uma menina ser vaidosa e praticar jogos sexuais com amiguinhos a ter que fazer sexo com penetração com um homem com a idade do pai dela, numa relação totalmente desigual de poder. O fato da mãe ter deixado a menina lá deve ter aumentado ainda mais a confusão dela. Se a mãe a confiou a ele, como ela poderia saber o que se esperava dela ou não, o quanto ela deveria ser boazinha com o Sr. Polanski?

    Mesmo que a mãe a tenha deixado com esse objetivo, mesmo que tenha sido consensual, que ele a tenha seduzido – e não agarrado enquanto a menina gritava, porque parece que se a mulher não sair de lá toda machucada e chorando, automaticamente ela pode ser acusada de ter gostado -, ainda sim ele era um homem adulto, responsável e com capacidade para julgar a atrocidade que estava cometendo. Assim como uma morte não deixa de ser uma morte se aconteceu no calor do momento, um estupro não é justificável porque eles estavam a sós ou a menina era gostosinha.

    Nos últimos anos eu convivi muito com adolescentes. Elas são vaidosas e se acham tão adultas, tão experientes. Quando você chega perto e as vê colecionando figurinhas do Crepúsculo… Elas são apenas crianças grandes, com peito, bunda, corpos durinhos e sedutores. Elas não tem repertório, acreditam no que as pessoas falam a elas, não tem noção do desejo que despertam. Sabem apenas que se incomodam quando um homem as olha de “maneira estranha”. Eu já fui assim, a Bárbara é assim e porquê não acreditar que a menina que o Polanski estuprou era assim? É muito mais fácil acreditar em Lolitas: precoces, sedutoras e insistentes, que desejam com a mesma clareza e ardor de uma mulher adulta. Isso pra mim é uma desculpa barata, é querer jogar nessas meninas a culpa pelo descontrole de seus algozes.

    1. Eu respeito demasiadamente tu e o Charlles para não pensar que eu possa estar erradíssimo.

      Não vou rebater os argumentos de vcs porque estou balançando em minhas certezas e penso que não estejamos tão longe assim. Mas um deles queria afastar. Eu nunca escrevi que Samantha fosse um “êmulo” de mulher adulta, nem que Polanski estivesse certo.

      Acho que 13 anos é uma idade absurda — por mais liberal que eu seja, faria de tudo para que minha filha não transasse nesta idade — e meu pasmo com o fato apenas aumentou quando soube que a menina já tinha “experiência”. Lolitas… Jamais acreditei neste personagem e nem me atraem.

      O que escrevi é que nos 70 a consciência era outra e foi neste contexto que aconteceu o caso.

      Beijo e abraço (pro Charlles).

      1. Milton, eu sei que você não a colocou como mulher adulta e nem Lolita, mas é uma questão que levanta tantas questões que achei melhor atirar pra várias possibilidades interpretativas – mesmo aquelas que você não colocou. Se realmente pensasse que você fez uma defesa dele, nem me daria ao trabalho de comentar ou freqüentar este blog…

        Entendo que teu argumento foi querer olhar os fatos de maneira crítica, não querendo julgar com valores de hoje algo que foi feito numa época de valores diferentes. E acho que está justamente aí o erro do teu julgamento. Milton, é EUA e isso foi ontem! (historicamente falando)

        Sabemos que a infância é uma criação que vem sendo construída ao longo dos séculos, bastante influenciada pelo cristianismo e ascensão da burguesia. Que a nobreza não tinha esses tabus que nós temos e não viam problema nenhum em fazer sexo diante de crianças ou brincar com os genitais delas. (Faz muito tempo que eu li, então não tentarei reproduzir o História Social da Infância e da Família de Philipe Ariés). O importante é ter em mente que esse processo é longo, influencia nossa mentalidade, nossa maneira de tratar as crianças, nossa sexualidade. Como as feministas bem o sabem, contrariar uma construção tão forte requer um esforço igualmente forte e contínuo. Um simples gesto de vontade ou um único grupo mal conseguem mudar a mentalidade de si mesmo, quanto mais de uma geração.

        Essa foto pode realmente demonstrar um afrouxamento dos tabus relativos à pedofilia, porque hoje ela levaria presos todos os responsáveis. Ao mesmo tempo, não devemos achar que ela circulava livremente, que era aprovada como simples nu artístico, que não causava mal estar e que a Nastassja Kinski não tenha sido vista como uma prostituta por causa delas. Não acho que os anos 70 representem uma excessão tão grande assim a ponto de acreditarmos que Polanski não estava submetido a tabus relativos à infância parecidos com os nossos.

        Se estivessemos discutindo algo medieval ou numa cultura totalmente diferente da nossa, acharia mais compreensível essa relativização. Por mais libertino que o meio artístico/profissional de Polanski fosse, ele ainda sabia o que era uma criança, ele foi criado para proteger e amar as crianças de maneira assexuada (como todos nós). Por mais que ela fosse experiente e precoce, ou que tivesse decidido alguma coisa… A sexualidade feminina ainda é tão ligada ao amor, e mesmo hoje as mulheres mais experientes sofreriam com a idéia de dormir com um homem por interesse. Imagine tudo isso aos 13 anos! Não consigo imaginar uma decisão dessas aos 13, assim como não imagino uma menina de 13 molhadinha de vontade de dormir com um velho (nessa idade, aos 30 já somos todos velhos, pude comprovar pessoalmente).

        1. Caminhante, você abordou o assunto por todos os ângulos e de forma definitiva. Uma menina, em qualquer fase abaixo dos 18 anos, que tenha o corpo desenvolvido, está longe de, nas suas precisas palavras, “molhar a calcinha”, seja por um homem mais velho ou por de qualquer outra idade. Ainda continua sendo uma criança, e tolice ou malícia de quem interprete suas simulações de maturidade como algo além de uma personificação típica da idade. E isso acontece com os meninos também, a supervalorização do sexo como algo competitivo e abrutalhado, que tem de ser posto para fora o mais cedo possível por pais que temem que um retardamento temporal torne seus filhos emasculados.

          Bato constantemente na tecla do grande atraso moral do Brasil, visto com todos os seus matizes em cidades pequenas, como onde moro. Um homem aqui foi acusado por duas sobrinhas (8 e 10 anos) de tê-las molestado. Passou preso uns seis meses, e todos os dias de visitas se via uma fila consideravel de fora da cadeia de pessoas que iam prestar suas condolências por um cidadão tão respeitável ter sido pego num trote cruel de duas garotas mal intencinadas. A pressão da família, e de parte da sociedade por sobre as meninas, acabou por fazê-las retirar a queixa contra o sujeito, e este foi solto.

          A pedofilia e o sexo endogâmico, (a verdade é esta), é uma lei consuetudinária em grande parte do Brasil. Há uma cidade em Goiás_ a Cidade de Goiás_, onde é tradicional a grande quantidade de bobos que existe por lá, fruto do saudavelmente aceito estupro de filhas pelos pais, de irmãs pelos irmãos, e assim vai.

  8. A questão da prisão do Polanski é que o que ele fez era crime nos EUA, ou sei lá, em algum estado dos EUA. Tanto que ele não pisou mais no país desde então (se me lembro bem das notícias que li).

    Acabou sendo pego desprevenido na Suíça, quando ninguém mais achava que o negócio renderia nada – isso é que é a maior polêmica.

    O Chuck Berry teve a carreira destruída quando foi preso pela acusação de transportar uma menor de carro para outro estado, e parece que houve fraude no processo, que ela nem menor era.

    Tem outra questão envolvida. Li em algum livro de ficção, que minha frágil memória me sugere hoje que tenha sido “O chefão”, do Mário Puzzo, (não lembro se isso passa no filme), que uma mãe leva uma guria assim pequena pro diretor de Hollywood transar – era meio condição pra ela ganhar papel e poder virar estrela. Não sei se tem aí alguma referência velada ao escândalo Polanski, mas parece que esse negócio das mães agenciarem sexo das filhas na esperança delas se tornarem atrizes famosas foi meio prática corrente em Hollywood.

    Independente de eu concordar ou não com o que o Polanski fez (não concordo não), eu acho muito besta prender ele agora por causa disso. É jogo pra torcida.

    Assim como fizeram em Nurenberg.

    1. André,
      esta questão da mãe levar a filha ao diretor acontece sim e não imaginas como é comum.
      No caso do RP muito provavelmente deveriam ser acusados os pais também. Agora, Milton, havia a lei tanto que foi condenado. E a hipocrisia em relação à NK mostra os dois pesos que traçamos.
      Afinal, se em vez do RP fosse um diretor ruim, ele estaria sendo chamado de monstro! Ou, lembrando o Charlles, muitos padres também viveram os anos 70.

      Curiosidade não confirmada: pederasta para os gregos era o menino que prestava serviços sexuais aos homens adultos.

      Branco

  9. “Milton Ribeiro postou:”: NO VARAL (05/06/10)

    Milton,
    vc diz que a Samantha tinha experiência sexual, como se estupro fosse uma violência resevada às virgens, como se mulheres sexualmente ativas estivessem dispostas ao sexo com qualquer um? O caso virou super polêmica, se ele é o gênio do cinema, isso não é argumento para absolvê-lo. Outra coisa, que sempre leio é de que a mãe a levou, mas também vamos concordar que não é a mãe que está em julgamento né.
    Ela era uma menina, diante de um cara de 40 anos. Eu li no blog do Marcelo Rubens Paiva, de que a menina anos depois o perdoou publicamente inclusive, não importa, não muda em nada o ocorrido né?
    abs
    madoka

    Milton, a nossa leitora Madoka é brasileira e mora no Japão!

    Concordo plenamente com você quando defende a ideia de que se crime ouve em 1970, não pode ser julgado à luz das políticas éticas e morais de 30 anos depois. O que era absolutamente permitido e aceito apenas como uma esquisitice, hoje é criminalizado como pedofilia abominável. Você esta coberto de razão. E mais, os crimes, os mais hediondos, prescrevem em todos os lugares do mundo! Condenar um homem 30 anos depois desse fato, é tão condenavel quanto o ato que ele praticou.

  10. Acho que existe sim meninas de 13, 15 anos capazes de fazer sexo com um homem mais velho sem que isso cause impacto negativo na sua vida.

    Mas também acho

  11. infelizmentre cheguei tarde na discussão. mas não pude me conter e escrevo assim mesmo, embora a Caminhante e o Charlles tenham acertado no alvo em tudo o que disseram.
    entendo o que o Milton diz em relação a outra consciência existente nos anos 70. Outro dia assisti ao dvd dos Trapalhões. Fiquei horrorizado com tanta piada racista do Didi. O próprio Mussum fazia piadas racistas a respeito de si. Fora as piadas absurdamente ofensivas em relação aos homossexuais. Além disso, quem, no domínio da lucidez, poria um personagem principal alcóolatra num programa cômico censura livre? Eram outros tempos. Tempos piores, certamente. Mas se contava piadas racistas e homofóbicas e se ria desbragadamente.

    Lembram de Brooke Shields no Pretty Baby (1978), de Louis Malle? Lembram de Jodie Foster como prostituta no Taxi Driver (76), de Scorsese? E o figurino de Jodie em Bugsy Malone (76)? Lembro de um dicionário de vídeos dos anos 80 em que o Rubens Ewald Filho dizia de Jodie nesse filme: “tão pequena e já tão tesudinha”. Algum crítico pensa em escrever algo dessa forma nos últimos anos?

    Relacionamento entre adultos e adolescentes e pré-adolescentes, sexismo, preconceito racial, homofobia: isso tudo era naturalizado nas ações cotidianas. Não deixa de ser ofensivo e criminoso para nossa consciência de hoje. O que não anula a gravidade dos atos de Polanski, pois uma nova consciência ética e moral promulga novos comportamentos, mas não inocenta velhos erros.

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