Manifesto contra o desmatamento do púbis

Por ANDRÉA MORAES (encontrado aqui).

Uma das coisas mais irritantes que escuto das minhas amigas é essa moda de depilar o púbis.

Caraca! Se tantos poetas já chamaram aquilo de flor, por que arrancar o jardim, a vegetação em volta da caverna? Considero isso a mais absoluta falta de romantismo.

Fala sério! O homem que gosta de xana depilada está revelando uma indisfarçável vocação para a pedofilia. Pois se até Lolita tinha pelos, por que exigir que uma mulher adulta os arranque?

E vamos combinar que esses desenhinhos esculpidos com as pinças dos designers de pentelhos, tipo bigodinho de Hitler – argh, que coisa de nazista! – coraçãozinho, estrelinha e quetais são uma prova de falta de imaginação, recurso de quem tem repertório mental mais estreito do que de filme pornô exibido em motel (ainda se vai a isso?) de quinta categoria.

A mulher que se submete à tortura da cera quente e à lâmina que talha sua pele até encravar seus pelos, criando perebas que detonam visualmente o presente que Deus lhe deu, tá precisando de relho. Já que gosta de sofrer pra gozar, então, que apanhe de verdade, nas mãos de uma dominatrix.

Outro dia, uma conhecida me confessou que depila até o ânus. Meu, se o teu marido tem coragem de te fazer a curra, por que iria amarelar diante de uns pelinhos?

Voltando ao púbis, não me venham dizer que deixá-lo careca ou penteado é uma forma de limpeza. Dispenso a assepsia da gilete. Pelo é proteção natural e nada mais garantido do que uma buceta coberta por muitos deles.

E depois, macho que é macho não quer saber nem se você lavou. Costuma ir direto ao ponto. De preferência, o G.

Na hora do oral, é mentira que pelo atrapalha. A gente que é mulher aguenta os deles. Homem que não pode encarar nossos pentelhos tem que chupar com canudinho. Pelo, no oral, é expressão de igualdade entre os sexos.

Essa história de que pelo saindo pra fora do biquini é indecente também não cola. Meu marido mesmo já se queixou que muito homem fica olhando pra minha cara na praia. Aí o ciúme aparece e com ele o impulso agressivo, a cópula tão desejada.

A última vez que depilei a xandanga foi no hospital, antes do parto, cesariana. Então, depilar é coisa de doente, de cirurgia, bisturi, carnificina.

Eu prefiro preservar minha ancestralidade não me rendendo à opressão sexual imposta pelas minhas rivais. Pois se tenho coragem de assumir meus pelos publicamente, imagina o que não sou capaz de fazer entre quatro paredes.

15 comments / Add your comment below

  1. Eu acho realmente que essa associação de depilação e higiene é coisa dessa nova geração (me senti A Velha agora) que antes mesmo de ter sua primeira relação sexual já via as mulheres totalmente depiladas nos videos pornôs. Nós, anteriores à internet, tinhamos contato com isso em filmes (pra pegar na locadora) ou revistas. Tínhamos entre aspas, porque para “moças direitas” esse material não estava disponível sem repreensões ou muita vergonha. Acredito que essa depilação total tenha sido uma necessidade desses meios, pra mostrar de maneira muito clara o que o público queria ver. Daí se popularizou e se tornou mais uma dessas “obrigações” femininas. Esses dias a Angela Bismark, no twitter, tocou no assunto depilação e perguntou qual a preferencia dos homens. Um famoso blogueiro respondeu “tosa higiênica”. Lembrei da tosa que um dia deixei fazerem na Dúnia, porque estava quente e isso refresca o cachorro; não sei se a escolha de um termo tão grosseiro foi intencional.

    Por falar em material pornográfico, este texto também é muito bom. Fala do quanto a indústria pornô tem uma estética toda voltada pro público masculino:

    http://www.zel.com.br/archives/2010/08/pra_variar.html

  2. Com licença, eu acho esse texto muito feio. Nada contra quem goste de xoxota peluda, cada qual com seu gosto, mas nunca vi quem use gilete, e falar em sexo anal como “curra”, quié isso!!!! “macho não quer saber se lavou”? E “minhas rivais”? Que texto é esse, Milton!!!

  3. Eu acho que impositivo é esse tipo de post falando sobre algo absolutamente de forum privado. Tem gente que gosta de se depilar, tem outras que não gostam. Tem até homens que se depilam. Não dá para fazer um post se dizendo contra a imposição da depilação se a pessoa escreve coisas tão constragedoras sobre as mulheres que depilam ou não depilam. E os nomes que a autora dá para o púbis. Escuta. Não precisamos desses nomes. Use o nome correto. Os apelidos são broxantes.

    A autora perdeu uma grande oportunidade de falar sobre o quanto é opressivo ter que pagar e TER de fazer uma coisa dolorosa como a depilação. É uma imposição da sociedade. E está tão arraigada que as crianças do sexo feminino já estão sendo covardemente bombardeadas para se depilar, para se maquiar, para participar desse circo que foi armado para que mulheres gastem mais e muito com processos dolorosos, desnecessários…Deveria ter falado na questão da higiene como sendo uma criação cultural idem pois aos homens não é imposto a depilação e eles não são sujos e nós mulheres não deixamos de fazer sexo com eles por causa dos pelos.

    Eu não entendi o que a autora quis dizer com rivais. Talvez eu tenha entendido mas não quero acreditar que uma mulher ainda acredita que outras portadoras de uma vagina não rivais umas das outras. Pois essa idéia da rivalidade também foi criada especialmente para que nós mulheres ficassemos competindo para ver quem tem o cabelo ou a bolsa mais bonita e nos esquecessemos de ser donas de nós mesmas e de ganharmos nosso dinheiro e pleitearmos um lugar IGUAL no mundo dos homens.

    Concordo quando a autora fala do contexto de sujeira em que a vagina foi trabalhada na cabeça das pessoas para elas fazerem coisas como a depilação.

    Só lembrando que se a autora se chocou porquê tem mulheres que depilam o anus, tem consultorios de estética fazendo um bleach nos anus. As mulheres estão pagando para ter o anus clareado. E isso não é novidade.

    Nos mais eu acho o post desnecessário assim como vem acontecendo neste espaço a algum tempo.

  4. Eu acho que existem várias maneiras de abordar um assunto. Dá pra usar termos chulos, usar da experiência pessoal, fontes históricas, generalizações… nenhuma delas está errada dentro do seu objetivo. Eu entendo que a autora quis ser personalista, bem humorada, descontraída. Não vi nada demais nos termos que ela usou e achei corajoso ela declarar publicamente coisas de foro tão íntimo. O texto poderia ser mais profundo, abordar aspectos mais importantes? Poderia, mas aí já seria outro texto. Quem quiser pode aproveitar o gancho e produzir sua própria crítica.

    Quando um blog nos decepciona, não podemos fazer mais do que lamentar e deixar de frequenta-lo. Blogs não têm o mesmo compromisso com linhas editoriais como revistas e outras publicações. Autores de blogs mudam, passam por várias fases na vida, e os blogs refletem isso. Alguns temas se repetem, outros deixam de ser discutidos, coisas novas entram em pauta. Como blogueira, fico sem ter o que dizer quando se queixam do que estou escrevendo. Porque não é como um livro, que seleciono tudo com antecedência e tenho total contrôle sobre o conteúdo. Blog é dinâmico demais, as coisas são publicadas a medida em que nos aparecem. Se não gostam do que escrevo é provavel que não gostam de quem eu sou.

    A mim, Milton, sempre incomodaram as discussões sobre futebol, você sabe. Vejo que é sobre futebol e pulo. Quanto ao resto, nada me surpreende ou decepciona.

    1. Posso só assinar embaixo das palavras da Caminhante tanto no que se refere à análise do texto como à função do blog? (quanto à parte que trata do tema futebol, ao contrário: adoro! ainda estou me divertindo com o post aí de cima)

  5. Bom, a Caminhante já expressou muito bem o que eu também penso.Blogs são veículos absolutamente livres ,não vi nada demais e nem pornográfico na opinião da autora do texto, ela coloca o assunto de forma até divertida(ri em vários momentos),as pessoas deveriam abstrair mais e se incomodar menos.Abraço.

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