Orgulho e Preconceito, de Jane Austen X Middlemarch, de George Eliot: quem vencerá?

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Minha mãe sempre disse que há loucos para tudo. E lá vou eu fazer a coarbitragem de um fantástico embate entre dois livros que amo apaixonadamente. Creio que parte da culpa pela presença de Middlemarch na partida é minha. Será um jogo duríssimo, terrível, ao vivo, com fortíssimo e inédito comprometimento do árbitro e na presença de torcedores ilustres…

Middlemarch, de George Eliot, apareceu em vários comentários que Marcos Nunes fez por aqui e em três posts meus — aqui, aqui e aqui. No primeiro deles, deixo-o numa lista de melhores livros de todos os tempos, mas não pensem que considero Orgulho e Preconceito menor e que mereça perder. Por exemplo, acordei hoje de madrugada e fiz mentalmente um jogo. Quando o despertador tocou estava 3 x 2 para o romance de Jane Austen.

Uma afirmativa bastante imbecil é dizer que a vida poderia ser mais simples se a gente não a enchesse de dificuldades extras… Melhor seria apenas ler os bons livros, sem se comprometer demais, certo? Bem, esqueça esta declaração desesperada. Citei Orgulho e Preconceito aqui (com imensa repercussão para um blog de sete leitores), aqui e aqui. Enquanto isto, releio Middlemarch para ver onde ele seria superior ou inferior a Orgulho e Preconceito, que reli ano passado. Ele já fez uns golzinhos e tomou outros vários. Mas posso garantir que o cérebro de uma pessoa que faz duas escritoras e livros jogarem uma partida de futebol é um… campo de jogo. Meu problema maior é que acho que um dos livros é melhor do que o outro, mas que o outro é mais perfeito que o primeiro. OK, chega. Abaixo o reclame para os embates da próxima terça-feira.

~o~

Comentando a literatura universal de modo lúdico-desportivo, resenhistas apresentam, avaliam e confrontam obras ao vivo, no palco do StudioClio. A cada edição, um jogo histórico (Coliseu) e uma pelada (Com-ca vs. Sem-ca).

Primeiro jogo da série Coliseu – clássicos e épicos da literatura:

Jane Austen (1775-1817), com Pride and Prejudice (Orgulho e preconceito, 1813)

x

George Eliot (1819-1880), com Middlemarch (1874).

Os juízes serão Milton Ribeiro e Joana Bosak.

~o~

Para a pelada (pelada?) teremos:

2666, de Roberto Bolaño

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Liberdade, de Jonathan Franzen.

Os juízes serão Antônio Xerxenesky e Carlos André Moreira.

Adquira seu ingresso.

Com Antônio Xerxenesky, Carlos André Moreira, Joana Bosak e Milton Ribeiro
Data 21 de junho, terça-feira, 19h30
Valores
R$ 5,00 (coreia)
R$ 10,00 (arquibancada)
R$ 15,00 (social)
R$ 20,00 (camarote)

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32 comments / Add your comment below

  1. Eu te odeio, Milton Ribeiro!
    É impossível me tele-transportar para Porto Alegre nesta data.
    Odeio!!
    Quero gravado em vídeo!
    E escrito!
    Com direito a apartes e comentários das torcidas e… Já falei que te odeio muito neste momento?
    Grrrr
    Tenha pesadelos com Mr. Collins e Lady de Bourgh discutindo as impropriedades deste teu comportamento.

    Não lhe darei boa noite, porque não tenho a intenção que tenhas.
    (isso foi uma paráfrase, como bem sabes, grrrr).

  2. JOGO INÚTIL
    by Ramiro Conceição

    É um jogo inútil, a partida de futebol entre dois livros que se ama. É tal qual o jogo do amor entre os filhos: não é possível, sadiamente, amar um mais que o outro. Tudo tem o seu fio de cabelo, aquele quê de especial. Como julgar o amor verdadeiro que se teve por dois amores? Isso é insensatez. Pois o melhor que fica, e que se perde, é o amor, não é assim? Ora, então ler, ler, ler… até esquecer o que foi lido. A vida não é feita de passos miúdos, que resultam em caminhos compridos? Qual é o canto do pássaro mais bonito? Ora, aquele que canta num determinado dia em sua janela. E isso basta. Ainda bem que é assim. Por que sempre queremos além do que podemos? Ora, porque podemos! Triste é quem não escuta nada, e compra tudo. Surdo. Medíocre. Inútil, mas repleto de utilidades. O que importa é o raro, aquilo que refina o faro, o farol  e não os focinhos!

    ALMA E LAMA
    by Ramiro Conceição

    Tenho profundo nojo,
    uma vontade de matar

    quando diante de “gigolôs
    das angústias humanas”.

    Ah, como é necessário encarar a morte
    para se poder viver, sadiamente, a vida.

    Ainda bem que o existir é breve,
    e o tempo esquece. Ainda bem

    que sou poeta a cuidar da chama:
    eis meu verso feito de alma e lama.

  3. Bem, a vida poderia ser mais simples se a gente não a enchesse de dificuldades extras.

    A aposta é por Middlemarch na principal é 2666 na pelada.

    Do primeiro me vem à lembrança o maldito intelectualismo estéril do marido de Dorothea… Casaubon (é isso?), imerso na elaboração duma estupidez que deu por túitulo algo como “A Chave de Todos os Mitos”, que a fez desembocar em nova relação mais afim de seu engajamento social; também a notar Lydgate, o pobre médico refém de um casamento também esterelizante, porém com uma dondoca. Um espelha o outro, e a mulher sai ganhando. pelo menos dessa vez…

    Do segundo, paraa manter a linha, os intelectuais igualmente estéreis envolvidos num triste ménage à trois tendo por sombra outro pobre intelectual em cadeira de rodas, todos cativos duma literatura que os faz submergir, mesmo quando, no México, se encontram no meio de uma realidade onde mulheres, dessa vez, saem perdendo, eliminadas uma a uma por uma sociedade serial killer.

    Bom embate; só não sei o que o Franzen faz aí, o bestalhão.

  4. Milton, vc que é técnico em programação deve aprimorar mais o blog. Faz igual o pessoal da panfletagem da Dilma fazia ano passado, com transmissão ao vivo dos eventos e debates da campanha pelos blogs. Acho que o Idelber fez isso um tanto de vezes. Seria muito bom poder participar. Como lhe disse_ merda!merda!merda!_ ainda não li Austen e Middlemarch. Li a Bronte dos Morros Uivantes e adorei _ só digo para não ficar na perda completa. Estou com tantos livros já comprados aqui para ler que acho não sobrar tempo até a metade do ano, mas sinto a cada dia meu atraso a respeito.

    Li o Franzen e o 2666. Liberdade é muito, mas muiiiito ruim. O que eu poderia escrever sobre as diferenças dos dois seriam observações esparsas, eivadas de certos preconceitos (como “Liberdade usa o restolho mais pesado do american way of life, com seus Blueberrys, Coca Cola, programas de televisão, times de futebol americano; a cansativa e já anacrônica exposição do quanto é bom ser estadunidense, o que torna a prosa de Franzen cheia da ingenuidade deletéria do norte-americano padrão que escamoteia ou é mutilado para perceber conflitos reais e se centra no próprio umbigo, tanto mais pior agora po não perceberem que vivem o fim, e não a continuidade”; e sobre 2666: “diferente esse grande romance de Bolaño, que se faz mais grande por estar ao lado de uma poeirinha de estrada como Liberdade; o Bolaño cheio de experiências, calejado, multitemático, que não cai na veneração patriótica disfarçada de prosa moderna mas segue o caminho contrário, demolindo o que pode sobreviver ainda de amor próprio de uma América Latina violenta, atrasada, subdesenvolvida, desvalida”)

    Fica aí a ideia de vc, Branca de Neve, compensar a falta de carinho que tem dispensado a seus sete leitores nesses últimos meses, com esses primores da tecnologia.

    1. Não posso dizer picas sobre o Frentzen, mas creio que o problema da desvalida América Latina é que ela é apenas uma continuidade dos vetores da cultura ocidental, como as doutrinas do Terceiro Reich; o Archimboldo colhido pela Segunda Guerra é o mesmo colhido pelo destino de seu sobrinho; sua viagem ao México é a expressão dessa transferência, da transformação dos velhos males em novos, uns sendo os outros e todos sendo como um só – a violência, quando explode em qualquer lugar, não é desse lugar, é de todo lugar, pois sua lógica é cultural, e a cultura é global (qual a pior violência, os estupros seguidos de morte das mulheres em Santa Teresa ou a exploração dessas mesmas mulheres nas “maquiladoras”?; o que parece nos dizer Bolaño é que ambas violências são conectadas e complementares).

    2. Bem, eu acho que o Clio disponibiliza algo de sua programação no YouTube, mas acho que ainda não está pronto para a vaia ou o apauso internético.

    1. CARACTERÍSTICAS DOS SETE ANÕES DO MILTON RIBEIRO
      by soneca conceição

      Zangado: Marcos Nunes
      Explicação: quando chega dezembro, o nosso zangado torna-se sorumbático, mais azedo e adquire traços de uma criatura macambúzia; nesse estágio, o nosso nanico sai de cena, e vai escrever o seu novo livrinho.

      Dengoso: a Caminhante (disfarçada).
      Explicação: o nosso(a) dengoso é essencialmente tímido, mas tal característica é um disfarce porque quando ele fica vermelho, na verdade não é de vergonha, porém de raiva mesmo. O nosso dengoso não tem medo, quando dois ou mais anões se metem a besta, o dito-cujo mete o porrete.

      Mestre: Charlles Campos
      Explicação: entre cabras e cabritos, lá pelos cafundós de Goiás, o nosso mestre só anda a comprar livro; no lugarejo onde mora o dito sertanejo, corre à boca pequena que, após uma semana de convivência com o nosso sábio, até burro manco sai galopando e falando grego.

      Atchim: Cláudio Costa
      Explicação: depois de décadas cuidando de malucos, pegou uma baita alergia a grilos, por isso sempre está a espirrar.

      Soneca: Ramiro Conceição
      Explicação: bem, não é de sono que o nosso anão vive a dormir, mas pelo efeito dumas geladinhas.

      Feliz: Gilberto Agostinho
      Explicação: o nosso feliz é feliz porque – quando virar maestro- ensinará pra nós, inocentes anões mortais, a sua grande música.

      Dunga: Branco
      Explicação: é o único do bando que quase não fala; mas quando fala o bicho é bom.

  5. Milton,
    ao seu amor por sua Mulher e seus Filhos,
    à sua sabedoria…

    ESTELARES
    by Ramiro Conceição

    Na planície
    agora existe
    um perfume:
    teu nome…
    Por isso,
    precisamente,
    preciso-de-ti,
    pois, quando
    te amo, canta
    a castanheira
    ao bem-te-vi!

    Houve antes.
    Existe agora.
    Haverá depois.
    Então, meu amor,
    por favor, aviva-te!
    Porque o sagrado da Vida
    é o tempo que nos habita.

    Na rua das castanheiras,
    namoro o amor que mora.
    Lá, crio, rio, choro
    e devoro-te… É,
    quando o amor nos beija,
    enfeita, Alguém, com véus
    as castanheiras… do céu.

    O que será de mim
    quando o Sol pentear
    os teus cabelos
    e o amarelo revelar o quê que
    nunca vira antes… tão belo?
    O que será de mim quando,
    porventura, o teu sorriso passear
    qual mar que leva um bardo à vela,
    grávido, à fundura do amor bendito
    qual antílope enamorado a farejar
    no orvalho a dádiva do teu perfume?
    Ai, de mim! O que farei quando fores
    uma perdida esperança… em mim?

    Meu amor, quando se der a despedida,
    sejamos então, só, as sementes à Vida!
    Pois as lágrimas são encontros com as marés
    de onde viemos e das quais ressuscitaremos:
    estelares!

  6. milton, posso passar no studio clio e pagar lá? [tu tem gmail?]

    e amanhã no teatro renascença… [recomendo, já vi o kohan falando do borges e foi mto bom]

    “Aos que programarão o despertador cedinho no sábado para assistir as palestras do último dia do seminário Livros que abalaram o mundo – Módulo I, vale lembrar: os horários foram invertidos. A manhã começa com Mantin Paz, às 9h, falando sobre O Túnel, de Ernesto Sábato, e em seguida, às 10h30min, é a vez de Matín Kohan discorrer sobre Lolita, de Vladimir Nabokov.

    Os palestrantes desta edição são grandes professores da Universidad de Buenos Aires (UBA). Martín Kohan é crítico, jornalista e professor de teoria literária, autor de 12 livros. Martín Paz, além de licenciado em Letras, atua como jornalista cultural em diversos veículos.”

  7. (parece q meu comentário não foi, tentarei novamente)

    dá pra pagar lá no studio clio, milton? [tem gtalk?]

    e amanhã no teatro renascença… [recomendo, vi o kohan falando de borges, foi mto bom]

    “Aos que programarão o despertador cedinho no sábado para assistir as palestras do último dia do seminário Livros que abalaram o mundo – Módulo I, vale lembrar: os horários foram invertidos. A manhã começa com Mantin Paz, às 9h, falando sobre O Túnel, de Ernesto Sábato, e em seguida, às 10h30min, é a vez de Matín Kohan discorrer sobre Lolita, de Vladimir Nabokov.

    Os palestrantes desta edição são grandes professores da Universidad de Buenos Aires (UBA). Martín Kohan é crítico, jornalista e professor de teoria literária, autor de 12 livros. Martín Paz, além de licenciado em Letras, atua como jornalista cultural em diversos veículos.”

    e ainda é de graça pra quem aparecer lá amanhã

  8. Milton,

    que Orgulho e preconceito continue com o placar em vantagem!

    Jaaaane! Jaaaane!

    Espero que possamos ver pelo menos um video-tape com os melhores momentos. Será que passará no Globo Esporte?

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