Fugindo de Soledad Villamil

Fui ao xô da bonita Soledad Villamil no Bourbon Country com a melhor das expectativas, só que… Para começar, ela deveria ter trazido uma banda, não aquela coisa constrangedora. Tantos, tantíssimos músicos argentinos bons e ela trouxe uns incapazes. Maximização de lucros? Deve ser. Não era dada personalidade própria a cada canção. Todas recebiam tratamento semelhante e até os diferentes ritmos pareciam muito parecidos. O timbre também era sempre o mesmo e — pô! — para que tanta alegria ao cantar desesperadas canções de amor? Uma espectadora a meu lado dormiu de tédio, enquanto eu esperava uma forma de sair sem ofender a fila onde estava e nem os artistas no palco — preocupação neurótica minha, pois ninguém saberia se eu queria voltar logo para casa ou se iria ao banheiro por alguma inconveniente manifestação fisiológica.

Salvou-se uma canção de Violeta Parra e a lembrança da calma atriz de El secreto de sus ojos. Quando ela retirou-se do palco aos 80 minutos de tortura, saímos correndo a fim de salvar o fim da noite. De bom só havia o vestido vermelho esfuziante e seu conteúdo. Melhor esquecer a demasiada alegria da moça. Nada como uma contida e digna depressão amorosa…

Isso aqui, recém postado, me consolou. Vou dormir. Espero não sonhar com aquele baixista que passou a noite fora do tom.

8 comments / Add your comment below

  1. Fala, Milton.

    Talvez você já esteja por dentro, mas em todo caso fica o registro:

    sexta-feira, dia 26, começa a temporada da Filarmônica de Berlim. O Deutsch Bank, que patrocina a orquestra, vai abrir gratuitamente a transmissão ao vivo pela internet. Para tal, basta se registrar (clique no link abaixo). O concerto começa às 20h (15h no Brasil).

    Simon Rattle dirige a sétima sinfonia de Mahler.

    Abraços,

    André Provedel

    http://www.deutsche-bank.de/index_e.htm

      1. Pois eu li (numa Veja, confesso, que apanhei algures para folhear no banheiro) que a OSESP inaugurará seu canal de webcast no próximo sábado, dia 27, tendo a frente Marin Alsop. Também vale conferir !

  2. Sem a expertise musical de Milton Ribeiro concordo em parte com seu post.
    O melhor foi a interpretação de Violeta Parra: El secreto de sus ojos
    Os diferentes ritmos eram muito parecidos
    Faltaram músicos para uma Orquestra Típica, necessários para os tangos; modestamente, interpretei assim a falta de qualidade do baixista, enfatizada com veemência pelo Milton
    Pero, sin embargo, é afinada e sexy

  3. Sem a expertise musical de Milton Ribeiro concordo em parte com seu post.
    O melhor foi a interpretação de Violeta Parra: El secreto de sus ojos
    Os diferentes ritmos eram muito parecidos
    Faltaram músicos para uma Orquestra Típica, necessários para os tangos; modestamente, interpretei assim a falta de qualidade do baixista, enfatizada com veemência pelo Milton
    Pero, sin embargo, é afinada e sexy

  4. Belo caça-níqueis da argentina, capitalizando a fama adquirida com o tal filminho. Um engraçado foi o teste feito no metrô pelo violinista superstar Joshua Bell. Ficou 43 minutos tocando Bach e outros mais; 1.097 pessoas passaram por ele, mas apenas 27 pararam para ouvir e deixar US$ 32 em gorjetas. Depoimentozinho do Bell:

    “Numa sala de concerto, fico perturbado quando alguém tosse e um celular começa a tocar. mas ali as minhas expecttivas baixaram muito depressa. E comecei a receber com alegria o mínimo sinal de reconhecimento, até mesmo um olhar. E me sentia estranhamente agradecido quando alguém jogava US$ 1 na caixa, em vez de simples moedas”.

    Fiquei pensando em uma espécie de Revolução Cultural meio à chinesa, e no seguite sistema de reeducação: pegar esses músicos presunçosos e pô-los para ganhar o sustento nas ruas, praças, cruzamentos, estações de ônibus, trens e metrô. Quanta frescura teria seu melancólico fim, não?

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