Mês 77: verdades estarrecedoras sobre o meu regime

Há quase um ano, publiquei um post chamado Mês 80. Ali, descrevia minha luta para descer dos 84 para os 80 quilos. Tenho 1,71m, acho que deveria chegar aos 73, 72, 71, mais ou menos. O primeiro ato do drama ocorreu entre novembro de 2010 e o início de março do ano passado. A técnica, descrita no post acima (com link), seria a de perder um quilo por mês, com calma. Os primeiros 4 foram bem tranquilos de perder mensalmente, mas os três que perdi no último ano foram duríssimos. Algumas lições:

1. Uma grande almoço ou jantar no fim de semana, por exemplo, gera cuidados extras que nos obrigam a cuidar de cada item ingerido até quarta ou quinta-feira. É uma punição atroz. Melhor bater bapo, provar de tudo e esnobar a gastronomia.

2. Como almoço na rua, próximo a meu local de trabalho, sei que é melhor comer sozinho. Sei lá, quando há companhia se come mais, pois há a conversa demora mais, a gente se serve mais uma vez de alguma coisa da qual gostou especialmente ou pega uma sobremesa. A amizade avaliza a esbórnia.

3. Mas o almoço é um poema perto do jantar. A gente chega em casa cansado e faminto, abre a geladeira e realiza o crime como uma vingança contra todas as iniquidades nos infligidas durante o dia. Na verdade, o corpo é uma merda, a memória de peso contida em nosso cérebro nos faz comer e comer sem se sentir muito lotado. É estranho. Consultem um especialista.

4. Mas tudo pode piorar. Quando se faz atividade física, a fome triplica e daí não adianta nada para efeito de peso, a menos que tivéssemos erguido bigornas na academia. Pois acabamos comendo mais calorias do que as gastas. É um dia para se ter cuidados especiais, certamente.

5. Acompanhar o peso diariamente na mesma hora do dia e sem roupas. Comemorar a cada 100g. É preciso extrair prazer dos números, se me entendem… Quando a coisa não anda, como nos parcos três quilos que perdi no último ano, há que pensar: “Mas quando comprei a porra dessa balança, ela marcava 84 e agora não chega nunca a oitenta”. Esse trabalho de auto-ajuda, tão criativo quanto as últimas colunas da Lya Luft, é fundamental. A gente tem que se considerar um vitorioso, entende?

Putz, olha, é foda.

31 comments / Add your comment below

  1. Essa coisa da grande refeição do final de semana é a pura verdade. Nas duas vezes em que morei fora do RS emagreci, respectivamente, 7 e 8 quilos em um semestre. Chegando aqui, voltou tudo e veio ainda mais. Claro, morando fora, eu caminhava muito. Mas só isso não explica. Foi então que percebi que uma das razões estava no tradicional churrasco de domingo, sagrado para todos os gaúchos. Carne gorda (muita), maionese (muita), cerveja ou refrigerante e, para coroar, montes de sobremesa. Fora do RS, o domingo era um dia normal de almoço. Faz diferença sim. O negócio é tentar comer o bom churrasco, mas moderadamente. Coisa difícil…

  2. Isso é o pior da vida adulta. Exagerar no sabor para compensar os dissabores. Tenho o péssimo hábito de que, quanto mais me incomodo, mais gordura preciso. Em tempos de trevas, cheguei a compensar-me com… McDonald’s às 23h. O horror! O horror!
    Atual pecado: chocolates para estimular a criatividade. Auto-indulgência, saúde e balança não combinam. De fato, se odeiam!

  3. Esse seu post me fez lembrar de uma antiga curiosidade minha. Há uns 4 anos, eu consumia muito churrasco. Não era casado, morava sozinho, e não tinha tempo nem ânimo para preparar uma comida caseira, daí, tinha uma conta numa churrascaria. Carne assada todos os dias, uma maravilha! Eu era doador de sangue, e, religiosamente, de 3 em 3 meses ia ao laboratório e doava sangue; faziam os exames em mim e constatavam que minha saúde era perfeita. Como estava longe da capital, fiquei esse período sem ir ao banco de sangue. Conclusão: quando retornei para doar sangue, após essa longa ausência, me negaram a possibilidade de doar o sangue, já que minha pressão arterial estava 16 por 8. Até então, eu nem sabia que tinha uma pressão arterial. Nos demais dias, encasquetado com isso e temendo um aneurisma, media a pressão e ela só ia aumentando. Fiz consultas médicas e foi constatado a causa como sendo excesso de carne vermelha assada. Já há um ano, mais ou menos, que cortei a carne vermelha da minha dieta. Eu era um devoto, mas hoje a coisa não só não me faz falta, mas me causa nojo. Ainda não sou vegetariano, porque como aves e peixes. Assisti ao assustador documentário sobre a cura do câncer pelo instituto Max Gerson, e como a carne vermelha é um dos milhares de fatores alimentantes da bomba do câncer no homem moderno, e solidificou de vez minha convicção em não comer mais carne vermelha, que n seja o salmão. Queria dar aqui meu depoimento. Hoje sou um homem livre da carne vermelha, um pouco só acima do peso (as pesquisas indicam que isso é melhor que ser magro), e minha pressão arterial voltou a ser ideal. (Aplausos.)

    1. Aplausos.
      Eu também diminuí muito o churrasco. Durante a semana, só peixes e frango. Porém, nos finais de semana é difícil escapar.

  4. O caminho é duro, mas nada supera a satisfação de alguém te dizer “como estás magro”.
    É como a comercial do MC: não tem preço.

    PS: Ficou muito bom o novo visual do blog. Parece mais magro.

  5. Charlles, já eu li o teu depoimento da época das churrascarias e te achava muito saudável. Nessa minha vida de não comer carne vermelha, aprendi através de mim mesma e dos outros (geralmente pessoas que fazem yoga), que cortar a carne pode fazer mal e engordar. Não pela carne em si, e sim pela questão da saciedade. A carne é mais pesada e satisfaz durante mais tempo. É raro alguém parar de comer carne e preencher esse vazio todo com chuchu. Então é comum as pessoas pararem de comer carne para consumir mais carboidratos e alimentos processados. Resultado – aumento de peso, pressão, diabetes, etc. Um churrasquinho é pesado e mais natural. Entre comer muito churrasco e muita comida com conservante, o primeiro é mais saudável.

    Já pervertemos a discussão, Milton.

  6. A questão, Caminhante, é que a carne vermelha em excesso não faz bem em nada, é muitíssimo perigosa. Como sabe, exaustivamente, eu trabalho com isso. Nem imagina a grande quantidade de química aplicada no gado bovino de corte até que esse chegue ao abate. Venenos contra parasitas, modificadores orgânicos de todos os tipos, rios e rios de hormônios. Uma quantidade considerável de fígados são descartados no frigorífico, todos os dias, danificados por doenças tóxicas, principalmente no macho (o boi sofre ainda mais com essas descargas, e não me pergunte por quê.) E é uma falácia esses termos eufemizadores de “carne verde”, carne a vácuo, kosher e o diabo que for. Como vc viu naquele debate lá no meu blog, há muitos meses atrás, não há nem 5% de efetivos para uma fiscalização suficiente sobre esses produtos no Brasil, então, o que impera é a lei da ganância de açougueiros, criadores e empresários do ramo. Discordo desse substituição compulsória da carne por massas e carboidratos, é um controle passivo de ser feito com um mínimo de força de vontade.

    Tergiversamos geral!

    1. A substituição por carboidratos é real. Deixar de comer carne não faz com que a pessoa passe a gostar automaticamente de legumes e saladas. Nem todo mundo tem o cuidado de modificar o cardápio, apenas retiram a carne. Nesse sentido, não deixa de ser nociva a campanha que manda abandonar a carne e diz que ela não faz falta nenhuma.

      Depois do que você colocou, realmente comer tanta carne não me parece mais saudável. Então, Charlles, acho que a saída é viver de luz. Alguém que conhece a agricultura poderia nos falar nas sementes modificadas, dos agrotoxicos e o diabo a quatro. Tem a questão dos alimentos enlatados, dos conservantes, o excesso de açúcar em todo e qualquer alimento, a falta de fibras, etc. Eu já conheci quem comesse apenas orgânicos e tudo preparado da maneira mais natural o possível, mas era quase uma vida monástica.

      1. Charlles, ao contrário de você sou completamente leigo no assunto. Porém, meu irmão e meu sogro são zootecnistas e afirmam que os frangos recebem uma dose de hormônios tão grande ou maior do que os bovinos. Em um ponto, pelo menos, o argumento da Caminhante me parece plausível: antes comer um pouco de churrasco do que alimentos processados.
        Agora vou partir para o absoluto senso comum: meu velho avô, que morreu aos 92 anos comendo carne vermelha diariamente (mas não tinha uma vida sedentária, muito antes pelo contrário) dizia: eu como de tudo, mas moderadamente. Era verdade.

        1. Concordo, Farinatti. A vantagem aqui é que temos muito acesso a frango caipira, e pescado fresco (há 3 fazendas piscicultoras na região).

          A questão da carne bovina deve ser mais nóia minha. É difícil comer um animal que você ser morto todos os dias.

  7. Eu tenho 1,74m e uns 65 quilos. Já cheguei a etíopes 57 quilos (quando descobri ser necessário comer e dormir) e a 70 quilos. Fico gordo com 70 quilos. Ou um magro que engoliu melancia. Não tenho problema com a balança. Consumo pouca fruta e bastante fritura (Deus me livre da vida sem pastel de queijo), esta semana lamentei o fim do Mac Pepperoni e não dispenso chocolate e sorvete.

    A verdade é que eu como o que eu gosto e eu realmente gosto de saladas e vegetais, com contundente dispensa para o quiabo. Legume pode ser pode ser cozido em água e sal, que eu mando brasa feliz. Uso muito azeite de oliva. É óbvio, mas pouca gente investe a sério nisso: temperos transformam coisas bem conhecidas. Recomendo batata com páprica picante; no mínimo, um cheiro verde vai bem. Chuchu tem que ter pimenta do reino.

    Além dos temperos desidratados, salsa e cebolinha se conservam muito bem se congeladas já picadas. Salada de tomate com cebolinha congelada, aliás, é tri, faz “croc” ao mastigar. Para quem tem dificuldade com as folhas, sugiro triturar frutos secos (nozes, avelã, castanha etc). Tente um pouco de hortelã. Pode-se tentar ainda queijo parmesão ralado – não faz conta de caloria, pois é só um pouquinho polvilhado na salada, pô. Já vi alface funcionar com batata palha para crianças, pode valer para adultos também. Molhos com iogurte, alho e cheiro verde também dão bom truque nas saladas.

    Adoro brócolis e abobrinha. Lamento muito a batata baroa (mandioquinha) ser tão rara e cara em Porto Alegre; é baratíssima em Minas. Dá um purê magnífico e que acompanha muito bem peixes em geral.

    Não como nenhum fruto do mar, muito menos miúdos (incluído o detestável coraçãozinho de galinha no espeto) de mamíferos. Imagine comer rim ou fígado depois de a picanha ter sido inventada. Não como a gordura da picanha, nem a pele de um galeto assado: não gosto. Prefiro mil vezes o peito à coxa de frango. Curto torresminho, é verdade, mas é raro encontrar um bom… Não curto muito peixe, o que é uma pena, mas APRENDI a comer alguns (pois é, eu também me eduquei).

    Se a refeição inclui salada, carboidratos e legumes, é claro que a quantidade de carne não será absurda. O churrasco gaúcho é bom, especialmente porque a carne pode estar um pouquinho mal passada (e a churrascaria entende o significado de mal passado; detesto coisa esturricada). Mas é phoda de pesado, porque o básico é carne e salada de batata com MUITA maionese. Em Minas e no Rio, acompanham arroz, farofa e vinagrete: convenhamos que é mais interessante do ponto de vista nutricional.

    Porco? Sim, consumo, mas fico no lombinho, linguiças, presunto. Ok, bacon. Apesar de eu não curtir muito gordura, devo confessar que o feijão e a couve da minha mãe são imbatíveis. E o segredo dela está no uso de banha de porco em substituição a uma parte do óleo. Carneiro, pato, coelho? Não, obrigado. Gostei de perdiz e de rã, mas isso não existe se a gente não procurar.

    Existem coisas que são gostosas mesmo, saborosíssimas, mas nutritivas. Faço um saladão em que o básico é uma lata de grão-de-bico, uma lata de atum ralado e um pouco de trigo integral hidratado (já coloquei um pouco de arroz integral e ficou 10). Acrescente “tudo” o que estiver à mão ou sobrando na geladeira: cebola, alho, cenoura ralada, cheiro verde, frutos secos, pimentão, ervilha, milho verde. Cuidado com pepino e tomate, pois podem comprometer a durabilidade se sobrar, sugiro colocar no prato. Azeite, muito azeite. Fica pronta em cinco minutos. Sacia a fome. É gostosa. No dia que “inventei” a receita, eu acho que me inspirei na culinária árabe (e na pobreza da dispensa). Os árabes têm uns pratos ótimos, que saciam e são muito interessantes do ponto de vista nutricional.

      1. Comer coração é coisa que evoca madrasta da Branca de Neve. Medo desde criancinha.. Fígado é bonitão, ainda mais acebolado, mas não tolero o cheiro. Rim, além de feio, tem cheiro de… bem, você sabe.

  8. Sobre os exercícios, Milton, é claro que dão fome. Coma. Emagrecer não é perder peso, mas perder gordura – e músculos pesam mais que tecido adiposo.

  9. Inveja do Fábio Carvalho e de todos aqueles que têm Inteligência Culinária. Nada me deixa mais estarrecida do que alguém que está comendo e diz “isso daqui ficaria excelente com um pouco de páprika”. Eu só sei se está bom ou ruim. Fui inventar de colocar um tempero diferente sem receita e taquei alecrim no meu molho de tomate. Depois tive que catar todas as folhinhas…

    1. Ahahaha. Eu já fiz coisa que eu não consegui comer (aconteceu muito mesmo; este ano, tentei fazer um aproveitamento do chester que sobrou do natal e ficou uma bosta). A páprica picante na batata eu vi em algum lugar e copiei. Não posso dar crédito porque não lembro onde comi. E perderia, além disso, o teu desavisado elogio da inteligência culinária.

  10. Tenho em mão a melhor opção para perca de peso mantendo os niveis de energia e disposição em alta. não é dieta e sim uma readequação alimentar. fale comigo!!! 47 96798643 WhatsApp

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