Ontem, estava almoçando no Sabor Natural, na Siqueira Campos, e me encontrei com meus velhos amigos Leônidas Abbio e Paulo Almeida. O Leônidas me lembrou de uma coisa que eu tinha dito a respeito do Inter e que tinha simplesmente esquecido. Logo após a contratação de Forlán, eu disse que o Inter estava se realmadrilizando. Referia-me ao Real Madrid que, antes de Mourinho, acumulava estrelas e não ganhava título nenhum. Não que seja ruim ter estrelas no time. É que estas, no Inter, sistematicamente são cooptadas a um grupo de semi-aposentados “grandes jogadores” que estão lá há anos e adotam seu estilo. Rapidamente, o jogador caro agrega-se ao grupo de Bolívar e Kléber, o dos jogadores “ricos com biografia”. Este grupo pensa que sua titularidade se dá por decreto e, quando ficam de fora, escolhem se querem ou não sofrer a humilhação do banco. Bolívar, por exemplo, não gosta de assistir o jogo do banco — ou joga ou fica em casa. Nei, Damião e Dagoberto, apesar de mais jovens, também participam do grupo dos velhos, talvez em função de seus altos salários. Índio idem, porém mata-se pelo time em campo e é adequado retirar dele a acusação da tal…
Fernandão chama a isso de “zona de conforto”. Tem razão. Mas não creio ser atribuição sua denunciar o problema. Aliás, ele parece ser o único angustiado. Luigi e seus companheiros de diretoria não estariam também numa zona de conforto? Pois é, o Inter é um clube estranho: tem uma folha de pagamentos que chega aos 9 milhões mensais e uma administração de futebol amadora. Também tem também um incrível respeito pelos jogadores campeões do passado. Eu já sou da opinião de Rubens Minelli, o qual repetia e repetia que futebol era momento e não tinha medo de deixar Batista, Caçapava ou Marinho Perez muitas vezes no banco. Não lembro de Manga, Figueroa, Falcão, Carpeggiani, Valdomiro ou Lula afrouxando o ritmo. Alfred Hitchcock também dizia que seus atores podiam ser substituídos por outros — disse uma vez a um deles que “atores são gado”. Ou seja, eles que obedecessem se quisessem seguir trabalhando com ele.
Mas o Inter tem medo do grupo de Bolívar, que já teve no passado co-líderes como Tinga, Clemer e… o próprio Fernandão. O tratamento com as vedetes é complicado, mas elas têm que ser dobradas. No Inter, há três grupos: o dos jovens, o dos estrangeiros e o dos velhos. A administração do futebol não consegue uni-los para dissolver a liderança dos velhos que moram no tal conforto. Fazendo corpo mole, eles já obtiveram demitir vários técnicos, mas nenhum veio se lamuriar em público, dizendo que nunca sabia se haveria esforço da parte do time e que rezava na beira do gramado para que houvesse interesse. “Eu nunca sei o que vai entrar em campo”. Piada, né? O fato é que nosso excelente grupo de jogadores, ao custo, repito, de 9 milhões por mês, é inútil, e faz uma campanha que, no segundo turno, o coloca na zona de rebaixamento. Nos últimos 9 jogos, ganhamos 6 pontos. (Eu abandonei o Beira-Rio e lhes digo, só volto em 2013). Se seguirmos assim, vamos nos livrar por pouco do rebaixamento. Não, não estou sendo louco, estou apenas olhando os números.
Então, apesar de achar que Fernandão não é técnico de futebol, seu mimimi pode fazer com que alguma coisa se mova internamente. Não, não se pode ser amiguinho de Bolívar e Cia. Ou eles jogam ou vão para onde o treinador os mandar. O próprio Fernandão, em seu patético pronunciamento, elogiou os jovens jogadores e disse que AGORA vai escalar quem se esforça em campo. Agora? Isto é uma confissão da vassalagem de um técnico que até dias atrás justificava tudo, desde as estranhas atitudes de Bolívar ao número incrível de cartões de D`Alessandro e Guiñazú. Não sei, creio que Fernandão devia comprar o confronto. Se hoje, na reapresentação dos jogadores, ele puser panos quentes, recuando de suas críticas, estamos fodidos. Está na hora de dobrar a geração vencedora ou virar a página.
Para os colorados, é o que resta torcer em 2012. Que a briga dê frutos e que venha um 2013 com novas diretoria, comissão técnica e, finalmente, nova dinâmica de grupo.
Sem revisão, tá? Deve ter erros.
Convergência Colorada neles !
Muito bom Milton!
Compartilhei nas redes. OK?
Ok, obrigado.
Muito propício o texto, e eu até compartilharia nas redes, mas ao me deparar com a expressão ” asseclas” desisti.
Pode-se ser contundente, e até mesmo específico sem se perder em qualificativos que depreciam, e depreciam inclusive o belo texto.
Eu também compartilharia o texto, mas ao encontrar nele a palavra “Bolívar” desisti. O escriba faltou com o bom gosto.
Melhor comentário! hahahahaha
Hahahaha #vazabolívar!
Pô, mas por que abandonar o Gigante? Os7mil por jogo sem duvida sao uma das causas da ma campanha…
Ok, tens razão, talvez seja um exagero meu. Mas é que estou de saco cheio de verdade.
Agora o Fernandão me dá razão, mas deixou de me contratar quando eu exigi afastar o Bolívar. Era o que eu estava tentando dizer naquele momento.
Milton: como o Índio, o Damião pode fazer parte de panelinhas no vestiário, mas no campo ele dá duro. O pessoal está falando mal daquela trivela domingo passado, mas acho que ele apenas tentou enganar o goleiro. Acontece. Nas entrevistas na saída do campo, ele é quem mais cobrar mais dedicação do time.
Agora uma historinha: eu tinha um amigo, figura importante no esporte e na política, que dizia que os jogadores brasileiros se sentiam inferiorizados diante dos argentinos, porque os castelhanos sempre tinham nome e sobrenome e os nossos apelidos ou diminuitivos. Eram Alfredo d Estefano, Angel Labruna, Diego Armando Maradona e hoje Leonel Messi, contra os Dudus, Dodós, Zezinho, Canhotinho, etc. A tese dele parecia correta até que o Didi, o Vavá e o Pelé ganharam a copa do mundo. Mas, será que não valeria a pena ressuscitar aquela tese no Beira Rio e no lugar do Andreas DAlessandro, Pablo Horácio Guiñazu, Pablo Forlan, Jesus Datolo e Mario Bolatti, termos alguns Dudus, Dodós e Zezinhos?
Grande Verdade, tanto investimento e tão pouco retorno!
O inter no brasileirão sempre é “O Belo Antônio” – http://pt.wikipedia.org/wiki/Il_bell%27Antonio .
-Sinceramente, sonhar com uma nova diretoria é sonhar demais, não viaja na maionese?
-Os chefões vão continuar os mesmos.
Vou ser direto, mas em 10 linhas. Achei correta a atitude do F9. Os limites das “medidas inevitáveis” (como me refiro em outros blogs ou comunas), já chegou. O clube está sem técnico e c/ os problemas citados desde a saída do Tite em 2009.. essa é a realidade! E sendo ou não demissionário, resta ao F9 objetivar uma situação de decisão na última rodada do brasileiro que será.. no greNAL! Essa é a “cartada”. Não sendo o favorito e decidindo uma forte possibilidade de classificação/desclassificação na Libertas para Inter ou gremio. Se for pra tirar o gremio do G4 em plena despedida da Azenha, amenizará o fim de uma temporada pífia, e deixa uma parcela da crise p/ o outro lado e uma reestruturação técnica p/2013.
O Fernandão até pode estar certo nas críticas. Entretanto, como aprendi desde cedo, o comandante deve assumir as falhas de seus comandados. Nem que seja pela incapacidade de liderar. Na verdade se existem grupinhos, ou panelinhas com se diz, cabia a ele dissolvê-la ou pedir para sair. Agora jogar no colo dos jogadores toda a responsabilidade pela sua falta de comando e pulso, quando estava sendo contestado, parece muita falta de caráter. Já demonstrou falta de caráter quando destituiu Dorival Júnior para tomar o lugar dele. Quanto a Giovani Luigi, está fazendo uma administração patética. Falta comando. Este diretor de futebol não sei o que está fazendo lá. Dunga neles!
Eu já desisti de 2012,por isso gostei quando Fernandão escalou um volante de 18 anos,Rodrigo,mas minha teoria melou…que era botar a garotada prá jogar,só que desse jeito vai queimar a nova geração.Tá feia coisa,se der Libertadores vou comemorar como se fosse campeão.Outra coisa,o Beira-Rio em obras tira o tesão…e ano que vem vai continuar a agonia.Pelos últimos anos de conquistas,espero até 2014 prá reencontrar o nosso verdadeiro Inter.Dá-lhe, Glorioso Colorado dos Pampas!