Um Mercado Público sem fiscalização a 30 metros da Prefeitura

“Para Fortunati, Porto Alegre não está preparada para combater grandes incêndios”. OK. E a Prefeitura de Porto Alegre está preparada para fiscalizar obras a 30 metros de distância da prefeitura em um prédio, sob sua responsabilidade e sem PPCI há seis anos? Roto falando do esfarrapado?

Fernando Guimarães, no Facebook

Ontem, o Mercado Público de Porto Alegre foi atingido por um incêndio. Desde a minha infância, época em que ele estava mais para um pardieiro, sou usuário do local. A Banca 40, a salada de fruta com nata, o Gambrinus, o Sayuri que eu e minha filha adoramos, as iguarias daquela banca dos vinhos que sempre esqueço o nome — mas nunca de ir lá –, o Café do Mercado, a Tainha na Telha, mais um monte de cafés no lado de fora, as rações para animais, os peixes, a Japesca, sua temaqueria, as casas de religiões africanas, os chás, as ervas, tudo está lá reunido. Difícil sair do Mercado de mãos vazias ou sem algo no bucho.

Também é um local popular, cercado de terminais de ônibus, bem no centro de Porto Alegre. E bem ao lado da prefeitura. Então, bem ao lado da prefeitura, repito, no Centro Histórico de Porto Alegre, tínhamos um prédio histórico e útil, querido da cidade e muito frequentado. Só que o Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) do Mercado Público estava vencido há seis anos, há uma gestão e meia. E muita gente devia saber. Faz um mês a Band avisou que os extintores de incêndio, por exemplo, estavam sem vistoria de segurança há pelo menos dez meses e que a prefeitura voltava a prometer uma inspeção. Ontem, pouco adiantariam os extintores internos, mas e o PPCI? Será que a Kiss não funcionou como lição?

Eu sempre fui ao Mercado. Lembro que muitas vezes ia ao Centro com meu pai nos sábados de manhã. O programa era quase sempre o mesmo. Tudo começava por uma ida até a Andrade Neves a fim de que ele fizesse suas apostas no turfe. Ali havia uma espécie de sucursal do Hipódromo do Cristal. Depois, descíamos até a King`s Discos na Galeria Chaves para dar uma olhada nos discos. Tudo finalizava no Mercado, onde sempre comprávamos alguma coisa. Meu pai não sabia nada de comida e muitas vezes trazia coisas por curiosidade. Já eu ficava encantado com a movimentação e a gritaria. Muitas vezes Porto Alegre dói.

P.S. — Agora chega a informação de que o Mercado nunca teve um PPCI. Isso não melhora as coisas.

Por Bernardo Jardim Ribeiro
Por Bernardo Jardim Ribeiro (meu guri!)
Por Bernardo Jardim Ribeiro
Por Bernardo Jardim Ribeiro
Por Ramiro Furquim
O prefeito Fortunati na frente do Mercado | Por Ramiro Furquim

10 comments / Add your comment below

  1. A gestão está mais eficiente! Até criaram mais cargos, de secretarios adjuntos e seus assessores, para agradar aos partidos apoiadores. Tanto “gestor” só para controlar horário e cortar as horas extras dos servidores, que atendem à população, mas para fazer alguma coisa útil, nada!

  2. as mariolas, os peixes, as pimentas, o arroz. as cachaças. o naval. o capeletti. o pastel. beringela. chope e bolinho. bacalhau caro, maninho no sábado caro, tudo muito caro no mercado. meu bisavô traficava mercadorias no mercado. minha mulher chora aqui do lado chora muito, diz que é a maior dor da vida dela. (sábado 9 e meia da noite)

  3. Queria ver se a prefeitura estivesse na mão do PT como seria a eloquência das críticas. Em Santa Maria quiseram botar a culpa do incêndio no prefeito do PMDB. No mensalão, na visão desse mesmo pessoal, a cúpula do PT não teria qualquer ligação com os empréstimos tomados nos bancos BMG e Rural e nem com a distribuição de dinheiro entre deputados. Aliás, o mensalão nem existiu, foi uma ficção, um sonho invetado por gente do mal.

    1. O PT esteve por 16 anos na Prefeitura de Porto Alegre. Que eu me lembre, com exceção da queda da marquise das lojas Arapuã, na Dr. Flores (causada por inversão na colocação dos ferros na concretagem) nenhuma tragédia ou incêndio de maior porte aconteceu. Pelo contrário: o Mercado ganhou sua cobertura neste período.
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      Sr. João: no tempo do FHC não tinha Facebook e a internet era somente para privilégiados, que ainda usavam linha discada e a corrupção foi até maior…

  4. E hoje a entrevista do vice-prefeito Mello foi hilária: “agora não é hora de procurar culpados”. Sim a hora é daqui há menos 3 anos…

  5. BOMBA-RELÓGIO
    by Ramiro Conceição
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    Embora aqui em Vitória, ES, ainda não tenha ocorrido nenhum incêndio em um patrimônio público de vulto tal qual o mencionado no post, todavia, a questão fundamental, ou seja, o “descuidado” do poder executivo com a cidade parece-me muito semelhante àquela, ou essa, de Porto Alegre. No caso capixaba, a alternância no poder executivo estadual (PMDB – duas gestões; e PSB, atual) e/ou municipal (PT – duas gestões; e PPS, atual) não alterou tal “descuidado” com a capital, quer dizer, os problemas crônicos continuam: de mobilidade urbana e de segurança, em todas as classes sociais; de creches populares; de atendimento em postos de saúde e de educação, associados à população de baixa renda; e etc.
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    Algo que está a acontecer de maneira galopante é o número de jovens miseráveis drogados nas ruas. Em Jardim da Penha, bairro de classe média de alto padrão, à vista da janela de meu apartamento, nas madrugadas, grupos de 10 a 15 adolescentes se drogam sob o céu da noite do deus-dará. Não sei como, mas adormecem em qualquer imundo beco urbano.
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    O número de “casais”, alguns com filhos, ao abandono é alarmante. O número de adolescentes grávidas é assustador. Durante uma simples caminhada, um fato corriqueiro, e muito constrangedor, é “saltar” algo disforme, uma maçaroca de pernas e braços sob alguma coisa que por definição é um cobertor, que parece proteger dois seres…, que parecem humanos, que esperam inconscientes o efeito do narcótico passar…
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    Não estão a sonhar, mas a se desligar de alguma coisa denominada História. É uma bomba-relógio…

      1. UMA BOA NOTÍCIA
        by Ramiro Conceição
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        Ontem, 07.07. 13, participei dum sarau poético na Academia de Letras Humberto de Campos, Vila Velha, ES. Para minha surpresa encontrei-me com um jovem grupo de músicos, FILHOS DE PESCADORES, oriundos da Grande Vitória. Os bichos são bons, muito acima dessa coisa que anda a rolar em todo o Brasil sob a ditadura do jabá. O material que deixarei aqui é o “único” ainda disponível. O que foi apresentado, ontem, na acadêmia, é muitíssimo superior…
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        Senti um imenso prazer em compartilhar com o jovem reggae capixaba as minhas poéticas construções castiças. Nos sentimos amigos, e a noite valeu (quer dizer, das 18:00h até às 20:00h: éramos vestais dentro do distorcido templo mórbito da arte brasileira). No vídeo, aparece o “Pier de Iemanjá” um dos lugares que mais amo em Vitória: o visito todos os dias, nas minhas caminhadas matutinas…

        Se você me permitir, Milton, mensalmente, darei notícias de tal evento cultural que acontecerá em todos os primeiros domingos de cada mês. Aparecerão grupos foclóricos, poetas repentistas, todos ligados à Cultura Popular do Espírito Santo.

        http://www.youtube.com/watch?v=_MqBCjJwAXo

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