Um porque hoje é sábado anômalo, mas especialíssimo

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Erico Veríssimo dizia que Lygia Fagundes Telles não devia ter tanto talento para a literatura. Era bonita demais para isso. Ela ria, envaidecida.

Convencionou-se dizer que Clarice Lispector era uma bela mulher. Belo telefone, não?

Belíssima era Cecília Meirelles, dona daquele sorriso que tudo parece compreender. Foi tradutora de …

Virginia Woolf *, que tinha perfil de camafeu, extraordinários livros e sofria enormemente com sua loucura.

Suicida como Virginia, tivemos a bonita brasileira Ana Cristina César. Apesar de sua boa poesia, ela ficaria aos pés de…

ana cristina cesar

Anna Akhmátova *, cujo grande sofrimento era de causas exteriores. Que poetisa maravilhosa ela era! Dá vontade de aprender russo como quis uma vez …

Simone de Beauvoir, aqui em linda e arejada foto, demonstrando que tinha a frente, o conteúdo e o verso interessantes.

Tão de esquerda quanto Simone foi a ex-stalinista Doris Lessing, que se tornou a mais irritante das direitistas.

doris lessing

Sempre foi de direita a talentosa belga Marguerite Yourcenar, apesar do costume de fantasiar-se como agente da KGB.

Yourcenar

A outra Marguerite, a Duras, gostava de cinema, de amantes orientais e sua obra permanecerá mais do que a das três anteriores.

marguerite duras

Conversas mais íntimas tinha Anaïs Nin, que escrevia diários e corria atrás de um homem sensível.

AnaisNin

Nome de francesa tinha a severamente inglesa Daphne du Maurier, autora de livros que assustaram minha adolescência, como Rebecca.

daphne_du_maurier_

Também gostava de assustar a imensa, perfeita e maravilhosa dinamarquesa Karen Blixen *, que publicou suas obras-primas com o nome masculino de Isak Dinesen e que …

karen blixen

… traduzia seus livros para o inglês. Quando envelheceu, ficou “meio anoréxica”, mas mantinha as boas companhias — minha nossa!

blixen marilyn monroe Carson McCullers

Conversando com Karen, à direita, está a caçadora solitária Carson McCullers, …

carson-mccullers

… tão menos famosa do que Jane Austen *, cujos seis romances são cantados em prosa e verso pelos críticos e é adorada pelo cinema.

Jane-Austen

Em comum com Karen na utilização de nome um nome masculino, com Austen no espetacular talento, temos a insuperável George Eliot * (Mary Ann Evans).

George_Eliot_by_Samuel_Laurence

A também inglesa Muriel Spark faz livros menos intelectuais quanto os de Eliot, mas é sempre fascinante e grudenta. Escreveu pelo menos duas obras-primas modernas.

Muriel-Spark

Tem nome comprido e estranho a grande e bela poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, descoberta por mim logo após sua morte.

sophia_uma_vida_de_poeta11

Com algumas exceções, são todas mulheres bonitas — às outras sobraria a beleza interior… — e as que receberam asterisco logo após seu nome são as minhas Top 5 da literatura feminina mundial.

Obs.: Mais literatura feminina aqui.

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33 comments / Add your comment below

  1. Admirando a foto da Simone de Beauvoir, concluí que Sartre  que foi existencialista, romancista, crítico, comunista, ativista, devasso, etilista, estrábico e Nobel de Literatura (recusado!)  foi tudo, mas não bobo!

  2. Um bela homenagem a elas, Milton.
    E Dorothy Parker? Se está lá, não vi.
    Abraço e que seu reveillon seja iluminado como as postagens de sábado. As outras tb, claro.

  3. Pô, que coisa! Literatura feminina é um conceito no mínimo discutível! Assim como o potencial erótica da maioria das damas homenageadas, com todo respeito. 🙂
    Tá legal, tô saindo.
    (mas a Clarice era linda, que heresia!)

  4. “às outras sobraria a beleza interior…”, puxa, Milton, que maldade. Beleza física é um pré-requisito? Quisera eu ter um décimo do talento delas. Brincadeirinhas à parte, obrigada pelo post de hoje. Excepcionalmente belo, no sentido mais intenso que esta palavra possa ter. Um ótimo ano para ti, viu!
    abraço, garoto

  5. Linda a Sophia de Mello Breyner, que deve se lamentar por ter sido mãe de um tal Miguel Tavares, acho que o nome é esse, autor de “romances históricos” limitadíssimos, mas pouco (ou nada) de sua própria poesia, cheia de graça, subliminaridades, ironias e sutilezas personalíssimas. Mas como gosto mais de romances, fico com George Eliot, de Middlemarch, um milímetro melhor (será?) que Virginia Woolf. Já conhecia a foto derrière da Simone de Beauvoir, bela, porém, como escritora de ficção, tão chatinha como Sartre, que os deuses (quer dizer, os leitores) não nos ouça. Finalizando, Hilda Hilst é uma má lembrança. Ainda bem que não foi sua.

  6. Milton, não entendi a diferença entre estrábico e vesgo. Penso que são sinônimos. Aliás, acho que vesgo é uma das manifestações do estrabismo (utilizei a referida palavra no sentido literal, sem qualquer outra conotação).

    Quanto à literatura feminina, penso que existe sim. Este assunto daria um longo texto que não caberia aqui. Vou citar apenas um exemplo: quando leio os poemas de Sílvia Chueire, escuto claramente uma voz feminina adjacente; às vezes chego a sentir o hálito da poeta.

    Bem, finalizando este comentário, Milton, gostaria de agradecer sua delicadeza para comigo: muito obrigado!

  7. O nome da Sophia tinha essa sonoridade nórdica por causa de sua ascendência dinamarquesa (O Cavaleiro Dinamarquês é mesmo o título de um de seus livros infantis), é era sempre referido assim, de forma tão solenemente extensa, porque ela era uma aristocrata (parece que tanto pelo lado dinamarquês quanto português). Era mesmo uma mulher bela e elegante, como sua poesia. As outras escolhas da lista mereceriam reparo. Se Clarice não era dotada do que convencinalmente se chama de beleza, uma coisa meio vegetativa e epidérmica, sua aparência exala uma estranheza e fascínio que a tornam perfeita como fisionomia de sua literatura (a propósito, Clarice apenas nasceu na Ucrânia, quando sua família passava por lá fugindo da Rússia. Era descendente de judeus russos, quem sabe ligados aos kazares, povo asiático que na Idade Média se converteu ao judaísmo). Virgínia Woolf tinha traços meio desengonçados e grosseiros, e a foto escolhida a favorece muito. Anais Nin tinha um rosto totalmente vulgar e desinteressante e Carson McCullers, com sua cara flácida de menino triste, pode ser o que se queira, menos bela. E, enfim, Daphne du Maurier, que eu não conhecia, na foto apresentada está a cara de Lord Alfred Douglas quando jovem, o amante de Oscar Wilde!

  8. Marguerite Durar, pequenina, frágil e severa não era era nada bonita, e a Yourcenar mais parece um belo rapaz, um cossaco talvez, com essa roupa. Cecília Meireles irradia em sua beleza nada sensual, a bondade e espiritualidade de seu caráter, transparentes no sorriso de admirável pureza. É o mais belo escritor brasileiro, por dentro e por fora.

  9. Grande novidade é esse juízo de uma Virgínia Woolf bela, já que a sua feiúra sempre foi uma espécie de concenso. Uma feiúra clássica, digamos, o que talvez justique essa história de camafeu (ou será que isso foi sugestão da pose do modelo e da estética despojada da foto?)

  10. Ah! Ia esquecendo de dizer que Virginia não era louca, apenas sensível em demasia, como a maioria dos grandes escritores. Creio que sua morte tem menos a ver com um eventual acesso de loucura do que com distúrbios cognitivos que lhe impediam o exercício literário, assim como aconteceu com Hemingway. Ninguém sabe da amargura de se calar quando o dom de escrever faz da escrita uma necessidade premente (lembro-me de uma entrevista de Clarice lispector na qual ela declarava que quando não conseguia escrever era como se estivesse morta).

  11. Hilda Hilst era quando jovem, no mínimo, uma mulher elegatíssima (vi recentemente uma foto da mesma, na qual só o formato da boca me desagradava um pouco),e, se a beleza não era critério exclusivo a nortear as escolhas, será necessário, a essa altura, reiterar a magnitude da obra de uma mulher que chegou a estudar matemática, física quântica e metafísica, para adensar a temática eminentemente mística de sua poesia, uma das mais altas da literatura brasileira? Quanto a Clarice Lispector, seu rosto não era meramente mongol, pois ninguém negará que a soberba quase cruel (“eu sou a cruel rainha dos medas e dos persas”)e o exotismo que dele emana só pode pertencer a alguma imperatriz jamais havida da Horda de Ouro, a reger, numa liteira, atrás de véus e reposteiros, escondendo o fascínio enregelante, seus sanguinários cavaleiros nômades através das estepes da Ásia Central(ver “A Legião Estrangeira” e “Onde Estiveste de Noite”). Era o rosto de uma rainha em viagem a Sarai.

  12. Milton, você sacaneou a Clarice. Há muitas outras fotos em que ela aparece deslumbrante. A Lygia é uma beleza comum e uma escritora comum. Clarice? Viu as resenhas sobre os contos completos dela recém-lançados nos EUA? Único talento brasileiro posto lado a lado com Juan Rulfo e Borges.

    1. Como diria os jovens de hoje em dia: “Meça suas palavras ao falar da Lygia parça”, brincadeiras a parte eu considero a Lygia muito mais bonita que a Clarice, mas é só minha opinião pessoal.

  13. Meu lado feminista vê com muitas críticas post como este, não entendendo a necessidade de haver relação entre escritoras e beleza feminina; mas uma consciência traiçoeira me diz que poucas bundas tão belas eu vi quanto a de Simone de Beauvoir.

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