Vai-se Pierre Boulez, um talentoso filho da puta

Por um lado, Celso Loureiro Chaves lamenta a morte de Boulez, chamado-o de incontornável e garantindo que, com sua morte, chegamos ao fim da vanguarda dos anos 50. Por outro, o violonista e regente Lavard Skou Larsen chama-o de chato, mafioso e destruidor de vários talentos franceses que não seguiram as regras arbitrárias criadas por ele para quem quisesse ascender na França da música erudita. Queria ser o dono do campinho e foi. Mais Lavard: ele o chama de raso e de tentar destruir Henri Duttilieux, o que é verdade. Alex Ross, em The Rest is Noise, com rara elegância, sugere que a personalidade de Boulez era difícil e que ele brigava com quem não escrevesse suas obras assim ou assado ou não agisse conforme o que ele desejava. Para o bom leitor, ele descrevia um mau caráter.

Concordo com Lavard e Ross em quase tudo. A música de Boulez é incrivelmente enfadonha e certamente não sobreviverá. Também odeio este tipo de comportamento tão comum na música — inclusive na gaúcha — de exigir comportamentos e posturas como moeda de troca para convites. (Quem não segue a regra, fica de fora das benesses de quem distribui a grana). Mas creio que Boulez foi um grande regente, principalmente de Mahler e Bartók. Para mim, vai-se, aos 90 anos um grande maestro e, igualmente, um grandessíssimo filho da puta.

Pierre Boulez (1925-2016)
Pierre Boulez (1925-2016)

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  1. Olha, não sabia que ele tinha morrido !!! Ando tão envolvido no trabalho que não tenho assistido nem lido nada. Enfim, também não gosto de suas composições, mas suas gravações de Debussy são demais.

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