Em nova humilhação aos cientistas brasileiros, Ciência e Tecnologia irá para um Bispo da Universal

Marcos Pereira PRB

O homem que está com o microfone na mão na foto acima chama-se Marcos Pereira. É presidente nacional do PRB, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e será o ministro de Ciência e Tecnologia do governo Michel Temer / Eduardo Cunha. A pasta parece ser uma permanente humilhação aos cientistas brasileiros. Há sete meses, Dilma entregou o Ministério da Ciência e Tecnologia a Celso Pansera, do PMDB fluminense. O deputado entendia pouco da área, mas tinha um restaurante chamado Barganha.

Agora, Temer ofereceu a pasta da ciência a um bispo da Igreja Universal, que prega o ensino do criacionismo e nega a teoria da evolução. O objetivo do vice é garantir o apoio da igreja e de seu partido, que tem 22 deputados e um senador. O PRB era aliado de Dilma, mas mudou de lado às vésperas do impeachment. É novíssima República Teocrática do Brasil, gente!

Ao ser perguntado sobre o que ele achava da Teoria do Evolucionismo, o futuro Ministro respondeu:

— Eu respeito.

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  1. A política brasileira é uma tristeza. Maluf esteve cotado para ser Presidente da Caixa no governo Dilma! Nada mais me surpreende.

    O mais curioso de todos é Aldo Rebelo. Ele também já ocupou esse cargo e não creio que saiba trocar sequer uma lâmpada. Inclusive, embora fosse Min. da Ciência de Tecnologia, tinha alguns projetos de lei anti-tecnológicos e alguns bem estúpidos, para dizer o mínimo (Ele propôs uma lei que proibiria a “adoção, por qualquer órgão público de todos os níveis, de qualquer inovação tecnológica que seja poupadora de mão-de-obra sem prévia comprovação de que os benefícios sociais auferidos com a implantação suplantem o custo social do desemprego gerado”).

    A propósito dele, inclusive, quando o nomearam para ser Ministro da Pesca ele teve a desfaçatez de dizer que nunca tinha sequer pescado na vida, mas que estava disposto a aprender.

    Acredito que o PMDB não mudará essa tradição, até mesmo porque é o típico partido capaz de fazer pacto com Deus e o Diabo.

  2. Eu conheço alguns evangélicos, e todos eles se dizem pessoas esclarecidas que não se reconhecem nos discursos extremistas. Mas quando saem essas notícias, não os vejo se posicionar contra. Esse silêncio me preocupa muito.

  3. Teocrático são os petistas, ou melhor, a esquerda, pelo conjunto da obra. Acreditar que, por ex., o processo de impichimin é orquestrado pela mídia de consumo (Rede Globo, Veja, et al), aliado aos instrumentos da Justiça (também golpista, consoante a esquerda) e protegidos e impulsionados pelos EUA, em razão de interesses materiais na jogada, tais como os recursos naturais tupinambás, é de foder! Mas tem gente que acredita, oras. Questão de fé.

  4. A suposição de que alguém com uma convicção religiosa não possa fazer um bom trabalho nessa área é, digamos, preconceituosa. Ora, partindo deste pressuposto, concluiríamos, também, que um gay não poderia ser Ministro dos “Machos”, se acaso existisse.

  5. Estamos em tempos em que a pessoa diz que o universo foi criado em sete dias, que a mulher foi criada da costela do homem e que o sol gira em volta da terra. Aí você diz que está errado e a pessoa te chama de preconceituoso. Vou te dizer hein…

  6. Lembremos que estamos no país em que foi dado a medalha Machado de Assis para Ronaldinho Gaúcho.

    Mais uma vez isso confirma que (1) esses merdas estão pouco se fudendo para a opinião pública e para nós. Fica evidente que muitas vezes eles devem se lembrar, por uma correlação mental inoportuna, que existe um povo abaixo de seus interesses ultra-ególatra, daí eles balançam a cabeça e a lembrança saudavelmente desaparece;

    (2) já disse e repito que estamos no estágio além da gracinha. Lembro desde meus cinco anos gente como Jô Soares e Chico Anísio fazendo as mesmas piadas contra corruptos e a asquerosa corporação política, as mesmas que AINDA se faz hoje. Chega de gracinha! Já não tem mais graça. O riso se expiou faz tempo. Chega de memes. Isso é anacrônico, ridículo, estancador. Estamos no momento que exige reações inteligentes, sérias, ferozes e determinadas. Ou seja, esses merdas estão certos em pouco se fuderem para nós;

    (3) e último: alguém aqui já viu a pregação dessas igrejas? Assistam nos tantos canais de televisão. Assim vão perceber que não se trata de cristianismo. Eles quase nunca citam o nome de Cristo. Suportem 10 minutos do programa daquela Waldemiro ou Waldomiro sei lá: não se pronuncia o nome de Cristo. Todas as citações são do velho testamento. Eles professam uma teologia financeira toda baseada nos reis decapitadores e escravagistas do velho testamento, para abalizarem seu deus vingativo e sedento por bajulação; um neo-judaísmo deturpado e ignorante.

    1. Charlles
      Ótimo comentário, eu nao poderia deixar de corroborar.
      Concordo 100%. Mas o que seria uma reacao inteligente? A situacao é tao crítica que eu nao consigo nem imaginar por onde deveríamos comecar. O nosso sistema é tal que pessoas decentes acabam se afastando de uma participacao mais ativa na política.
      Nao tem como virar o jogo sem reverter essa lógica perversa. Como faze-lo é que eu nem imagino. Acredito que a eleicao de 2018 vai ser mais do mesmo…

      1. Sal, penso que seria através de uma organização madura e engajada de várias entidades sociais. Mas isso quase chega a ser uma utopia. Quase. O que vejo é isso aí que você diz: uma apolitização das melhores pessoas, motivado pela descrença. Eu mesmo_ não que eu me veja como entre “as melhores pessoas” (conceito apressado meu que quer se referir à lucidez, à auto-crítica para não se cair no discurso do ódio, e um genuíno desespero)_ não me sinto preparado para isso. Eu mesmo desfiz “amizades” virtuais porque me deixava depressivo o nível de engano de gente, por exemplo, que se diz escritor, ledor de livros, culta, mas que no primeiro momento extravasa um ódio bestial, seja de qual prisma da estúpida divisão partidária que se vê no Brasil hoje. Minha esperança é que o desespero chegue a um ponto tão limítrofe e insuportável, que essa lucidez estoica comece a agir numa inesperável comunhão dos diferentes. Por isso, vejo com grande motivação movimentos tais como o dos secundaristas de São Paulo e Goiás. Muita gente incauta acusa a legitimidade desses movimentos, uma vez, segundo eles, serem compostos por adolescentes de pouca leitura e de intenções muitas vezes despolitizadas. Rio do desconhecimento da história por parte dessas pessoas. A grande maioria das grandes mudanças históricas foi iniciada por causas triviais, propulsionada por pessoas que estavam preocupadas por questões tais como o preço do chá e a higiene de seus dormitórios e não pela transformação social. Isto tem até um nome: a “astúcia da história”.Maio de 1968 foi incendiado por estudantes franceses tão hedonistas e alienados quanto os colegiais que ora pedem a apuração da CPI da merenda.

        Minha esperança é esta: que o chiste da história esteja prestando atenção em nós, aguardando para nos surpreender no instante em que nosso desencanto esteja em tal ponto que o zero deixe de ser absoluto. E isto, para minha felicidade, não é misticismo, mais ciência. Basta ler, por exemplo, Pós-guerra, do Judt. O século vinte está recheado de astúcias da história, e espero que ela nos indique um bom caminho.

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