Negligência de governos destrói o Museu Nacional: acompanhe a sequência do corte de verbas

Negligência de governos destrói o Museu Nacional: acompanhe a sequência do corte de verbas

Um incêndio consumiu quase todo o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Há apenas dois meses, a instituição tinha comemorado os 200 anos de sua criação.

O Museu foi fundado por Dom João VI em 1818 e possuía o quinto maior acervo do mundo, com mais de 20 milhões de peças, e era referência para pesquisadores de várias áreas. Suas obras contavam uma parte importante da história antropológica e científica da humanidade.

Lá estava o fóssil — com mais de 11 mil anos — de Luzia, a mulher mais antiga das Américas, cuja descoberta nos anos 1970 alterou todas as pesquisas sobre a ocupação da região.

Também havia a reconstrução do esqueleto do Angaturama Limai, o maior dinossauro carnívoro brasileiro, com quase todas as peças originais, algumas com 110 milhões de anos.

Foi queimado igualmente o sarcófago da sacerdotisa Sha-amun-em-su, mumificada há 2.700 anos e presenteada a Dom Pedro 2º em 1876, e que nunca tinha sido aberto. A coleção de múmias egípcias e a de vasos gregos e etruscos evidenciam o perfil mundial do acervo, que também abrigava o maior conjunto de meteoritos da América Latina.

Porém Bendegó, o maior meteorito já encontrado no país com mais de 5 toneladas, sobreviveu intacto.

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O Museu Nacional encontrava-se sob a guarda da UFRJ, ou seja, sofrendo com os cortes da Educação, recebendo apenas R$ 13.000 de manutenção mensal para seus 20 milhões de itens de História e Arte brasileira. Não me digam que o incêndio de hoje não é resultado das políticas da quadrilha — com Supremo, com tudo — que atualmente ocupa o Planalto, que não é resultado do Centrão que está destruindo o país há bem mais de um governo. Claro, o governo anterior igualmente não tratou nada bem a cultura — imaginem que o Museu teve de fechar as portas, em 2015, por falta de verbas para o pagamento dos funcionários, em pleno governo Dilma. Mas é agora que se orquestra um grande ataque à cultura. Os governos estaduais e municipais começaram a combater o meio cultural do país que não os apoia. Sartori e Marchezan estão fazendo o seu tanto do RS e em Porto Alegre, assim como Pezão e Crivella no RJ.

Aliás, no mesmo sentido, Bolsonaro defende a extinção do Ministério da Cultura… Ele pensa que uma secretaria seria o suficiente para tratar do assunto.

Vejamos: em 2014, ano em que as atenções estavam voltadas para as arenas da Copa do Mundo, foram repassados apenas R$ 427 mil para o Museu. Em 2015 foi ainda pior: R$ 257 mil. Subiu um pouco em 2016, R$ 415 mil. No ano passado, foram 246 mil e agora, no ano do bicentenário, somente R$ 54 mil. A estrutura apresentava sinais visíveis de má conservação, como fios elétricos expostos e paredes desencascadas, rachaduras na estrutura, sem falar na falta de dispositivos anti-incêndio. A Petrobras, através da Lei Rouanet, ajudou a manter o museu até a Lava a Jato. Com a crise da empresa, cessou o patrocínio.

Bem, o dinheiro destinado para a manutenção do Museu Nacional era equivalente a 10 auxílios-moradia do Judiciário. Agora, nem precisam mais ter esse gasto. Me apavora o fato de que o Theatro Municipal, o MAM, o Jardim Botânico, o Real Gabinete Português, a Biblioteca Nacional, etc., — para não falar em instituições de outros estados –, estejam sob as mãos de governantes como os nossos. Já o STF e o Congresso Nacional devem estar limpíssimos e conservadíssimos, ao menos seus prédios.

Foto: Mídia Ninja

Acho que chegou a hora de parar com o #ForaTemer para dar atenção à gravidade da PEC 241, por exemplo

Acho que chegou a hora de parar com o #ForaTemer para dar atenção à gravidade da PEC 241, por exemplo

Ontem à noite, enquanto você finalizava seu fim de semana, ocorria, em Brasília, um banquete oferecido por Michel Temer para seus aliados. Estavam lá cerca de 200 deputados com suas companheiras. Espumantes foram servidos em taças de cristal e o prato principal foi a PEC 241, cujo objetivo é o de limitar por 20 anos os investimentos em diversas áreas como saúde, educação e agricultura familiar. Vejamos o que mudaria.

banquete-temer-pec-241

Enviada em junho pela equipe de Michel Temer à Câmara dos Deputados, a proposta prevê que tais gastos não poderão crescer acima da inflação acumulada no ano anterior. Atualmente, os gastos com saúde e educação são vinculados à evolução da arrecadação federal. Algo bem razoável, porque a melhoria da educação e da saúde é elemento básico do desenvolvimento e hoje a situação é crítica nestas áreas. O governo determina, deste modo, que a coisa não vai melhorar. Por 20 anos. A 241 simplesmente ignora uma eventual recuperação da situação econômica do País.

A vinculação à arrecadação — que está na Constituição de 1988 — expressa conquistas sociais obtidas em décadas de lutas e que nossa elite quer pulverizar de uma só vez. A ideia expressa na Constituição tem o objetivo de fazer com que as áreas de educação e saúde — áreas fundamentais, não? — cresçam juntamente com o país, independentemente do governo que esteja no poder.

Dessa forma, o Novo Regime Fiscal proposto pelo governo Temer retira da sociedade e do Parlamento a prerrogativa de determinar anualmente o orçamento destinado a essas áreas, que só poderá crescer conforme a variação da inflação, não conforme a arrecadação. Talvez assim sobre mais dinheiro para investimentos, dizem eles, talvez referindo-se à corrupção.

A 241 é tida como uma das principais razões da aliança entre PMDB e PSDB. A proposta está afinada com a política de austeridade defendida pelos tucanos. E seria interessante para eles, que almejam o Planalto em 2018, vê-la aprovada sem ter o impopular ônus de serem os responsáveis por ela.

Autor da medida, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, classificou a PEC 241 de “dura” e fim.

O tema é urgente para o governo. Afinal, as próximas eleições são só daqui dois anos. É o momento para aprovar tudo o que for impopular. Aliado do governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), marcou para hoje (10/10) a primeira votação da PEC 241 no plenário da Câmara.

Temer e Maia no festim de ontem à noite.
Temer e Maia no festim de ontem à noite.

Para ser aprovada, a PEC precisa passar por duas votações na Câmara e também no Senado. A intenção do governo é liquidar as quatro votações ainda este ano. Como se trata de alteração constitucional, a aprovação depende do apoio de três quintos dos votos na Câmara e no Senado, ou seja, 308 deputados e 49 senadores.

Nos bastidores, a PEC 241 é tratada como uma espécie de teste. Se o governo não for capaz de aprová-la, também não conseguirá aprovar a reforma da Previdência, tampouco mudanças na legislação trabalhista.

E o pessoal tem falado pouco nisso. Chegou a hora de parar com a bobagem do Fora Temer — ele não vai cair mesmo — e dar atenção à realidade.

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O deputado Elvino Bohn Gass fez um vídeo bem claro explicando o que teria acontecido se a PEC 241 já existisse. Concordo com tudo o que ele diz, excetuando-se a utilização do termo “maldade”. Não é maldade, é apenas a visão de nossas elites.

https://youtu.be/6bFlUYYXp8A

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E o imposto sobre grandes fortunas… Nada, né?

pec-241

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Este é mais um recado de nosso partido, o PUM.

PUM - Partido Utopico Moderado

Em nova humilhação aos cientistas brasileiros, Ciência e Tecnologia irá para um Bispo da Universal

Em nova humilhação aos cientistas brasileiros, Ciência e Tecnologia irá para um Bispo da Universal

Marcos Pereira PRB

O homem que está com o microfone na mão na foto acima chama-se Marcos Pereira. É presidente nacional do PRB, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e será o ministro de Ciência e Tecnologia do governo Michel Temer / Eduardo Cunha. A pasta parece ser uma permanente humilhação aos cientistas brasileiros. Há sete meses, Dilma entregou o Ministério da Ciência e Tecnologia a Celso Pansera, do PMDB fluminense. O deputado entendia pouco da área, mas tinha um restaurante chamado Barganha.

Agora, Temer ofereceu a pasta da ciência a um bispo da Igreja Universal, que prega o ensino do criacionismo e nega a teoria da evolução. O objetivo do vice é garantir o apoio da igreja e de seu partido, que tem 22 deputados e um senador. O PRB era aliado de Dilma, mas mudou de lado às vésperas do impeachment. É novíssima República Teocrática do Brasil, gente!

Ao ser perguntado sobre o que ele achava da Teoria do Evolucionismo, o futuro Ministro respondeu:

— Eu respeito.