Texto e escolha de fotos de Nani Dantas
Introdução (pelo autor do blog)
Já tivemos alguns PHES fora do padrão. Tivemos um de justa indignação, tivemos a sapiossexualidade com fotos de homens escolhidas por uma mulher, tivemos um PHES feito por outra mulher cujo foco eram filósofos, já tivemos um com fotos de mulheres escrito por uma mulher, e depois tivemos outro, já tivemos a eleição do homem (e da mulher) mais belo de todos os tempos, já corri na rua e dois homens de mãos dadas reclamaram rindo e aos gritos que o PHES tinha que se dedicar àquilo que eles gostavam. Também já abrimos espaço para vários héteros homenagearem quem achavam que era digna de ser homenageada — sim, no feminino, fazer o quê?
Hoje temos mais um PHES fora da curva. Não sei como começamos a negociar, mas creio que ocorreu a típica reclamação de que havia muita mulher no PHES e que eu deveria fazer também com homens. Neste caso, respondo sempre: faça um e eu publicarei! A paulista com os dois pés em Minas Nani Dantas topou. De forma modesta, esta minha amiga do Face pediu para ser descrita simplesmente como uma futura publicitária e curiosa.
São poucos os segundos em que Adam Cooper aparece em Billy Elliot, o filme de Stephen Daldry, que narra a história do menino de 11 anos e seu amor pela dança. A bela silhueta, esguia, as costas largas, a pele pálida, o olhar penetrante, a flexibilidade.
Então o salto em câmera lenta: o movimento dos pés, belo e preciso, o corpo pairando no ar. O êxtase, o arrepio, a emoção.
Pouco, mas o suficiente para hipnotizar e aguçar a curiosidade de quem o assiste. Billy Elliot quase poderia ser a história de Cooper, a não ser pelo fato de que os pais de Cooper, apaixonados pela arte, jamais se opuseram ao seu amor e talento para a dança.
Filho de um professor e uma pianista, começou a dançar pela sala aos 4 anos, depois de ver Fred Astaire na televisão. Aos 7 iniciou-se no ballet e, aos 16, ingressou no Royal Ballet School, um dos maiores centros de treinamento de ballet clássico no mundo.
Sem dúvida um grande feito para um menino nos anos 1980, assim como para o garoto do filme. Adam viajou o mundo todo com a Royal Company dançando em espetáculos aclamados.
Tornou-se “sex symbol” na dança, embora sempre tenha renegado o “título”. Para ele, a dança é sua energia vital. Ele a respira e transpira.
Depois de mais de 10 anos, Adam decidiu largar a Royal Ballet e dedicar-se a dança com mais liberdade. Tornou-se coreógrafo e hoje, aos quase 45 anos, continua dançando e coreografando.
O mundo é machista, é preconceituoso, e quem não sabe?
Mas o que seria da arte sem os destemidos, os rebeldes, os “desajustados”? O que acontece então em um mundo em que Adam Cooper e Matthew Bourne – um dos maiores coreógrafos e diretores musicais ingleses – se encontram?
O Lago dos Cisnes interpretado totalmente por homens. Bourne e Cooper trabalharam muito na construção de uma versão radical do mais clássico de todos os ballets. Um espetáculo impecável.
Nele não há uma princesa frágil, submissa ou passiva. No papel de Odette há um bailarino forte, esbelto, realizando movimentos ágeis, vigorosos, com olhar penetrante e postura sempre indicando insubordinação.
Os movimentos ora delicados e suaves, ora quase selvagens e enérgicos, as expressões faciais e os olhares sempre desafiadores, subvertem não apenas o conceito convencional dos papéis masculino e feminino no ballet:
é também uma recusa a obedecer às normas tradicionais e conservadoras da sociedade.
A obra traz à luz questões como o machismo, o preconceito de gênero e a estereotipia.
Parafraseando Jack Kerouac, na arte jazem aqueles que a sociedade, na maioria dos casos, marginaliza. São os sem padrão, os loucos, os rebeldes, os que não se encaixam. E são gênios porque são revolucionários. Porque a arte é uma das formas mais autênticas de revolução.
Caramba!…
Esse PHES se demonstrou genial…
Aplausos, lindo PHES!
É um dos artigos mais completos que encontrei na internet. Parabéns pela publicação!