Quem é a Globo que cobre os ataques à Faixa de Gaza?

É Renata Malkes, 28 anos, jornalista. Ela deletou seu blog, é claro, mas ele pode ser lido aqui. Basta clicar nos meses.

Eis algo que ela publicou em 2002-03-15:

Em algum momento do futuro

Pai e filho caminham pelas ruas de Nova York quando o pai, desolado, pára em frente a um terreno vazio, suspira e diz para o filho:
– E pensar que aqui neste lugar, um dia, estavam as torres gêmeas – diz em tom de desabafo.
O filho olha espantado para o pai e dispara:
– Papai, o que são as torres gêmeas?
– Meu filho querido, as torres gêmeas eram dois prédios extremamente altos, lotados de escritórios, que eram considerados o coração dos Estados Unidos. Mas, há muitos anos os árabes destruíram os prédios.
Curioso, o garoto pergunta:
– Papai, o que são árabes?!
HAHAHAHAHA! Você não achou graça? EU ACHEI! Foi mandada, em inglês, pelo meu amigo Moshe. Eu tomei a liberdade de traduzir e fazer pequenas modificações.

Simply Renatinha at 3:24 PM

Há mais, há mais. E melhor. Como ela poderia realizar a cobertura se… Bem, encontrei esta pérola no dia 17 de setembro de 2002, sob o título Time to decide a respeito de seu desejo de entrar nas forças armadas israelenses:

In December, I must leave the Ulpan where I live, find an apartment to rent, get a regular job and so on… Before that, I must decide about something that is making me very unconfortable: going (or not) to serve the Israeli Army. This is something I really wanted to do. REALLY! If you know me, know about my cultural background and my passion for military issues, guns, information and other related stuff. It would be great for my Hebrew skills, for understanding Israel, for knowing people and for introducing myself into the society here. In fact, I don’t have to serve anymore, I am just considering being drafted as a volunteer.

Seu blog parece um diarinho virtual de pequenas crueldades e piadinhas anti-árabes. Parece uma adolescente maluquinha. Mas é a Globo em Israel. É REPUGNANTE.

Comecei a vasculhar o blog da menininha da Globo a partir deste post.

Da Cloaca News: Aqui, Renata Malkes exulta por ter seu blog reconhecido pelo jornal israelense Yediot Aharonot como um “warblog”, ou seja, de divulgação de propaganda sionista.

E agora há um blog novo, equlibrado, imparcial, feito com exclusividade só para você, meu amigo da Rede Globo.

A ilusão da vitória na Faixa de Gaza, por Daniel Barenboim

Por Daniel Barenboim*, (publicado no THE GUARDIAN)

O regente e pianista Daniel Barenboim é judeu, cidadão israelense e cidadão de honra da Palestina.

Tenho apenas três desejos para o ano-novo. O primeiro é que o governo de Israel se conscientize, de uma vez por todas, que o conflito no Oriente Médio não pode ser resolvido por meios militares. O segundo é que o Hamas se conscientize que não defenderá seus interesses pela violência, e que Israel está aqui para ficar. O terceiro é que o mundo reconheça que esse conflito não é igual a nenhum outro em toda a história.

É um conflito intricado e sensível, um conflito humano entre dois povos profundamente convencidos de seu direito de viver no mesmo pedaço de terra. É por isso que não poderá ser resolvido nem pela diplomacia nem pelas armas.

Os acontecimentos dos últimos dias são extremamente preocupantes para mim por várias razões de caráter humano e político.

Embora seja óbvio que Israel tem o direito de se defender, que não pode e não deve tolerar os constantes ataques contra seus cidadãos, os bombardeios brutais sobre Gaza suscitam profundas indagações na minha mente.

Mortes

A primeira é se o governo de Israel tem o direito de considerar todo o povo palestino culpado pelas ações do Hamas. Será que toda a população de Gaza deve ser responsabilizada pelos pecados de uma organização terrorista?

Nós, o povo judeu, deveríamos saber e sentir mais profundamente do que qualquer outro povo que o assassinato de civis inocentes é desumano e inaceitável. Os militares israelenses argumentam, de maneira muito frágil, que a Faixa de Gaza é tão densamente povoada que é impossível evitar a morte de civis.

A debilidade desse argumento me leva a formular outras perguntas. Se as mortes de civis são inevitáveis, qual é a finalidade dos bombardeios? Qual é a lógica, se é que existe alguma, por trás da violência, e o que Israel espera conseguir por meio dela? Se o objetivo da operação é destruir o Hamas, a pergunta mais importante a ser feita é se esse objetivo é viável. Se não é, todo o ataque não só é cruel, bárbaro e repreensível, como também é insensato.

Por outro lado, se for realmente possível destruir o Hamas por meio de operações militares, que reação Israel espera que haja em Gaza depois que isso se concluir? Em Gaza vivem 1,5 milhão de palestinos, que seguramente não cairão de joelhos de repente para reverenciar o poderio do Exército israelense.

Não devemos esquecer que o Hamas, antes de ser eleito, foi encorajado por Israel como tática para enfraquecer o então líder palestino Yasser Arafat. A história recente de Israel me faz acreditar que, se o Hamas for eliminado por meio de bombardeios, outro grupo certamente tomará o seu lugar, um grupo que talvez seja mais radical e mais violento.

Vingança

Israel não pode se permitir uma derrota militar porque teme desaparecer do mapa. No entanto, a história demonstrou que toda vitória militar sempre deixou Israel em uma posição política mais fraca do que a anterior por causa do surgimento de grupos radicais.

Não pretendo subestimar a dificuldade das decisões que o governo israelense precisa tomar a cada dia, nem subestimo a importância da segurança de Israel. Entretanto, continuo convencido de que o único plano viável para a segurança em Israel, no longo prazo, é obter a aceitação de todos os nossos vizinhos.

Desejo para o ano de 2009 a volta da famosa inteligência que foi sempre atribuída aos judeus. Desejo a volta da sabedoria do Rei Salomão para os estrategistas israelenses, a fim de que a usem para compreender que palestinos e israelenses gozam de idênticos direitos humanos.

A violência palestina atormenta os israelenses e não contribui para a causa palestina. A retaliação militar israelense é desumana, imoral e não garante a segurança de Israel. Como disse antes, os destinos dos dois povos estão inextricavelmente ligados e os obriga a viver lado a lado. Eles terão de decidir se querem que isso se torne uma bênção ou uma maldição.

Cai apoio ao ataque em Israel

A humanidade começa a brotar… Espero que ela vote em fevereiro.

Guardian, UK, 1/1/2009 (em http://www.guardian.co.uk/world/2009/jan/01/israel-gaza) :

Pesquisa publicada hoje no jornal Haaretz mostra que baixou de 82 para 52% o número de israelenses favoráveis à continuação dos ataques contra Gaza (ao mesmo tempo, 20% apóiam o cessar-fogo; e 19% são favoráveis à invasão por terra ao território da Palestina). O líder do Hamás, Ismail Haniyeh, exige que cessem os ataques, que o bloqueio econômico seja levantado e que se abram os postos de passagem, como condição para qualquer negociação.

Na primeira indicação de que há divisões entre as autoridades israelenses, o primeiro-ministro Ehud Olmert defendeu pessoalmente que os ataques prossigam, depois de o ministro da Defesa, Ehud Barak – o mais condecorado soldado israelense e ex-comandante do exército – ter dado sinais de aceitar um cessar-fogo de 48 horas.

[…] Olmert reuniu-se com Barak, com a ministra dos Negócios Estrangeiros e com os comandantes militares, para um visivelmente muito tenso encontro de 4 horas, na 4ª-feira à noite. Em reunião do gabinete de segurança, decidiu-se que o bombardeio continuará.

Aparentemente, o governo de Israel está tentando não deixar transparecer qquer divisão interna, para evitar que se repita o que aconteceu na Guerra do Líbano, em 2006, quando divisões internas no governo, sobre o rumo da guerra, provocaram muitas críticas ao governo, até que a opinião pública passou, de uma posição em que a maioria apoiava a guerra, à declarada oposição ao governo e aos comandantes militares.

A maioria dos analistas militares diz que é pouco provável que Israel decida-se a favor da reocupação de Gaza, ocupação considerada impossível, ou excessivamente custosa. E não há tropas posicionadas em terra em quantidade suficiente. Para a maioria, a ameaça é operação de propaganda, que visa a manter sob pânico a população civil local.

Em todo o Oriente Médio, a tentativa de invasão por terra é considerada “situação favorável aos combatentes que lutam nos grupos armados”. Muitos analistas lembram que Israel jamais venceu guerra em situação de guerrilha urbana.

O mais provável é que prossigam os ataques aéreos. Contudo, a situação hoje já não é tão favorável a Israel, como no momento dos primeiros ataques, nem no cenário interno, nem no cenário internacional, e crescem as pressões para pôr fim à violência, tanto pelos governos ocidentais quanto pela ONU e agências de socorro humanitário.

[…] Já há mais de um ano, Israel impede a entrada em Gaza de quaisquer produtos importados (em Gaza, TUDO é importado de Israel). Nos últimos tempos, impede também a entrada de qualquer tipo de ajuda humanitária. Além disso, dada a proibição de que saiam de Gaza quaisquer produtos de exportação, Israel já destruiu toda a estrutura comercial e de negócios na região.

Por que Israel bombardeia uma universidade?

Pelo Dr. Akram Habeeb, da Faixa de Gaza ocupada, da Palestina, 29/12/2008
(em http://electronicintifada.net/v2/article10069.shtml)

Sou bolsista da Fundação Fulbright e professor de literatura norte-americana na Universidade Islâmica de Gaza. Nessa condição, sempre preferi manter-me afastado do conflito Israel-Palestina. Sempre entendi que meu dever é ensinar os valores da paz e da convivência pacífica.

Mas o ataque massivo de Israel contra a Faixa de Gaza obriga-me a manifestar-me.

Ontem à noite, durante a segunda noite de ataques de Israel a Gaza, os mais violentos de que há notícia por aqui, fui acordado pelo ruído ensurdecedor de bombardeio continuado, cerrado. Quando me dei conta de que Israel bombardeava a minha universidade, com F-16s fabricados nos EUA, vi que os “ataques seletivos” já nada tinham de seletivos.

Políticos e generais israelenses têm dito que a Universidade Islâmica de Gaza seria ‘aparelho’ do Hamás e que forma terroristas. É mentira.

Como professor independente, não filiado a partido político, afirmo que a Universidade Islâmica de Gaza – como as Universidades Católicas e as Universidades Pontifícias, que há no Brasil e em todo o mundo – é instituição acadêmica que abarca um larguíssimo espectro de tendências políticas. Conheço-a bem, como universidade de prestígio em todo o mundo, que estimula o liberalismo e a livre exposição e circulação de idéias.

Se meu depoimento parecer excessivamente pessoal e comprometido, convido todos a visitarem a página da UIG, na Internet (ing. Islamic University of Gaza website, em http://www.iugaza.edu.ps/eng/), e pesquisarem sua história, seus departamentos, os estudos que se desenvolvem ali.

Lá se informarão sobre a participação da Universidade Islâmica de Gaza em inúmeras instituições acadêmicas em todo o mundo, o trabalho de pesquisa de seus professores, prêmios e bolsas de estudo e pesquisa que recebem de instituições de todo o mundo.

Por que Israel bombardearia uma universidade? Não sei.

Mas Israel ontem não bombardeou apenas minha universidade: bombardeou mesquitas, farmácias e casas de família. No campo de refugiados em Jabaliya, o bombardeio matou quatro meninas pequenas, todas da família Balousha. Em Rafah, mataram três irmãos, de 6, 12 e 14 anos. Também mataram mãe e filho, um menino de um ano, da família Kishko, na cidade de Gaza.

São atos que nada justifica, em nenhum caso. Penso no que Deus ordenou ao Povo Eleito: Não matarás. Não invadirás a casa de teu vizinho. Deus não elegeria seu povo, nem povo algum, para matar os vizinhos e roubar a terra em que todos plantam o que todos comem. As escolhas que Israel está fazendo são escolhas do governo de Israel. O governo de Israel escolheu matar palestinenses. Pratica aqui genocídio semelhante ao que outros impérios invasores e ocupantes praticaram em outras partes do mundo, contra populações autóctones. Nenhum genocídio é admissível.

O Dr. Akram Habeeb é professor assistente de Literatura Norte-americana na Universidade Islâmica em Gaza.

Gaza

Por José Saramago

A sigla ONU, toda a gente o sabe, significa Organização das Nações Unidas, isto é, à luz da realidade, nada ou muito pouco. Que o digam os palestinos de Gaza a quem se lhes estão esgotando os alimentos, ou que se esgotaram já, porque assim o impôs o bloqueio israelita, decidido, pelos vistos, a condenar à fome as 750 mil pessoas ali registadas como refugiados. Nem pão têm já, a farinha acabou, e o azeite, as lentilhas e o açúcar vão pelo mesmo caminho.

Desde o dia 9 de Dezembro os camiões da agência das Nações Unidas, carregados de alimentos, aguardam que o exército israelita lhes permita a entrada na faixa de Gaza, uma autorização uma vez mais negada ou que será retardada até ao último desespero e à última exasperação dos palestinos famintos. Nações Unidas? Unidas? Contando com a cumplicidade ou a cobardia internacional, Israel ri-se de recomendações, decisões e protestos, faz o que entende, quando o entende e como o entende.

Vai ao ponto de impedir a entrada de livros e instrumentos musicais como se se tratasse de produtos que iriam pôr em risco a segurança de Israel. Se o ridículo matasse não restaria de pé um único político ou um único soldado israelita, esses especialistas em crueldade, esses doutorados em desprezo que olham o mundo do alto da insolência que é a base da sua educação. Compreendemos melhor o deus bíblico quando conhecemos os seus seguidores. Jeová, ou Javé, ou como se lhe chame, é um deus rancoroso e feroz que os israelitas mantêm permanentemente actualizado.

Reproduzido de : http://www.iela.ufsc.br/?page=noticia&id=744

Genocídio, sim + Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama

A Faixa de Gaza é um território situado no Oriente Médio limitado a norte e a leste por Israel e a sul pelo Egito. É um dos territórios mais densamente povoados do planeta, com 1,5 milhão de palestinos para uma área de 300 Km², ou seja, sua densidade demográfica é de estupefacientes 5000 habitantes por Km². Atualmente a Faixa de Gaza não é reconhecida internacionalmente como pertencente a um país soberano. O espaço aéreo e o acesso marítimo a ela são controlados pelo estado de Israel.

5000 habitantes por quilômetro quadrado. Isto significa dizer que, se Israel jogar bombas a esmo, matará. Também significa dizer que os “alvos militares” estão certamente misturados a residências de civis.

Israel, antes dos ataques, já mantinha os habitantes de Gaza sob constante fome. É claro que tudo o que é consumido em Gaza é produzido fora. O “país” são alguns bairros lotados de gente. Gaza é uma prisão a céu aberto vista com indulgência por nós, ocidentais. Os israelenses decidiam o que poderia entrar no “país”. Só que há o Hamas, que conseguia trazer foguetes de pequeno porte para dentro de Gaza e os lança. É natural, meus amigos. No Brasil, quem tenta fugir da cadeia não tem sua pena aumentada, pois é considerado normal que o oprimido — e não importa seu crime — procure libertar-se.

Então, Israel passou a racionar drasticamente os víveres que entravam em Gaza. Tudo para criar um conflito que justificasse o atual genocídio. Sim, é um genocídio. Perguntei a dois amigos judeus se eles se ofenderiam se eu dissesse que as atitudes de Israel são comparáveis com o holocausto judeu promovido por Hitler. Não, acham normal que eu diga isso. Aquilo e isto são genocídios. Um deles apenas pediu para que eu não dissesse que aquilo era feito por judeus, pediu que eu acusasse Israel e seu atual governo.

Estou muito tranquilo para dizer que esses ataques são matança pura e simples, digo serenamente que Israel quis os foguetes do Hamas para justificar ao mundo seu Auschwitz particular. E o mundo ocidental, ainda culpado por fatos ocorridos há mais de 60 anos e adubados por filmes americanos que retratam um holocausto real e indiscutível, vê a reedição de fatos que nunca deveriam se repetir sob seus narizes. É uma vergonha sem fim para toda a humanidade.

Porém, um dia, provavelmente quando eu já estiver morto, haverá uma enorme guerra contra Israel. Há 1 bilhão de árabes quase desarmados e 7 milhões de israelenses competentíssimos e preparados para guerra. Um dia isso muda. Eu não quero ver como será a vingança, mas que ela virá, tenho certeza.

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O Diário Gauche publicou um post que demonstra a perda de território a que os palestinos foram submetidos por Israel e os EUA. Vejam abaixo a consequência das repetidas guerras. Mas acho melhor vocês verem o mapa lá no post do Diário Gauche, pois meu blog está tão estranho que não aceita imagens maiores do que 35-40K.

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Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama

(esta é uma carta aberta escrita por Uri Avnery, 85 anos, ex-deputado do Knesset, soldado que ajudou a fundar Israel em 1948 e que há décadas milita pela paz. A tradução ao português é de Idelber Avelar. O pedido de divulgação vai a todos os que desejam uma paz duradoura, nos termos já reconhecidos pela comunidade internacional).

As humildes sugestões que se seguem são baseadas nos meus 70 anos de experiência como combatente de trincheiras, soldado das forças especiais na guerra de 1948, editor-em-chefe de uma revista de notícias, membro do parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela paz:

1)No que se refere à paz israelense-árabe, o Sr. deve agir a partir do primeiro dia.

2)As eleições em Israel acontecerão em fevereiro de 2009. O Sr. pode ter um impacto indireto, mas importante e construtivo já no começo, anunciando sua determinação inequívoca de conseguir paz israelo-palestina, israelo-síria e israelo-pan-árabe em 2009.

3)Infelizmente, todos os seus predecessores desde 1967 jogaram duplamente. Apesar de que falaram sobre paz da boca para fora, e às vezes realizaram gestos de algum esforço pela paz, na prática eles apoiavam nosso governo em seu movimento contrário a esse esforço.

Particularmente, deram aprovação tácita à construção e ao crescimento dos assentamentos colonizadores de Israel nos territórios ocupados da Palestina e da Síria, cada um dos quais é uma mina subterrânea na estrada da paz.

4)Todos os assentamentos colonizadores são ilegais segundo a lei internacional. A distinção, às vezes feita, entre postos “ilegais” e os outros assentamentos colonizadores é pura propaganda feita para mascarar essa simples verdade.

5)Todos os assentamentos colonizadores desde 1967 foram construídos com o objetivo expresso de tornar um estado palestino – e portanto a paz – impossível, ao picotar em faixas o possível projetado Estado Palestino. Praticamente todos os departamentos de governo e o exército têm ajudado, aberta ou secretamente, a construir, consolidar e aumentar os assentamentos, como confirma o relatório preparado para o governo pela advogada Talia Sasson.

6)A estas alturas, o número de colonos na Cisjordânia já chegou a uns 250.000 (além dos 200.000 colonos da Grande Jerusalém, cujo estatuto é um pouco diferente). Eles estão politicamente isolados e são às vezes detestados pela maioria do público israelense, mas desfrutam de apoio significativo nos ministérios de governo e no exército.

7)Nenhum governo israelense ousaria confrontar a força material e política concentrada dos colonos. Esse confronto exigiria uma liderança muito forte e o apoio generoso do Presidente dos Estados Unidos para que tivesse qualquer chance de sucesso.

8)Na ausência de tudo isso, todas as “negociações de paz” são uma farsa. O governo israelense e seus apoiadores nos Estados Unidos já fizeram tudo o que é possível para impedir que as negociações com os palestinos ou com os sírios cheguem a qualquer conclusão, por causa do medo de enfrentar os colonos e seus apoiadores. As atuais negociações de “Annapolis” são tão vazias como as precedentes, com cada lado mantendo o fingimento por interesses politicos próprios.

9)A administração Clinton, e ainda mais a administração Bush, permitiram que o governo israelense mantivesse o fingimento. É, portanto, imperativo que se impeça que os membros dessas administrações desviem a política que terá o Sr. para o Oriente Médio na direção dos velhos canais.

10)É importante que o Sr. comece de novo e diga-o publicamente. Idéias desacreditadas e iniciativas falidas – como a “visão” de Bush, o “mapa do caminho”, Anápolis e coisas do tipo – devem ser lançadas à lata de lixo da história.

11)Para começar de novo, o alvo da política americana deve ser dito clara e sucintamente: atingir uma paz baseada numa solução biestatal dentro de um prazo de tempo (digamos, o fim de 2009).

12)Deve-se assinalar que este objetivo se baseia numa reavaliação do interesse nacional americano, de remover o veneno das relações muçulmano-americanas e árabe-americanas, fortalecer os regimes dedicados à paz, derrotar o terrorismo da Al-Qaeda, terminar as guerras do Iraque e do Afeganistão e atingir uma acomodação viável com o Irã.

13)Os termos da paz israelo-palestina são claros. Já foram cristalizados em milhares de horas de negociações, colóquios, encontros e conversas. São eles:

a) estabelecer-se-á um Estado da Palestina soberano e viável lado a lado com o Estado de Israel.
b) A fronteira entre os dois estados se baseará na linha de armistício de 1967 (a “Linha verde”). Alterações não substanciais poderão ser feitas por concordância mútua numa troca de territórios em base 1: 1.
c) Jerusalém Oriental, incluindo-se o Haram-al-Sharif (o “Monte do Templo”) e todos os bairros árabes servirão como Capital da Palestina. Jerusalém Ocidental, incluindo-se o Muro Ocidental e todos os bairros judeus, servirão como Capital de Israel. Uma autoridade municipal conjunta, baseada na igualdade, poderia se estabelecer por aceitação mútua, para administrar a cidade como uma unidade territorial.
d) Todos os assentamentos colonizadores de Israel – exceto aqueles que possam ser anexados no marco de uma troca consensual – serão esvaziados (veja-se o 15 abaixo)
e) Israel reconhecerá o princípio do direito de retorno dos refugiados. Uma Comissão Conjunta de Verdade e Reconciliação, composta por palestinos, israelesnses e historiadores internacionais estudará os fatos de 1948 e 1967 e determinará quem foi responsável por cada coisa. O refugiado, individualmente, terá a escolha de 1) repatriação para o Estado da Palestina; 2) permanência onde estiver agora, com compensação generosa; 3) retorno e reassentamento em Israel; 4) migração a outro país, com compensação generosa. O número de refugiados que retornarão ao território de Israel será fixado por acordo mútuo, entendendo-se que não se fará nada para materialmente alterar a composição demográfica da população de Israel. As polpuldas verbas necessárias para a implementação desta solução devem ser fornecidas pela comunidade internacional, no interesse da paz planetária. Isto economizaria muito do dinheiro gasto hoje militarmente e a partir de presentes dos EUA.
f) A Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza constituirão uma unidade nacional. Um vínculo extra-territorial (estrada, trilho, túnel ou ponte) ligará a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
g) Israel e Síria assinarão um acordo de paz. Israel recuará até a linha de 1967 e todos os assentamentos colonizadores das Colinas de Golã serão desmantelados. A Síria interromperá todas as atividades anti-Israel, conduzidas direta ou vicariamente. Os dois lados estabelecerão relações normais.
h) De acordo com a Iniciativa Saudita de Paz, todos os membros da Liga Árabe reconhecerão Israel, e terão com Israel relações normais. Poder-se-á considerar conversações sobre uma futura União do Oriente Médio, no modelo da União Européia, possivelmente incluindo a Turquia e o Irã.

14)A unidade palestina é essencial. A paz feita só com um naco da população de nada vale. Os Estados Unidos facilitarão a reconciliação palestina e a unificação das estruturas palestinas. Para isso, os EUA terminarão com o seu boicote ao Hamas (que ganhou as últimas eleições), começarão um diálogo político com o movimento e sugerirão que Israel faça o mesmo. Os EUA respeitarão quaisquer resultados de eleições palestinas.

15)O governo dos EUA ajudará o governo de Israel a enfrentar-se com o problema dos assentamentos colonizadores. A partir de agora, os colonos terão um ano para deixar os territórios ocupados e voluntariamente voltar em troca de compensação que lhes permitirá construir seus lares dentro de Israel. Depois disso, todos os assentamentos serão esvaziados, exceto aqueles em quaisquer áreas anexadas a Israel sob o acordo de paz.

16)Eu sugiro ao Sr., como Presidente dos Estados Unidos, que venha a Israel e se dirija ao povo israelense pessoalmente, não só no pódio do parlamento, mas também num comício de massas na Praça Rabin em Tel-Aviv. O Presidente Anwar Sadat, do Egito, veio a Israel em 1977 e, ao se dirigir ao povo de Israel diretamente, mudou em tudo a atitude deles em relação à paz com o Egito. No momento, a maioria dos israelenses se sente insegura, incerta e temerosa de qualquer iniciativa ousada de paz, em parte graças a uma desconfiança de qualquer coisa que venha do lado árabe. A intervenção do Sr., neste momento crítico, poderia, literalmente, fazer milagres, ao criar a base psicológica para a paz.

Divertimento de feriadão

Entediado, o governo de Israel resolveu bombardear a Faixa de Gaza na manhã de ontem. Mataram 224 palestinos e fizeram 700 feridos, 120 deles em estado grave. O primeiro-ministro do país, Ehud Olmert, disse que a operação militar “pode levar tempo” e uma fonte militar afirmou que a campanha pode ser ampliada e incluir forças terrestres. “Não temos limite de tempo e estamos determinados a fazer o que for preciso, incluindo todas as nossas opções, por ar ou por terra”, disse o militar a repórteres. Condoleezza achou o máximo.


Acima, um modelo profissional palestino procura obter sua compaixão, prezado leitor ocidental, durante o ataque de ontem…

É, meus amigos, a Palestina tem um inimigo que conta com incondicional simpatia no ocidente e que ainda costuma exibir-se como vítima. Isto significa que Israel pode promover suas carnificinas quando bem entender. Haverá muito mais sangue. É assim que começamos 2009.

Atualização das 18h:

Ataque israelense a Gaza

É a mesma velha técnica de Israel: poucos dias antes da posse do novo presidente dos EUA, os israelenses criam uma nova situação gravíssima, para garantir que os EUA sejam obrigados a continuar lá, fazendo o que sempre fizeram (pagando, sobretudo, tudo e todos). Os palestinos não têm qquer chance, enquanto os EUA reinarem no planeta. Leia mais aqui.

Atualização de segunda-feira, 12h:

Um post esclarecedor de Idelber Avelar aqui.

Um problemão para Ratzinger

O médico italiano Severino Antinori, aquele mesmo que costuma deixar grávidas mulheres de sessenta anos, anunciou hoje que, no último mês de setembro, realizou uma operação que está destinada a abalar a humanidade. A equipe do irrequieto Antinori teve acesso ao Santo Sudário e, após meses de tentativas, capturou o DNA de Jesus Cristo. O pano que, segundo o dogma, envolveu o Salvador no período entre sua retirada da cruz até a ressurreição, guardava grande quantidade do sangue coagulado de Jesus Cristo, o que permitiu a obtenção de seu DNA. A notícia de hoje, veiculada pelo L`Osservatorio Bugiardo e que está nos principais sites de notícia do mundo, dá conta de que, numa ação de incrível ousadia, Antinori está gerando um clone de Jesus Cristo em uma jovem romana. Em seu comunicado à imprensa, Antinori disse que o Filho de Deus tem DNA normal.

Porta-vozes do Vaticano deram claros sinais de que Ratzinger, o Papa Bento XVI, está indignado com o que considera um desafio a toda a cristandade e exigiu que a mulher que carrega o clone de Cristo em seu ventre seja imediatamente identificada e trazida a sua presença. Há também a possibilidade de que Ratzinger convoque o médico italiano para uma entrevista semelhante àquelas que foram realizadas no passado com Giordano Bruno, Galileu Galilei e, mais recentemente, com Leonardo Boff. O guardião da doutrina voltou a falar na lenta consumação da dignidade humana e deu sinais claros de que estaria disposto a avalizar um aborto deste feto gerado em condições que demonstrariam “um completo desrespeito a todos os católicos do mundo”.

Antinori garantiu total sigilo quanto a identidade da nova Maria, nem que para tanto seja necessária a convocação de novos templários. Ainda declarou que ela — uma mulher ainda virgem, com a finalidade de reproduzir as condições adequadas — e a criança deverão ter uma existência normal. Tablóides ingleses tiveram edições especiais falando sobre a revelação da verdadeira face de Cristo e a oposição do Vaticano. Católicos do mundo inteiro esperam por milagres nas próximas horas. O Opus Dei negou-se a dar declarações porém diz-se que intervirá no caso.

As Olimpíadas de Pequim, seus narradores e circunstâncias

De quatro em quatro anos, temos a chateação olímpica. Hoje pela manhã, já tivemos Galvão Bueno substituindo o jornal matinal, que já não é grande coisa, mas é mais variado. Galvão, normalmente desinformado a respeito de tudo o que não seja Fórmula 1 (*), narrava o jogo de futebol feminino entre Brasil e Alemanha, que acabou em 0 x 0. Uma droga. Francamente, é um período frustrante para o consumidor de esportes. Aquele monte de modalidades, cada uma exigindo conhecimentos que nossa imprensa não domina e nem procura aprender é das coisas mais lastimáveis, apesar da comicidade involuntária que às vezes surge. O lutador cai, o locutor grita “ippon!” ou qualquer palavra que saúde o homem que permaneceu em pé, mas o juiz dá a vitória para quem está no chão… Uma desgraça. O judô e uma série de esportes são coisas para especialistas, não podem ser descritos por neófitos. Outro fato desagradabilíssimo é a oferta nauseante de esportes inteiramente diferentes entre si. A gente está vendo as eliminatórias dos 800 m rasos e a TV corta para apresentar a sensacional final do pólo aquático, onde só se vêem os jogadores do peito para cima… Uma beleza. Mas o ápice visual é o tiro ao alvo, esporte especialmente televiso, onde não se vê absolutamente nada dinamicamente, só se ouve um estampido e vê-se um furo num pedaço de papel. Ou não.

Como se não bastasse, esta Olimpíada traz junto de si a questão da falta de liberdade na China, porém, como os EUA e todo o mundo gostam do comércio com a China não se falará muito em Direitos Humanos. Já sobre o Tibete… Ai, que saco! O mundo parece subitamente obstinado em recriar um país teocrático. O Ocidente vê o Tibete como uma maravilha localizada no telhado do mundo — quase saindo para fora –, que seria governado por monges bonzinhos, não fosse o malvado governo da China. OK, sou sensível àquilo que tem relação à identidade cultural de um povo, mas só há problemas no idílico Tibete da China? E alguém acredita mesmo no Nirvana representado por uma sociedade dedicada à paz e à sabedoria mesmo que a história do Tibete só nos mostre matanças, Dalais Lamas apoiados pelo exército chinês e um feudalismo recente apoiado em milhares de servos e escravos? Sim, escravos! Sim, uma teocracia brutal. No Tibete dos anos 50, o escravo que roubasse uma ovelha receberia a punição de ter seus olhos vazados e uma das mãos mutiladas… Sim, os Dalais Lamas são bons e nos mostram uma filosofia de vida super, só que do ponto de vista medieval.

A vereadora e candidata à prefeitura de São Paulo Soninha Francine (PPS-SP), a Soninha da MTV, da ESPN e da Folha, é budista e já escreveu sobre o Tibete, depois de ver o filme de Annaud. É impossível discutir com quem só vê pureza, elevação e altos conhecimentos — de auto-ajuda? — nos Dalais Lamas. É óbvio que lá ocorreu um genocídio e que hoje a China tenta destruir a cultura do país à fórceps, o que não entendo é esta mania de Tibete. Por que não a Chechênia ou o Leste do Congo? E os palestinos que foram retirados de suas terras por um inimigo que exibe-se como vítima, que é mais popular no Ocidente e que chama de anti-semita quem fique indignado com as mortes palestinas? Bem…

Voltemos à chateação do evento multi-hiper-esportivo. OK, um homem vai lá e dá dez tiros na mosca. Aplausos e medalha de ouro para o homem de boa mira. Observemos o vôlei e comparemo-lo com o homem dos tiros. No vôlei, são disputados muitos jogos que envolvem um sexteto e mais seus reservas. Há fases classificatórias, pontos decisivos, um estresse espetacular e, no final, a equipe de verde a amarelo ganha o torneio. Aplausos e uma medalha no quadro geral. Uma medalha? A mesma do homem de boa mira que nem suou muito para acertar seus tirinhos de brinquedo? Sim. Eu, se fosse do Comitê Olímpico Brasileiro, daria um monte de dinheiro para o boxe. Sim, o boxe tem categorias aos montes, distribui um monte de medalhas e como a violência tem sido uma especialidade de algum destaque em nosso país, esta poderia ser direcionada para algo mais sistemático. Já pensaram quantas medalhas viriam? Outra providência seria criar e treinar algumas equipes de badminton. A gente poderia destinar o Acre, o Piauí e Tocantins como pólos do badminton nacional. Rio Branco, Teresina e Palmas viveriam o esporte e, de quatro em quatro anos, seriam manchete nacional. (Ora, se é para escrever bobagens preconceituosas, também sei!).

Então não falemos mais em Olimpíadas como um todo, tá? Falemos talvez de forma individual em alguns torneios interessantes, como vôlei, futebol, tênis e… esgrima? E esqueçam essa coisa de boicote. Só aceito boicote se derem uma paulada na China, outra em Israel, outra na Rússia, etc. OK?

Fazendo uma análise dos atletas da competição, achei interessante esta brasileira:


É a Jaqueline Carvalho, do volei. Ah, e a Ana Ivanovic estará presente!

(*) Está todo mundo tirando o maior sarro da minha cara porque eu pensava que o Galvão entendia muito de F1. Na verdade, eu é que não entendo patavina do dito esporte e fui enganado pelo homem do “Bem, amigos”. Peço desculpas pela ignorância crassa.

Hospedando Tolstói

Foram duas discussões bastante duras e Idelber Avelar abandonou minha casa ontem à noite. O primeiro desacerto foi documentado por meu filho fotógrafo. Vejam o flagrante abaixo:

Milton X Idelber

Peço desculpas a meus leitores por submeter-lhes a um “Onde está Wally?”, mas é o que temos. Mais ou menos no centro da foto, estou à direita de um cidadão de óculos e camiseta branca. Eu olho para um Idelber empertigado e indignado – ele é a única pessoa no estádio que não está voltada para o campo de jogo. A meu lado, no lado direito da foto, há um sujeito loiro, vestindo vermelho. Seu nome é Paul. Minutos antes de nossa acerba discussão, Paul tinha dirigido a palavra a mim:

– Eu te conheço, sou teu leitor. Tu és o Milton Ribeiro e foste da Verbeat para o OPS.

Isso não acontece todo o dia e confesso ter ficado envaidecido. Mui gentimente, agradeci e apresentei Paul a Idelber Avelar. Foi a apresentação que um cara modesto como eu (200 visitas diárias) faz de um überblogger (5.000 visitas diárias). Eu disse

– Paul, muito obrigado, fico até comovido. – E completei:

– Este é o Idelber Avelar, do Biscoito Fino e a Massa.

– Desculpe, não conheço. Não leio todos os blogs.

– Claro que conhece, Paul! – disse e pisquei para ele. – Ele tem 200.000 visitas a cada domingo… O nome do blog baseia-se numa citação de Oswald de Andrade “a massa ainda comerá o biscoito fino que eu fabrico” e ele…

– Comerá o biscoito? Hahahahahaha, tô fora, Milton, desculpa.

Ora, confesso ter sorrido; sei lá, talvez rido; alguém diria que tenha gargalhado. O fato é que Idelber indignou-se de tal forma que quase chegamos às vias de fato minutos após nosso primeiro encontro! A discussão foi tão ridícula e ociosa, que provocou risos no casal à esquerda da foto, cuja moça olha para o fotógrafo. Fomos impedidos de sair a socos e pontapés em plena arquibancada pela moça de enormes brincos e disposição ainda maior cuja cabeça impede que meus leitores possam ver meu cotovelo direito. Ela é campeã de Kickboxing e seu pézinho tem miraculosa mira. Ela acentuou a sensiblidade de partes delicadas do meu corpo. Paul sentiu-se tão culpado com o fato que publicou ontem um comentário em meu blog:

Olá Milton! Aqui fala o Paul, falei contigo no Beira-rio sábado. Cara, eu não entendi quando tu me disse o nome dele (provavelmente porque eu havia derrubado o copo de cerveja e estava tentando ver se havia dado um banho em alguém…), mas é óbvio que muito já li o blog do Idelber.
Eu acompanhava o teu outro blog pelos feeds da Verbeat, agora já vou incluir o “Ops” no google reader.

Grande abraço, e saudações coloradas!

Notaram o problema do rapaz? Dois dias depois ele vem a meu blog negar que desconhecia o obscuro Idelber (é óbvio que nunca passou nem perto do Biscoito). Bem, voltando aos fatos ocorridos no Beira-Rio: depois de lograrem acabar com as intenções assassinas de nosso professor, Paul e a menina dos brincos foram vistos rolando abraçados na rampa do Beira-Rio. Desconheço se ela viu o Biscoito ou apenas sentiu-o, mas espero que o Sr. Paul volte a nossa caixa de comentários com a finalidade de esclarecer o detalhe.

Ontem, Idelber Avelar voltou a se descontrolar. Manifestou exagerado ódio contra mim ao ver que eu ainda utilizava o Internet Explorer.

– Porra, pára de usar AGORA esta merda produzida pelo Bill Gates.

– Mas, Idelber, tu usas o Windows da Microsoft controlando o teu querido Firefox. Temos algo em comum, râni! – ao chamá-lo de Râni, tentava apenas demonstrar carinho.

– Conhecidos meus meu não usam essa porcaria, Milton. Instala agora o Fire! É mais rápido do que esta bosta que utilizas – sim, ele está tentando falar um gauchês plus. – Já faz vários anos que utilizo o Firefox. Ele é simplesmente o melhor navegador que já encontrei para meu Biscoito. Já utilizei Internet Explorer, Netscape, Opera, Konqueror e Safari mas nenhum deles satisfez minhas necessidades. Uso o Firefox por causa de suas extensões. Existe extensão para tudo, até para o Biscoito.

E saiu para fumar. Era uma da madrugada. Minutos depois, ouvi uma porta bater forte, como se comunicasse uma decisão aos que ficavam e procurasse deixar para trás seu mau humor. Não havia vento, porém a batida foi tão violenta que trouxe certo odor de tabaco. Ele não deve estar longe; afinal, deixou seus filhos lá em casa. Acabo de instalar o Firefox e termino este post para ir atrás do professor Idelber. Tenho certeza de que o encontrarei batendo papo com o gerente de alguma estação de trem. Levarei meu notebook e lhe mostrarei o Firefox instalado. Vai dar certo.

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O Papa acaba de acrescentar seis pecados aos conhecidos sete originais. É lamentável, pois ainda não estou inteiramente adaptado àqueles e o homem me aumenta o tema de casa.

1. Fazer modificação genética.
2. Poluir o meio ambiente.
3. Causar injustiça social.
4. Causar pobreza.
5. Tornar-se extremamente rico.
6. Usar drogas.

Os novos pecados dois a dois ou Gioco delle coppie (afinal, amo Béla Bártok):

2 e 6: Esses estão bem postos.
1 e 5: Poucos podem cometer o primeiro pecado e a Igreja Católica comete o quinto há séculos.
3 e 4: O terceiro e quarto serão fartamente utilizados pelos católicos do PT. Eles agradecem. Apenas eles.