Spica, a entrevista

Spica, a entrevista

Talvez alguns de vocês lembrem daquele post sobre o rádio Spica, meu amuleto futebolístico. Bem, eu colocarei o link como primeiro comentário. Ninguém é obrigado a ler todas as minhas bobagens, é óbvio.

Pois hoje fui entrevistado pelo SBT a respeito do rádio e das histórias que cercam o pequeno aparelho de 56 anos. Passamos desde a Samritzu, a fabricante japonesa que vendeu um milhão destes radinhos nos anos 60, pelas superstições de minha mãe — são incríveis –, pelos motivos que levaram minha família a ser toda colorada, pela final de 75 contra o Cruzeiro, pelas Libertadores e o Mundial e o conserto do rádio e seu “retorno triunfal” contra o Boca. Ufa!

Eu achei uma boa e divertida entrevista sobre um assunto bobinho. Vai ao ar num “Bom dia, Rio Grande” da semana que vem. Claro que a maior parte será cortada, mas foi um bom momento em que pude me distrair do mundo real.

Agradeço ao repórter Jeremias Wernek por ser tão leve e por ter feito voltar à tona partes boas de minha modesta biografia.

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A história resumida do glorioso rádio Spica

A história resumida do glorioso rádio Spica

O famoso rádio Spica é o brontossauro dos dispositivos de áudio portáteis de hoje e foi a ponta de lança da revolução dos transistores. O primeiro rádio portátil comercial foi o Regency TR-1 (1954), desenvolvido pela Texas Instruments. Este foi o primeiro dispositivo para o consumidor a usar transistores em vez das válvulas. Ao se tornar portátil, o rádio foi democratizado, causando uma virada na história das comunicações. Foi um grande avanço.

Originalmente, a fábrica que criou o Spica este rádio foi fundada em 1939, com o nome de JAPAN TRANSFORMER WORKS Co. Ltd., dedicada, como o próprio nome sugere, à fabricação de transformadores elétricos. Somente em 1945 mudou seu nome para SANRITSU ELECTRIC Co. Ltd.

A fabricação em série de rádios transistores da Sanritsu começou em 1955. A partir de dezembro de 1964, a fábrica produziu mais de um milhão desses receptores, sendo que o maior percentual de produção correspondeu ao modelo ST600 (fotos), que era exportado para todo o mundo.

O significado de seu logotipo, dois triângulos em vermelho estampados no mostrador cromado, correspondem às frequências de 640 Khz e 1.240 Khz, frequências atribuídas pelo governo norte-americano na década de 50 para transmissões especiais (ativação de alarme) em caso de guerra nuclear ou radiação perigosa neste campo. Em outras palavras, essas frequências não poderiam ser utilizadas ou interferidas por nenhuma estação e seriam utilizadas apenas em caso de ameaça nuclear para informar a população da eventualidade de uma ameaça atômica, tão preocupante e comum na época.

Esse sistema recebeu o nome de CONELRAD Controle de Radiação Eletromagnética -ou Eletrônica, (Controle Eletromagnético ou Eletrônico de Radiação) e foi instituído em 26 de março de 1951 pelo então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman. Ficaria sem efeito em 5 de agosto de 1963, sendo substituído por outros sistemas mais sofisticados até o final de 1994.

Este rádio foi originalmente projetado e fabricado pela Sanritsu Electronic Co do Japão. Recebia estações AM (moduladas em amplitude), ou o que na época se chamava de onda longa.

Por ser portátil, era muito utilizado, podia ser carregado para qualquer lugar e era muito comum ver torcedores nos campos de futebol com um “ouvidinho” (o antecessor dos fones de ouvido) preso na orelha.

Utilizava 4 pilhas AA e cobria a faixa de 535 a 1605 Khz. O equipamento era um produto de excelente qualidade, a recepção era muito boa e o som nítido. À noite, você podia ouvir emissoras do interior, além de várias do Uruguai e da Argentina.

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‘E o vento levou…’, Averbuck e outros tópicos

‘E o vento levou…’, Averbuck e outros tópicos

“Critico uma versão específica da política identitária que é performática em suas demonstrações de consciência social. Não gosto particularmente porque é um grupo muito inclinado a censurar, a atacar em bloco indivíduos. Odeio isso. Ao calar seus inimigos políticos, eles calam também o dissenso dentro da própria esquerda e é este dissenso que sempre fez a esquerda ser vibrante intelectualmente. São os questionadores que evitam que a ideologia se fossilize porque nos obrigam a repensar. Mas suas vozes foram caladas.”

Angela Nagle

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E o vento levou… (Gone with the wind) foi banido de um cinema em Memphis (Tennessee) por veementes protestos relacionados a questões raciais. O filme seria racista. Bem, na verdade é mesmo racista. Por outro lado, o site de pesquisas de opinião pública YouGov, fez uma pesquisa em 2014 e chegou à conclusão de que o filme é considerado “muito bom” ou “um dos melhores” por 73% por cento dos negros dos EUA. Outros 14% acharam o filme “legal, bacana” (“fair”). Só 13% desgostaram do filme e 0% disseram que E o vento levou é “um dos piores”. Ou seja, o racismo não chega a chocar ou prejudicar a avaliação do filme. São números.

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O fato que me chama muitíssimo a atenção é que — como acontece provavelmente no caso de Memphis — há pouco em comum entre alguns movimentos identitários e as populações que eles buscam representar. Há minorias que gritam estridentemente e são lidas como maioria, só que não são. O som que fazem parece ser audível apenas para seu gueto.

Há muito fanatismo nas redes sociais e o fanático não presta atenção a nenhuma complexidade ou nuance. Ele sai reclamando, se vitimizando e linchando. Como escreveu Amós Oz, “Nunca vi um fanático com senso de humor ou então alguém com senso de humor se tornar um fanático. Humor é a habilidade de rirmos de nós mesmos, e, quando podemos fazer isso, desenvolvemos uma noção de relativismo”. Eu jamais conseguiria imaginar um desses linchadores pró-ativos das redes rindo de seus enganos.

E cada vez mais tenho certeza de que certos movimentos falam só para si mesmos. É como se as pessoas ficassem asseverando e parabenizando uma a outra pelo fato de estarem do lado certo. Como Thomas Bernhard, formam um acúmulo de argumentos imoderados que às vezes fazem rir quem está de fora, mas que são capazes de destruir psicologicamente a vítima. São gritalhões desagradáveis a apontar fatos que podem até ser justos, mas cuja forma de abordagem parece inaceitável ao receptor da mensagem.

Dia desses, ouvi um sujeito dizer que não poderia publicar um elogio a uma carne que comera porque seus amigos veganos poderiam postar vômitos em resposta no Facebook. Ele tinha medo da minoria gritona.

O recente e lamentável fato do estupro de Clara Averbuck nos dá um caminho que não é geral, mas que serve de exemplo de uso de inteligência. Lá no fundo do cenário do caso, ficou bem distinta a dignidade de Clara ao não provocar um linchamento. Conheço Clara desde os tempos de glória dos blogs, ela tinha um muito louco e bom. Ela poderia fazê-lo, mas não divulgou o nome do escroto abusador e nem a placa do carro. Ao contrário, promoveu uma hashtag chamada #MeuMotoristaAbusador fazendo com que muitas mulheres narrassem os abusos sexuais que sofreram em transportes. Infelizmente, é muito comum e violento.

Ou seja, ao não dar o nome, foto e placa de seu agressor, Clara evitou a catarse de um linchamento militante cheio de ofensas e sem nenhuma direção que não seja a aniquilação do inimigo da hora — e onde até ela ficaria mal-vista em razão da batalha — para dar lugar a narrativas onde… Olha, aprendi muita coisa lendo os relatos.

Sobre E o vento levou… Um monte de gente que desconhece o filme deve estar assistindo-o só para procurar racismo nele. Certamente vão encontrá-lo, mas passarão boas horas vendo um filme de narrativa envolvente. No futuro, lembrarão mais dela. Sim, a realidade é cruel, mas cumpre respeitá-la.

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Ensinando a roubar livros

Ensinando a roubar livros

Em minha opinião, o roubo de livros é uma atividade adolescente, no máximo universitária. Um ladrão de livros com mais de 23 anos é um sujeito digno de lástima, a não ser que não tenha absolutamente dinheiro para obtê-los. O amor aos livros justifica o erro e esta atividade deve ser coibida pelo livreiro com compreensão, até com carinho por seu futuro cliente. Roubei muitos livros na época em que tinha entre 15 e 22 anos. Quando chegava em casa, escrevia meu nome e a data, acompanhado da misteriosa inscrição “Ad.”, de adquirido. Nunca me pegaram. Hoje tenho 59 anos e nem penso mais nisso. Porém, já fui um ladrão de livros. Comecemos pela ética da coisa e depois vamos às instruções.

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Nunca roubarás as pequenas livrarias. Pois as pequenas livrarias foram feitas para a amizade, para as conversas e não combinam com atitudes detetivescas. Também não se rouba onde é fácil demais e onde o livreiro atende o cliente pessoalmente. Além do mais, roubar uma pequena livraria é colaborar com a proliferação das megalivrarias, estabelecimentos sem personalidade, de atendimento impessoal e onde grassa a ignorância a respeito do próprio acervo. Não se roubam livreiros que sobrevivem com dificuldade.

Nunca roube, a não ser que sejas estudante ou estejas desempregado. Roubo de livros não combina com salário e cleptomania. O roubo de livros deve nascer de uma necessidade absoluta de literatura ou informação, de um imperativo interno que esteja catalogado no CID.

Nunca olharás em torno. O fundamental, para quem pretenda atuar nesta área, é manter o ar casual. É como colar numa prova. Se, durante uma prova, você abre sua bolsa para pegar um lápis, você não olha para o professor. Se você for colar, aja com a mesma naturalidade. Não olhe para os lados, não observe onde o professor está — evite, é claro, fazê-lo com ele a seu lado –, pois se você se comportar como um periscópio de submarino, o inimigo irá observá-lo.

Nunca venderão livros onde vendem mondongo. Na minha época, a vítima principal de meus roubos era um supermercado. Vender livros em supermercados… Vender livros ao lado de azeitonas, bifes de fígado, mondongo e alvejante é algo que desmerece a literatura e, se nossas leis fossem inteligentes, tal absurdo seria proibido. O roubo era simples, mas envolvia alguns gastos. Eu pegava o livro na estante e me dirigia com ele à lancheria. Levava o livro como quem não quer nada, como se fosse seu dono. Lá, sentava-me e pedia qualquer porcaria, de preferência gordurosa. Enquanto esperava, pegava minha caneta e iniciava a leitura. Quando passava por uma parte interessante, sublinhava-a; se houvesse algo engraçado, desenhava uma carinha rindo; se triste, uma cara triste. Na última página, escrevia um número de telefone, como se ontem estivesse em casa com meu livro sem um papel para anotar e tivesse anotado na última página da coisa mais à mão, meu livro. Outra coisa importante que fazia era ler girando a capa até a contracapa, segurando o livro com firmeza, de forma a marcar a lombada. Fazia isso em vários pontos até a metade do volume. Sim, exato, você o deixará usado! Depois, é só sair do super com o livro na mão, naturalmente, à vista de todos.

Nunca terás pressa. Havia outras livrarias que colaboraram para meu acervo da época. Nelas, o método era outro. Sabemos que um bom leitor, utiliza seus livros como objetos transicionais; ou seja, ele leva seus livros aonde vai, da mesma forma que uma criança leva seu bichinho, travesseirinho de estimação, sentindo-se mal se ele não está próximo. Então, entrava na livraria sem pressa e pegava um livro. Caminhava lentamente mais ou menos 1 Km dentro do salão. Se alguém o estivesse observando, certamente cansaria. Lá pelo meio da jornada, colocava o livro a ser surrupiado junto do livro que trouxera, o objeto transicional. Caminhava mais 1 Km dentro da livraria. Chegava a cansar de ser dono daquele livro. Saía calmamente. Ficava um bom tempo na porta da livraria examinando os lançamentos, parava na frente da vitrine, demonstrava segurança, espezinhava o medo. Depois disso, podia ir para casa.

Nunca deixarás de examinar todas as variáveis à luz da tecnologia de nossos dias. Como já disse, não estou mais em idade de cometer tais pequenos crimes. Portanto, estou desatualizado e desconheço o método correto. Posso apenas sugerir posturas. As megalivrarias tem aquela coisa magnetizada ou com chip que acompanha o livro. Aquilo tem de ser anulado ou retirado. Estará a juventude de hoje destinada a pagar por todos os seus livros? E depois falam em incentivo à leitura! Olha, talvez não seja necessário pagar sempre. Há que anular o troço, talvez até arrancando a geringonça do livro. Pergunta: se você colocar o objeto de desejo dentro de uma bolsa, entre papéis ou de alguma forma tapado, mesmo assim acordará o alarme no momento da saída? Sim, o risco é imensamente maior e nem imagino o que os homens da segurança farão com você. Outro jeito é usar a ciência e desmagnetizar a coisa. Leve ímãs, leia a respeito, pesquise. Como esses livrarias são grandes e às vezes têm cafés, você pode avaliar com tranquilidade os riscos e a forma mais adequada de ler o próximo Thomas Pynchon. Todos nós já vimos como o caixa realiza a mágica de desmagnetizar; ele apenas adeja algo semelhante a um limpador de discos de vinil sobre a contracapa do livro. O que é aquilo? Concordo, é uma merda, haverá menos romantismo e mais aventura.

Nunca roubarás pockets. Sabemos que o preço do livro no Brasil é escandaloso. Para solucionar o problema, a L&PM começou a comercializar pocket books. Outras a imitaram. É uma coisa boa. Não, meu amigo, roubar esses bons livrinhos de menos de R$ 20,00 é pecado e, se você o fizer, merecerá o patíbulo.

Nunca negarás o empréstimo de livros. Um dos lugares-comuns mais ridículos que as pessoas dizem é “Não empresto meus livros”; verdadeiro clichê de quem não gosta e não confia nos amigos. Estes merecem o açoite. Imaginem que já emprestei até meu Doutor Fausto! Um livro lido e posto numa estante até o fim de seus dias é um livro que agoniza por anos. Comprar e nunca ler é fazer do livro um natimorto. Mas o pior são os do outro lado: aqueles que efetivamente não devolvem os livros tomados por empréstimo, justificando a atitude paranoica do primeiro. Patíbulo, novamente.

Biblioteca-Quadro

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Site norueguês obriga leitores a mostrar que leram os artigos antes de os deixar comentar

Site norueguês obriga leitores a mostrar que leram os artigos antes de os deixar comentar

Do Publico.pt

O NRKbeta quer manter na sua caixa de comentários discussões produtivas e construtivas. Para isso, quem quiser comentar (alguns) artigos tem de responder a três perguntas antes de entrar no debate.

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O site tecnológico da empresa pública de rádio e televisão da Noruega, a NRK, pôs em prática, no último mês, uma nova forma de controlo da utilização feita das suas caixas de comentários. E os efeitos já se começam a sentir.

Há duas semanas, o NRKbeta publicou uma peça explicativa sobre a proposta de lei que visa a vigilância digital na Noruega. Apesar de o tema ser controverso e capaz de iniciar discussões inflamadas, os comentários ao texto mantiveram-se cordiais e construtivos, com vários links de pesquisas ou livros a serem sugeridos, relata o NiemanLab. Ora, o NRKbeta diz que a qualidade do debate se deve ao novo mecanismo aplicado a quem pretende escrever um comentário no seu site.

Em alguns artigos, os leitores que quiserem comentar terão de responder a três questões básicas de escolha múltipla sobre o próprio texto. O objectivo é confirmar que os leitores tenham realmente lido a história antes de os deixar intervir.

“Nós pensamos que deveríamos fazer a nossa parte e tentar garantir que as pessoas estão em sintonia antes de comentarem. Se toda a gente concorda que é isto que o artigo diz, então têm uma base muito melhor para o comentar”, afirmou ao NiemanLab, Stale Grut, jornalista do NRKbeta.

O jornalista e o director do site, Marius Arnesen, explicam que o NRKbeta é uma das poucas secções da NRK que oferece uma caixa de comentários aos leitores, criando uma comunidade fiel que normalmente têm conversas positivas. No entanto, algumas histórias atraem leitores que não são assíduos e as discussões resvalam.

Começando a pensar numa estratégia para tentar controlar o tipo de conversas que possam surgir, a redacção planeou esta espécie de quiz porque, assim, pelo menos garantia-se que os leitores tinham realmente lido o texto, possuindo assim a mesma base para a discussão. “Estamos a tentar estabelecer uma base comum para o debate”, diz Arnesen ao NiemanLab. “Se vais debater alguma coisa, é importante saber o que está no artigo e o que não está no artigo”.

Por agora, apenas alguns artigos trazem consigo as questões para os leitores, até que se comprove que realmente resulta. Se se provar a utilidade deste sistema, o quiz, que é criado pelo autor do texto, pode ser estendido a todas as histórias.

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Aconselhamento de casais: o último pingo é necessariamente das cuecas?

Aconselhamento de casais: o último pingo é necessariamente das cuecas?

Uma leitora de nosso blog — autodenominada “Nojentinha” — observou atentamente seu marido quando este entrou desnudo no quarto. Recém saído do banheiro, ele se deitou ao lado dela. Ela então viu que na ponta do seu pênis havia uma gotinha de cor amarela. Pior, havia pentelhos polvilhados de gotículas de mesma coloração. Houve choque, gritos, rejeição. O pobre homem foi chamado de nojento, assim como toda a raça masculina — a nossa, imaginem. Sem dúvida, um sério problema matrimonial. Ela me pergunta se tais fatos são normais na vida de casal.

Ora, Nojentinha, infelizmente minha resposta é SIM. Trata-se de um simples problema hidráulico. Imagine uma mangueira com um dos lados fechado. Não adianta atirá-la para todos os lados a fim de que a água saia. Não funciona nem para o mangueirão do jardim nem para a mangueirinha de seu marido.

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Então você provavelmente perguntará: se o porco do meu marido não consegue livrar-se dos pingos logo após a mijada libertadora, por que eles molharão a cueca dali a alguns minutos?

A explicação é simples: a coisa é lenta, Nojentinha. Na medida que algum mililitro (ml) de líquido seja reabsorvido pela uretra marital (ou na medida em que o líquido evapore), estará criada a condição para que o pingo seja substituído pelo ar. Então, quando o pênis ficar em determinado ângulo favorável à entrada de ar, o pingo marital, amarelo e brilhante, pingará sobre a cueca. É tão inevitável quanto a mangueira de seu jardim, que fica mijona após alguns minutos.

Há duas soluções: (1) o seu marido permanecer no banheiro aguardando por todos os pingos ou (2) troque-o por uma mulher.

Os leitores que desejarem outros esclarecimentos sobre a vida adulta podem usar a caixa de comentários. Eu explico tudo.

Ele pode ser maravilhoso, mas vai pingar sua Mash.
Ele pode ser maravilhoso, mas vai pingar sua Mash.

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Mark Zuckerberg vai doar mais de US$ 3 bi para ciência médica

Mark Zuckerberg vai doar mais de US$ 3 bi para ciência médica

Ateu assumido, Mark Zuckerberg informou que vai doar mais de US$ 3 bilhões a pesquisas para curar, prevenir ou tratar doenças. Ele é o homem mais rico do mundo. Ele também garantiu que deverá doar 99% de sua fortuna para entidades científicas.

O presidente-executivo do Facebook fez o anúncio ao lado de sua mulher, Priscilla Chan.

A doação ocorrerá por intermédio da fundação Iniciativa Chan Zuckerberg.

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Nesta item, Zuckerberg imita Bill Gates, que também doa carradas de dinheiro para entidades filantrópicas e científicas. Imaginem isso na Brasil… O dinheiro ficaria em algum paraíso fiscal, hábito comum de nossas elites, tão pobres do ponto de vista mental. Ou, talvez fossem para uma igreja… Aqui, nem as artes se beneficiam da grana que enche seus bolsos.

Os primeiros US$ 3 bilhões de Zuckerberg se destinarão a um centro de pesquisas de biociências e a planos de um chip para diagnosticar doenças, monitoramento contínuo da pressão sanguínea e um mapa de tipos de células do corpo.

Zuckerberg também tem feito doações de incentivo à educação, como a de US$ 500 milhões em 2012.

Pelo ranking da Bloomberg, Zuckerberg tem uma fortuna estimada em US$ 56,8 bilhões.

Nos Estados Unidos, ele também lidera a lista dos filantropos.

Com agências.

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Há grande concentração de Pokémons na Redenção…

Há grande concentração de Pokémons na Redenção…

Na última sexta-feira, eu e Elena estávamos atravessando a Redenção em direção ao Guion Cinemas quando vimos um enorme grupo parado no jardim japonês. Havia grande silêncio, o que fazia com que parecessem zumbis. Perguntei que faziam e me disseram que o motivo era que ali havia uma grande concentração de Pokémons. Todos estavam de cabeça baixa, observando seus celulares, caçando os pobres bichinhos. Jamais imaginei ver isso e tirei umas fotos bem ruinzinhas com meu celular. Um amigo disse: “Pelo menos não estão rezando”. Olha, sei lá se não estão. Outro conhecido me disse que o mesmo ocorre no Campus da UFRGS, no Vale.

Redenção caçando Pokemon 1

Redenção caçando Pokemon 2

Redenção caçando Pokemon 4

Redenção caçando Pokemon 3

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Facebook, 10 anos e mais de 1 bilhão de usuários

Facebook, 10 anos e mais de 1 bilhão de usuários
Atrás apenas do Google e da Amazon, por ora | Foto: Facebook/ Diulgação
Atrás apenas do Google e da Amazon, por ora | Foto: Facebook/ Diulgação

Publicado em 8 de fevereiro de 2014 no Sul21.

O Facebook, um vício irremediável, lançado em 4 de fevereiro de 2004, tem o mesmo número de usuários que a internet toda tinha em 2007. Em âmbito mundial, o Facebook já ultrapassou o número de 1 bilhão de usuários.

Traçando um paralelo simplório — pois desconsidera os perfis de empresas e de outras organizações — , diríamos que 14% da humanidade tem conta no Facebook. Proporcionalmente, o Brasil foi o país que mais deu usuários a Mark Zuckerberg nos últimos anos. O país saltou de 35 milhões de usuários em 2011 para 76 milhões. Mais da metade acessa pelo celular. Todos os dias, 61,4% dos usuários que residem na América Latina conectam-se à rede social. Isso representa uma audiência de 47 milhões de brasileiros, 28 milhões de mexicanos e 14 milhões de argentinos, porcentagem é significativamente mais alta que a média dos outros países.

Atualmente, o Brasil está na terceira colocação em número de usuários, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Índia (41,3). Se o Facebook fosse um país, seria o segundo mais populoso do mundo, empatado com a Índia e apenas atrás da China, tendo ultrapassado de longe os Estados Unidos da América com seus 310 milhões de habitantes. Recentemente, o valor da empresa foi avaliado em mais de 100 bilhões de dólares, ficando atrás apenas do Google e da Amazon dentre as empresas da Internet. Mark Zuckerberg, principal proprietário da rede social, tem uma fortuna avaliada em 16,8 bilhões de dólares.

Nesta semana, a empresa lançou um novo e bonitinho produto. Como aos dez anos de idade já dá para ser nostálgico, o Recorde Momentos cria um filme com trilha dramática cheio de fotos animadas do indivíduo desde que este entrou na rede social, também mostra as postagens mais curtidas, os melhores amigos, etc. Foi a forma encontrada pela empresa para que os usuários participassem da festa dos dez anos. Ainda que pareça meio emocionado demais.

Recorde momentos:

Parte do pacote de aniversário

Parte do pacote de aniversário
Para saber das últimas, Facebook! | Fonte: FreePik

As razões do sucesso

Se o Google serve como plataforma de pesquisa, se o Twitter é rápido em suas frases e links e se o YouTube aos vídeos, principalmente os de entretenimento, o Facebook dá um importante retorno emocional a seus seguidores.

Estes veem seus pequenos textos e opiniões aprovadas, veem fotos de amigos sumidos, batem papo um com o outro ou em grupo, formam grupos por interesse, pesquisam sobre os amigos dos amigos (“quem será essa pessoa?”) acompanham se aquela(e) amiga(o) está tendo um “relacionamento sério” com outrem (analisamos quem é e examinamos as fotos, se tivermos permissão), reagem quando um destes status se altera (às vezes com alegria, outras vezes com inveja ou ódio), ficam preocupados com a falta de uma resposta (“será que ele(a) não se conecta ou não deseja responder?”), compartilham imagens e textos entre os amigos (“gostei tanto daquilo que meu amigo escreveu que repassei a todos os meus seguidores”) e bloqueiam seus desafetos (“para que ela(e) não saiba nada de minha vida!”).

Surgem com grande frequência notícias que relacionam o site com fatos que parecem saídos de revistas de fofocas do gênero a-mulher-que-descobriu-que-o-marido-já-era-casado ou pai-descobre-filhos-desaparecidos-há-anos, mas o site — concebido justamente para utilização pessoal — também passou a ser utilizado com finalidades políticas e pelos jornais que buscam interatividade com seus leitores e divulgam suas notícias.

A tela de abertura do Facebook original

Mas antes um pouco de história. O Facebook foi um sucesso instantâneo. Mark Zuckerberg, juntamente com Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, fundou o “The Facebook” enquanto frequentava a Universidade de Harvard. Era 4 de fevereiro de 2004 e, até o final do mês, mais da metade dos estudantes da Universidade foi registrada no serviço. Então Zuckerberg partiu para a promoção do site e o Facebook ficou disponível também para a Universidade de Stanford, Columbia e Yale. Esta expansão continuou em abril de 2004 com as universidades de Cornell, Brown, Dartmouth, Pensilvânia e Princeton. Logo foi aberto para fora do ambiente universitário e… Bem, o número de usuários chegou ao primeiro milhão em dezembro de 2004, apenas 10 meses após a fundação.

O serviço é gratuito e a receita é gerada por publicidade, incluindo banners, destaques patrocinados na coluna de notícias e grupos patrocinados. Os usuários criam perfis que contêm fotos e listas de interesses pessoais, trocando mensagens privadas e públicas entre si. As pessoas e empresas que estiverem interessadas em serem vistas na timeline de usuários escolhidos por profissão, interesses, região etc., podem pagar uma módica quantia que Mr. Zuckerberg divulga a eles. A visualização dos perfis detalhados dos membros é restrita a amigos confirmados e para membros de uma mesma rede, conforme as opções de privacidade. Há também opções de jogos. Trata-se de uma receita aparentemente perfeita e que faz com que cada usuário tenha uma média de 200 amigos e permaneça cerca de 750 minutos por mês no site.

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O salto supersônico de Baumgartner

O salto foi de uma altura de 39.045 metros, uma paisagem realmente vertiginosa (desculpem, desculpem). Felix Baumgartner, 43 anos, saiu de dentro de uma cápsula que fora içada por um imenso balão. De lá, ele saltou e acelerou até chegar a 1.342,8 km/h, ultrapassado a velocidade do som, batendo os recordes anteriores. O salto supersônico de Baumgartner é sensacional.

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Dia Internacional da Mulher: "Máquina de lavar fez mais pela mulher do que a pílula", diz Vaticano

No ano passado, em pleno Dia Internacional da Mulher, o Vaticano fez publicar em seu jornal um artigo de extrema sensibilidade, pois parte da indiscutível posição de que a mulher é quem deve lavar a roupa… Como achei o artigo cômico em seu preconceito, guardei-o por um ano entre meus “Favoritos”. Ele está copiado abaixo.

Por outro lado, a data de hoje serve para celebrar os avanços sociais, econômicos e políticos alcançados pelas mulheres. Escrevo isso e penso na empregada aqui de casa: casou-se aos 12 anos com um homem de 27, teve uma filha aos 14. Dias atrás, aos 23, tentava se separar mas era ameaçada, física e materialmente, pelo marido. Tratamos de aconselhá-la — advogados, delegacia da mulher, justiça gratuita, tudo — , enquanto ela seguia sendo perseguida pelo sujeito, e contava horrores. O advogado da Defensoria Pública disse que chamaria não apenas o cônjuge como seus pais e o mundo, pois como é que fora autorizado um casamento aos 12 anos? Resultado: ficou assustada, demitiu-se aqui de casa e voltou para o marido. Sim, ainda há um longo caminho a ser percorrido.

-=-=-=-

O jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, publicou artigo neste fim de semana no qual afirma que a máquina de lavar talvez tenha feito mais pela liberação da mulher no século 20 do que a pílula anticoncepcional ou o acesso ao mercado de trabalho. A declaração faz parte de um artigo em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

O artigo é intitulado “A Máquina de lavar e a liberação das mulheres –ponha detergente, feche a tampa e relaxe”.

“O que no século 20 fez mais para liberar as mulheres ocidentais?”, questiona o artigo, escrito por uma mulher. “O debate é acalorado. Alguns dizem que a pílula, alguns dizem que o direito ao aborto, e alguns [dizem que] o direito a trabalhar fora de casa. Alguns, porém, ousam ir além: a máquina de lavar.”

O texto então conta a história da máquina de lavar, desde um modelo rudimentar de 1767 na Alemanha, até os modernos equipamentos com os quais a mulher pode tomar um capuccino com as amigas enquanto a roupa é lavada.

O artigo cita as palavras da feminista americana Betty Friedan, que, em 1963, descreveu “o momento sublime de poder trocar a roupa de cama duas vezes por semana em vez de uma só”.

Segundo o texto, embora os primeiros modelos fossem caros e pouco confiáveis, a tecnologia evoluiu a tal ponto que há agora “a imagem da super mulher, sorrindo, maquiada e radiante entre os equipamentos de sua casa”.

Da Reuters, Cidade do Vaticano.

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Kindle, o fim do livro

OK, o título é pura provocação, não acredito nisso. As previsões são previsões, como diria Gertrude Stein. A Folha de São Paulo que o diga. Vejam uma página de tecnologia que o jornal publicou em 1996 e que foi garimpada pelo Tiago Dória:

Muitos já anunciaram o fim do rock, do romance, de um monte de coisas, mas tudo o que mexe com paixões são complicadas de matar. As únicas coisas que efetivamente acabaram foram a privacidade e o cinema de primeira linha. A nova moda é proclamar o fim do livro e a grande novidade é que tal morte é apoiada por boa parcela dos ecologistas, os quais falam nas vantagens de se produzir menos papel. Só que, como sabemos, os ecologistas não contam. Como em Copenhagen, quem decide é o mercado.

Não adianta. Eu gosto de livros. Eles existem há séculos, bem mais do que os disquetes que ainda insistem em aparecer em minhas gavetas e que têm quanto? 10 anos? Creio que o formato convencional acabará junto com o mundo, mas, neste ínterim, dividirá o espaço com os e-books.

O que é Kindle? É isso aqui:

É um aparelho criado pela Amazon que tem como função principal ler e-books (livros digitais) e outros tipos de mídia digital. O Kindle 3 lê também jornais, os mais famosos blogs dos EUA, toca mp3 e faz o diabo. É como os celulares de hoje. Pode armazenar uns 1500 livros em formato pdf ou Kindle, mas isso depende, claro, do tamanho da memória. Dizem que a luz ambiente não interfere na leitura, que podemos sublinhar e anotar nossos pitacos no texto, que tudo é maravilhoso — só faltaria o cheiro do livro — e que serão riscados da face da terra os jornais em papel, os livros, etc.

Como se publica um livro? Simples. Manda-se um arquivo para a Amazon e ele te devolvem no formato Kindle sob um módico pagamento. Como colocar à venda? Não sei, mas é óbvio que é só pagar mais à Amazon para fazer também isso.

Já há Kindles com conexão à internet — permanente ou não — , o que permite a compra de livros eletrônicos sem passagem por nenhum PC. Claro, os Kindles um dia terão as funções de um PC e talvez até possam ser guardados dentro dos saltos de nosso sapatos, apesar de que não vejo grande utilidade nisso. Os livros vendidos pelas editoras através da Amazon custam em média US$ 9,99 cada um e, se eu quiser disponibilizar meu blog lá, custaria US$ 1,99 mensais ao leitor, sendo 2/3 para eles e o resto para mim. Um jornal pode ser entregue diariamente no Kindle por US$ 2,99 mensais.

Será mais um gadget caro. Alguns o considerarão vital a ponto de verem ameaçadas suas contemporaneidades quando o vizinho comprar um Kindle que mostre séries de TV americanas ou que substitua o celular e o liquidificador. Já pensaram um que escolha a música conforme a leitura? Eu já estou esperando o Kindle câmara de vídeo com a finalidade de fazer estudos lombrosianos de comparação entre quem lê Kafka e quem vê House. Ou entre quem lê Paulo Coelho e Thomas Bernhard, sei lá.

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Um pouco de inteligência a fim de mudar comportamentos

Uma escada piano:

Uma lixeira sem fundo:

O jogo das garrafas plásticas:

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O peso relativo das palavras no Judiciário

Digamos que as palavras tenham seus pesos determinados não por sua densidade ou consistência, nem por sua massa multiplicada pela aceleração da gravidade, mas pela quantidade de leitores atentos que elas possam obter durante sua vida útil. Peço aos meus sete leitores que comparem a “perenidade dos livros” com o número de pessoas paradas e atentas em frente a um dazibao. Se, após editado, uma palavra dentro de um livro obtiver 500 leitores que passarão os olhos por ela e a compreenderão, ela terá peso menor que outra, chinesa, que terá 10.000 leitores no jornal mural chinês e que amanhã será substituída por outra. Aqui, neste texto, não me interessa a beleza ou a razão, mas o número de leitores compreensivos — adjetivo que uso na acepção que Herbert Caro utilizava em nossas manhãs musicais de sábado na King`s Discos, onde compreensivo era o intérprete ou tradutor que demonstrava empatia para procurar sempre entender o autor. Deste modo, uma palavra dita no rádio para 50.000 ouvintes também teria peso superior a de qualquer palavra escrita por um bom e ignorado escritor brasileiro.

Curioso, este assunto me ocorreu quando estava na presença de um psiquiatra forense. Tive duas sessões com ele, cada uma de quase três horas. A finalidade era a de saber se eu poderia obter a guarda de minha filha, ou seja, a de saber se eu era louco ou não. Sua opinião foi muito benigna a meu respeito e, ao final da segunda sessão, ele me comentou que achara meu processo confuso e mal montado. Montado? Ele me explicou que num processo o mais importante é a montagem e o motivo era simples. Os juízes não liam os processos, apenas davam davam um “vistaço”. Vistaço? Ah, sim, folheavam os processos, liam os títulos, algumas frases de um ou outro item e decidiam. Como? Ora, através da experiência. Os juizes então liam os processos como lemos um livro que estamos detestando, mas do qual, meio de má vontade, queremos vagamente descobrir o final? Sim, só que eles não avaliam a qualidade, apenas têm pressa.

O ambiente psiquiátrico é dos mais civilizados que conheço. Peço desculpas a meus amigos terapeutas, mas aquilo é pura diversão para alguém que nunca precisou de tratamento. A gente vai lá e tem uma boa conversa com um sujeito especializado em conviver e manipular, fazendo-nos mudar de assunto ou penetrar em coisas que nem sempre apreciaríamos, mas que ali, bem, ali vale tudo. É como uma dança. O terapeuta faz uma forcinha para um lado sugerindo uma mudança de rumo ou ritmo e nós vamos atrás; se quisermos comandar, vamos ter de enganá-lo ou convencê-lo, tarefa bem complicada, pois ele tem interesses muito definidos e normalmente dá mais importância à nossa insistência em comandar do que ao conteúdo que desejamos introduzir. Sempre saí leve das poucas consultas que fiz, pois era agradável ser “levado” numa dança em que tudo o que não precisara fazer era pensar. Deixava-me ser manipulado e gostava. Mas aquilo que ouvira era demais! Por isso, mudei de posição na cadeira e comecei a questionar. A partir do momento em que ele dissera que eu não era doido varrido e não daria muito dinheiro às pessoas de sua profissão (sim, ele O disse), eu, bem, poderia me mostrar ao natural… Então, resumindo, o processo tem de ter bons títulos, que fossem sedutores ou escandalosos o suficiente para chamar a atenção do apressadinho? Sim, claro. E letras bem grandes? Evidentemente. E os textos deveriam ser curtos e grossos? You got it.

Naquele momento, eu descobri duas coisas: (1) que perderia um outro processo e (2) que qualquer advogado de inteligência mediana saberia que não adianta escrever laudas e laudas citando Pontes de Miranda, Ortega y Gasset e milhões de artigos perdidos na teia de fios em curto circuito do “sábio legislador”, quando o melhor seria a abertura de um processo twitter, que receberia inclusive a simpatia de um incompreensivo (ainda na acepção de Caro) juiz.

Cheguei em casa e liguei para meu advogado. Perguntei-lhe quantas páginas ele escrevera (um monte!), o tamanho da fonte (10, imaginem!) e o número de títulos de itens (poucos). Stendhal dizia ironicamente que sonhava escrever como um advogado, pretendia que seus livros saíssem direto do cartório para o prelo, pois admirava a exatidão jurídica — hoje nem lida… Ali, as palavras eram exploradas em seu preciso significado, as metáforas estavam varridas, mas Stendhal, o imenso, seco, esquecido e genial Henri-Marie Beyle, faleceu em 1842, estamos quase dois séculos adiante e, apesar de os advogados tentarem manter a utilização de palavras etimologicamente corretas… hoje escrevem para não serem lidos.

Então, quando anunciam como grande coisa a informatização do Poder Judiciário, com a eliminação daquelas montanhas de processos, só posso pensar que é um caminho naturalíssimo. Há milhões de processos mal analisados atravancando as salas e agora tudo ficará registrado, e não lido, em discos rígidos. Ah, mas os juízes terão acesso mais rápido aos textos? Pode ser, porém você tem de considerar o novo suporte.

Os monitores e as janelas têm características físicas que favorecem o Reino da Desatenção que é a Internet. Tudo no computador favorece o “scanning”, a busca de palavras-chave ou trechos de interesse. Há a ansiedade da informação, há a janela em background piscando ali embaixo, tudo é difuso. Como diz este interessante site, Manifesto contra a leitura desatenta, a leitura rápida é útil, mas só leitura rápida é fútil. Eu reformularia a frase do Fred, só que a rima iria para o saco (expressão impensável juridicamente — a que saco Vossa Senhoria se refere?). A leitura não será como a do músico que lê a partitura em clusters (conjuntos, pencas) de notas conhecidas e que as toca todas. A qualidade do “vistaço” será menor ainda nos vídeos, pois a ele associa-se a pressão das janelas abertas e do fazer tudo ao mesmo tempo agora.

Então, meus caros advogados, eu sugiro que vocês deem peso a suas palavras treinando no twitter. Ou que tuítem direto com os juízes. Claro que estou brincando. Mas acho mesmo que o sucesso do twitter deve-se à diluição da atenção provocada pelo suporte onde trafegam textos que são só mais ou menos lidos. 140 caracteres é um bom número para um “vistaço”.

Obviamente, tudo isso NÃO passou pela minha limitada cabeça enquanto estava sentado na frente do psiquiatra forense, até porque, ainda que estivesse arguindo, estava com resquícios daquele clima bom de dança. Todavia, fiz-lhe as perguntas decisivas, aquelas duas óbvias, as que não iriam calar. Como então eles decidem? Ora, pelo senso comum, sem atentar a detalhes. Essa era a resposta que temia ouvir e suas consequências nefastas dariam assunto para vinte posts. Poderia abrir um curso para advogados, pois o peso, a importância de suas palavras será diretamente proporcional à aderência, fingida ou não, ao senso comum. Quem estiver mais perto de nossa tradição cultural, de nossos costumes e do Programa Raul Gil irá vencer. Meu curso prometeria aos advogados que suas palavras teriam o insustentável peso de uma palavra de juiz. E fiz-lhe a outra pergunta. Juízes fazem psicanálise? Sentem-se culpados? Eu achei que ele apenas riria e já até olhava para um canto qualquer quando ele, rindo muito, cruzou as pernas e respondeu com uma frase avassaladora. Não precisam, a maioria vai à igreja.

Eu não era louco, mas me deu um desejo incrível de morder o pé do psiquiatra, que balançava satisfeito, disponível, bem na minha frente, divertido.

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Comprovado! Bach tinha um pé na África!

… por isso, tanto ritmo, pulso e malemolência.

BERLIM (Agência Estado) – A antropóloga escocesa Caroline Wilkinson reconstruiu digitalmente o rosto do compositor alemão Johann Sebastian Bach, a pedido da Casa Museu de Bach, com sede em Eisenach (centro da Alemanha), com uso de técnicas digitais e legistas. Os resultados de sua pesquisa, que serão apresentados na segunda-feira em Berlim, relacionam os dados obtidos de retratos, medições de seu crânio e da máscara mortuária do músico (1685-1750).

Duas dúvidas:
1. Se será apresentado segunda-feira, por que as fotos já estão aí?
2. Esse Bach tá mais para gospel do que pruma boa missa luterana, não?

Obs.: Roubei a imagem acima do Hermenauta.

E, mudando de assunto, embriague-se com a finesse da revista Veja na despedida de Fidel. Seguem as lições de mau jornalismo: “Fidel se desmancha lentamente dentro daquele ridículo agasalho esportivo”. É tudo uma questão de contexto – no caso de Veja, de descontextualização: o que nos pareceria bom num conto de horror de Horacio Quiroga, aqui é autêntico jornalismo de esgoto.

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