As 15 piores capas de discos eruditos de todos os tempos

As 15 piores capas de discos eruditos de todos os tempos

A Gramophone elegeu as piores capas de discos eruditos de todos os tempos.

~ 1 ~

A vencedora foi esta, com a legenda que será compreendida por quem conhece Os Planetas, de Holst: “Westminster Gold, the bringer of insanity”.

~ 2 ~

O segundo lugar foi esta capa onde Birgit Nilsson parece estar fugindo do massacre da serra elétrica. A revista colocou a seguinte legenda: “As if Salome wasn’t dramatic enough”.

~ 3 ~

Não dá para saber se esta é propaganda de esmalte, de alongamento ou se é música. O que tem a ver a Dvořák com… pés? Bem, ele os tinha. Eu também tenho e provavelmente você que me lê também. Quem sabe aquele Dvořák no topo tenha sido um erro de impressão?

~ 4 ~

Esta é genuinamente assustadora. O halo ao redor do cabelo de Sylvia Sass e a expressão em seu rosto evocam “Carrie, a Estranha”. As canções de Strauss são ótimas, mas, como também tem Wagner, não sei se me atreveria a chegar próximo o suficiente para ouvir o disco.

(Elena diz que esta é a expressão de quem olha para a partitura de Strauss pela primeira vez).

~ 5 ~

O disco é excelente. Tenho aqui em casa. Apesar da falta de nosso sotaque, tem alto nível artístico, só que a capa…

Michael Tilson Thomas aparece como algo entre Ace Ventura e Monty Python. O colorido, a folharada, a arara no braço, a cara de Rambo de quem parece não estar gostando muito do dia de folga — talvez pensando numa queimada. Uma verdadeira Arma Brasileira em tempos pré-bolsonaristas.

~ 6 ~

O megabrahmsiano Al Reiffer talvez dissesse que Brahms é alimento essencial para a alma, mas esta metáfora ficou um tanto deselegante na mão do capista. Ovos, bacon e Brahms. Bach seria a cerveja da alma? (Ele era cervejeiro, para quem não sabe). Eu, como chocólatra, fico pensando que compositor representaria a delícia maior.

Mas derivo. Curtam esta linda capa.

~ 7 ~

A escolha desta capa só pode ser compreendida por ingleses. A capa não é horrível, mas a caracterização bíblica de Bryn Terfel remete, para nove dentre dez ingleses, ao filme “A Vida de Brian”, do Monty Python.

A revista diz que Terfel parece um figurante que fugiu do filme… Para piorar, o nome de Terfel é…

~ 8 ~

Bach significa ribeiro, rio pequeno. No encarte, está escrito que “O mar simboliza todas as composições de Bach.” E tudo bem, assim encerra-se a justificativa para a imagem. Vai ver que sou chato e fico pensando, para além da feiura, no mal que a água salgada fará ao instrumento. Pensando que a cadeira será levada daquela pedra escorregadia, nas roupas molhadas, na violoncelista nadando com o arco fora d`água, no cello submerso. Penso também que o som do mar me impediria de ouvir a música. Por outro lado, reflito se a manipulação fotográfica também simboliza Bach. Grande Bach, que sobrevive a tudo.

~ 9  ~

A capa que desaparece e reaparece foi umas das eleitas como piores capas de discos eruditos de todos os tempos pela revista Gramophone.

Lembra da emoção daqueles quase hologramas da década de 1980? Você virava uma imagem nas mãos e de repente via uma nova imagem aparecer? É o mesmo tipo de coisa, só que não é. É o arremedo do kitsch.

~ 10  ~

A estimada violinista Lara St. John estava na casa dos vinte anos quando fez essa gravação. Só que ela parece muito mais jovem do que isso na capa. Parece uma criança. Parabéns. Porém se ela, após tirar a foto, começasse imediatamente a tocar a Chaconne da Partita Nº 2, a peça seria proibida por Bolsonaro ou por algum membro de nosso governo fundamentalista. Os politicamente corretos também ficariam hostis, pois pensariam em pedofilia. Ai, estou confuso. Parabéns. Acabo de lembrar que a Chaconne é uma peça que Bach escreveu pela morte de sua primeira esposa, Maria Barbara, mas isto não deve ter nada a ver. Já disse que estou confuso, não me incomodem.

~ 11 ~

Veja. Mats Rondin é um violoncelista e ele inicia o disco com o Vocalize de Rachmaninov. Porém, quando vi a capa, achei que ele fosse um cantor e que cantasse tão bem, mas tão bem, que até os cães aceitavam o fato e lambiam suas cordas vocais. Não tenho nenhum problema com os cachorros. Eu amo os cães. Quem não gosta deles? Eles são uma das poucas alegrias da vida. (Uma das outras não são os gatos). Se este ainda fosse um álbum de música clássica para cães (eles existem), teríamos… bem, um álbum de música clássica para cães. Mas não é. Anos depois, a capa foi alterada. Na nova, Rondin carrega seu cello atrás e em cima da cabeça. Atravessado.

~ 12 ~

Discordo da 12ª escolha de pior capa da Gramophone. É uma capa feita para crianças e o nome do disco em finlandês é ‘Nallekarhu Konsertissa’, ou seja, ‘Ursinho de Pelúcia em Concerto’ e o complemento é ‘Favoritos da Música para Crianças’. Claro que a foto poderia ser mais fofa, mas o cômico aqui funciona, Ou não?.

~ 13 ~

Gosto muito da naturalidade desta capa. Você chegaria tão perto de um leão? Acha normal colocar uma tuba sobre a cabeça do bicho vestindo terno branco? Tudo dentro da rotina.

~ 14 ~

Que lindo! Uma foto de família para os netinhos! Fico feliz de ver a Sra. Dermota com saúde. Mas não há algo assustador nas pinturas, na iconografia religiosa e na ausência de luz natural?

~ 15 ~

Para um homem que sempre exerceu rigoroso controle sobre sua imagem quanto Herbert von Karajan, estes são registros um tanto comuns… E basta ouvir certas gravações dele para que você desconfie que ele, de vez em quando, se ligava num auto-boicote. Na foto escolhida pela revista, ele parece que vai sair à noite em busca de um(a) parceiro(a).

Na seguinte, ele vira um camafeu.

Depois, um anjo saído dos tubos de um órgão.

E tenta fugir num carro veloz.

Corra, Herbert, corra!

A Maldição da Nona (não confundir com avó em italiano, que é nonna)

A Maldição da Nona (não confundir com avó em italiano, que é nonna)
Cena do filme 'O Sétimo Selo': será que Bergman contou seis também?
Cena do filme ‘O Sétimo Selo’: será que Bergman contou seis também?

Mozart escreveu 40 sinfonias (a 37 não existe); Haydn, 104; Brahms escreveu apenas 4 e Shostakovitch pretendia produzir 24, mas ficou em 15. Porém, seis dos maiores sinfonistas de toda a história da música compuseram 9 e logo morreram, forjando o mito de que a nona, ou a décima, é fatal. Vejam a lista abaixo e surpreendam-se com o tamanho da coisa… É como se a morte sempre entrasse em campo quando o imortal pretendesse chegar ao número dez. Aviso: não sou numerologista e não dou a menor importância a este tipo de — creio! — crendices.

Beethoven-Musica-classica.jpgLudwig van Beethoven (1770-1827) está em qualquer seleção de maiores sinfonistas. Se alguém o deixar de fora, merecerá internação. Beethoven fez da 9ª Sinfonia seu testamento musical. Com problemas de saúde cada vez mais notórios, o compositor teve tempo de preparar sua despedida com a maior de suas sinfonias. Ele inaugura nosso sortilégio e, se o leitor não tiver muita intimidade com o mestre, dê preferência à audição das sinfonias Nº 3, 5, 7, 8 e 9. Claro que ele não caiu morto fulminado por um raio logo após fechar o manuscrito da Nona, depois dela ele ainda escreveu algumas de suas maiores obras, os últimos Quartetos de Cordas. Mas a décima ficou em menos do que um rascunho.

franz-schubertFranz Schubert (1797-1828) morreu um ano depois, logo após escrever a sua nona. A curiosidade é que sua oitava sinfonia é conhecida como a Inacabada. E estamos certos em chamá-la assim, pois Schubert abandonou-a ao compor os temas que utilizaria na última. A Sinfonia Nº 9 também é conhecida, com total merecimento, por “A Grande”. Também vale a pena ouvir, além das citadas Nº 8 e 9, a 4 e a 5. Todos pensam que Schubert morreu de sífilis. Nada disso. Morreu de tifo, após ingerir um vulgar peixe contaminado. Ou seja, uma droga de um peixe podre ceifou Schubert durante seus anos mais produtivos. Espero que, se o inferno existir, este peixe esteja lá queimando. Até agora.

brucknerAnton Bruckner (1824-1896) é outro dos grandes sinfonistas indiscutíveis. Ele praticamente só se dedicou a este gênero. Além delas, compôs apenas 3 Missas, 1 Te Deum e pouquíssimas obras de câmara. Seus contemporâneos o consideravam quase como uma criança idiota e a opinião a este respeito é tão unânime que deve ser verdade. Porém, se você continuar a chamá-lo de burro após ouvi-lo, ficarei desconfiado. Sim, de você. Deve tratar-se do idiota mais profundo que se tem notícia, o que prova que a inteligência musical sobrevive mesmo em um cérebro limitado. Há duas curiosidades a seu respeito. A primeira é que Bruckner, já agonizando, quis que seu Te Deum fosse acrescentado como último movimento de sua 9ª. Não foi atendido; era um evidente absurdo. A segunda é que ele possui uma sinfonia Nº 0 e outra 00. É que após a publicação das primeiras sinfonias, apareceram aquelas que o compositor escrevera antes, mas que tinha escondido por vergonha. São excelentes e para não demonstrar uma possível involução em seu estilo, denominou-as Zero e Zero-Zero. Mas, apesar de todos esses zeros, não sobreviveu à décima. Indico fortemente as sinfonias Nº 4 (Romântica), 5 (que possui um adágio estarrecedor de tão belo), 7 e 9 (ambas espantosas).

mahlerGustav Mahler (1860-1911) é o caso mais explícito de medo à 9ª. Contrariamente a Bruckner, era um intelectual e regente respeitadíssimo na Viena da virada do século. Mahler tinha grande temor de escrever sua nona sinfonia e dizia isto a todos. Sabia que a décima o mataria… Quando compôs a oitava (Sinfonia dos Mil), resolveu fazer uma pausa e atacou “A Canção da Terra” (Das Lied von der Erde), que talvez seja sua maior obra, mas que, cá para nós, é uma sinfonia camuflada de ciclo de canções. Com isto, pensou ter enganado o capeta. Só então escreveu sua nona e, por uma distração do diabo, conseguiu até escrever o primeiro movimento da décima, só que… Morreu sem compor os outros movimentos. Outros caras a completaram. Estes sim deviam morrer. Suas melhores sinfonias são todas.

DvorakMenor que os citados, há Antonín Dvorak (1841-1904). Foi um compositor mediano que escreveu lindos quartetos de cordas e que deve ser muito elogiado na presença de checos. Eles se ofendem facilmente. E as sinfonias? Ele compôs nove sinfonias muito parecidas. Todas com quatro movimentos: o primeiro movimento possui 3 temas; o segundo movimento geralmente é um adagio; o terceiro movimento é uma dança ou fuga que copia Beethoven; o quarto movimento é livre, mas melhor seria se não existisse. Deveria ter morrido antes, mas ficou por aí até terminar a nona. Deixou um número surpreendente de obras inacabadas. Sorte nossa. E dele, pois morreu rico e famoso. Sentiram que eu não gosto muito do moço, né? Mas OK, admito que a  8ª e a 9ª são bem legais.

spohrLouis (ou Ludwig) Spohr (1784-1859) escreveu nove sinfonias e deixou a décima pela metade. Achava mais seguro escrever concertos para violino, tanto que escreveu dezesseis. Há um — o oitavo — que é bastante revolucionário, escrito em apenas um movimento, para gáudio de Jasha Heifetz. Sua nona sinfonia é programática e tem um nome incrivelmente original: As Estações. Enquanto vocês decidem se ele plagiou Vivaldi ou Haydn, vou dizendo que Spohr foi um bom compositor, apesar de minhas ironias.

.oOo.

Por isto, aconselhamos a todos os candidatos a compositores eruditos que se depararem com este texto: evitem o gênero ou utilizem-o com parcimônia. Está provado: a décima pode matar.

setimo selo bergman

Mas confiram o comentário de Filipe Salles:

Caro Milton, devo objetar de sua conclusão, se me permitir, pelos seguintes argumentos: Destes compositores que vc mencionou, apenas Beethoven e Spohr realmente escreveram 9 sinfonias completas (e talvez Mahler, dependendo da interpretação). Schubert deixou sua 7a. sinfonia apenas em esboço melódico, tendo orquestrado uma parte muito pequena dela. Ele próprio se esqueceu desta obra e muitos musicólogos não a consideram no rol da numeração canônica. Há uns 15 anos atrás a Sony lançou uma série com ninguém menos que Giulini regendo, tendo a capa a indicação “Schubert: Symphony no.7 (8)” e também “Symphony no.8 (9)”, apenas para saberem que se tratava apenas de uma questão numérica. No caso de Bruckner, como você mesmo diz, ele escreveu 11 sinfonias, sendo as 2 primeiras rejeitadas por serem obras de juventude. Uma sinfonia em Fá maior não tem numeração e a famosa Número Zero é a “die Nullte”, a nula, que na verdade foi escrita entre a Primeira e a Segunda. Bruckner não aguentou as críticas feitas à ela e riscou na partitura autógrafa a numeração “2”, substituindo pelo 0, acrescentando que ela “não contava”. Mas ambas estão completas e foram editadas, de forma que também é só uma questão de posição dos números. O caso de Dvórak é mais esquisito: apenas suas 5 últimas sinfonias foram publicadas em vida, e as demais só vieram à tona a partir de 1917, quando o musicólogo Otakar Sourek reestabeleceu a ordem por data de composição. A sua Primeira Sinfonia, antes tida como a que hoje é a Sexta, foi recusada num concurso e Dvórak, irritado, disse que a tinha destruído (assim como sua segunda), e só foi executada em 1936, depois de encontrarem os manuscritos originais. Lembro-me até hoje de um disco LP, ainda na era monaural, em que Furtwängler executava a Sinfonia no.5, “Do Novo Mundo”. Ou seja, não poderia haver uma maldição da Nona se ele na época tinha certeza que sua série ia só até a 5a.

No caso de Mahler, depende de considerar ou não o Das Lied von der Erde uma sinfonia, e com certeza na época em que ele estava escrevendo sua Nona, só sabia dos casos de Beethoven e Bruckner, pois a 7a.Sinfonia de Schubert não havia sido completada e as de Dvórak se encerravam na 5a.

No caso de Spohr… Bem, outro dia ouvi suas sinfonias nos. 4 e 5 e achei-as extremamente tediosas, de maneira que não me interessei mais pelas coisas dele.

Um abraço!

Anotações sobre uma bela noite com a Ospa

Anotações sobre uma bela noite com a Ospa
Foto: Augusto Maurer
Slagter e Roth num dos ensaios: combinando a melhor abordagem a Sibelius | Foto: Augusto Maurer (clique para ampliar)

Foi bonito o concerto da Ospa, ontem à noite, no Theatro São Pedro. É incrível a diferença que faz um maestro. Num dia tocam como crianças; no outro, entram em campo com novo técnico, fazem algumas trocas de jogadores e surge um time. O holandês Jacob Slagter parece ser um artista natural. Como disse alguém logo após o concerto, ele não é um sujeito que precisa lutar consigo para fazer arte. Ele faz. É claro que seus 28 anos como primeiro trompista do Concertgebouw de Amsterdam pesam muito. Afinal, por décadas ele foi chefiado por um gênio, pelo meu regente preferido dentre os vivos: o semideus Bernard Haitink. (OK, dentre os mortos, meu melhor amor vai para Ferenc Fricsay).

O programa era o seguinte:

Jean Sibelius: Andante Festivo
Jean Sibelius: Concerto para violino, op. 47, ré menor | Solista: Linus Roth
Antonín Dvorák: Sinfonia nº 9 em mi menor (Sinfonia do Novo Mundo)

Regente: Jacob Slagter (Holanda)
Solista: Linus Roth (Alemanha | violinista)

Na semana passada, tinha sido retirada do programa a Sinfonia Nº 4, de Carl Nielsen, chamada de Inextinguível. Foi uma pena, ainda mais se considerarmos a luminosa e rara presença de Slagter. O fato é que a orquestra perdeu um dia de ensaios e a decisão — apesar de eu não gostar muito da Novo Mundo — talvez tenha sido acertada. Ora, interpretar descuidadamente a Inextinguível seria deixar Nielsen fazer 5 x 0 na orquestra. Seria a segunda vez, na mesma semana, que alguém seria goleado por mortos.

Não conhecia o tal Andante Festivo. É uma composição de movimento único, originalmente escrita para quarteto de cordas em 1922. Em 1938, o compositor reescreveu a obra para orquestra de cordas. É música muito bela, suave e fluída. O único registro de Sibelius interpretando uma de suas próprias obras como regente é nesta peça. A gravação é de 1° de janeiro de 1939. Confiram abaixo.

https://youtu.be/wlqcUBbmJEc

Depois, tivemos o Concerto para violino, Op. 47, também de Sibelius. É uma obra prima e vocês podem pesquisar: toda relação de maiores obras para violino de todos os tempos incluem este concerto. Fazia muito tempo que ela não era ouvida nestes pagos abandonados pelas artes. Desde a gestão Karabtchevsky como titular da orquestra, para ser mais exato. O violinista alemão Linus Roth — jamais confundi-lo com o outro Roth –, veio com roupa e corpinho de bailarino espanhol. E, nossa, foi maravilhoso! Ele e seu violino Antonio Stradivari de 1703 mereceram cada aplauso recebido. Foi uma convincente exibição de musicalidade e técnica. A orquestra se perdeu algumas vezes, mas não chegou perto daquilo mostrado pela defesa do Inter no domingo passado. O resultado artístico foi absolutamente satisfatório.

Como hoje estou a fim de ouvir música no Youtube, fiquem com um baita registro do Concerto para Violino de Sibelius. A gravação escolhida é uma das de Jascha Heifetz. Boa parte da popularidade deste concerto se deve a ele. É irresistível.

O bis foi a esplêndida Balada, de Eugène Ysaÿe, o Rei do Violino.

Por falar em Sibelius como instrumentista… Sabem que ele era violinista e não conseguia tocar esta peça devido às exigências da mesma? (Bem, sabe-se que Schubert também não conseguia tocar suas Sonatas no piano). A estreia do único e brilhante Concerto de Sibelius veio com Richard Strauss, que dizia uma outra coisa curiosa sobre o finlandês: “Eu sei muito mais sobre música do que Sibelius, só que ele é muito mais compositor do que eu”. Eu sempre cito esta verdade dita por Strauss porque ela é aplicável a muitas outras áreas.

Após o intervalo, tivemos a entrada do Homem Eslavo de Marlboro. A nona sinfonia estreou em 1893, interpretada pela Filarmônica de Nova Iorque. O concerto fazia parte das comemorações do quarto centenário do Descobrimento da América. Por isso, recebeu o título Do Novo Mundo. Era para ser bem bonita com o negro “spiritual” Swing low sweet chariot, temas indígenas, etc. Mas daí veio a música folclórica europeia e matou índios e negros. Na Ferguson de Dvorák, a orquestra esteve muito bem, mas não adianta, a confusão de temas eslavos e norte-americanos soa-ME como se estivesse empurrando um hamburguer enjoativo do MacDonald`s com absinto.

Euphoria numa vitrine de Praga | Foto: Milton Ribeiro
Euphoria numa vitrine de Praga | Foto: Milton Ribeiro