Feliz, pagando o IPTU na Porto Alegre de Marchezan

Feliz, pagando o IPTU na Porto Alegre de Marchezan
É assim que a Prefeitura vê o IPTU. Eu o vejo de outra forma.
É assim que a Prefeitura vê o IPTU. Eu o vejo de outra forma.

Porto Alegre… Que Porto Alegre, meu filho? Ninguém nas ruas, lojas vazias, com poucos funcionários e quem fugiu para a praia fugiu acompanhadíssimo de uma multidão. Óbvio, os verdadeiros fugitivos estão aqui, são os que ficaram na cidade, como eu.

Porto Alegre… Que Porto Alegre, meu filho? O perfeito-prefake Marchezan só chora, não cria nada, não mantém nada, há buracos crescentes aqui na porta do Sul21 onde me encontro, os parques estão se transformando em florestas, chorando por uma poda. E as notícias da prefeitura só chegam na forma de novos filhos e namoradas do alcaide playboy.

Vejam a foto que fez o Mauro Scheuer Messina, sócio da Ladeira Livros, do nosso buraco preferido de nossa querida Rua da Ladeira. Ele existe há seis meses, uma maravilha:

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Porto Alegre… Que Porto Alegre, meu filho? Fui até a farmácia e peguei fila nenhuma. Depois, fui ao Mercado Público, na banca 38, puxei uma ficha e o cara gritou o meu número imediatamente. Fui a uma eletrônica e toda a estrutura da loja estava disponível para mim. Meu almoço daqui uma hora virá certamente voando em tapetes. Todos os serviços estão funcionando com rapidez, na contramão do prefeito.

Então, fui ao banco pagar o IPTU com desconto. Era a data final para isso para dar dinheiro para a prefeitura permanecer paralisada, apenas gerando notícias para as colunas sociais.

Fui ao Banrisul. Putz, toda Porto Alegre estava lá. Como fiz 60 anos, agora entro na fila preferencial. Vi o povo lá sentado e quase só havia cabeças brancas como a minha. Acho que as famílias mandam seus velhos para os bancos, só pode. A caixa, uma mulher de seus 40 anos, bastante bonita, estava irritada, furibunda, puta. Apresentei o IPTU com medo que ela rasgasse o papel. Não repassei o dinheiro, esperei que ela o pedisse. Quando alguém está irritado, melhor não bancar o muito autônomo. Então ela pediu a grana e foi completando:

— Hoje só recebo IPTU, que merda.

O outro caixa olhou para ela, mas não ousou responder, muito menos eu.

— Sou uma idiota. Quem mandou esquecer em casa? Perdi a por… do desconto do idiota do prefeito — sim, amigos, ela disse “por…”, sem completar o palavrão. Já o “idiota” saiu claro, com gosto. Era o último dia para ganhar um desconto que não era tão grande assim.

— Essa merda estragou meu dia — completou.

Ia dizer pra ela que acho que se consegue emitir pela internet, mas não ousei.