Esta Copa América passou praticamente em branco para mim. Não vejo mérito nisso, estou apenas constatando que o torneio não me pegou. Só vi Uruguai x Japão e Peru x Chile na TV. Não sabia de mais nada e não sei quem são Alan e Militão… Apesar do frio, a sensação foi a de estar em janeiro, em férias do futebol.
A diretoria do Inter, depois da última partida que tivemos contra o Bahia no Beira-Rio, antes da parada a Copa América, prometeu um ou dois grandes nomes no retorno. Viriam para serem titulares… Não aconteceu nada. Ou melhor, aconteceu pouco: saiu Iago e trouxeram Natanael, jogador que estava há anos no futebol búlgaro…
E Odair conseguiu nos irritar mesmo durante as férias. Inventou de testar Patrick no lugar de D`Alessandro e isto pode ocorrer agora em nosso retorno contra o Palmeiras em São Paulo. É claro que vamos para um retrancão lá. Antevejo nove jogadores atrás da linha bola, com Guerrero sozinho no ataque.
Vai tomar um gol e colocar Dale. E Sarrafiore, reserva natural do gringo, não sairá do banco. A única boa notícia foi a lesão muscular de Pottker.
E mais um vai para a famigerada caixa de areia que enterra tantos dos nossos jogadores. Zeca também está fora. Para por 20 dias em razão de outra lesão muscular.
Os jogos do Inter depois da Copa América:
10/07 – Palmeiras x Inter
14/07 – Athletico x Inter
17/07 – Inter x Palmeiras
21/07 – Inter x Grêmio
24/07 – Nacional x Inter
28/07 – Inter x Ceará
31/07 – Inter x Nacional
1- SUBSTITUIÇÃO: O jogador não precisará mais sair de campo pelo centro quando for substituído, ele será obrigado a sair pela linha mais próxima que ele estiver, seja na lateral, linha de fundo e etc….
2- CARTÕES PARA A COMISSÃO TÉCNICA: O técnico agora poderá ser advertido com cartão amarelo, cartão vermelho, e não só isso, ele pode acumular cartões e ficar suspenso nos próximos jogos. Além do técnico, o preparador físico, o médico, o auxiliar técnico e a comissão técnica inteira poderá ser advertida com cartões.
3- JUIZ E ⚽ AO CHÃO: Com essa nova regra, independente de onde a bola estiver, se ela bater no juiz, o jogo vai parar e será dado bola ao chão. Aí o jogo recomeça.
4- TIRO DE META: Os zagueiros não serão mais obrigados a sair da área no tiro de meta, eles poderão entrar na área e o goleiro poderá sair jogando com eles normalmente.
5- GOLEIROS NAS COBRANÇAS DE PÊNALTIS: Na regra atual, diz que os goleiros são obrigados a ficar com os dois pés na na linha. Com a nova regra, eles poderão ficar com um pé dentro da linha e outro fora da linha pra pegar impulso.
6- BARREIRA NAS COBRANÇAS DE FALTA: Com essa nova regra, o time que vai cobrar a falta, NÃO pode mais colocar jogadores na barreira adversária para atrapalhar a visão do goleiro, eles serão obrigados a ficar 01 (um) metro de distância da barreira adversária. O time que sofre a falta poderá formar a barreira normalmente sem jogadores adversários atrapalhando o goleiro.
7- ⚽ NA MÃO, MÃO NA ⚽: Essa com certeza é a que gera mais polêmica. A partir de 1° de junho acabou o critério de bola na mão ou mão na bola, essa situação será unificada. Ou seja, bateu na mão fora da área é falta, e dentro da área é o mesmo critério, pênalti.
OUTRAS REGRAS QUE AINDA SERÃO AVALIADAS:
1- VAR: A international Board vai avaliar mais atuações do VAR durante o jogo.
2- PÊNALTIS DURANTE O JOGO: A international Board avaliará se manterá rebotes nas cobranças de pênaltis durante a partida, ou seja, se o goleiro pegar, se a bola for na trave ou para fora, não há mais rebote. E também não terá escanteio caso o goleiro defenda a cobrança e a bola vá para fora. O jogo vai parar e recomeçar caso o cobrador perca o pênalti !
REGRAS APROVADAS PELA INTERNATIONAL BOARD (ÓRGÃO QUE REGULAMENTA AS REGRAS DO FUTEBOL MUNDIAL) QUE SERÃO IMPLEMENTADAS NO FUTEBOL A PARTIR DO DIA 1° JUNHO DE 2019.
O futebol como representação da vida política e da vida em geral.
Explico para quem não entendeu: Na primeira foto, o árbitro Jean Pierre Lima vê este incrível pênalti (fora da área, houve um beliscão do jogador colorado no calção do gremista, que caiu desmaiado). Depois, vitorioso, Renato Portaluppi agradece a graça recebida.
O Inter negou-se a pegar a taça e as medalhas de vice-campeão. Correto. Se não tiverem bom valor no Mercado Livre, melhor deixar na FGF.
Em quase todas as jogadas envolvendo Kannemann há amor. Em todos os escanteios ele se abraça carinhosamente a alguém. Comete sempre pênaltis, mas os juízes sabem da carência e entram na atmosfera meiga proposta pelo zagueiro. Quando o objeto do carinho se revolta, amarelinho. Pois é só amor.
Há um grave problema no Inter. D`Alessandro está completando hoje 38 anos e é inevitável que não seja mais o mesmo jogador de antes. A idade pesa e ele tem de ser substituído em todos os jogos. Entramos em campo sabendo que Dale vai sair ali pelos 15 do segundo tempo. É claro que ele — com sua qualidade técnica superior — deveria entrar durante as partidas e não o início das mesmas, Odair, pois já pegaria os adversário cansados, mas… Mas este é apenas o primeiro dos problemas.
Veja bem, nossa segunda linha de 4 é formada por Dale, Edenílson, Patrick e Nico. A ordem de substituições parece ser imutável: o primeiro da fila é, incrivelmente, Parede, depois vêm Pottker e Camilo. A ordem é finalizada por Nonato e Sarrafiore. É uma tremenda injustiça para com os jovens. Na minha opinião e na de quase toda a torcida, esta ordem deveria ser simplesmente invertida.
Ou deveria ser mais criteriosa. Nonato seria o substituto natural de Edenílson e Patrick, mais afeitos à marcação. Sarrafiore ou Camilo seriam SEMPRE os suplentes de Dale, e Pottker e Parede os de Nico. Mas como enfiar simplicidade na cabeça de um técnico amedrontado?
Parede na posição de Dale? Meu deus, ele é grosso de dar dó, muda toda forma de atacar do time. E gosta mais de marcar zagueiros do que construir jogadas…
No mais, seis coisinhas sobre o Gre-Nal:
(1) Inter fez uma partida apenas média. O empate foi justo. Nosso esquema foi o mesmo dos jogos anteriores, apenas com maior proteção a Zeca, mas isto só foi feito quando Éverton começou a reinar, fato facilmente previsível, não Odair?
(2) A arbitragem foi puramente política. Não me serve. Não expulsar Renato foi a piada do ano. Só no RS um técnico invade o campo para bater boca e fica tudo por isso mesmo.
(3) O Grêmio não marca muito. Gosta só de ter a bola. E o Inter gosta de entregá-la. O jogo foi gostoso de ver do ponto de vista tático, mas nada emocionante. As únicas emoções eram os erros de Vuaden.
(4) Na minha opinião, perdemos o Vaziozão 2019 ontem. Mas eu treinaria bastante cobranças de pênaltis para o segundo Gre-Nal quarta-feira, nas Arena, às 21h30.
(5) Os empates voltaram a ficar na frente do Grêmio na história dos Gre-Nais.
(6) Melhor jogador do Gre-Nal? Victor Cuesta, sem dúvida.
P.S. — E li no twitter de @dimibarcellos: “Hoje foi o quarto jogo quase em sequência onde o Inter teve que queimar uma troca ainda no primeiro tempo por lesão. Patrick contra Alianza Lima, Bruno contra River e Rithely hoje foram por problemas musculares na coxa. Isso não é normal”.
Minha mãe era muito supersticiosa. Ela achava que a primeira camiseta que visse na rua, em dia de Gre-Nal, seria a do time vencedor. Estou meio febril há dois dias e não sei a que horas saio hoje. Nem se saio. Mas, mesmo sem acreditar na coisa, fico na expectativa. Quando sair vou ficar olhando para todos os lados até ver a primeira.
Pois o Inter entra em campo apenas segunda-feira para mostrar seu futebol de segunda categoria. Assim estamos. Uma bagunça geral. Em nosso time, quem tiver vontade bate pênalti. Pedro Lucas foi o melhor jogador que atuou na centroavância em 2019, então nem fica na reserva. Joga Tréllez, dispensadíssimo no São Paulo. Ou Pottker, de quem ainda falaremos. Odair já diz “não estar sofrendo pressão”. Tá bom. Nico López — melhor jogador do time –se consagrou e diz pra todo mundo que gosta de jogar no meio, então Odair o coloca pela direita, usando um lendário senhor de quase 38 anos no meio. Melhor seria preservá-lo, imitando que a Roma fazia com seu ídolo Totti. Parece que o técnico está refém de alguns jogadores “mais salientes” e sabemos onde isso vai parar. A mesma defesa que era um paredão agora só vaza. Sarrafiore entra aos 40 do segundo tempo para resolver o jogo — e o incrível é que o time melhora –, mas não inicia os jogos. Pottker há um ano é uma piada, só atrapalha. Faria mais se caminhasse em campo, falo sério. Fizemos 3 gols em 4 jogos… Não há nem triangulações, parece que o time não treina. O elogiado Nonato não foi visto em campo. Deve ter um mau empresário. O recém contratado lateral Bruno não parece ser do ofício. Do ofício de jogador de futebol. E Zeca? Este deve ter músculos de gelatina, sempre sentido desconforto muscular, Fica olhando o Bruno e pensando “não quero jogar”, “não quero jogar”…
Odair, iniciamos o ano muito mal. Eu e a toda a torcida colorada estamos apavorados. Libertadores? Bah, nem me fala nisso.
Como disse o Julio Linden, há duas certezas na 1ª fase do Gauchão: (1) o Inter jogará sob um calor de 50 graus no gramado sintético do Passo d`Areia e (2) o Gre-Nal será na Arena.
E foi sob forte calor que nós vimos mais um fiasco do teu time, Odair. Com Patrick em campo, novamente perdido, o time voltou a não ter articulação e só jogou bola quando já perdíamos por 2 x 0. Tá meio na cara que precisamos de um articulador, mas Sarrafiore só entrou quando faltavam 10 min para o jogo terminar. Mesmo sem ser brilhante, o argentino deu algum trabalho.
Alias, tuas substituições ontem foram atabalhoadas e inúteis até a entrada de Sarrafiore. A torcida, que não tem razão ao atirar pedras no ônibus do clube, tem toda a razão ao protestar: teu time foi mal escalado — Lindoso e Rithely saíram jogando, enquanto Nonato e Ramon, elogiadas joias da base, ficaram chupando o dedo –, com zero de entrosamento e sem muita perspectiva, mesmo considerando que são reservas. Todos os colorados estão preocupados, pois é quase um recorde ver o clube em crise antes de entrar em fevereiro. Nem o trágico 2016 foi assim. E não começar com Sarrafiore foi patético.
Ou seja, estamos muito mal. A torcida já está puta e pedindo tua cabeça. Não digo que o time não tenha vergonha, tu é que obedeces os medalhões e nunca tira ninguém por estar em má fase. Pottker e Patrick, que estão muito mal há seis meses, que o digam. Têm lugar perpétuo. Dale também. Eu fico imaginando a motivação desses garotos que subiram: Nonato, Sarrafiore, Richard, etc. Vão precisar de auxílio psicológico para entrar em campo. No dia em que entrarem, os coitados.
Odair e Cia. precisam parar com o discurso de início de temporada, de chegada de novos jogadores etc. Isto não é uma exclusividade do Inter. Outros na mesma condição mostram um futebol organizado, sem as desculpas. Não falo de resultados, mas de organização tática e técnica. Em três jogos o Inter não apresentou nada em 2019, independente das escalações.
Quinta-feira pré-feriado. Dia de muito trabalho para um livreiro como eu e de curtir nossa efêmera liderança do Brasileiro. Afinal, Renato disse que somos um time de segunda divisão. Sinto-me como uma tartaruga lá no alto de um galho de árvore. Sei o que vai acontecer, mas hoje sou uma tartaruga feliz. Bom dia, Odair!
Um flamenguista amigo diz que a tartaruga não subiu na árvore; por lerda, praticamente parada, viu a árvore crescer sob ela, até que se viu na condição de passarinho. Qual é a árvore que sustenta o Inter? Bem, até arriscaria uma resposta — Lomba, Moledo, Cuesta, DOURADO — , mas deixa pra lá.
Bem, após 23 jogos e 46 pontos, podemos afirmar que não cairemos em 2018. Uma queda já é uma impossibilidade matemática. A liderança? Isso é um detalhe.
Foi uma excelente e emocionante partida que assisti com meu filho. Digo isso porque somos uma dupla de sorte. E o Inter venceu o Flamengo com 33,6 mil pessoas no Beira-Rio. Com a vitória por 2 a 1, ficamos com 66% de aproveitamento e assumimos a liderança da Brasileiro, superando o São Paulo no saldo de gols (17 contra 16).
Saímos na frente com William Pottker aos 5 minutos. No segundo tempo, tomamos um golaço de Vitinho — coisa típica nossa isso de sempre levar gols de ex-jogadores do clube. Foi o primeiro gol sofrido pela defesa colorada após 621 minutos. Mas Vitinho, um baita jogador, merece. A reação foi instantânea. Na jogada seguinte, Nico cavou um escanteio que ele mesmo bateu para Rodrigo Dourado subir alto e decretar a vitória.
O quarteto final — os citados Lomba, Moledo, Cuesta e DOURADO — novamente jogou demais. Zeca foi decepcionante, passando enorme trabalho com Vitinho e Moreno. Atualmente, ele é o furo em nossa defesa. Iago foi discreto e Jonatan Álvez fez boa partida, se considerarmos sua média. Patrick alternou bons e maus momentos e Edmílson, apesar de ter jogado bem, deixou de chutar uma bola decisiva para tentar dribles e simular um pênalti. Aquele lance poderia determinar o terceiro gol do Inter.
Agora é Gre-Nal. Neste domingo, às 16h, o estádio Beira-Rio recebe o clássico de número 417 na história. Nos 416 anteriores, o Inter tem 155 vitórias, enquanto que o excelso Grêmio tem apenas 130. O empate, que ocorreu 131 vezes, está na frente do tricolor. Deve ser duro perder até para os empates.
Foi no sábado, então, que fomos até Itaquera, São Paulo, jogar contra o Corinthians a última partida do primeiro turno do Brasileirão 2018. Mais uma vitória na conta, com uma boa atuação do time. Mas vamos falar um pouco sobre as pretensões do Grêmio neste campeonato.
Renato, a eliminação na Copa do Brasil fez com que não pudéssemos mais simplesmente fingir que o Brasileirão não era um título a ser buscado. Sabíamos que era praticamente impossível se dedicar a três competições simultaneamente. Agora, ainda temos a Libertadores, mas o nacional está aí, para se pleitear algo mais neste ano.
Quando olho para a tabela, 5 pontos de distância para o São Paulo, líder e campeão simbólico do Turno, não parecem muita coisa, pensando que ainda faltam 19 rodadas. Agora, por mais que todos os times possam fazer o mesmo exercício, confesso que vejo que o Grêmio perdeu está liderança para ele mesmo.
Não quero parecer arrogante, Renato, mas, com exceção do Palmeiras, nenhum time da parte de cima da tabela nos derrotou. Basta lembrar lá do início do campeonato, daqueles pontos bobos perdidos em casa. Saímos da Arena, depois de ficar no 0 a 0 contra o Atlético-PR, o coirmão e o Fluminense, com a sensação de que aqueles empates foram vitórias desperdiçadas.
Foram muitos jogos com o time reserva também (incluindo aquela derrota para o Botafogo), o que só foi mais produtivo
depois volta da Copa. Aliás, considerando só este último mês do campeonato, foram 16 pontos em 21 disputados. Um aproveitamento excelente, mas que ainda leva em conta aquela derrota patética para o Vasco e o empate contra a Chape, num jogo que poderíamos ter matado no primeiro tempo.
O que eu quero dizer, Renato, é que poderíamos muito bem estar no topo da tabela. Sei que tu sabes disso também. Mesmo com esse baita campeonato que o Tricolor Paulista está fazendo, sob a batuta de Diego Aguirre, e com o grande elenco que o Flamengo tem, são adversários possíveis de se superar, por mais difícil que seja.
Palmeiras e Cruzeiro eu acredito que se dedicarão mais às outras competições, como fizemos ano passado, até pelo que os dois vêm apresentando no Brasileirão. E, quanto aos demais, não vejo que tenham time e futebol para buscar o título. Claro, vão dizer que é clubismo eu colocar nesse grupo o coirmão, que surpreendeu a todos no primeiro turno – inclusive seus próprios torcedores. Mas é corneta só porque é o rival, já que, caso fosse outro time, seria ANÁLISE. Deixo a metáfora do elefante em cima da árvore para eles, então.
De qualquer forma, Renato, o que a gente espera é que o time mantenha a boa forma e consiga buscar mais 6 pontos nas partidas desta próxima semana. Começamos com o desafio contra o Cruzeiro na Arena, na quarta-feira, e no final de semana vamos a Curitiba, encarar o Furacão – que melhorou bastante, é verdade, mas precisamos recuperar os pontos que perdemos para eles no turno.
Seguimos na luta, acreditando que 2018 pode trazer ainda mais alegrias para o Grêmio do que já trouxe!
No Bola em Transe dessa semana, analisamos a revelação bombástica feita pelo candidato à Presidente da República Cabo Daciolo sobre a conspiração e a formação da Ursal e suas implicações políticas e esportivas. Nossa, que Seleção teríamos! Também tem Brasileirão e Copa do Brasil. Com Francisco Éboli e Milton Ribeiro.
Pois é, Renato, desde que comecei a escrever por aqui, no final do ano passado, é a primeira vez que venho conversar contigo sobre uma eliminação. Nos mata-mata desta vida, as únicas desclassificações que o Grêmio havia sofrido nesta tua terceira (e vencedora) passagem como técnico haviam sido nos pênaltis. Ontem, foi no campo.
Se eu quisesse resumir a nossa derrota a chavões de torcedor, Renato, poderia dizer que passou quem errou menos. Diferentemente da primeira partida, o jogo de volta acabou sendo morno. Muito graças ao gol deles, logo no início. Falha infeliz do Cortês, mas também sorte deles. Nada de crucificação.
Porque o Grêmio foi um tanto APÁTICO na maior parte do jogo, Renato. Quando tivermos mais intensidade e velocidade, não conseguimos produzir muito. Predominamos na partida, mas praticamente não criamos chances de gol – e a entrada do Marlos no lugar do Vitinho neutralizou nosso meio campo. Foi um jogo de poucas finalizações.
Enfim, Renato, que bom que não foste teimoso em relação ao Cícero (que vem jogando bem sim, diga-se), colocando Jailson para dar mais velocidade na meia cancha e reforçar a marcação. Tu insististe, porém, com André, que ainda não justificou sua contratação. Ele está precisando não apenas ir para o banco, Renato, mas tomar uma boa chamada do departamento de futebol também.
Enfim, parabéns aos flamenguistas, que fizeram por merecer a classificação, em especial pelo segundo tempo que fizeram aqui na Arena. E, para nós, que esta eliminação, a exemplo daquela do ano passado, traga as lições necessárias.
Temos outras duas competições para nos dedicarmos e buscarmos mais uma taça em 2018. Basta seguir o trabalho, com pé no chão e humildade para corrigir os erros, Renato. Sabemos que é possível. Tenho fé!
O Inter abriu mão de dois pontos ontem à noite em sua partida contra o atualmente fraquíssimo Atlético-PR. Acabou 2 x 2, mas o que poderia ter sido um passeio quase acabou em derrota.
Antes do jogo, eu pensei que, num grupo de mais de 30 jogadores, jamais um lateral como Zeca deveria ser improvisado como meio-campista. É claro que os caras do setor de meio-de-campo devem ficar putos, ainda mais vendo que o beneficiado que entra no time, na lateral, é o péssimo Fabiano. Pensei que tu, Odair, dás merecida importância à ausência de Patrick, um jogador que se tornou fundamental, mas que errarias ao colocar Zeca no meio.
Não deu outra. E logo no início do jogo se viu que Zeca, desadaptado, seria um peso morto. Mas tu só tiraste Fabiano, recolocando Zeca em sua posição, depois que o Atlético-PR virou o jogo para 2 x 1. Lamentável.
Mas ainda pior foi a colocação de Danilo Silva no lugar de Moledo. Seu substituto natural era Klaus, que é bem melhor. Danilo esteve presente nos dois gols do Atlético-PR, sempre fazendo merda. Ou seja, sua colocação foi determinante para o empate de ontem. Mas o Inter gosta disso. Danilo é um veterano que já tinha demonstrado sua ruindade com o Inter na segundona. Só que não gostamos de colocar jovens no time para deixar um (pseudo) medalhão no banco. Então, Klaus devia estar dando risada no banco, vendo as cagadas de Danilo.
Para piorar as coisas, Danilo joga ao lado de Fabiano…
Ah, e Lucca? Bah, esse não jogou nada e acabou sendo bem substituído por Wellington Silva. Lucca ainda recebeu o terceiro cartão, o que pode ser positivo para teu time.
Pelo lado positivo, tivemos uma atuação aceitável de Pottker e uma bela participação de Nico López, que finalmente está tendo merecidíssima sequência.
Como foi ontem? O jogo estava parelho até que Nico López fez boa jogada, chutou a gol e a bola rebotou num zagueiro, sobrando para Pottker marcar. Foi com a mão? Sim, mas o braço de Pottker estava junto ao corpo. Ou seja, se não estivesse ali, provavelmente o gol seria de barriga.
Depois começou a tragédia. Fabiano errou um passe, dando um contra-ataque para os paranaenses. Danilo foi recuando, recuando, recuando até que o cara chutou para marcar. Ah, essa duplinha…
No inicio do segundo tempo, num escanteio, Paulo André pulou sozinho no setor de Danilo. 2 x 1.
Então tu corrigiste o time, fazendo a obviedade que citei acima. Entrou Rossi no lugar de Fabiano e o Inter não apenas empatou com Wellington Silva como poderia ter virado o jogo. Mas não houve tempo. Então, Odair, te responsabilizo pelos dois pontos que deixamos de ganhar ontem.
Estamos em quinto lugar com o mesmo número de pontos de Atlético-MG e Grêmio, todos com o baixo aproveitamento de 59%. Nossa próxima partida é contra um time bem parecido com o Atlético-PR. O adversário será o fraco Ceará, último colocado na tabela de classificação. O jogo será na segunda-feira, 23, às 20h.
Espero que tu não inventes de deixar Danilo Silva no time.
O impressionante depoimento do centroavante belga Romelu Lukaku ao “The Players Tribune”, tradução de Bruno Bonsanti, do sítio “Trivela”:
“Eu me lembro do momento exato em que soube que estávamos quebrados. Ainda consigo visualizar minha mãe na geladeira e o olhar no rosto dela.
Eu tinha seis anos de idade e cheguei de casa para almoçar durante o intervalo da escola. Minha mãe me dava a mesma coisa todos os dias: pão e leite. Quando você é uma criança, nem pensa sobre isso. Mas acho que era tudo que podíamos comprar.
Naquele dia, eu cheguei em casa e entrei na cozinha e vi minha mãe na geladeira com uma caixa de leite, como sempre. Mas, naquela vez, ela estava misturando algo. Ela estava balançando, sabe? Eu não entendi o que estava acontecendo. Ela me trouxe o almoço e estava sorrindo, como se tudo estivesse bem. Mas eu percebi na hora o que estava acontecendo.
Ela estava misturando água no leite. Não tínhamos dinheiro suficiente para o resto da semana. Estávamos quebrados. Não apenas pobres, mas quebrados.
Meu pai havia sido um jogador profissional de futebol, mas estava no fim da sua carreira e não havia mais dinheiro. A primeira coisa que perdemos foi a TV a cabo. Acabou o futebol. Acabou o Match of the Day (famoso programa esportivo britânico). Acabou o sinal.
Chegava em casa à noite e as luzes estavam apagadas. Sem eletricidade por duas, três semanas de uma vez.
Eu queria tomar banho, e não havia mais água quente. Minha mãe esquentava a chaleira no fogão, e eu ficava em pé no chuveiro jogando água quente na minha cabeça com um copo.
Houve ocasiões em que minha mãe precisava pedir pão “emprestado” da padaria no fim da rua. Os padeiros nos conheciam, eu e meu irmãozinho, então deixavam que ela pegasse uma fatia de pão na segunda-feira e pagar apenas na sexta.
Eu sabia que tínhamos problemas. Mas, quando ela estava misturando água no leite, eu percebi que já era, sabe? Essa era nossa vida.
Eu não disse uma palavra. Não queria estressá-la. Eu apenas comi meu almoço. Mas eu juro por Deus, eu fiz uma promessa a mim mesmo naquele dia. Era como se alguém tivesse estalado os dedos e me acordado. Eu sabia exatamente o que precisava fazer e o que iria fazer.
Eu não podia ver minha mãe vivendo daquele jeito. Não, não, não. Eu não aceitaria aquilo.
As pessoas no futebol amam falar sobre força mental. Bom, eu sou o cara mais forte que você vai conhecer. Porque eu me lembro de me sentar no escuro com meu irmão e minha mãe, rezando, e pensando, acreditando, sabendo… que um dia aconteceria.
Não contei minha promessa para ninguém por um tempo. Mas, alguns dias, eu chegava em casa da escola e encontrava minha mãe chorando. Então, eu finalmente a disse um dia: “Mãe, tudo vai mudar. Você vai ver. Eu vou jogar futebol pelo Anderlecht e vai acontecer rápido. Vamos ficar bem. Você não precisará mais se preocupar”.
Eu tinha seis anos.
Eu perguntei para o meu pai: “Quando eu posso começar a jogar futebol profissional?”
Ele disse: “Dezesseis anos”
Eu disse: “Ok, dezesseis anos, então”.
Aconteceria. Ponto final.
Deixa eu dizer uma coisa – todo jogo que eu já disputei foi uma final. Quando eu jogava no parque, era uma final. Quando eu jogava no recreio do jardim de infância, era uma final. Eu estou falando sério para caralho. Eu tentava rasgar a bola todas as vezes que eu chutava. Força total. Não estava chutando com o R1, brother. Não era chute colocado. Eu não tinha o novo Fifa. Eu não tinha um Playstation. Eu não estava brincando. Eu estava tentando te matar.
Quando eu comecei a ficar mais alto, alguns dos professores e pais começaram a me estressar. Eu nunca vou esquecer a primeira vez que ouvi um dos adultos dizer: “Ei, quantos anos você tem? Que ano você nasceu?”
E eu fiquei, tipo, o quê? Tá falando sério?
Quando eu tinha 11 anos, eu jogava pela base do Lièrse, e um dos pais do outro time literalmente tentou me impedir de entrar no gramado. Ele disse: “Quantos anos tem essa criança? Onde está o documento dela? Da onde ela veio?”
Eu pensei: “Da onde eu vim? O quê? Eu nasci na Antuérpia. Eu vim da Bélgica”.
Meu pai não estava lá porque ele não tinha carro para me levar aos jogos for a de casa. Eu estava completamente sozinho e precisava me impor. Eu fui pegar meu documento, na minha mala, e mostrei para todos os pais, e eles o passaram de mão em mão, inspecionando, e eu lembro do sangue me subindo à cabeça… e pensei: “Oh, eu vou matar o seu filho mais ainda agora. Eu já ia matá-lo, mas, agora, eu vou destruí-lo. Você vai levar seu filho para casa chorando agora”.
Eu queria ser o melhor jogador de futebol da história da Bélgica. Era esse meu objetivo. Não apenas bom. Não apenas ótimo. O melhor. Eu jogava com muita raiva por causa de muitas coisas… por causa dos ratos que viviam no nosso apartamento…. porque eu não podia assistir à Champions League… pela maneira como os outros pais olhavam para mim.
Eu estava em uma missão.
Quando eu tinha 12 anos, eu marquei 76 gols em 34 partidas.
Eu marquei todos eles usando as chuteiras do meu pai. Quando nossos pés ficaram do mesmo tamanho, nós as compartilhávamos.
Um dia, eu liguei para o meu avô – o pai da minha mãe. Ele era uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ele era minha conexão com a República Democrática do Congo, da onde minha mãe e meu pai vieram. Então, eu estava no telefone com ele um dia, e eu disse: “Estou indo bem. Eu fiz 76 gols e ganhamos a liga. Os grandes times estão começando a me notar”.
E geralmente ele queria ouvir sobre os meus jogos. Mas, naquela vez, estava estranho. Ele disse: “Yeah, Rom, yeah, isso é ótimo. Mas você pode me fazer um favor?”
Eu disse: “Sim, qual?”
Ele disse: “Você pode cuidar da minha filha, por favor?”
Eu me lembro de ter ficado confuso. Sobre o que o vovô estava falando?
Eu disse: “A mamãe? Sim, estamos bem. Estamos ok”.
Ele disse: “Não. Você tem que me prometer. Você pode me prometer? Cuide da minha filha. Apenas cuide dela para mim. Ok?”
Eu disse: “Sim, vovô. Entendi. Eu prometo”.
Cinco dias depois, ele morreu. E, então, eu entendi o que ele queria dizer.
Eu fico muito triste pensando nisso porque eu gostaria que ele tivesse ficado vivo mais quatro anos para me ver jogar pelo Anderlecht. Para ver que eu cumpri minha promessa, sabe? Para ver que tudo ficaria bem.
Eu disse para minha mãe que eu conseguiria chegar lá quando tivesse 16 anos.
Eu errei por 11 dias.
24 de maio de 2009.
A final do playoff. Anderlecht versus Standard Liège.
Aquele foi o dia mais doido da minha vida. Mas precisamos retroceder um pouco. Porque no começo da temporada, eu mal estava jogando pelo sub-19 do Anderlecht. O treinador me colocou na reserva. E eu pensava: “Como vou conseguir um contrato profissional no meu 16º aniversário se ainda estou no banco pelo sub-19?”.
Então, fiz uma aposta com o treinador.
Eu disse para ele: “Eu garanto algo a você. Se você me colocar para jogar, eu vou fazer 25 gols até dezembro”.
Ele riu. Ele literalmente riu da minha cara.
Eu disse: “Vamos fazer uma aposta”.
Ele disse: “Ok, mas se você não fizer 25 gols até dezembro, você vai para o banco de reservas”.
Eu disse: “Certo, mas, se eu vencer, você vai limpar todas as minivans que levam os jogadores para casa depois do treino”.
Ele disse: “Ok, fechado”.
Eu disse: “E mais uma coisa. Você tem que fazer panqueca para nós todos os dias”.
Ele disse: “Ok, certo”.
Foi a aposta mais estúpida que o homem já fez.
Eu tinha 25 gols em novembro. Estávamos comendo panqueca antes do Natal, bro.
Que sirva de lição. Você não mexe com um garoto que está com fome.
Eu assinei contrato professional com o Anderlecht no meu aniversário, 13 de maio. Fui direto comprar o novo Fifa e um pacote de TV a cabo. Já era o fim da temporada, então estava em casa relaxando. Mas a liga belga estava doida naquele ano, porque Anderlecht e Standard Liège terminaram empatados em pontos. Então, haveria um playoff de duas partidas para decidir o título.
Durante o jogo de ida, eu estava em casa assistindo à TV como um torcedor.
Então, no dia anterior ao jogo de volta, eu recebi uma ligação do técnico dos reservas.
“Alô?”
“Alô, Rom. O que você está fazendo?”
“Saindo para jogar bola no parque”.
“Não, não, não, não, não. Faça suas malas. Agora mesmo”.
“Por quê? O que eu fiz?”
“Não, não, não. Você precisa sair para o estádio agora. O time principal pediu por você”.
“Yo….o quê? Eu?!”
“Sim. Você. Venha. Agora”.
Eu literalmente corri para o quarto do meu pai. “YO! Levanta, porra. Precisamos correr, cara!”.
“Huh? O quê? Pra onde?”
“ANDERLECHT, CARA”.
Eu nunca vou esquecer. Eu cheguei ao estádio e praticamente corri para o vestiário. O roupeiro disse: “Ok, garoto, que número você quer?”.
E eu disse: “Me dá a 10”.
Hahahahahaha sei lá, eu era muito jovem para ter medo, acho.
E ele: “Jogadores da base usam números acima do 30”.
Eu disse: “Ok, bem, três mais seis é igual a nove, e esse é um número legal, então me dá a 36”.
Naquela noite, no hotel, os jogadores adultos me fizeram cantar uma música para eles no jantar. Eu nem me lembro qual escolhi. Minha cabeça estava girando.
Na manhã seguinte, meu amigo literalmente bateu na porta da minha casa para ver se eu queria jogar futebol e minha mãe disse: “Ele saiu para jogar”.
Meu amigo: “Jogar onde?”
Ela disse: “Na final”.
Saímos do ônibus no estádio, e cada jogador estava usando um terno legal. Menos eu. Eu saí do ônibus usando um terrível agasalho e todas as câmeras de TV estavam na minha cara. A caminhada para o vestiário foi de talvez 300 metros. Talvez uma caminhada de três minutos. Assim que coloquei meu pé no vestiário, meu telefone começou a explodir. Todo mundo havia me visto na televisão. Eu recebi 25 mensagens em três minutos. Meus amigos estavam ficando loucos.
“Bro?! Por que você está no jogo?!”
“Rom, o que está acontecendo? POR QUE VOCÊ ESTÁ NA TV?”
A única pessoa que respondi foi meu melhor amigo. Eu disse: “Brother, eu não sei se vou jogar. Eu não sei o que está acontecendo. Mas continua vendo TV”.
Aos 18 minutos do segundo tempo, o treinador me colocou em campo.
Eu corri no gramado pelo Anderlecht aos 16 anos e 11 dias.
Perdemos a final naquele dia, mas eu já estava no céu. Eu cumpri a promessa para a minha mãe e para meu avô. Aquele foi o momento em que eu soube que ficaríamos bem.
Na temporada seguinte, eu ainda terminava o meu último ano do colégio e jogava na Liga Europa ao mesmo tempo. Eu precisava levar uma grande mochila para o colégio para poder pegar um voo no fim da tarde. Vencemos a liga com folga. Foi…uma loucura!
Eu realmente esperava que tudo isso acontecesse, mas talvez não tão rápido. De repente, a imprensa estava crescendo em torno de mim, e colocando todas essas expectativas nas minhas costas. Especialmente com a seleção nacional. Por algum motivo, eu não estava jogando bem pela Bélgica. Não estava funcionando.
Mas, yo – pera lá. Eu tinha 17 anos! 18! 19!
Quando as coisas corriam bem, eu lia os artigos de jornal e eles me chamavam de Romelu Lukaku, o atacante belga.
Quando as coisas não corriam bem, eles me chamavam de Romelu Lukaku, o atacante belga descendente de congoleses.
Se você não gosta do jeito como jogo, tudo bem. Mas eu nasci aqui. Eu cresci na Antuérpia, em Liège e em Bruxelas. Eu sonhava em jogar pelo Anderlecht. Eu sonhava em ser Vincent Kompany. Eu começava uma frase em francês e terminava em holandês, e colocava um pouco de espanhol e português ou lingala, dependendo do bairro em que eu estivesse.
Eu sou belga.
Somos todos belgas. É isso que faz este país legal, certo?
Eu não sei por que algumas pessoas do meu próprio país querem que eu fracasse. Eu realmente não entendo. Quando fui para o Chelsea e não estava jogando, eu os ouvi dando risada de mim. Quando fui emprestado para o West Brom, eu os ouvi dando risada de mim.
Mas tudo bem. Essas pessoas não estavam comigo quando colocávamos água no nosso cereal. Se vocês não estavam comigo quando eu não tinha nada, vocês realmente não podem me entender.
Sabe o que é engraçado? Eu perdi dez anos de Champions League quando era criança. A gente não podia pagar. Eu chegava à escola e todas as crianças estavam falando sobre a final e eu não sabia o que havia acontecido. Eu me lembro de 2002, quando o Real Madrid jogou contra o Bayer Leverkusen, e todo mundo falava “aquele voleio! Meu Deus, aquele voleio!”.
E eu tinha que fingir que sabia do que estavam falando.
Duas semanas depois, estávamos sentados na aula de computação, e um dos meus amigos baixou o vídeo da internet, e eu finalmente vi Zidane mandar aquela bola no ângulo com a perna esquerda.
Naquele verão, eu fui para minha casa para assistir ao Ronaldo Fenômeno na final da Copa do Mundo. A história de todo o resto daquele torneio eu ouvi das crianças da escola.
Eu lembro que eu tinha buracos nos meus sapatos em 2002. Grandes buracos.
Doze anos depois, eu estava jogando a Copa do Mundo.
Agora, estou prestes a jogar outra Copa do Mundo e meu irmão está comigo desta vez (o texto foi provavelmente escrito antes da convocação final porque Jordan Lukaku, irmão de Romelu, estava na pré-convocação, mas não chegou à lista final). Duas crianças da mesma casa, da mesma situação, que deram certo. Sabe de uma coisa? Eu vou me lembrar de me divertir dessa vez. A vida é curta demais para estresse e drama. As pessoas podem dizer o que quiserem sobre nosso time, sobre mim.
Cara, escuta – quando éramos crianças, não podíamos pagar para ver Thierry Henry no Match of the Day! Agora, estamos aprendendo com ele todos os dias no time nacional (Henry é auxiliar de Roberto Martínez, técnico da Bélgica). Estou junto com a lenda, em carne e osso, e ele está me dizendo tudo sobre como atacar os espaços como ele costumava fazer. Thierry deve ser o único cara no mundo que vê mais jogos do que eu. Nós debatemos tudo. Estamos sentados e tendo debates sobre a segunda divisão da Alemanha.
“Thierry, você viu o esquema do Fortuna Düsseldorf?”
Ele: “Não seja tonto. Claro que vi”.
Isso é a coisa mais legal do mundo para mim.
Eu apenas realmente, realmente gostaria que meu avô estivesse vivo para ver isso.
Não estou falando da Premier League.
Nem do Manchester United.
Nem da Champions League.
Nem da Copa do Mundo.
Não é disso que estou falando. Eu apenas queria que ele estivesse vivo para ver a vida que temos agora. Eu gostaria de ter mais uma conversa com ele por telefone, para poder dizer para ele…
“Viu? Eu disse para você. Sua filha está bem. Não há mais ratos no nosso apartamento. Ninguém mais dorme no chão. Não há mais estresse. Estamos bem agora. Estamos bem…
…Eles não precisam mais checar nossos documentos. Eles conhecem nosso nome”.
O primeiro clube não sul-americano a aparecer é o Barcelona, com 120 jogos a menos que o Inter. É que a CBF precisa agradar as federações regionais para ganhar votos e seguir com a catrefa de sempre…
Renato, tu sabes que não sou caminhoneiro, mas estive parado semana passada. Todavia, as últimas três partidas do Grêmio merecem um comentário comum: foram três ocasiões em que o Grêmio precisou furar uma retranca. Felizmente, tal quarta passada, na Libertadores, conseguiu ontem, lá em Fortaleza.
É verdade que nossa vitória deste domingo saiu num contra-ataque já nos 15 minutos finais de jogo. Algo que eu tenho até dificuldades de me lembrar quando aconteceu pela última vez. Nosso Tricolor, em seus triunfos recentes, vence se impondo sobre o adversário ou na base do ABAFA.
Agora, Renato, eu me permito ser sincero contigo: o Grêmio dos últimos jogos tem ficado abaixo das exibições que nos fizeram criar tantas expectativas para esta temporada. Apesar de ainda manter o padrão tático e o controle do jogo, o time tem sido mais lento nos ataques e errado mais passes.
Claro, vamos dar um desconto: já faz dois meses que não conseguimos entrar com todos os titulares em campo. A ausência do Arthur é muito sentida no meio campo. Ontem, ao menos tivemos a volta do Everton. E que diferença com ele no ataque!
O Cebolinha foi simplesmente o homem do jogo. Infernizou a defesa adversária do início ao fim, metendo uma bola na trave na primeira oportunidade, com nem três minutos se partida. Ainda sofreu dois pênaltis, sonegados pelo senhor Wagner Reway (esse cidadão não ia tomar uma geladeira mais severa, depois da LAMBANÇA que fez em Vitória e Flamengo, na primeira rodada?).
De qualquer forma, a despeito da péssima arbitragem a que estamos acostumados, merece destaque o gol da partida. Não sei se foi precipitação do Jorginho ao mandar o time do Ceará para cima do Grêmio no fim do jogo, mas o Everton, que nada tem a ver com isso, fez uma jogada espetacular no contra-ataque.
Como um velocista, atravessou mais de meio campo, para servir a bola cabeça de Thonny Anderson, que tinha acabado de entrar (que estrela, hein, Renato?!), para marcar com o gol livre. O meu elogio maior, porém, vai pelo fato de que o defensor do Vozão tentou fazer falta no Everton no meio-campo, no início da jogada, que preferiu a jogada a tentar cavar um cartão. Garantiu nossa vitória assim.
Se o Cebolinha continuar com essa bola toda, vai acabar mais cobiçado do que frentista de posto com gasolina. Merece todo nosso reconhecimento, então. Por outro lado, o destaque negativo vai para André, que sabemos que tem muito mais potencial do que o futebol que tem mostrado. Te liga, guri!
Enfim, apesar de não ter sido uma grande atuação, o 1 a 0 protocolar garantiu os três pontos, que era o mais importante. Graças aos resultados paralelos, acabamos nos mantendo a apenas dois pontos da liderança – que, sabemos, poderia ser nossa. Mas não é hora de ficar chorando sobre leite derramado.
Depois de amanhã, quarta-feira, retornaremos ao gramado da Arena. Enfrentaremos o Fluminense, adversário direto pela ponta da tabela. Renato, sei que o calendário é complicado e que o time vem sofrendo com o desgaste (10 jogos e mais de 30 mil quilômetros a serem percorridos neste mês que antecede a parada da Copa do Mundo).
Renato, com foco total no Brasileirão agora, faremos cinco jogos em duas semanas, três deles em casa. É a oportunidade de buscarmos a liderança do campeonato – ou de ficarmos o mais próximo possível dela, pelo menos. Depois de podermos curtir a Copa do Mundo, torcendo por Geromel e companhia (não sei os outros, mas eu irei), esperamos retornar com o time completo e preparado para um segundo semestre, que, tomara, seja de muitas alegrias também.
O Bola em Transe dessa semana já está disponível no SoundCloud. Em debate, a presença cada vez maior da tecnologia nas partidas de futebol. Confere o podcast abaixo. Com Débora Nunes, Francisco Éboli, Milton Ribeiro e Moysés Pinto Neto.
É um dia muito bom, porque tu ficas! Como eu tinha te dito no meio da semana passada, eu te entenderia se quisesses regressar à Zona Sul carioca, com polpudos vencimentos e um novo desafio em outro clube que fizeste história. Ficará para uma próxima, felizmente. Todo o trabalho de um ano e meio feito por aqui, com tudo que foi conquistado ao longo deste período, foi, sem dúvidas, fundamental para que tu ficasses. E porque tu sabes o que és para o Grêmio! Muito obrigado!
E o “Dia do Fico” veio após sermos campeões estaduais. Sei o quanto tu querias o Campeonato Gaúcho, algo que deixaste expresso nas últimas entrevistas. Era um título que faltava no teu currículo, e isso o fazia ser teu objeto de desejo. Além disso, fazia oito anos que o Grêmio não se sagrava campeão do Gauchão. Estou feliz, claro, por ti, por todo o grupo e por toda a Nação Tricolor.
Agora, posso pedir licença para falar um pouco sobre o Campeonato Gaúcho em si? Como eu disse na última vez, recusei-me a aparecer aqui para conversarmos sobre o estadual – tanto que só dei as caras após os jogos da Recopa e da Libertadores, em 2018. E a razão para isso é bem simples: faz anos que eu tenho uma relação de BOICOTE com o Gauchão. Eu mencionei isso na primeira oportunidade deste ano: “por mim, nem jogaria mais o estadual”.
A razão para isso é que já faz tempo que o Gauchão congratulou a máxima do saudoso mestre Claudio Cabral: a única coisa pior do que ganhá-lo é perdê-lo. Conquistá-lo pouca diferença faz, mas perdê-lo cria crises desnecessárias e, até então, inexistentes. Algo na linha da narrativa surrealista que os adeptos do coirmão conseguiram emplacar por estas bandas nessa toada: o Campeonato Gaúcho só vale quando eles ganham
Eles cansaram de bradar que o Inter “conquistou pelo menos um título por ano durante 15 anos” (sendo que em nove desses o único foi o estadual), ao passo que lembravam que o Grêmio “ficou 15 anos sem ganhar nada” (porque daí era conveniente esquecer as vezes em que vencemos o Gauchão nesse período). Sei que a provocação é inerente à rivalidade, mas a verdade é que é esse o tom que tem ditado nossa relação com o regional: quando ganhamos, de nada valeu, mas, quando perdemos, foi o início de uma crise. Uma beleza, hein?!
Contudo, Renato, a minha implicância com o Campeonato Gaúcho vai para muito além dessa cantilena corneteira. Num país que tem se inspirado há quinze anos no modelo europeu de organização do futebol, simplesmente não há mais espaço para que disputemos os estaduais. O Gauchão encurta absurdamente a pré-temporada e incha ainda mais um calendário bastante extenso num país cujas dimensões continentais jamais permitirão que possamos ter por base o sistema europeu.
E não é um campeonato fácil: depois de um período curto de férias, voltamos para enfrentar equipes que estão se preparando há meses para fazer o jogo de suas vidas contra nós e o coirmão. Poucos ali têm objetivos maiores do que enfrentar a nós ou o coirmão em suas casas, para que a renda desse jogo garanta parte significativa de seu orçamento anual – basicamente, o que dá sustentáculo ao poder da federação estadual. Seria muito bom ter outra forma de buscar a receita que os direitos de transmissão do Gauchão nos trazem, de preparar a equipe para a temporada. Mas estamos dentro de um sistema viciado, Renato!
Ainda poderia ser bem pior: quantas vezes vimos uma das principais contratações do ano se lesionar logo no início, numa partida do Estadual? Quantas vezes o Gauchão não nos atrapalhou em outros objetivos, por coincidir com a disputa da Copa do Brasil ou da Libertadores, de modo que deixamos a equipe ainda mais desgastada? Quantas vezes o bom clima que pairava sobre o Olímpico ou a Arena, com expectativa de um grande título, não foi quebrado por uma simples derrota no estadual?
E não fiquemos apenas no Grêmio, porque faz anos que digo que esse sistema prejudica a Dupla. Lembras da final do Gauchão de 2012? Para não perder o título em casa, para o Caxias, Dorival Júnior, então técnico deles, sacou D’Alessandro e Dagoberto do banco. Os dois voltavam de lesão, mas ajudaram a garantir o título para o rival. Todavia, aquela partida os prejudicou em sua recuperação, de modo que atrasaram ainda mais o seu retorno aos gramados em plena forma – o que foi ruim para o clube inteiro. Para só ficar neste exemplo.
O que eu quero dizer é que a conquista do campeonato estadual é pouco valorizada, porque temos objetivos muito maiores. A receita gerada para o clube em razão dele não é muito significativa – e, por mais que pareça essencial para fechar o orçamento anual, o Gauchão simplesmente nos impede de encontrar alternativas. E isso porque a pré-temporada é prejudicada (gostam de falar do calendário europeu, mas, salvo as Supercopas da vida, por lá todos têm cerca de três meses de intervalo na suas competições, enquanto aqui paramos de jogar em dezembro, para já voltar em janeiro).
Por outro lado, as perdas e prejuízos propiciados pelo estadual são potencializados. E aí vem minha questão: por que disputar o Gauchão? Minha resposta, há bastante tempo: não há motivo. Simplesmente precisamos virar essa página, como um dia viramos a do saudoso Campeonato Citadino. Porque o futebol cresce, porque nossas pretensões crescem, porque nossos objetivos se tornam infinitamente maiores do que o “Ruralito”. O Campeonato Gaúcho, hoje, é a alvorada das ilusões ludopédicas, sua taça é a miragem do oásis em meio à imensidão do deserto.
Para entender isso, basta olhar o início de 2018: o Grêmio era Tricampeão da América, a torcida em lua de mel por tudo que ocorreu nos últimos anos, mas queriam criar uma CRISE, por conta da ameaça de rebaixamento no estadual, em razão do pífio desempenho da gurizada do time de transição. Aí vieram os Grenais, e o que valeu para nós, no Gauchão, foram as boas vitórias nos clássicos.
E isso poderia ter ido água abaixo naquele terceiro jogo, tamanho foi o salto alto com que entramos no Beira-Rio, com o time troteando em campo como quem foi curtir a vida na zona boêmia da cidade na noite anterior. Já imaginaste o tamanho da CELEUMA se perdêssemos a vaga para o rival depois de abrir 3×0, Renato? Se chegasse a ocorrer (e mal eles acreditavam que isso aconteceria), mesmo assim não seria grande coisa. Não para os objetivos maiores, não porque o Grêmio até se esforçou para entregar a paçoca. Mas isso sou eu que penso. Tente lidar com a imprensa depois disso.
Felizmente, entramos a tempo de evitar o cenário pior que a gurizada tinha desenhado para nós, eliminamos o rival e conquistamos o campeonato com duas boas vitórias sobre o bravo Xavante, que vem bem para a Série B deste ano. Lembrando que, na última vez em que havíamos vencido a Recopa, lá em 1996, também conquistamos o Gauchão em cima de um time anterior, pelo placar agregado de 7×0 (igual: 4×0 em casa e 3×0 fora). Naquele ano veio o Brasileirão ainda. Que seja um bom presságio…
Enfim, foi bom o Gauchão de 2018 para testar o futebol de vários guris da base, valeu pelo chocolate no clássico e, tá bem, taça é taça e tu querias bastante essa, né?! Fico feliz por isso tudo! Mas agora deu de falar de campeonato estadual. O Campeonato Brasileiro começa semana que vem, e temos Libertadores e Copa do Brasil pela frente também. Como falamos toda vez que chega maio (ou abril, no caso de anos de Copa do Mundo): é agora que a coisa começa. Que bom neste ano sem uma crise artificial implantada (e sem ilusões também). E que bom que tu ficaste, Renato!
Que dia maluco ontem, hein?! A começar por esse horário em que a CONMEBOL marcou TODOS os nossos jogos em casa. Eu, assim como tantos gremistas, não me livrei dos compromissos para estar às 19h15 na Arena. Nem para ver o primeiro tempo, na verdade. Mas, pelo que ouvi e vi no VT, parece que o time inteiro demorou a entrar em campo. Acho que estavam preocupados com o voto da Ministra Rosa Weber.
O importante é que deu para chegar em casa e ver um belo segundo tempo. Mais uma goleada para a conta. Está certo que o outro time era fraquinho, Renato, mas não tira o nosso mérito. Jael abrindo o placar de cabeça mostra bem o papel que vem exercendo: centroavante de atitude, agita o ataque, bagunça a defesa adversária e cria chance de gols. Eventualmente, deixa o seu também, como hoje.
O show à parte ficou por conta de Everton Cebolinha. O guri está jogando muita bola, Renato! É muito bom ver esse crescimento dele, que já era um bom jogador e contribuía bastante com o time quando entrava, e agora vem se mostrando titular absoluto e uma peça fundamental da equipe. Se continuar nesse ritmo, esperamos que ele possa ficar para além de alguma famigerada janela de transferências.
Falando em peças fundamentais, coisa boa ver Arthur e Maicon se entrosando no meio campo. O Rei, que nos deixará ano que vem para conquistar o Velho Mundo com a camisa Blaugrana, deu uma belíssima assistência para o outro Rei, o da América. Luan, mesmo quando não é protagonista, mostra sua qualidade e sua importância. E até Cícero, que vinha devendo – principalmente pela tua aposta em escalá-lo como titular em alguns jogos –, deixou o seu gol hoje.
Quatro a zero e torcida feliz, apesar do horário ruim, da chuva, da Voz do Brasil, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal que levam mais tempo para proferir um voto do que o coirmão para sair da crise. Pelo menos até a tua entrevista na coletiva, né, Renato?! Esperávamos que tu fosses colocar um ponto final nessa boataria de que tu poderias ir para o Flamengo. E tu preferiste deixar no ar.
Olha só, eu sei que a orla do Guaíba não é Ipanema, que o Morro Santa Teresa pode não ser tão bonito quanto o Corcovado, que a Cidade Baixa fique devendo um pouco à Lapa, mas as coisas estão bem por aqui, não?! Não Porto Alegre em si, claro! Essa tem seus vários problemas (e eu não estou a fim de escrever um “Bom dia, Marchezan!” para conversar sobre todos eles). Eu falo do Grêmio! Tudo bem, não temos a Barra da Tijuca, mas Xangri-Lá é logo ali também. O que tem de bom por aqui é o nosso Imortal!
Sei o quanto tu amas o Rio (bom, e não és só tu que achas uma boa ideia morar na Zona Sul carioca, sejamos francos), mas tu vais ter que ajeitar a casa lá no Flamengo, né?! E tu sabes como é a torcida deles. É “Deixou chegar, fudeu! Entreguem as taças! Rumo a Tóquio!” na primeira vitória suada no Campeonato Carioca; e revolta, terra arrasada e “Muda tudo! Que rolem cabeças!” na primeira eliminação. Aqui nós estamos em lua de mel, Renato! Por que trocar?
Agora, se a tua ideia é só fazer um pouco de joguinho midiático, querer se valorizar um pouco mais, ouvir o torcedor clamar por ti, então deixa eu ser bem claro contigo: FICA, MEU QUERIDO! O GRÊMIO É TUA CASA, TEU CLUBE, TEU LAR! NÓS TE AMAMOS E TE REVERENCIAMOS! Está bem, também não vou ser hipócrita de dizer que, a depender do número preenchido no cheque que me apresentassem, eu não cogitaria em trabalhar até trabalhar até vestindo a camisa do coirmão – OK, exagerei , mas só quis dizer que também entendo o lado financeiro-profissional.
Salvo os mais altruístas (que nas redes sociais tem aos montes, mas nas ruas é difícil de encontrá-los), todo mundo gostaria de garantir uma rica aposentadoria. Eu apenas espero que a proposta do time carioca, se realmente existir, não seja boa a ponto de te convencer a se mudar com tudo que já foi conquistado e construído por aqui neste último ano e meio. Sim, sou metade coração de torcedor apaixonado, metade cérebro burocrático. Só a cerveja para unir isso tudo.
Que na segunda-feira, quando eu voltar a conversar contigo aqui (e falar um pouco sobre o Gauchão, o que eu não fiz DELIBERADAMENTE até agora), a decisão tenha sido por Porto Alegre. Que venha a taça que tu queres no teu currículo de técnico lá de Pelotas, junto com o nosso Dia do Fico. De qualquer forma, Renato, continue não te esquecendo: tu vais ser sempre o cara!