O Corinthians e a Arbitragem

Um dos meus sonhos mais acarinhados é ver o Corinthians prejudicado pela arbitragem. O que ocorreu ontem no Beira-Rio, foi mais um dos escândalos habituais provocados pela presença em campo do time do Parque São Jorge. O dinheiro do Estado de São Paulo realmente faz diferença para juízes como Wagner Tardelli – figura habitual nos Inter x Corinthians em Porto Alegre. Lembro que, em 2005, Wagner Tardelli atravessou o campo em diagonal, percorrendo mais de 40 metros a fim de expulsar Abel Braga do banco do Inter. No vídeo da partida, viu-se que Abel apenas tinha esbravejado quando de mais uma marcação “equivocada” de Tardelli. Abel não abrira a boca, mas Tardelli ouvira ofensas e acabou suspenso. Foi o ano em que o Inter tentava roubar o título que o Corinthians comprara.

Mas ontem, em meio à chuva, num jogo quase secreto para os gaúchos que ficaram em casa, Tardelli deu um jeito de fazer o placar da partida de uma forma que eu não lembro ter visto antes. O resultado do jogo foi Inter 1 x 2 Corinthians.

1. No primeiro gol do Corinthians, seus dois zagueiros Jean e Chicão estavam 1 metro impedidos. Era uma jogada simples de cobrança de falta, um levantamento para dentro de nossa desimportante grande área. O bandeirinha provavelmente teve sua atenção chamada por um quero-quero que desafiava a chuva e não observou o lance.

2. No segundo tempo, houve o primeiro pênalti cometido por jogador do intocável coringão. Jucilei estendeu o braço para colher uma maçã madura dentro de sua grande área, justo quando a bola passava por ali. Certamente uma coincidência que Tardelli considerou em sua decisão de mandar o jogo seguir.

3. Logo depois, novo pênalti. Henrique salta de costas sobre Andrezinho, obstruindo-lhe a passagem. Foi um lance de contornos cômicos, pois o jogador do timão, após a passagem da bola e sem saber o que fazer, salta descrevendo um giro no ar, ministrando ao jogador do Inter um golpe oriental, inspirado no filme O Tigre e o Dragão. Um lindo lance que fez o comentarista do Première rir em seu comentário, dizendo que, claro, aquilo era pênalti em todos os rincões que não fossem a grande área do excelso alvinegro paulista.

4. Para cúmulo, dois minutos depois, Bolívar, bom zagueiro e excelente observador, aplica o mesmíssimo golpe de artes marciais na intermediária do Inter. Resultado: falta para Chicão bater e cartão amarelo para o talentoso aprendiz colorado.

5. Acontece o segundo gol do beneficiário das arbitragens brasileiras… com novo impedimento duplo. Aos 42 minutos, o bom Jorge Henrique recebe a bola na pequena área em completíssima e flagrante posição ilegal. Uma banheira crassa. Para maior conforto, havia um companheiro seu que lhe emprestou o sabonete.

Eu sugiro que o Corinthians faça um investimento financeiro sobre os organizadores da Libertadores; afinal, parece que por lá a aura monetária de seu estado e da segunda maior torcida do país não faz muito sucesso. Se nem o Flamengo consegue beneplácitos por lá, imaginem sua pálida imitação paulista.

P.S.- Vi também o jogo do Grêmio contra o Santos ontem. Sugiro aos gremistas uma observação sobre o posicionamento de Souza e Tcheco nos jogos fora do Olímpico. Não li nem ouvi ninguém acusando a dupla maior do tricolor de estarem jogando como volantes. Céus, o Grêmio sempre marca e marca e marca, esquece de jogar, toma um gol e depois tenta reagir. Quem tiver em mente uma fotografia do Grêmio sem a bola, procure encontrar Tcheco e Souza em campo. Eles estarão ao lado de Adílson e Réver. Futebol, gente, se ganha marcando e jogando; não se ganha anulando os melhores jogadores em tarefas que os excelentes Réver e Adílson sabem fazer sem grandes confusões. A dupla de armadores só atrapalha ali atrás.