As apostas — literalmente — para o Nobel de Literatura de 2021

As apostas — literalmente — para o Nobel de Literatura de 2021

Atenção, apostadores! O Prêmio Nobel de Literatura de 2021 será anunciado nesta quinta-feira, 7 de outubro, e as casas de apostas estão abertas.

Para quem desejar fazer sua fezinha e quiser ter uma noção do que os outros estão fazendo, consultei a Ladbrokes londrina. No ano passado, a vencedora Louise Glück teve apenas 25/1 de probabilidade, e os vencedores de 2018/2019, que foram anunciados em conjunto em 2019, estavam apenas um pouco mais perto do topo: Olga Tokarczuk tinha 10/1 e Peter Handke 20/1. Neste momento, a coisa está assim:

Annie Ernaux – 8/1
Ngũgĩ wa Thiong’o – 8/1
Haruki Murakami – 10/1
Margaret Atwood – 10/1
Anne Carson – 12/1
Jamaica Kincaid – 12/1
Lyudmila Ulitskaya – 12/1
Maryse Condé – 12/1
Peter Nadas – 12/1
Jon Fosse – 14/1
Don DeLillo – 16/1
Dubravka Ugrešić – 16/1
Hélène Cixous – 16/1
Javier Marías – 16/1
Mircea Cărtărescu – 16/1
Nuruddin Farah – 16/1
Can Xue – 20/1
Mia Couto – 20/1
Michel Houellebecq – 20/1
Yan Lianke – 20/1
Charles Simic – 25/1
Edna O’Brien – 25/1
Gerald Murnane – 25/1
Homero Aridjis – 25/1
Ivan Vladislavić – 25/1
Karl Ove Knausgaard – 25/1
Scholastique Mukasonga – 25/1
Xi Xi – 25/1
Botho Strauss – 33/1
Cormac McCarthy – 33/1
Hilary Mantel – 33/1
Ko Un – 33/1
Linton Kwesi Johnson – 33/1
Marilynne Robinson – 33/1
Yu Hua – 33/1
Zoë Wicomb – 33/1
Martin Amis – 50/1
Milan Kundera – 50/1
Salman Rushdie – 50/1
Stephen King – 50/1
William T. Vollmann – 50/1

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O Nobel de Doris Lessing

O Prêmio Nobel de Literatura é uma láurea às vezes geopolítica, às vezes literária. Foi geopolítica, por exemplo, a premiação de Nadine Gordimer em 1991 — lembrem que o apartheid foi abolido em 1990 por Frederik de Klerk e a Academia Sueca entendeu ser interessante mostrar ao mundo que havia escritores por lá — ; foi novamente geopolítico quando deu seu polpudo cheque à ridícula Toni Morrison em 1993 — presumiram que seria a hora de premiar uma mulher negra? — ; chegou a níveis rasantes quando chamou Alexander Soljenítsin em 1970, logo após ter concedido um prêmio verdadeiramente literário a Samuel Beckett em 1969. Aliás, a premiação a Soljenítsin parece ter causado tal espanto aos próprios acadêmicos – o único e duvidoso mérito literário do escritor era o de ser um notório dissidente soviético — que, no ano seguinte, resolveram dar o prêmio ao comunista Pablo Neruda durante o governo de Salvador Allende.

Pode acontecer também de um prêmio geopolítico alcançar grandes escritores. Em 1976, a Academia quis dar TODOS os prêmios a norte-americanos em razão do bicentenário de sua independência e o Nobel de Literatura acabou com o grandíssimo Saul Bellow — na verdade um canadense naturalizado. No ano passado, outro gol: quiseram dar uma demonstração de como oriente e ocidente poderiam conviver pacificamente e deram a grana ao extraordinário Orham Pamuk, autor nascido e naquela época morador de Istambul, a cidade que em que se pode ir da Europa para a Ásia e vice-versa atravessando-se uma ponte. No retrasado, a Academia quis ser apenas literária e deu a Harold Pinter um belo Nobel.

Já o de Lessing é mais complicado de interpretar. Dona de um sobrenome que encontra melhor eco na literatura alemã, ela é uma escritora que foi lidíssima entre os anos 60 e 80 e que curtia uma dourada quase-aposentaria na Inglaterra. Era feminista e comunista, tornando-se apenas o primeiro nos anos 90. Aos 87 anos, ainda publica livros cada vez menos lidos e elogiados. É, de fato, uma escritora que deveria parar ao invés de seguir publicando novelinhas secundárias.

Eu li mais de vinte livros dela e considero The Golden Notebook (1962; no Brasil O Carnê Dourado), Memoirs of a Survivor (1974; no Brasil Memórias de um Sobrevivente) e The Summer Before the Dark (1973; no Brasil, O Verão Antes da Queda) livros autenticamente grandiosos e importantes. Ela também escreveu duas famosas pentalogias: a muito esquerdista série Filhos da Violência, que é bastante boa e onde aparecem dois notáveis personagens: Martha Quest e Anton Hesse; e a chatíssima Canopus em Argos: Arquivos, que ficou famosa no Rio Grande do Sul por ser amada e idolatrada por Caio Fernando Abreu. Coisas de nosso Rio Grande…

Doris Lessing não é uma escritora de linguagem sutil. Sua frase é direta, rápida e não podemos falar numa prosa elegante. Tem notável habilidade para construir personagens e a polifonia de seus livros é bastante original, pois não é formada por apenas por vozes de personagens, mas estes recebem o auxílio de situações e ações, que muitas vezes os contradizem. Não é pouco, porém…

Thomas Pynchon, Philip Roth e Antonio Tabucchi mereceriam muito mais o prêmio. Permanecem, contudo, na excelente companhia de Tolstói, Proust, Joyce e Borges.

O Brasil só poderia ganhar um prêmio geopolítico, só que andamos muito pouco dramáticos. Não punimos torturadores, não nos preocupamos com o papel da Amazônia no aquecimento global e achamos Ariano Suassuna um gênio… Nosso estilozinho deslumbrado low-profile não está com nada.

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A visita de Cláudio Costa foi o esperado, isto é, perfeita. Convenceu-nos a uma retribuição em Minas. Vamos, é claro. Ninguém nos convida impunemente… Não nos surpreendeu o fato de ele ser casado com uma pessoa tão querida e agradável quanto a Amélia, a gente sempre fica maravilhado ao ganhar mais uma amiga. Incrível seu entendimento com a Claudia.

Publicado em 15 de outubro de 2007

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