Burrice estadual

Burrice estadual
Pasmem, este é o  senador Lasier Martins | Foto: Luiz Munhoz
Pasmem, Lasier Martins é Senado de República | Foto: Luiz Munhoz

A eleição de Lasier Martins para o Senado Federal ficará marcada como uma das maiores máculas de nosso estado, de nosso estado tão politizado, politizadíssimo… Sem entrar em detalhes, afirmo que Lasier é simplesmente um ser humano de menor qualidade. Acho que o tratamento que ele deu àquele funcionário da PF basta para demonstrar o fato. Seu principal adversário, Olívio Dutra, era a melhor resposta do PT ao ex-comunicador da RBS, mas não era a melhor resposta ao anti-petismo. Diria que o Olívio era a melhor resposta do PT ao PT. Olívio sentia-se incomodado com os rumos do partido e apenas viu-se ressuscitado quando este notou claramente o perigo de perder a vaga de senador para Lasier, um bisonho e veterano comentarista político sem prévia experiência parlamentar A militância entusiasmou-se com o bigode, mas o anti-petismo permaneceu impermeável. Deste modo, quatro anos depois, Lasier repete Ana Amélia Lemos. Ambos comentaristas da repetidora da Globo no RS, ambos eleitos senadores.

A vitória de Lasier Martins passa por vários fatos que vão desde o antipetitsmo — que vota em qualquer um que possa derrotar o partido — até a falta de informação e cultura de nosso estado e do país. O problemático ex-centroavante Jardel dá entrevistas em que parece não saber bem sobre o que fala. Talvez já fosse assim quando jogador. Ele é um dos novos membros da Assembleia Legislativa de nosso estado, assim como Regina Becker, a fofa defensora dos animais. Seus 41 mil votos comprovam — contra os 36 mil de Pedro Ruas e os 23 mil de Fernanda Melchionna, apenas para dar exemplos –, que a informação e a educação política passam longe do RS. Acho estranho quando combatem minha tese de que o voto obrigatório é um erro, consistindo somente em mais uma obrigação banal para o cidadão brasileiro médio, que vai lá e faz bobagens. Se fosse facultativo, talvez tivéssemos o resultado das pessoas que se preocupam minimamente com política no estado e não a excrescência que vemos hoje, dia seguinte às eleições.

Por outro lado, o pasmo petista com sua baixa votação pode levar o partido a olhar seu próprio umbigo. O partido comunica-se mal com a sociedade. Por exemplo, faz sua publicidade sempre nos velhos jornais — cada vez menos lidos — que o combatem. A atitude reverente à RBS se parece com uma confissão de culpa. Trato mal o papai, mas lhe dou dinheiro. O PT nunca lançou mão de uma modesta arma que tinha: o de reduzir as verbas de publicidade para os grandes grupos de comunicação, destinando parte destas para os pequenos veículos. Nunca fez isso, seja em âmbito federal, seja em estadual. Outra coisa são seus quadros. Na Feira Ecológica da Redenção, ouvi uma conhecida candidata do partido garantir em voz altíssima a uma senhora idosa que “Era sim, cristã”. Ela tinha chegado à conclusão que ser cristã fazia alguma diferença, então largou o que parecia ser um bordão. Ora, se tivesse mais noção de seu papel, a candidata deveria contestar a importância do questionamento. Essas concessões e a indulgência do partido para com o senso comum desgastaram o PT. Conheço outra candidata do partido que nunca leu uma obra política, que é irremediavelmente desinformada e que foi colocada lá porque trabalha numa conhecida empresa de serviços. Obteve poucos votos, mas é trabalhadora, sorridente e um dia, para nossa infelicidade, acabará eleita.

Sim, essa lógica de pegar o comunicador, o vendedor de sorvetes ou de pneus mais conhecido pode funcionar, mas é uma mudança de rumos crucial para um partido baseado em ideologia. Tal fato só aumenta a burrice geral do estado.

Voltarei ao assunto, pois, na verdade, estou em pânico com os rumos estaduais.

Drops

Enquanto Serra fala pejorativamente no kit-gay do Haddad — na verdade falando sobre o kit anti-homofobia, criado durante a gestão de Haddad no Ministério da Educação com a finalidade de combater a discriminação sexual nas escolas públicas –, enquanto Malafaia é personagem principal da campanha, fico pensando se estas distorções religiosas baseadas na desinformação resolvem alguma coisa. Será que Serra vai subir nas pesquisas? Espero que não. São Paulo não deve ter quase problemas, né?

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Gostaria que houvesse um IDH que pudesse medir as câmaras de vereadores recém eleitas. Podiam falar com com o Amartya Sen… A de Porto Alegre não recomenda muito. Tenho pena da Melchionna, do Ruas, da Cavedon, do Sgarbossa.

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Poucos sabem aqui, mas eu gosto de tênis tanto quanto de futebol. Ontem, saiu o novo ranking. Roger Federer está com 12.165 pontos contra 11.970 de Novak Djokovic nas últimas 52 semanas. São apenas 165 pontos de diferença, mas há um detalhe que beneficia o sérvio. Em 2012, Nole somou 11.410 pontos, contra 9.255 do suíço. São 2.155 de vantagem, com apenas três torneios restando no calendário: Basileia (500), Paris (1.000) e ATP Finals (1.500). Isto é, Federer tem muitos pontos a defender e provavelmente deixará de ser o número 1 nas próximas semanas. Mas isto é daquelas probabilidades das quais a gente duvida. Federer sempre tira um coelho da cartola, mesmo que Nole esteja voando.

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O Inter? Mas por que deveria falar dele? Gente, o ano acabou. Agora são as eleições. Fim.

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Na segunda quinzena de novembro, vou tirar férias com uma missão: a de arrumar os livros em casa. Não consigo encontrar nada. 15 dias para fazer tudo. A partir de hoje, tenho 30 dias para planejar a colocação das estantes e coisa e tal. Estou com férias em atraso, completando dois anos. (Mas, após uma procura insana, acabei encontrando o livro que queria emprestar para a Natália Otto, se ela ainda estiver interessada. De que vale uma biblioteca se não encontramos nada nela?)

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Brasil enfrenta o Japão neste momento. Escuta, alguém dá bola pra seleção do Mano?

A apresentadora é lindíssima, os cabelos de Luciana Genro experimentam vaga rebeldia e eu rio muito de tudo isso…

… esperando que seja verdade e que descubram mais um cara do PP-RS… Comprova, PSOL, comprova tudo! Vão nos decepcionar agora?