3 horas com Fernanda Melchionna

3 horas com Fernanda Melchionna

Hoje aconteceu o que foi para mim uma reunião surpreendente. Fernanda Melchionna marcou comigo na Livraria Bamboletras para falar sobre política e, sei lá, sobre a vida. Ela é uma cliente nossa.

Fomos no bar em frente e conversamos por quase três horas sobre muitas coisas objetivas da política nacional e da cidade. As eleições municipais estiveram no nosso foco, óbvio. É claro que é impossível não se decepcionar com a ausência de prévias e a consequente impossibilidade de se montar uma frente de esquerda, daquelas com real mobilização. Pelo visto, vamos nos dispersar novamente.

Coloquei minhas opiniões, chutes de quem acompanha as coisas de longe, mas que acha que tem a noção clara da repetida burrice que está sendo cometida. Falamos também da loucura que acomete (permanentemente) elementos do Congresso.

A Fernanda é uma pessoa muito agradável, que fala e ouve. Sim, ouve. Mas eu sou daqueles que às vezes dá até mais importância ao discurso não falado. Sou o chato que nota as posturas e as mudanças no tom das vozes e desconfia, mesmo sem poder acusar, perguntando-se o motivo do súbito falsete… Então, o que quero comentar são coisas captadas por alguém que há 62 anos, sem querer, por defeito de fabricação, observa detalhes.

Ora, Fernanda é uma pessoa muito inteira. Para mim, “pessoa inteira” significa alguém centrado, mas não auto-centrado ou em faixa própria. Alguém que possui um conceito, uma essência que a apoia e que não se altera. Poderia seguir explicando, mas vou simplificar, o “inteiro” é o mesmo em qualquer circunstância, não diz uma coisa e faz outra. Eu vejo isso nela.

Mais? Ora, eu gosto de quem gosta de literatura. Ela é formada em biblioteconomia e lê muito. Mas não é a política que diz que lê apenas para agradar a um desimportante livreiro. Ela comenta o que anda lendo e até comprou 5 exemplares de um livro que gostara para dar a seus amigos. Conheço outra pessoa que também faz isso, compra de balde para dar de presente os livros que achou bons. Boa pessoa.

Por que escrevo isso? Um pouco por vaidade, para que vocês saibam que passei quase 3 horas com uma pessoa que é admirada por muita gente, um pouco pela mania de ficar anotando a vida e outro pouco para dizer que vou seguir votando na Fernanda, que não precisaria gastar 3 horas para que eu seguisse fazendo isso…

Obs.: É claro que eu deveria ter tirado uma foto, mas nunca lembro dessas modernagens. Então vão três fotos que encontrei no perfil do Face da Fernanda.

Foram 8 anos no Sul21

Foram 8 anos no Sul21

A foto abaixo foi tirada na redação do Sul21 no dia 9 de março deste ano. No Facebook, até porque eu não disse nada, o pessoal pensou que era apenas mais uma sexta-feira feliz de uma turma meio festeira. Mas não, era minha saída do jornal. Por isso, estou bem no centro da foto. Era uma retirada voluntária e planejada, sem grandes traumas. É claro que paguei chopes pra galera, deixando todo mundo feliz, ora bolas, inclusive eu.

O dia da despedida na redação do Sul21
O dia da despedida na redação do Sul21 | Foto: Guilherme Santos, com o próprio, Luiza, Matheus, Annie, Luís Eduardo, Milton, Marco, Joana, Fernanda, Giovana e Ana.

Permaneci quase oito anos no Sul21. O jornal começou a publicar diariamente em maio de 2010 e fui efetivado em junho. Foi um período estável trabalhado entre pessoas honestas — a começar pela diretoria da empresa — e de bom nível. Aprendi muito e com muita gente.

Quando entrei, a sede do jornal era numa velha e charmosa casa da Rua Fernando Machado na encosta do morro perto do Alto da Bronze. A casa era pra lá de estranha, tinha uns cinco andares. Na verdade, cada um deles abrigava apenas uma sala ou banheiro. Eram escadas e mais escadas. Tenho lembranças muito boas de lá. Foi um período de enorme crescimento do jornal. Começou ainda na gestão da Núbia Silveira como editora e depois explodiu com o Daniel Cassol, certamente a mais criativa das pessoas com as quais trabalhei no Sul21. O Cassol dava um jeito de tornar interessante a mais chata das audiências públicas. Se houvesse mais gente como ele, as publicações de esquerda seriam bem mais confiáveis e lidas do que são.

Ainda no tempo do Cassol, mudamos para a atual sede da Gen. Câmara, muito mais funcional e próxima de bares, restaurantes e das sedes do governo e assembleia.

Não pretendo escrever aqui a história do jornal, apenas fazer um agradecimento geral, publicar as fotos que tenho e seguir a vida. Trabalhei como editor-assistente, repórter e me metia onde achava necessário dar uma ajuda. Em minha fase final, tornei-me editor do Guia21. Até hoje me pedem para criar um Guia do Ócio no meu blog, mas vai ser complicado. Não tenho muito tempo e teria que voltar aos cinemas.

Dia desses, numa manhã em que acordei cedo, fiquei olhando para o teto, fazendo uma lista de todas as pessoas com as quais trabalhei no jornal. São jornalistas, colunistas e blogueiros que tiveram repetidas participações e que, portanto, fizeram o Sul21. Peço antecipadamente perdão a quem esqueci. Gosto de todo mundo e muitos deles já me deram o prazer da presença aqui na Bamboletras. Vamos à lista e depois às fotos?

Adroaldo Mesquita da Costa
Ana Ávila
André Carvalho
Annie Carolline Castro
Antônio Escosteguy Castro
Augusto Maurer
Astrid Müller
Bárbara Arena
Benedito Tadeu César
Bernardo Jardim Ribeiro
Bruno Alencastro
Caio Venâncio
Carlos Latuff
Carmen Crochemore
Caroline Ferraz
Céli Pinto
Cristiano Goulart
Cristóvão Crochemore Restrepo
Daniel Cassol
Daniela Sallet
Daniele Brito
Débora Fogliatto
Eduardo Silveira de Menezes
Enéas de Souza
Ernani Ssó
Felipe Nino Prestes
Fernanda Canofre
Fernanda Melchionna
Fernanda Melo
Fernanda Morena
Filipe Castilhos
Flávio Fligenspan
Francisco Marshall
Gabriela Silva
Gilmar Eitelwein
Giovana Fleck
Gregório Lopes Mascarenhas
Guilherme Escouto
Guilherme Santos
Igor Natusch
Israel Cefrin
Iuri Müller
Jaqueline Silveira
Joana Gutterres Berwanger
Jorge Buchabqui
Jorge Seadi
Julia Landim Lang
Lélia Almeida
Lorena Paim
Lucas Cavalheiro
Lucia Serrano Pereira
Luís Augusto Farinatti
Luís Eduardo Gomes
Luiz Antônio Timm Grassi
Luiza Bulhões Olmedo
Luiza Frasson
Maia Rubim
Manuela d`Ávila
Marcelo Delacroix
Marco Weissheimer
Mariana Duarte
Marino Boeira
Matheus Leal
Milena Giacomini
Mogli Veiga
Musta Juli
Natália Otto
Nícolas Pasinato
Nikelen Witter
Nelson Rego
Núbia Silveira
Paulo Timm
Pedro Nunes
Pedro Palaoro
Rachel Duarte
Ramiro Furquim
Raul Ellwanger
Roberta Fofonka
Robson Pereira
Ronald Augusto
Rui Felten
Samir Oliveira
Sergio Araujo
Tiago Prosperi
Tyaraju Terra
Vicente Nogueira
Vivian Virissimo
Vlad Schilling
Yara Pereira
Zeca Azevedo

O time crescendo ainda na sede da Rua Fernando Machado
O time crescendo ainda na sede da Rua Fernando Machado | Ramiro, Vlad, Rachel, Seadi, Vivian, Igor, Guilherme Escouto, Prestes e Milton.
Já em nosso escritório extra oficial: o Bar Tuim.
Já em nosso escritório extra oficial: o Bar Tuim. | Samir, Prestes, Rachel, Pedro, Milton, Vivian e Igor.
No restaurante do SindiBancários, comemorando o primeiro mês em que alcançamos 1 milhão de acessos.
No restaurante do SindiBancários, comemorando o primeiro mês em que alcançamos 1 milhão de acessos. | Carmen, Milton, Débora, Igor, Samir, Nícolas, Iuri, Guilherme Escouto e Rachel
Parte do time num encontro no Café Macuco da Jerônimo Coelho.
Parte do time num encontro no Café Macuco da Jerônimo Coelho. | Igor, Milton, Iuri, Bernardo, Fofonka e Débora.
Aniversário do Igor. Nossa chefe tinha viajado e deixado alguma grana pra nós. Sobrou. No último dia...
Aniversário do Igor. Nossa chefe tinha viajado e deixado alguma grana pra nós. Sobrou. No último dia… | Samir, Igor, Débora, Iuri, Nícolas, Milton, Guilherme Escouto e Bernardo.
No elevador voltando para o trabalho após o almoço.
No elevador voltando para o trabalho após o almoço. | Bernardo, Milton, Samir, Débora, Fofonka e Nícolas.
Apesar dos sorrisos, um dia não muito feliz: o da saída do Ramiro Furquim.
Apesar dos sorrisos, um dia não muito feliz: o da saída do Ramiro Furquim. | Caio, Débora, Samir, Yara, Guilherme Escouto, Ramiro, Carmen, Mariana, Milton, Fofonka, Bernardo e Jaqueline.
No primeiro Gre-Nal com torcida mista.
No primeiro Gre-Nal com torcida mista em encontro não combinado. | Latuff, Milton, Igor, Caio e Filipe.
Mil almoços no Tuim.
Mil almoços no Tuim. | Milena, Milton e Luís Eduardo.
Mil e um almoços no Tuim.
Mil e um almoços no Tuim. | Milena, Gregório, Milton e Joana.

Burrice estadual

Burrice estadual
Pasmem, este é o  senador Lasier Martins | Foto: Luiz Munhoz
Pasmem, Lasier Martins é Senado de República | Foto: Luiz Munhoz

A eleição de Lasier Martins para o Senado Federal ficará marcada como uma das maiores máculas de nosso estado, de nosso estado tão politizado, politizadíssimo… Sem entrar em detalhes, afirmo que Lasier é simplesmente um ser humano de menor qualidade. Acho que o tratamento que ele deu àquele funcionário da PF basta para demonstrar o fato. Seu principal adversário, Olívio Dutra, era a melhor resposta do PT ao ex-comunicador da RBS, mas não era a melhor resposta ao anti-petismo. Diria que o Olívio era a melhor resposta do PT ao PT. Olívio sentia-se incomodado com os rumos do partido e apenas viu-se ressuscitado quando este notou claramente o perigo de perder a vaga de senador para Lasier, um bisonho e veterano comentarista político sem prévia experiência parlamentar A militância entusiasmou-se com o bigode, mas o anti-petismo permaneceu impermeável. Deste modo, quatro anos depois, Lasier repete Ana Amélia Lemos. Ambos comentaristas da repetidora da Globo no RS, ambos eleitos senadores.

A vitória de Lasier Martins passa por vários fatos que vão desde o antipetitsmo — que vota em qualquer um que possa derrotar o partido — até a falta de informação e cultura de nosso estado e do país. O problemático ex-centroavante Jardel dá entrevistas em que parece não saber bem sobre o que fala. Talvez já fosse assim quando jogador. Ele é um dos novos membros da Assembleia Legislativa de nosso estado, assim como Regina Becker, a fofa defensora dos animais. Seus 41 mil votos comprovam — contra os 36 mil de Pedro Ruas e os 23 mil de Fernanda Melchionna, apenas para dar exemplos –, que a informação e a educação política passam longe do RS. Acho estranho quando combatem minha tese de que o voto obrigatório é um erro, consistindo somente em mais uma obrigação banal para o cidadão brasileiro médio, que vai lá e faz bobagens. Se fosse facultativo, talvez tivéssemos o resultado das pessoas que se preocupam minimamente com política no estado e não a excrescência que vemos hoje, dia seguinte às eleições.

Por outro lado, o pasmo petista com sua baixa votação pode levar o partido a olhar seu próprio umbigo. O partido comunica-se mal com a sociedade. Por exemplo, faz sua publicidade sempre nos velhos jornais — cada vez menos lidos — que o combatem. A atitude reverente à RBS se parece com uma confissão de culpa. Trato mal o papai, mas lhe dou dinheiro. O PT nunca lançou mão de uma modesta arma que tinha: o de reduzir as verbas de publicidade para os grandes grupos de comunicação, destinando parte destas para os pequenos veículos. Nunca fez isso, seja em âmbito federal, seja em estadual. Outra coisa são seus quadros. Na Feira Ecológica da Redenção, ouvi uma conhecida candidata do partido garantir em voz altíssima a uma senhora idosa que “Era sim, cristã”. Ela tinha chegado à conclusão que ser cristã fazia alguma diferença, então largou o que parecia ser um bordão. Ora, se tivesse mais noção de seu papel, a candidata deveria contestar a importância do questionamento. Essas concessões e a indulgência do partido para com o senso comum desgastaram o PT. Conheço outra candidata do partido que nunca leu uma obra política, que é irremediavelmente desinformada e que foi colocada lá porque trabalha numa conhecida empresa de serviços. Obteve poucos votos, mas é trabalhadora, sorridente e um dia, para nossa infelicidade, acabará eleita.

Sim, essa lógica de pegar o comunicador, o vendedor de sorvetes ou de pneus mais conhecido pode funcionar, mas é uma mudança de rumos crucial para um partido baseado em ideologia. Tal fato só aumenta a burrice geral do estado.

Voltarei ao assunto, pois, na verdade, estou em pânico com os rumos estaduais.

Drops

Enquanto Serra fala pejorativamente no kit-gay do Haddad — na verdade falando sobre o kit anti-homofobia, criado durante a gestão de Haddad no Ministério da Educação com a finalidade de combater a discriminação sexual nas escolas públicas –, enquanto Malafaia é personagem principal da campanha, fico pensando se estas distorções religiosas baseadas na desinformação resolvem alguma coisa. Será que Serra vai subir nas pesquisas? Espero que não. São Paulo não deve ter quase problemas, né?

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Gostaria que houvesse um IDH que pudesse medir as câmaras de vereadores recém eleitas. Podiam falar com com o Amartya Sen… A de Porto Alegre não recomenda muito. Tenho pena da Melchionna, do Ruas, da Cavedon, do Sgarbossa.

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Poucos sabem aqui, mas eu gosto de tênis tanto quanto de futebol. Ontem, saiu o novo ranking. Roger Federer está com 12.165 pontos contra 11.970 de Novak Djokovic nas últimas 52 semanas. São apenas 165 pontos de diferença, mas há um detalhe que beneficia o sérvio. Em 2012, Nole somou 11.410 pontos, contra 9.255 do suíço. São 2.155 de vantagem, com apenas três torneios restando no calendário: Basileia (500), Paris (1.000) e ATP Finals (1.500). Isto é, Federer tem muitos pontos a defender e provavelmente deixará de ser o número 1 nas próximas semanas. Mas isto é daquelas probabilidades das quais a gente duvida. Federer sempre tira um coelho da cartola, mesmo que Nole esteja voando.

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O Inter? Mas por que deveria falar dele? Gente, o ano acabou. Agora são as eleições. Fim.

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Na segunda quinzena de novembro, vou tirar férias com uma missão: a de arrumar os livros em casa. Não consigo encontrar nada. 15 dias para fazer tudo. A partir de hoje, tenho 30 dias para planejar a colocação das estantes e coisa e tal. Estou com férias em atraso, completando dois anos. (Mas, após uma procura insana, acabei encontrando o livro que queria emprestar para a Natália Otto, se ela ainda estiver interessada. De que vale uma biblioteca se não encontramos nada nela?)

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Brasil enfrenta o Japão neste momento. Escuta, alguém dá bola pra seleção do Mano?

Porque hoje é sábado, algumas mulheres da esquerda gaúcha

Meus queridos sete leitores! Caríssimos! Como militante desde o final dos anos 70, posso asseverar que uma das maiores mentiras da humanidade é dizer que as mulheres da esquerda são todas inequívocos jaburus.

A atual geração de petistas, comunistas e psolentas vêm confirmar décadas de…

… observações realizadas com extrema pertinácia pelo autor deste blog.

Nossas mulheres não são apenas as mais lidas e inteligentes, são também as…

… mais belas. Até quem faz as coberturas é interessante! Vejam abaixo:

Larissa Riquelme é apenas um rascunho da Rachel Duarte do Sul21.

E como são expressivas! O sorriso irônico de Manuela… Não parece a vocês…

… que me avisa para eu me cuidar a fim de não ser processado novamente?

Há um gênero de homens — limitados, limitados — que faz confusão entre as…

… interessantes e as chatas. Eu não. As de forte personalidade; as que pensam, decidem e falam, …

… as que passam longe da mera peruagem; mantêm mais viva a magia feminina.

As homenageadas de hoje: Vereadora Sofia Cavedon – PT/RS;

Deputada Manuela D`Ávila – PC do B/RS;

Vereadora Mariana Carlos – PT/RS – Cachoeira do Sul;

Vereadora Fernanda Melchionna – PSOL/RS – Porto Alegre;

Jornalista Rachel Duarte – Sul21.

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Observação final e lamentável: a direita trata assim as mulheres, tsc, tsc, tsc.

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Créditos: a primeira foto de Sofia Cavedon, assim como as três de Rachel Duarte são do Ramiro Furquim/Sul21. As outras, sabe-lá.