Quem vai ganhar a Copa

Tivemos até hoje 18 Copas do Mundo. O Brasil ganhou cinco, a Itália, quatro, a Alemanha, três, o Uruguai e a Argentina levaram duas e a França e a Inglaterra ganharam uma vez. Apenas sete países e eu sacanamente retiro da lista de principais vencedores a França e a Inglaterra, por terem vencido apenas Copas realizadas em seus países, e o Uruguai por não ser mais um player que deva ser levado muito a sério.

Sobram quatro: Brasil, Itália, Alemanha e Argentina. São os eternos favoritos, the usual suspects. Porém, se fizer um alongamento de vontade e incluir as – em tese – outras boas seleções presentes, incluirei na minha lista de favoritos as inéditas Espanha e Holanda e farei retornar a Inglaterra. Mas como ninguém aceitaria uma aposta em sete seleções, farei algo muito perigoso: por achar que a derrota fica bem a um país tão literário, voltarei a retirar dentre minhas favoritas o ioiô Inglaterra, acompanhada da Alemanha – pois quem considera Ballack um grande desfalque não pode ter um bom time – , da dura de matar Itália e da estoica Espanha.

Certamente trata-se mais de um desejo do que uma avaliação técnica o que me faz colocar minhas fichas em Brasil, Argentina e Holanda, apesar do medo pânico que sinto do feio futebol italiano e dos obstinados alemães.

Comecemos pela Holanda. Quando disse que seu favoritismo era um desejo meu, não estava brincando. Não confio na capacidade defensiva dos holandeses. É um time sonhador, qualidade que costuma ser fatal… para o próprio sonhador. O técnico Bert Van Marwijk vai colocar em campo um time semelhante àquele que conseguiu 100% de aproveitamento nas eliminatórias: esquematizado em rigoroso 4-3-3 com o talentoso Snejder fazendo o enganche. Ou seja, fará o que Mourinho e Felipão consideram suicídio: manterá somente 6 ou 7 homens atrás da linha da bola. O time-base da Holanda é Stekelenburg; Heitinga, Ooijer, Mathijsen e Van Bronckhorst; De Jong, Van Bommel e Sneijder; Kuyt, Van Persie e Robben, mas temo que, na última hora, o treinador holandês enlouqueça e arranje um lugar para o merengue Rafael van der Vaart, eleito o mais atraente jogador da Copa de 2010 pelas mulheres alemãs. Resta saber o que Lúcio e Juan pensam disso.

A Argentina é a Argentina, expressão idiota que não diz nada e diz tudo a nós, brasileiros. Nesta Copa, nossos vizinhos vêm com um time espetacular, tanto que esnoba ao não convocar Zanetti e Cambiasso, ambos da Inter de Milão. Com seu jeito marrento, Maradona anunciou o time da estreia e, olha, não é mole.

– Romero; Otamendi, Demichelis, Samuel e Heinze. Um pouco à frente o Mascherano e o meu Xavi é o Verón, que faz o jogo fluir. Pelos lados Jonas Gutiérrez e Di María. O Messi vai jogar mais solto e o Higuaín só para botar as bolas para dentro – disse o gordinho.

Imaginem, se Maradona falou a verdade, Diego Milito estará no banco ao lado de Tevez, Aguero e Palermo. Sim, eles vêm muito bem para a Copa, apesar dos substitutos da citada dupla da Internazionale serem Garcé e Bolatti. Jogam num 4-4-1-1.

E então nós temos o time treinado por Dunga. Não faço coro com quem criticou a convocação. Vi nela apenas um erro grave: a não convocação de Paulo Henrique Ganso, um craque numa posição rara e valiosa, mas tudo bem, há uma linha política interna que torna cúmplices os jogadores e o treinador — e esta deve ser respeitada. E Ganso seria reserva. O time do Brasil tem um dos melhores goleiros do mundo, Júlio César; uma zaga forte formada por Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; uma linha de 3 volantes com Elano (“El Ano” ou “O Ânus”, em espanhol), Gilberto Silva e Felipe Mello; dois jogadores soltos mais à frente, Kaká e Robinho; e Luís Fabiano fincado como centroavante.

Para os sonhos dos brasileiros, é um time defensivo e realista demais, porém os resultados são tão bons que seguram firmemente e há quase quatro anos o antipático Dunga como treinador. Sua capacidade expressiva beira o zero, mas os jogadores o compreendem. O que ele demonstra em campo está no livro de cabeceira de José Mourinho, Luís Felipe Scolari, Fabio Capello, etc.: primeiro a gente segura o adversário, depois especula na frente. Com jogadores de qualidade, funciona.

Antes de finalizar, quero dizer que uma de minha maiores curiosidades é ver o Chile de Marcelo “El Loco” Bielsa. Em sua última Copa do Mundo, em 2002, ele já aplicava seu espetacular e frenético 3-3-1-3. Os resultados, tão bons fora das Copas, foi a eliminação de nossos vizinhos na primeira fase. Agora, com “material” chileno, ele volta com seu esquema predileto. É bonito de ver.

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  1. Meus favoritos são Argentina e Holanda, nessa ordem. O time de Dunga tem uma excelente defesa, um meio-de-campo medíocre (Gilberto Silva, Felipe e Elano sozinhos seria difícil de aguentar, os três juntos!!! humpf!) e um ataque competente mas que vai disputar a copa a meia-bomba. Ou você acha que Kaká e Luis Fabiano vão voar?

    Dunga fez um pacto com esse grupo na Copa América e o honrou até agora. E se não ganhar a copa será massacrado. Aliás, não ficaria muito triste se isso ocorresse.

  2. Milton,
    tendo a ter como favorita a Holanda, mas com uma condição. À semelhança do Maradona, a Doutzen Kroes deveria prometer ficar pelada em praça pública se aganharem.
    Branco

  3. Em uma seleção brasileira titular não podem entrar jogadores baleados (Kaká) ou em irreversível má fase (Robinho), além de ruindades que não se fixam nos próprios clubes e que na seleção são titulares (Gilberto Silva, Felipe Melo) ou reservas (Doni, Josué, Kleberson, Júlio Batista… tem mais). Luís Fabiano, com Kaká e Robinho apagados, se apagará junto, e seu reserva imediato (Grafite) não deveria nem ter iso para a África. Não concordei com os critérios de convocação (O Kleberson foi porque, tadinho, quebrou ossos num amistoso furreca, mas se recuperou um mês antes e, apesar de más atuações e reservas no Flamengo, foi selecionado “por gratidão” ou “obrigação moral”) supostamente coerentes, que barraram novas possibilidades em favor daqueles que estiveram sempre em convocação anteriores mas agora estão de mal a pior.

    Verei os demais times jogando. Alguns chegam cheios de pose e afundam na primeira fase (a Espanha já fez isso várias vezes), outros tiveram jogadores importantes fora de combate (Robben, da Holanda, é um exemplo), alguns amarelarão (será que o Ganso amarelaria?). O legal é justamente isso: acompanhar os jogos, arriscar os desdobramentos, errar e ver na final, enfim, mais um Brasil x Alemanha. Ou não.

  4. Eu me lembro: era 1974 e a Copa de 70 estava quatro anos afastada na minha memória: tinha nove anos quando Pelé, Tostão, Gérson e cia ergueram o caneco bem alto pela terceira vez: tinha nove anos e não tínhamos TV. O rádio era o sucedâneo. (Por isso, até hoje, prefiro o rádio à TV, guando o assunto é futebol. Até jogo chato vira a Ilíada): mas era 1974 e a seleção jogava mal na Copa de 1974 e chega capengando na fase final, ganhando da insaudosa Alemanha Oriental de bola parada (cobrança de falta de Rivellino, na meia-direita, a bola passa da barreira, golaço) , da Argentina!, com um burocrático dois a um (a mesma Argentina que levou 4 da Holanda) e o dia laranja aparecera: um baile da Holanda, Brasil tontinho, Luis Pereira expulso e dois a zero para Cruiff, Neskens e cia, que chegariam ao vice.
    É o que acontecerá com a seleção canarinho (obviamente minha porção atávica de brasileiro exige uma goleada por jogo, média de cinco gols, total de 35 gols, Brasil campeão sobre a Argentina, 4 a 1, dois gols de Robinho e dois de Luis Fabiano) : vitórias nos quatro jogos anteriores até as quartas, sem empolgações da torcida, muita crítica do SportTV, e então perderemos honrosamente para a Holanda, que será vice mais uma vez, a terceira, estabelecendo um recorde de vices para as Copas. A Argentina ou a Espanha será campeã. (Confesso que depois do massacre da Espanha sobre a Polonia – Ok, a Polonia nem é sombra longínqua daquela de 1974, que deu o tiro de misericórdia em nós na disputa do terceiro lugar – acredito que a Espanha possa eliminar – nos pênaltis – a Argentina em uma semifinal). Mais para a Argentina, pelas individualidades. Espanha tem um time extremamente técnico e bem montado taticamente. Resumo do embroglio: Brasil fica em quinto, mais uma vez, recorde absoluto de quintos lugares em Copas (1982, 1986, 2006 e 2010). Tudo bem, a final de 2014 está garantida: Brasil e Argentina, Ganso capitão do meio de campo e Neymar comandando o ataque. Brasil 3 a 1. Hexa! Patrocínio Nike.

  5. Mas, pensando bem, seria divertido ver uma Copa das Zebras, já que estamos na terra delas: Coréia do Norte endurecendo para cima do Brasil, Costa do Marfim e Portugal. Arranca três empates. Brasil empata com Costa do Marfim e ganha apertado de Portugal. Portugal empata com Costa do Marfim. Quem seria o segundo lugar do grupo? Coréia do Norte ou Costa do Marfim? Isso para ficar só no grupo do Brasil.
    Entretanto, a Nike e a Coca-Cola Company não deixariam. O prejú seria grande. Vamos ficar mesmo no rramerrame de Brasil em quinto e a Espanha campeã. Ou Argentina, se Maradona se insurgir contra essa mancomunação capitalista sórdida e colocar o time todo para atacar a Espanha na semifinal e ganhar de 6 a 4.

  6. Concordo com quase tudo. Só não sei como alguem pode achar o futebol da itália feio. Eu não perco um jogo da itália, adoro tudo! kkkkkkkkk

  7. Sei não, mas com tanto africano jogando na Europa e pelos amistosos que assisti até agora, vou guardar minhas fichas. Tem muito azarão esperando impressionar. Primeiro voou torcer pelo Brasil; depois, contra a Argentina; finalmente quando o Brasil de Dunga fizer o que todo mundo espera – cair diante de qualquer seleção com toque de bola e jogo rápido e voltar pra casa – vou torcer para a nação africana que restar.

  8. Quando me referi à mediocridade do meio-campo dunguista fiz questão de não falar dos reservas. Ai, meu Deus!! Josué, Kleberson, Grafitte e outros mais é de lascar.

    Antes que me condenem ao paredão, por só criticar, vai aí uma amostra do que poderia ter sido o time.

    A defesa é a mesma, com exceção da lateral esquerda onde poderia entrar o Daniel Alves que se vira bem por ali e é muito melhor que Michel Bastos e Gilberto juntos.

    Meio-campo: Julio Batista, Hernandes, Kaká e Ganso

    Ataque: Robinho e Luis Fabiano.

    Neymar e Ronaldinho Gaúcho roendo os cadarços da chuteira com vontade de entrar, sentadinhos no banco para qualquer emergência.

  9. Aliás, uma pergunta ao Milton e aos comparsas:

    O que Dunga pode fazer na seguinte situação:

    25′ do segundo tempo. 1 x 0 pro adversário (Portugal por exemplo) e o Brasil precisando ganhar para se classificar. Quais as reais chances de virar esse jogo com o banco que o zangado Dunga montou?

  10. Dunga está na mesma situação que Felipão esteve: se ganhar, méritos pra ele; se perder, será um burro porque não levou o Ronaldinho (no caso do Felipão, o Romário).

    Acho que um sul-americano, fora o Brasil, dela levar o caneco. Não levo muita fé no esquema do Dunga, apesar de gaúcho e colorado.

  11. Sobre a seledunga, Juca Kfouri – Folha de hoje – cunhou uma boa frase:

    “A vida é assim: começamos pedindo Hernanes, Ganso, Ronaldinho. Mas, diante da dureza da realidade passamos a nos contentar com um jogador como Ramires. E com a absoluta convicção de que nem assim seremos atendidos.”

  12. Oi Milton, eu penso q durante quase 4 anos a mídia bateu no Dunga , como nunca fez com nenhum técnico, como tb em alguns jogadores, chegando ao ponto da ética e profissionalismo não existirem, como foi o caso do PVC com o Felipe Melo, no dia da convocação.Para mim time de resultado, como chamam, é time vencedor, pois o tal fut arte pode ser bonito, mas afinal: estamos disputando a Copa ou um prog de calouros? A mídia deve ter perdido muitos privilégios com o Dunga para todas as emissoras fazerem coro e com o mesmo discurso.Se o Dunga foi grosseiro, acho q foi o mínimo q a mídia recebeu, pq quem iniciou , o q ela chama de guerra, foi a própria. Penso q em quase 4 anos as pessoas q gostam de futebol, ouvindo sempre as mesmas críticas( téc bem capitalista/USA- o medo) muitas pessoas esquecem de q o discurso da Band nunca foi o mesmo da ESPN, mas em relação a isso sempre o foi, sendo q, principalmente a gurizada, se deixa influenciar, pois não conseguem fazer a leitura das entrelinhas, afinal a mídia nunca concordou tão fácil assim, a não ser qd se refere ao PSDEM.Eu discordo em levar Ganso, apesar de ver nele um futuro, pois ele nunca treinou com este grupo. E lendo um comentário aqui, me questiono: se a Nike e Coca-Cola já definiram q a Espanha será vencedora e o Brasil será em 2014,será q este grupo de jogadores e o Dunga se submeteriam a isso depois de tanta boleadeira nas guampas?Tudo é possível, inclusive a mesma mídia q disse q o Ronaldo entregou o jogo em 98 e q ganharíamos 2002, hj eles negam e acham q isso foi um absurdo…q hipocresia infernal…aliás o microfone enganoso e distorcido a mando do patrão, é hj o papel destes (maioria), q se se dizem jornalistas. Mediante a tanta” criatividade jornalistica”, eu irei torcer para o Brasil, afinal sou brasileira e não braZileira como muitos jornalixos q andam por aí q não tem o q fazer a ponto de criticar a roupa q o Dunga está vestindo… a mídia está hj está igual ao Serra: “feliz”…risos…espero q vençamos para dar o troco merecido a este povo, sou Gaúcha , Colorada e Brasileira .

    1. Por esta causa, só tomo Pepsi e uso Reebook.

      Quanto aos uniformes, eta coisa feia estes pretos de treino !
      Nunca vi coisa tão lastimável. Deve ter merchan até no sovaco.

      Falando nisto, li em algum lugar que na copa de 74 todo mundo ria dos alemães, com aqueles uniformes sintéticos folgadões. E nossa seleção com aquelas camisetas “Hering” e calções de algodão, dos tipos “mamãe sou forte” e “mamãe lavou e encolheu”.

  13. Boa resenha sobre os times, Milton. Anotei.

    Ainda estou muito por fora. Mil coisas a serem atendidas. A Copa recém vai chegando à minha vida. Vem junto com o inverno, com os entardeceres gelados de sol pálido, com o café tomado com as mãos em volta da caneca.

    Recém vou me dando conta das coisas: Eslováquia e Eslovênia é? Estão brincando comigo? Deveria ser proibido entrar na Copa qualquer seleção cujo país não existisse em 82: meu ano mítico. A primeira Copa aguardada, com álbum de figurinhas que vinham nos chicles Ping-Pong. A goma eu jogava fora, porque detestava. De 78 lembro apenas uns flashes. Mas 82 teve tudo que um menino de 10 anos pode dar a uma Copa: a alma inteira. Eu conhecia cada jogador e cada uniforme. Eu adorava o fato de existir um goleiro chamado N’Kono. Eu chutei com Falcão aquela bola que explodiu nas redes. Eu explodi junto e me fiz em mil pedaços. No final, eu chorei como só um menino de 10 anos pode chorar em um jogo de futebol.

    Assim, você já vê que situação a minha: meu arquétipo primordial foi aquela Copa e aquela Seleção de futebol lindo e trágico. Naquele dia percebi que nunca iria entender o futebol. Muitos anos mais tarde, quando o futebol pragmático de “Romário + 10” venceu a Copa de 1994, contra aquela mesma Itália que me assombrava a primeira Copa, eu confesso que comecei a sentir afeição pelo futebol bem organizado, ainda que não bem jogado.

    Pois neste ano a seleção tem o cheiro daquele 94. Só que não há nenhum gênio imprevisível como Romário. De qualquer modo, deixei de me apaixonar pela Seleção em 98 e talvez nunca mais recupere o encanto irracional que me arrepia a pele quando é gol do Inter.

    A Espanha talvez seja o melhor time, mas precisa vencer sua vocação para a tragédia. Vocação essa que vem da ausência completa de cultura defensiva e não de qualquer bobagem como um “caráter nacional”. Se bem que os espanhóis, às vezes… bem… deixa para lá.

    Eu torceria para a Holanda se a Copa fosse em qualquer outro país que não a África do Sul. Não porque essa seleção seja espetacular. Nem porque eu ache que eles mereçam uma compensação pela língua que tem. Mas pela história do futebol. Estão devendo uma Copa para a Holanda. Mas no país em que os Boeres descendentes de holandeses inventaram o Apartheid. Bom, não seria nada bonito ver a Holanda campeã naquelas terras.

    Sobra a Argentina, dos melhores jogadores do mundo. Do Maradona pelado. Cruzes.

    Acho que o que me resta é fazer figa para que o futebol organizado e mediano do Brasil dê jeito. Quem sabe algum deus do futebol não se compadece de nós e dá um jeito do Nilmar virar titular?

    Que seja. Que venha a Copa!

  14. O Brasil não pode ganhar esta Copa. Não vão deixar. Vai ser sede da próxima, quando será favoritíssimo.

    E os europeus nunca ganharam fora da Europa.

    Se eu tivesse que cravar num só time, Argentina.

    1. Farinatti observou muito bem. A Africa do Sul é a resposta àqueles que se perguntam o que seria do Brasil se os holandeses (país de primeiro mundo…) tivessem ganho guerra no Nordeste.
      Mas a Doutzen não tem dada com isso e bem que poderia comemorar pelada na praça.
      Branco

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