E a discussão foi para o Facebook…

Gostava mais quando as discussões eram aqui, mas o Facebook não quer saber e leva as coisas para lá mesmo. Sobre o post abaixo:

Francisco Marshall, historiador, coordenador do Studio Clio: A OSPA vive uma enorme crise. A comunidade, distanciada da orquestra, espera que sobreviva, pois tem 60 anos, o Érico disse aquilo, é um órgão público, etc, etc. A verdade, porém, é que está no fundo do poço, sem regente titular, desmotivad…a, com salários baixos, sem casa, com um projeto de teatro novo que poucos conhecem e quem conhece não gosta (cafona, horrível), sem associação de amigos, sem escola… que que falta? Tocar pagode? Daqui a pouco diremos no além-Mampituba: “Eu venho de uma cidade que teve uma orquestra sinfônica, e fechou.”

Elena Romanov, violinista da OSPA: Discordo completamente. A Nona de ontem foi emocionante!
Fiquei muito orgulhosa de fazer parte desta Nona… espero que a maioria dos colegas sente o mesmo orgulho. E Karabtchevsky continua sendo Karabtchevsky, mesmo gripado e criticado.

Francisco Marshall: Bueno, eu não ouvi, e vou por ti, Elena, quanto à música. Parabéns!
O que falo diz respeito à situação política, social e administrativa da OSPA, muito preocupante.

Elena Romanov: à situação política, social e administrativa da OSPA, muito preocupante…
Com isso não posso não concordar… infelizmente.

Milton Ribeiro: Elena, é estranho. Ouço a Nona há anos (claro!) e tomo por base o que tenho ouvido. Concedo que a má interpretação do Scherzo pode ser impressão, apesar de que não estava nada divertido, porém o Adágio estava muuuuito rápido. Não estava nad…a delicado, tenho convicção de que estava ruim e conheço n gravações onde ele aparece muito mais interessante e… lento. A concepção me pareceu antiquada.

Mas estou longe de me considerar o dono da verdade e posso estar erradíssimo, apesar do que dizem meus ouvidos. Minha opinião so tem validade absoluta dentro do perímetro do meu cérebro, dali pra fora…

Abraço.

Elena Romanov: Pois é, Milton. Todos nós gostamos algo mais e algo menos… isso é normal e humano. Mas a OSPA deu seu melhor ontem. Ao vivo. Numa acústica terrível. E estava de aniversário.
Merecemos um Parabéns sem as criticas 🙂

Milton Ribeiro: Elena, eu acho que OSPA merece todos os parabéns e mais 60 anos de vida. O que fiz foi uma crítica a uma interpretação. Nunca seria estúpido (pois é esta a palavra) de desconsiderar a instituição. Ao contrário, sinto enormes saudades dos te…mpos de Komlós, David Machado e Eleazar. Sinto saudades, sobretudo, de REPERTÓRIOS MAIS AMPLOS, da música moderna, dos compositores brasileiros, da fuga da atual zona de conforto e estou disposto a lutar pela melhoria da situação. Sinto saudades dos tempos em que a orquestra me parecia mais disposta a desafios e que era a melhor do país. Sobre o esforço de vcs: minha nossa, sei que deve ser imenso. Vcs são músicos que ensaiam e tocam em locais de acústica lastimável. Mas sou público ouvinte e essas pessoas têm a mania de cobrar qualidade mesmo que as circunstâncias sejam precárias.

Sim, temos discordâncias sobre a Nona. Sou um ouvinte de longa vivência (deves conhecer aquele blog de múisca erudita que mantenho, não?) e tu és uma musicista. É claro que tua opinião é mais abalizada do que a minha e que tu estás sendo bondosa ao me poupar de explicações técnicas. O que desejo deixar claro é frequento a OSPA desde criança, adoro a orquestra e tanto sinto-a como minha que fico envergonhado pela “situação política, social e administrativa” dela.

Agora há colegas teus que têm reações as mais estranhas: enquanto um diz que o Scherzo da Nona é sério — o que é uma piada involuntária, me faz imaginar Beethoven escrevendo uma peça bem humorada que fosse inteiramente despretensiosa (fato impossível) e me faz pensar em Scherzi bem mais sérios como os de Bruckner –, houve outro que me fez um sinal de que gostaria de vomitar e isto em pleno concerto! (não diria seu nome nem sob tortura, OK?). Ou seja, há opiniões e opiniões, mesmo dentro da orquestra.

Abraço.

Claudia de Ávila Antonini: Acho vocês músicos uns heróis.
Não sei onde encontram motivação tendo que ouvir antes do concerto notícias sobre pagamentos atrasados e estando sem casa própria, sem local adequado para ensaios e sem verba para a manutenção dos instrumentos… e trajes. Haja magia…
E que vergonha isso para nós portoalegrenses!
Sobre o ex-titular, desculpe mas me é antipático, não consigo não vê-lo como um turista pretensioso que queria ser o Neschling do Sul mas só se não desse muito trabalho…
Espero que os novos ares mudem estes rumos em breve e que sejam vocês músicos a cortar a fita de inauguração do novo teatro.

11 comments / Add your comment below

  1. Milton, você sempre tentará transportar as discussões? Acho que você vai acabar cansando. É natural que algumas coisas sejam ditas por aqui, outras no twitter, outras no facebook… Assim como muitas – as mais interessantes – serão sempre apenas para encontros pessoais.

  2. Aprendi que não se discute no facebook. Quer discutir, discuta nos blogs. Facebook não é local apropriado para discussão. Nas eleições resolvi criticar, no facebook, um grande amigo que fazia campanha descarada para a Dilma. E a discussão foi longa e cansativa, além de desgastante. Meu amigo alienado está feliz, porque a Dilma ganhou e eu também, porque gostei muito do primeiro discurso dela.

    1. A rigor, acho que nunca deveriamos discutir virtualmente. Na falta de outra possibilidade, acabamos fazendo. É cansativo, gera uma quantidade absurda de mal entendidos. Com desconhecidos, a coisa ainda é pior, por não conhecerem a maneira como lidamos com as coisas, nossos tons de voz, acaba virando uma disputa em que um projeta no outro as piores intenções.

      1. Amo incondicionalmente as discussões virtuais exatamente pelas mesmas razões pelas quais as detesta. São as únicas que podem resultar em qualquer re-senso.

        Quiçá a política possa em breve aderir, obrigatoriamente, aos protocolos conversacionais abertos e mais afeitos, portanto, às ideias do que a autoridade investida de seus defensores.

        1. Olha, Amaurer, eu não gosto mesmo. Cansei de levar bordoadas virtuais por coisas que eu nem ao menos disse. No meu blog até já acostumei a moderar comentários de puro analfabetismo funcional, de receber xingamentos por coisas que nem foram escritas. Acho que na net todo mundo é muito macho; tenho certeza de que pessoalmente eu não teria ouvido tanta besteira.

  3. Certo Elena é a sua opinião respeito mas eu não gostei saiu tudo muito apressado os andamentos, tocaríamos muito melhor se ele não tivesse apressado de mais os andamentos acho que estava nervoso e também não gostei do que ele fez com a cantora no ensaio é por essas e outros que sou plenamente a favor de sua saída da Ospa sem contar outras coisas que ele fez para nós músicos desculpe minha opinião mas é isso que penso do maestro Karabtchevsky, há outra coisa não fez nada para melhorar nossa situação, que para que conseguíssemos algumas reinvindicações tivemos que sair de nossas funções que o que desviaríamos estar fazendo é nos preocupando me tocar e não sair por ai pedindo coisas, certo pensem nisso o nosso problema é gestão e mais respeito com nós músicos!

  4. A propósito, não conheço e nem nunca quis conhecer o Facebook, a cujo nome sou francamente alérgico, me soando algo como Livro de Perfis ou Álbum de Retratos.

    Teria muito mais boa vontade, por exemplo, com uma plataforma que se chamasse Fogo Cruzado.

    Puro preconceito, no entanto. O auspicioso encontro de Elena, Milton e Chico Marshall, atípico ou não, por si só já justifica ao menos uma vocação “do bem” do FB.

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