O Questionário de Proust (II) – Responde Theo Alves

Publicado em 9 de fevereiro de 2007

Fiquei felicíssimo com a receptividade ao questionário. Quase todos responderam. Como isto é um blog pessoal e às vezes até publico coisas minhas, vou divulgar os questionários à razão de uns quatro por semana, OK? Recebi vários que me entusiasmaram seja por sua originalidade, por sua extrema franqueza ou por serem reveladores. Claro que tive vontade de publicá-los imediatamente, mas vou respeitar a ordem de chegada em minha Caixa de Entrada. Portanto, hoje é a vez do excelente Theo Alves – que já foi homenageado por mim neste post, amanhã será o “Porque hoje é sábado”, domingo será a descoordenada baterista Sandra Pontes e segunda ou terça-feira – dependendo de minha vontade de postar – o escritor português Luís Graça, cuja última resposta levou-me a uma das mais felizes lembranças que tenho de minha infância em Cruz Alta.

Importante: quando mandei os e-mails propondo o questionário, não obedeci a critérios nenhuns. Como estava no Outlook Express, primeiro peguei alguns amigos que recém tinham comentado aqui no blog, depois fui para a base de endereços de e-mail, subindo e descendo indiscriminadamente. Dentre os que não convidei, não houve grandes irritações: o Tarsis respondeu nos comentários, mas acho que vou deletá-lo para que entre na fila de publicação. Ah, o Ery está no mesmo caso. O Guga Alayon mandou suas respostas por e-mail e também terá seu dia. Profilaticamente, aviso que não criei um clubinho fechado de respondedores de questionários, que não tenho os e-mails de todos e que estou aceitando adesões…

Agora, Theo Alves. Para quem não o conhece ainda, Theo vive em Currais Novos, interior potiguar, coração do deserto seridoense. Publicou dois livros de forma artesanal: “Loa de Pedra”, de poemas, e “A Casa Miúda”, de contos. Há ainda o livro inédito de poemas “Doce Azedo Amaro”, que recebeu menções honrosas nos concursos de poesia Luís Carlos Guimarães e Othoniel Menezes. Theo tenta evitar as palavras, mas o faz sem sucesso. Tem como sonho recorrente ser Federico Fellini, mas sabe que não conseguirá. Theo Alves edita o blogue “Museu de Tudo”, que andou meio abandonado, e editou o espetacular e deletado “O Centenário” que virou em parte livro, deixando saudades na blogosfera.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

Me causa horror o elogio em boca própria. Sempre achei que a masturbação, seja do corpo ou do ego, é coisa que se faça só ou em companhia rara.

Como gostaria de morrer?

Aceitaria bem morrer de qualquer forma, exceto de vergonha.

Qual é seu estado mental mais comum?

O estado de sítio.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Dom Quixote, mas não Dom Alonso Quijano.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Creio que não ter uma tatuagem ou um piercing hoje em dia seja uma extravância enorme que cometo diariamente.

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

O dom do esquecimento não me permite recordar seu nome. Assim sou mais feliz.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Estar vivo já é naturalmente admirável.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Insistiria em não voltar. Recorro ao Saramago diante da ressureição de Lázaro: ninguém pecou tanto que mereça morrer duas vezes.

Em quais ocasiões costuma mentir?

Eu nunca minto. Invento uma verdade ou outra, que alguns insensatos ousam chamar de mentira.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

A música, um filme do Fellini, a companhia de meus queridos, sem a presença do tempo.

Qual é seu maior medo?

A memória.

Qual é seu maior ressentimento?

Os esforços práticos que a vida exige diariamente me deixam ressentido.

Que talento desejaria ter?

Qualquer um, sinceramente.

Qual é seu passatempo favorito?

Televisão.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

Eu teria percebido mais cedo o quanto pareço com minha família.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

Toda manifestação de miséria me parece abjeta.

Onde desejaria viver?

Às vezes aqui, em Currais Novos; outras vezes longe daqui, de Currais Novos.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

A praticidade.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

O bom humor.

Quando e onde você foi mais feliz?

Hoje, aqui.

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