Ospa: Drago e Asterix arrasam no dia da assinatura do contrato

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Foi um excelente concerto, pena a falta de um café no local, o Auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa. A noite começou com o bom gosto de não haver discursos. Foi uma surpreendente renúncia num dia em que a Ospa tinha assinado o contrato para o repasse das verbas necessárias para a construção de sua Sala Sinfônica. Já houvera discursos pela manhã no Palácio Piratini, claro, mas a gente sabe como alguns políticos gostam de falar e refalar. Acho que o Assis Brasil não aderiu 100% à classe, o que não deixa de ser um raro caso de belo conservadorismo. Outra surpresa foi o grande público. O que não faz um estacionamento próximo, não? Ali na UFRGS a coisa é duríssima para estacionar. Talvez o simples fato de estarmos na frente de uma praça, com todo seu entorno “estacionável”, tenha trazido um grande público. E havia um programa popular, equilibrado e de bom nível, mesmo que eu esteja de saco cheio de ouvir Quadros de uma Exposição.

O solista era o extraordinário Alejandro Drago que… bem… Já tocara o solo introdutório da Tzigane sábado em minha casa. Fazer o quê? E o regente era novamente o uruguaio Federico “Asterix” García Vigil. Ou seja, a margem de erro era mínima.

Alejandro Drago e Alexandre Constantino em Oblivion, de Astor Piazzolla, na minha casa. Te mete!

Não sou nada apaixonado pela Introdução e Rondó Caprichoso, Op. 28 de Camille Saint-Saëns, mas é claro que uma execução convincente mata muitas restrições. Já a Tzigane de Ravel é uma peça espetacular, cheia de virtuosismo, originalidade, liberdade e sensualidade. Se você estava nas redondezas e perdeu este concerto… Olha, só tenho a lamentar. É uma peça de aproximadamente dez minutos, talvez simples para a orquestra, mas o solista Drago e leitura compreensiva de Asterix fizeram toda a diferença. Foi um momento para se guardar bem na memória e confesso que meus olhos ficam marejados com a lembrança das retomadas rítmicas da peça que Ravel escreveu orginalmente para piano e violino, mas que cuja melhor versão é a ouvida ontem. Quem perdeu o concerto… E a entrada era franca, tchê!

Após o intervalo (e ainda sem café), veio Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, na versão orquestral de Ravel. É uma grande e exigente orquestração. A Ospa saiu-se maravilhosamente, com destaque para os metais — não sei o nome do trompetista que arrasou ontem. A obra ficou muito popular a partir dos anos 70, com dois discos best sellers: a versão algo abusiva do grupo de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer e o disco da DG com Karajan e a Filarmônica de Berlim desta mesma versão dos Quadros e com um complemento igualmente matador — o Bolero de Ravel. Foi um dos discos mais vendidos da história da Deutsche Grammophon.

Agora, olhem esta foto e me digam que não é o Asterix:

Federico García Vigil: a alegria do gaulês platino

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8 comments / Add your comment below

  1. Reproduzo abaixo, na permanência do blog, meu comentário ao compartilhamento deste post com o grupo de amigos da OSPA no facebook.

    ” Lástima que perdi ! Concertos assim, com pouquíssima “margem de erro” (com bem disse o Milton) são garantidos quando maestros, solistas e repertório são socialmente curados por músicos e ouvintes. Quando, no entanto, CCs tomam a si a maior parte da responsabilidade sobre tais escolhas o processo se burocratiza e se torna mais permeável à corrupção, se ampliando, com isto, a tal margem de erro. Hum. Interesting case in music economics. O que será que o Lebrecht acha disto ? “

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