De manhã, ainda em Londres, pegamos o Eurostar até Paris. Saímos de táxi de nosso querido EasyHotel até a enorme St Pancras Station. No caminho, só para nos atrapalhar, passamos bem na frente da Wallace Collection… Na St Pancras, era nossa última chance de comprar a History Today que a Nikelen nos pedira. Perguntamos por todo lado e nada. A revista simplesmente não existia. Já fizéramos o mesmo no dia anterior, com o mesmo resultado.
A viagem de trem é tranquila e confortável. Pontualíssima, dura aproximadamente 3 horas e tem o preço de pouco menos que 90 libras. Passamos pelo chamado eurotúnel. Ele foi construído no subsolo, 50 metros abaixo do leito do mar do Norte. Inaugurado em maio de 1994, o túnel do Canal da Mancha liga a França e a Inglaterra e tem 51 quilômetros de extensão. Custou seis bilhões de dólares, e é a obra mais cara do mundo paga inteiramente com dinheiro privado. Em Paris, a estação onde o trem chega é a Gare du Nord. De lá, pegamos o terceiro táxi da viagem até o hotel, que ficava bem perto. Tudo calculadinho.
Ficamos no TimHotel da Rue Linné, 5, bem na frente do Jardin des Plantes, onde está localizado o Museu Nacional de História Natural. Num raio de uns 4 Km, andando a pé, tínhamos a Notre Dame, a Shakespeare & Company, o Pantheon, a Rue Mouffetard, os Jardins de Luxemburgo, o Louvre, o Musée d`Orsay, etc. Enfim, se fôssemos alérgicos a metrô, poderíamos ficar sem ele, tal era a perfeita a localização (ver no centro do mapa) do hotel reservado pela Casamundi. Quando chegamos, abri a janela de nosso quarto, peguei o tablet e tirei uma foto digna do filme Amélie Poulain. A luz sobrenatural que saía da fruteira da esquina era de cinema.
Não consegui repetir o fenômeno quando peguei a máquina fotográfica.
Virando o corpo para o lado direito, dava para ver o portão do Jardin des Plantes. Sim, estava anoitecendo.
Fomos explorar a Rue Linné. A primeira coisa que vimos foi que o grande Georges Perec tinha morado por 8 anos na vizinhança.
Depois de um longo passeio, entramos num Carrefour a fim de comprarmos nosso jantar. Este, o jantar, foi maravilhoso, mesmo com a cruel alergia à proteína de leite da Elena em pleno país dos queijos.
Em nosso quarto — desta vez de bom tamanho — abrimos um daqueles vinhos premiados que o Farinatti nos indicou.
Garanto-lhes que se trata de uma maravilha engarrafada.
E, depois de alguns momentos românticos — a cidade parece predispor os casais aos beijos e abraços, fazer o quê? — , abrimos a janela para ver a meia-noite em Paris. Menos romântica, a abertura da janela foi pensada para deixarmos do lado de fora do quarto o salmão defumado que sobrara. Com os 6 graus noturnos e sem frigobar, era a melhor geladeira disponível.
De fato, a luz que saía da fruteira era poesia: aquele sobrenatural que aparece e desaparece, de repente, sem que saibamos o porquê.
Ou…
.
SOBRENATURAL
by Ramiro Conceição
.
.
De fato,
a luz que saía da fruteira
era poesia…Aquele sobrenatural que aparece
e desaparece, de repente, sem que saibamos
o porquê.
Evoé, Milton e Elena…
Bebamos ao efêmero
ao espaço-tempo do existir
liberados por um Chateau
Labadie.
Êta cidadezinha mais ou menos essa…