Não abrir os olhos, de Alfredo Aquino

Este é um romance sobre a atual pandemia. Conta a história de A., que tratava de permanecer em segurança, fazendo suas poucas interações sociais com cuidado, vigiando e fazendo compras para sua mãe até… Até aceitar ir a uma festa e contrair o Covid. A descrição do medo, das sensações e da postura — o título refere-se ao fato de que A. é aconselhado a permanecer o maior tempo possível sentado, mas resolve ficar de olhos fechados para armazenar forças — indicam que se trata de um caso real.

Creio que o autor Alfredo Aquino seja A. e que tal fato valorize o livro. Afinal, tudo bate. Conheço-o pessoalmente. Pessoa agradável, tranquila, de muitos amigos, pintor, escritor e editor, para quem o conhece fica a forte impressão de que uma experiência pessoal está sendo contada. Repito que este fato apenas enriquece o livro, pois todo o processo, pré e pós, é narrado em detalhes, misturados à vida interior do personagem. Que também é interessante, pois ele tem planos e, fundamentalmente, quer seguir vivendo.

Não abrir os olhos (Ardotempo, 96 páginas, R$ 40) não vale apenas pela descrição da doença, mas também pelo contato com um autor interessante e equilibrado, mesmo em pleno jogo de xadrez com a morte, fazendo balanços do que foi sua vida e observando a evolução daquilo que lhe poderia ser fatal. Aquino também coloca-se na ponta-de-lança dos relatos de covid, pois acho que virá um oceano deles nos próximos meses.

Um livro exemplar. Recomendo.

Alfredo Aquino, por Alfredo Aquino

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