Uma aventura no ‘Tudo Fácil’ de Sartori

Uma aventura no ‘Tudo Fácil’ de Sartori

Ontem fui ao Tudo Fácil, onde fui fazer uma nova Carteira de Trabalho porque a minha está lotada de anotações. Já tinha revisado os documentos necessários e estava com tudo em dia e novinho. O atendente elogiou o estado de minha Carteira atual. “O Sr. é uma pessoa caprichosa”, disse. Então, o burocrata acordou nele e se pronunciou do modo que segue: “Mas antes o Sr. terá que fazer uma nova Carteira de Identidade porque essa foi feita sobre a sua Certidão de Nascimento e o Sr. é oficialmente divorciado”. Então, fiquei sabendo que um casamento é como nascer de novo, apesar de eu ter quase morrido no meu, aquela infelicidade toda. Depois de casar, a Certidão de Nascimento não vale mais porra nenhuma.

Já bastante puto, fui para a fila da Identidade. Mostrei todos os meus documentos e tudo ia bem até que a mocinha burocrata chamou uma colega que chamou mais uma que, por sua vez, chamou o chefe. Acontece que o sistema diagnosticava “Sorriso Detectado”, rejeitando minha foto. Sem exagero, tiraram 20 fotos minhas. “Ergue o queixo, não, não, abaixa um pouquinho”, essas coisas. Em todas eu estava sério, cada vez mais sério, mas a merda dizia que eu sorria. Olhavam para mim e diziam um pro outro, “deve ser a barba”. Já tinha umas 10 (dez) pessoas me atendendo. Então, eu falei que ia fazer cara de morto. Caprichei para imitar o olhar daqueles peixes da Semana Santa no Mercado. Deu certo. Obtive a foto mais horrorosa de todos os tempos. Parecia a Anna Kariênina depois do trem. Porém, finalmente o sistema deu OK. Agora são 15 dias para a nova Identidade e mais 15 para a Carteira de Trabalho. Entro em férias bem no meio deste período. Tudo fácil.

P.S.– Ah, e ainda tenho que pagar por estes documentos.

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Sobre Temer e a Abertura das Olimpíadas

Sobre Temer e a Abertura das Olimpíadas

José Henrique Alcântara de Meireles disse tudo:

Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente. A única nota destoante foi uma fortuita cena em que mostraram o mordomo de filme de terror na tribuna. Há um círculo no inferno exclusivamente dedicado aos conspiradores, traidores e golpistas. Ver a cara do Michel Temer, naquele lugar, foi magnífico, pois restou evidente o quanto ele não tem nada a ver com festa, o quanto ele é visceralmente anti-Brasil, o quanto ele está empenhado em destruir as mais modestas aspirações de cidadania do Brasil que pretende surgir para o mundo a partir de seus genuínos talentos. Michel Temer é a morte.

Temer-vampiro

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Banksy surpreende escola primária em Bristol com mural

Banksy surpreende escola primária em Bristol com mural

O artista pintou uma parede da Bridge Farm Primary School para agradecer à escola por ter dado o seu nome a um dos pavilhões.

Do Publico.pt

Banksy

Poderia ser apenas mais um regresso às aulas na Bridge Farm Primary School, em Bristol, Inglaterra, não fosse a parede frontal com uma imagem de uma menina a correr atrás de um pneu em chamas com um pau na mão. O mural, da autoria de Banksy, tem 4 metros e foi descoberto, esta segunda-feira, por um funcionário da escola.

A obra, que surpreendeu alunos, professores e funcionários, é uma forma de agradecimento do artista à escola por ter dado o seu nome a um dos pavilhões. Durante o período de férias, a escola tinha escrito uma carta à equipe de Banksy para informá-lo do concurso feito para nomear os edifícios da escola em homenagem a personalidades de Bristol.

Junto do mural foi encontrado, também, um bilhete deixado por Banksy com a seguinte mensagem: “Obrigado pela carta e por darem o meu nome a um dos edifícios. Por favor, aceitem esta imagem. Se não gostarem, sintam-se à vontade para acrescentar coisas – tenho a certeza que os professores não se vão importar.” O artista deixou, ainda, uma mensagem às crianças: “Lembrem-se, é sempre mais fácil conseguir o perdão do que a autorização.”

assinatura Banksy

O diretor da escola, Geoff Mason, disse ao Bristol Post que o trabalho deve ter sido realizado “durante o fim-de-semana e completado esta segunda-feira à noite, mas não há certezas.” Bansky aproveitou a interrupção letiva da escola para ir pintar na sua cidade natal.

A equipe de Banksy ligou à escola a confirmar a veracidade do trabalho do artista na Bridge Farm Primary School. A escola primária pensou, desde o primeiro momento, na segurança da obra. “Fizemos várias pedidos para garantir que ninguém a limparia da parede”, disse o diretor.

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Frases da Elena

A Elena é a maior autora de frases que eu conheci, ao menos ao vivo. E elas saem naturalmente, sem maiores provocações. Uma das de hoje foi quando ela, com um paradoxal ar sonhador, começou a falar mais ou menos assim: “Em 2013, nós tínhamos um olhar sofrido, profundo e éramos magros. Hoje, somos gordos e superficiais.”

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Minha história recente neste blog ou Apagando peitos e bundas

Minha história recente neste blog ou Apagando peitos e bundas

Por uma exigência do Google, fui obrigado a retirar peitos (com aréolas) e bundas (nuas) deste casto blog. A coisa deu-me imenso trabalho. Por isso, me identifiquei muito com o excelente vídeo abaixo. É complicado sobreviver sob esta mistura braba de politicamente correto e religioso. A coisa fede muito. E está vencendo.

vídeo descoberto por Elena Romanov

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Perseguição ou o motivo pelo qual passei a moderar comentários

Perseguição ou o motivo pelo qual passei a moderar comentários
Peço desculpas ao site Cozinha Brasileira pelo uso da foto
Peço desculpas ao site Cozinha Brasileira pelo uso da foto

Sigo recebendo comentários agressivos no blog. Faz mais de um ano. São anônimos e frequentes. Só por isso, meus 7 fiéis leitores são obrigados a conviverem com a moderação de comentários.

Hoje, perguntaram sobre quem teria pago as ostras que comi — você ou ela? E me chamaram de “blogueiro chupim”, seja lá o que isso signifique.

Que tipo de pessoa vasculharia meu blog atrás de indícios de riqueza ou de sacanagem? Comer (e pagar) por ostras é bem inofensivo e viável, não?

Anônimo ou anônima, vai comer massa quatro queijos ou dividir francesinhas! Por favor, me esquece!

Bem, o mar me chama para um último banho. Fui.

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A palavra "loser"

A palavra "loser"

loserSempre me irritei com a palavra loser, de uso cada vez mais corrente no Brasil. Um dia, será escrita como luzer. Uma vez, perguntado porque seus melhores personagens frequentemente acabavam mal, Mario Benedetti respondeu: “É porque ocorre assim; na maioria das vezes as pessoas boas escolhem perder e perdem”. Serão eles os losers? Se um homem bate na mulher é um loser… E a mulher, o que é? Ou seja, não há precisão vocabular. Prefiro chamar o homem de psicopata, violento, bêbado, brutal ou criminoso do que chamá-lo de loser. E será o agressor um perdedor em outro contexto? Detesto a expressão e desconfio de quem a utiliza.

A tradução de loser não é “fracassado”. É perdedor mesmo. Faço minhas as palavras do Paulo Briguet que transcrevo aqui:

Segundo as dublagens da Herbert Richers, a tradução de loser é “perdedor”. Um tradutor mais experiente diria que é “fracassado”. Em minha modesta condição de monoglota, discordo. “Fracassado” é um conceito por demais latino. “Perdedor” está mais adequado à origem (e à tosquice) da expressão.

Engraçado: o pessoal que adora falar dos EUA é o mesmo que usa termos anglo-saxônicos como loser. Na opinião da claque esquerdista, Bush, o capitalismo e o cristianismo são três faces do mesmo capeta. E quem ousa discutir o anátema é… loser. Paradoxo linguístico!

Ora, na opinião deste humílimo cronista, loser é coisa de filme adolescente americano, no mesmo nível de “a garota mais popular do colégio” e “quem será meu par no baile de formatura?”.

O humílimo está coberto de razão.

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Que venha 2015!

Que venha 2015!

champanheTenho algumas resoluções a não cumprir, mas é melhor ficar calado, né? Coisas de todos os tipos, a manter e a fazer. Vamos lá. Vamos tentar aguentar 2015. Chega desta desgraça de 2014. Vade retro.

~o~

Desejo a todos um ano novo de muitas virtudes e alguns pecados suaves e bem aproveitados.

Rubem Braga

~o~

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Seis drops ou citações para meus sete leitores

Seis drops ou citações para meus sete leitores

1. Virginia Woolf:

As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de refletirem uma imagem do homem duas vezes maior que o natural.

Não é isso mesmo? É assim que me sinto quando Elena me observa, me dá atenção ou revela alguma admiração. Um gigante. Os homens são BOBOS.

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2. A estátua de Davi foi levada a diversos museus norte-americanos por um período de três meses, mas agora está de volta à Florença.

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3. Mia Couto:

O tempo é, como diz um provérbio de minha terra, um ovo: se não se segura bem, cai; se se aperta com força, quebra.

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4. Pablo Picasso:

Eu estou sempre trabalhando. Assim, quando a inspiração chegar, vou estar trabalhando.

Bach disse quase o mesmo. Comprovadamente, ambos trabalharam muito.

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5. Ontem, num restaurante onde sempre vou, o garçom me ofereceu a cerveja Coruja de sempre. Rejeitei-a, pois estava dirigindo. Ele respondeu que é o fim do mundo.

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6. Orhan Pamuk:

A pergunta que, com maior frequência, é dirigida a nós, escritores, a pergunta favorita, é: por que vocês escrevem? Escrevo porque tenho uma necessidade inata de escrever. Escrevo porque não posso ter um trabalho normal como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros iguais aos que eu escrevo. Escrevo porque estou irritado com todo mundo. Escrevo porque adoro ficar sentado numa sala, escrevendo o dia todo. Escrevo porque só consigo tomar parte da vida real transformando-a. Escrevo porque quero que os outros, o mundo inteiro saiba que tipo de vida nós vivíamos e continuamos a viver, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque amo o cheiro de papel, caneta e tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão. Escrevo porque tenho medo de ser esquecido. Escrevo porque gosto da glória e do interesse gerados pelo ato de escrever. Escrevo para ficar sozinho. Talvez eu escreva porque espero entender porque estou tão, tão irritado com todo mundo. Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque, tendo começado um romance, um ensaio, uma página, eu quero terminar. Escrevo porque todo mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença pueril na imortalidade das bibliotecas e na maneira como meus livros ficam na estante. Escrevo porque é instigante transformar todas as belezas e riquezas da vida em palavras. Escrevo, não para contar uma estória, mas para compor uma estória. Escrevo porque desejo escapar do mau presságio de que há um lugar aonde eu devo ir, mas aonde – como num sonho – não posso chegar por completo. Escrevo porque nunca consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz.

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Elena lendo no fosso

Elena lendo no fosso

Aí está a Elena no intervalo dos ensaios do musical Chimango. Querem saber de uma coisa? Eu acho que nunca deveriam colocar a mulher que eu amo num fosso, nem de orquestra. Muitas vezes, durante o dia, fico pensando no que ela estará fazendo e tenho que parar tudo porque começo a querer tê-la perto de mim. Em minhas fantasias, jamais estou atirando cordas para retirá-la de um fosso. Por favor, parem com isso, voltemos aos palcos.

Foto: Augusto Maurer
Foto: Augusto Maurer
 Foto: Augusto Maurer
Foto: Augusto Maurer

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Elena

Elena
Elena num daqueles cubículos da Shakespeare and Company
Elena naquele cubículos da Shakespeare and Company onde os caras escreviam

Logo que tudo isso começou, avisamos no Facebook que tínhamos um relacionamento SÉRIO, mas que na verdade não era sério, estava mais para o DIVERTIDO. Ontem, com razão, tu me disseste que estávamos mudando para um relacionamento SIMBIÓTICO…

Eu sou mesmo um sujeito de muita sorte. Descobri bem atrasado — só aos 56 anos, mas descobri e isso é que vale — que a gente pode se apaixonar incondicional e inteiramente por alguém. Quando digo que, descontando uns outros, és meu primeiro amor, brinco apenas parcialmente.

Tu és uma pessoa maravilhosa, mas considerando-se que és uma cética, reformo a frase para: a gente acha maravilhosa a pessoa que combina perfeitamente conosco. E me parabenizo diariamente por ter insistido tanto. Tinha razão, né? Passamos cada vez mais tempo juntos e nunca é chato. Acho admirável a delicadeza, o interesse e o respeito com que tratamos um ao outro. Construção nossa. Posso contar, Elena? Em plena Paris, às vezes saíamos para passear só às 15h porque a companhia um do outro estava empatando com o encanto da cidade lá fora. E ríamos por estarmos fazendo um turismo todo errado e livre.

Curiosamente, é a primeira vez que, nesses quase nove meses, um de nós faz aniversário. Eu até fico sem saber como agir, como te tratar hoje, etc. Mas sei que a solução para nossas inseguranças sempre foram os abraços e pretendo fazer uso deles em qualquer caso… Afinal, eles vêm sempre facilmente.

Feliz aniversário, meu amor.

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Quase nada sobre rolezinhos, prefeitura, futebol, Abbado, etc.

Quase nada sobre rolezinhos, prefeitura, futebol, Abbado, etc.

Pouco tenho escrito para o blog. Gosto de postar ao menos um textinho por dia, mas por esses dias está difícil. Há muito, mas muito trabalho a fazer no Sul21 e minha impressão, há muito tempo, é a de estar sempre aquém, em falta. Por exemplo, gostaria de meter cuidadosamente meu bedelho na questão do preconceito (ou ódio) de classe envolvido na discussão a respeito dos rolezinhos — tão parente que é da rejeição sem argumentos à Lula, do nojo às classes ascendentes e aos médicos cubanos. (Uma coisa: os rolezinhos já não eram rotineiros e “tolerados” no Shopping Praia de Belas em Porto Alegre?).

Também acho que deveria fazer comentários acerca do rosário de erros e suspeitas sobre a prefeitura de Porto Alegre. Nosso prefeito, o qual, após um período muito notório, agora trata de fingir-se de Fogaça, ou seja, esconde-se para que ninguém fale dele, usando a lógica do juiz de futebol: se ninguém fala do árbitro é porque vai bem. Mas o aumento das passagens está aí, prefeito. Com ou sem calor, vamos ter dias duros pela frente.

Ah, meu outro blog vai igualmente se arrastando. E ontem — e o fato tem tudo a ver com aquele blog — perdemos o grande Claudio Abbado de tantas gravações de invulgar qualidade, inclusive aquela que foi a última obra que meu pai ouviu e que não está comigo por motivos nada claros.

E o futebol? Também acharia interessante fazer uma pergunta que não é feita: por que ninguém parece desconfiar daquele cidadão da Portuguesa — quem será? — que avalizou aquela substituição faltando dez minutos para acabar o campeonato? Parece que a Lusa é apenas vítima quando foi agente de um ato pra lá de suspeito… Coitadinha, né? Para mim é óbvio que tinha inimigo na trincheira.

Ainda no futebol, relaxei a pressão sobre nosso meigo presidente Luigi. Digo isso com alguma arrogância porque sei quem me lê lá dentro do Internacional. Entendo que ele queira reduzir os custos inchados por suas próprias contratações infelizes, mas por favor, mantenha um time para entregar o clube na primeira divisão em 2015, certo? Em 2012, Luigi teve receitas extras, gastou horrores e não obteve nada com elas dentro de campo. Talvez seja bom deixá-lo sem grana. Ao menos ele não aumenta as dívidas…

O problema, repito, é que há muita coisa para fazer no Sul21 e a correria só vai parar no dia 13 de fevereiro, quando devo entrar em férias, espero. Nunca fui desses caras que dizem que precisam de uns dias para se recuperarem, sempre gostei de trabalhar e é difícil me ouvir reclamar, mas 2013 foi um exagero de emoções e desta vez sou obrigado a dizer que já estou batendo biela, precisando de manutenção. Foi um ano vasto e complicado que acabou perfeito do ponto de vista sentimental, mas talvez despojado demais sob alguns outros pontos.

Nossa! São 8h27, já publiquei algumas colunas, mas já estou atrasado nas coisas daqui. Fui!

Foto: Robson Ventura / Folhapress
Foto: Robson Ventura / Folhapress

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Frases ouvidas no fim-de-semana

Frases ouvidas no fim-de-semana

Do presidente da Associação Cultural Brasil-Peru, Carlos Nevado:

— Antes eu levava todos os sábados minha barraca para a Praça Brigadeiro Sampaio, ali ao lado do Museu do Trabalho a fim de participar da Feira de Gastronomia Internacional, que hoje não existe mais, infelizmente. Depois vim para o Comitê Latino-Americano, onde ficamos conhecidos pelos nossos almoços de domingo. Agora estamos neste novo espaço (o recém inaugurado Centro Peruano). A gastronomia peruana é respeitada no mundo inteiro, mas é desconhecida aqui. Na verdade, este trabalho de divulgação é uma continuidade de meu trabalho profissional como psicanalista. Trata-se do afeto, sempre.

 

Foto: Ramiro Furquim
Carlos Nevado | Foto: Ramiro Furquim

De uma amiga, rindo muito quando chegamos ao Festim Diabólico © de sábado, diretamente ao ouvido de Elena Romanov:

— Vamos fazer um brinde…? Aos encontros e desencontros!

 

Teve gente que afirmou ser incapaz geneticamente de dançar e que depois revelou-se pé-de-valsa.
Teve gente que afirmou ser incapaz geneticamente de dançar e que depois revelou-se — de forma severa — pé-de-valsa | Foto: Augusto Maurer
Foto: Augusto Maurer
Grande noite de sábado (eu e Elena) | Foto: Augusto Maurer

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Britten e eu

Britten e eu

Hoje Benjamin Britten faria 100 anos. Já eu, faz um mês que não vejo meus livros, CDs, discos e outros pertences.

Ah, temos também os 50 anos de With the Beatles, segundo LP da turma.

Benjamin Britten (1913-1976): gênio total
Benjamin Britten (1913-1976): completo gênio

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Meu sonho de Natal

Quando eu era pequeno, gostava do Natal. Na verdade, adorava, claro, porque meus pais nos enchiam de presentes. A festa era diferente, era matinal. A gente ia dormir pensando naquilo que o Papai Noel nos deixaria durante a noite e, quando acordávamos, nossa, ele tinha adivinhado nossos mais profundos desejos! Lembro especialmente de quando ganhei um autorama, mas isso é outro papo.

Depois, meu esfriamento em relação à data chegou a grau zero. Ainda na pré-adolescência, sem ler nada e sem maior influência, tornei-me ateu, um ateu natural e a data, que originariamente é uma festa pagã, passou a me irritar em razão de seu substrato religioso. Acho que todos os meus sete leitores sabem que a origem da festa não guarda o menor ranço de cristianismo: é o Solis Invictus (Sol Invencível), o Solstício de inverno. Era uma enorme festança que acontecia na noite mais longa do hemisfério norte para comemorar o recomeço, pois dali por diante os dias seriam mais longos, pouco a pouco mais quentes, e haveria a possibilidade de novas e fartas colheitas. Uma belíssima data do hemisfério norte, uma data bem realista que nos foi tomada pela igreja. De certa forma, era mais ou menos (eu escrevi mais ou menos) o que é nossa virada de ano, com suas renovadas esperanças, resoluções e renovação.

Depois, quando vieram as crianças, cheguei a me vestir de Papai Noel. No segundo ano, o Bernardo ficou me olhando como quem diz “Mas esse aí é o meu pai” e, perguntado se não era no dia seguinte, neguei e desisti de novas tentativas. A Bárbara deve ter aproveitado menos dessas festinhas. Também pudera! Ela, com três anos de idade e já sob a influência do irmão três anos mais velho, costumava observar aos coleguinhas de maternal que nem Deus nem Papai Noel existiam, fato que a deixava extremamente popular entre seus amiguinhos e objeto de desconfiança dos outros pais. Quem seria aquela crespinha louca, de três anos, que fazia proselitismo ateu num maternal?

Terrível: Bárbara por volta da época em que fazia proselitismo ateu. Ainda faz, acho.

Hoje, nem dou bola para o Natal, mas acho que está na hora dos movimentos ateus serem menos mal humorados. A data é nossa. Simples assim. Por exemplo, o presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, da qual sou sócio), Daniel Sottomaior, comemora tranquilamente e não se incomoda com a data. Ele tem uma filha de 8 anos que adora o 25 de dezembro. Diz ele: “Nossa árvore é uma árvore de referência a Isaac Newton, que nasceu nesta data e que descobriu a Lei da Gravidade. Ela tem maçãs e luzes. Os outros simbolismos – perus, renas, presentes, árvores, Roberto Carlos – , nada disso nasceu com o Natal”. E completa: “Estamos apenas retomando uma data pagã que nos foi roubada pela igreja e que foi comemorada por sete mil anos antes do século III”.

Aqui em casa, durante o Natal, meu filho costumava  — esse ano ele não fez (por quê?) — escrever no quadro de avisos da cozinha em letras garrafais: Natalis Solis Invictus, isto é, Nascimento do Sol Invencível. O nascimento do Sol Invencível é o momento em que o Sol inicia a Sua ascensão triunfante, representando, neste momento, a Luz que nunca morre e vence sempre, reflexo da imortalidade. (E que acabará com a Terra, daqui a 5 bilhões de anos…). Á época, a data era uma coisa tão forte que a igreja trouxe o nascimento de Jesus justo para o 25 de dezembro… Vergonha.

Então, meu sonho de Natal é que o paganismo retome a data. E que, no hemisfério sul, a gente invente um modo bem livre e religiosamente incorreto de comemorá-lo. Eu acharia muito justo se os namorados perseguissem uns aos outros nus pelas ruas, algo assim. É sonho, e em sonhos vale tudo.

P.S. — Rodrigo Cardia que, assim como eu, odeia o verão, escreveu: O texto do Milton Ribeiro me fez lembrar do significado original da celebração: o solstício de inverno no hemisfério norte, noite mais longa do ano, depois elas começam a ficar mais curtas. E então percebo que tenho algo a celebrar: aqui no hemisfério sul as noites começam a ficar mais longas… 

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Os hóspedes se despedem (com filme)

Primeiro post. / Segundo post. / Terceiro post.

A ninhada já estava se apertando. O espaço era exíguo e,

quando um se mexia, mexiam-se todos.

Pois ontem pela manhã, 22/12, o ninho estava assim.

Porém, na grade da casa, estava o trio fazendo seus primeiros testes de voo.

Esse aí estava meio desajeitado entre as plantas. Chegamos a pensar numa asa

machucada, mas o cara estava inteiro. Todos os membros do trio,

acostumados ao pessoal da casa, não demonstrava grande receio de nós.

Um(a), mais emotivo(a), ainda voltou ao ninho para uma última despedida.

Mas a falta de jeito dava o tom. Vejam o que este aí em cima faz com os pés.

Ah, melhor agora!

Todo um mundo diferente a explorar.

E o(a) nostálgico(a) só observando do ninho.

Até que pegamos sua saída do ninho (vídeo abaixo). Não voltou mais. Ouçam como a mãe (ou o pai) chamam e ele(a) voa!

http://youtu.be/41YrILQZ0MY

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Nossos hóspedes estão monstruosamente grandes

Primeiro post. / Segundo post.

Hoje é quarta-feira. Sexta passada (14/12), eles estavam assim.

E abriam silenciosa e desesperadamente a boca em busca da mãe. Ou da comida.

Tudo por quê, como dizem os psicólogos, o cérebro da criança pensa que seu grito…

… ou, no caso, sua bocarra, transforma-se em comida.

em, não são crianças, mas talvez pensem que se abrirem desmesuradamente o bico

aparecerá uma minhoca. A foto de cima e a de baixo já são de domingo (16/12).

Abaixo, vocês já podem ver o quanto cresceram em 3 dias. A partir daqui, são fotos de …

… hoje. As crias já estão do tamanho dos pais, só que não abandonaram ainda o ninho.

Ainda ficam pedindo comida como trintões morando com a mãe.

Estão super apertados.

Temo que a qualquer movimento mais brusco possam cair do ninho.

E pedem e pedem e pedem comida.

E mamãe ou papai vêm e lhes dão.

Um deles já caminha na borda.

(Os cães estão ficando só no pátio dos fundos para evitar que, no caso de quedas durante as instruções de vôo, algum sabiá vire lanche…).

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Notícias frescas de nossos hóspedes

Continuação deste post.

Os pequenos sabiás estão crescendo loucamente. E pedindo comida com veemência. Fotos de uma hora atrás:

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Passa bem a família que ora hospedamos

Os pássaros fizeram um ninho sobre um vaso que fica preso na parede de nosso pátio, aqui em nosso magnífico Solar da Gaurama. Afastamos as cachorras do local — a Juno pula muito e poderia encher o saco — e vejam só o resultado. Hoje, voltando da feira, quando chegamos perto da porta, havia três bocas abertas para nós e uma mãe no muro, observando tudo de perto, assim como um pai no muro do outro lado. Ou seria o contrário?

Fotografamos a ninhada com cuidado. Abaixo, o vaso invadido pelos inquilinos.

Mais perto…

Um bico se ergue ao ouvir o som feito por ela.

Minha máquina é mesmo uma bosta.

Opa, mas agora a coisa fica mais clara.

Aí está o trio. Estão bem gordinhos.

Todos uns por cima dos outros, como fazem as ninhadas de cães.

Perna de um, pescoço do outro, bicos. Impossível saber quem é o dono do quê.

Perto dali, a apenas dois ou três metros, papai e mamãe conversam.

Tudo parece MESMO uma conversa. Com diferentes tons de pios e falando sem se …

… interromperem. Acho que não são pássaros italianos.

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Sobre absolutamente nada (ou Irritações em casa)

Tolstói dizia que o que mais irrita o ser humano é a mudança de planos causada por surpresas desagradáveis. O russo era dado à declarações bombásticas e devia falar como se fosse a Bíblia, tal o número de afirmativas de tom indiscutível que externava em seus escritos. Se os sites que divulgam citações lessem Tolstói, estariam cheios de frases do autor. A mim, o que mais irrita são as surpresas desagradáveis que envolvem desencaixes financeiros, fato que está perfeitamente dentro do conceito acima e de quem  é financeiramente contido — sucedâneo para pão-duro — mas é obrigado a gastar muito mensalmente.

Pois anteontem, nós montamos uma espécie de estúdio na casinha (edícula) de trás de nossa casa para minha filha estudar tranquila, no silêncio. Só que chovia lá fora e descobrimos uma enorme goteira no corredor que liga a sala da casinha a seu único quarto. Mas quando falo em enorme goteira, quero dizer que quase chovia dentro da casa, sobre o parquê. Para completar, a casa, onde há pouco mais de ano morava minha mãe, que é agradável e que usamos habitualmente para receber pessoas, tinha virado um depósito de portas e colchões, fato que certamente deixaria Tolstói furioso, louco para atirar Guerra e Paz na cabeça do primeiro ser humano que visse pela frente.

A edicula com suas telhas malditas

Instalando boa dose de esquizofrenia no cérebro, fingimos ser normal a presença de colchões e portas, assim como da chuva estragando o parquê, e transferimos as excrescências para o quarto da edícula. A sala ficou uma beleza para estudar. Compramos quadro-negro, flip-chart, canetas, papel, além de um pequeno farnel de guloseimas.

Com a chuva, voltou o velho problema da Vicentina, nossa cadela burra. Há anos de forma unilateral, ela tomou a decisão de que não pode tomar chuva. Então, quando chove, ela fica na garagem, onde passa a fazer suas necessidades. Claro que isto é irritante, mas a gente está adaptado. Só que hoje pela manhã, notei que algo no cérebro da Vicentina — que foi adotada por nós e que deve ter sofrido graves problemas alimentares durante a mais tenra infância — fez com que ela permanecesse cagando na garagem mesmo em noite estrelada e sol nascente radiante. Lembrei de Tolstói novamente ao concluir que não conseguiria sair de casa sem retirar os cocôs. Quase perdi o ônibus.

Obviamente, estava louco para dar uns tapas na Vicentina, mas não costumo fazer isso e ela não entenderia, pois nenhum cão, nem os mais inteligentes, ligariam uma surra ao fato de ter posto um cocô horas antes. Ela apenas ficaria com medo de mim. Mas por que a Juno aprende tudo e a Vicentina nada? Qual é o grau de cognição daquela cusca? Bom, hoje à tarde vai o cara lá arrumar o telhado. Quando liguei para ele, parecia saudoso de nós. Há quanto tempo, seu Milton! É muito boa pessoa, muito engraçado, competente, simpático e gremista. Poderia nos visitar sem cobrar, né?

Juno e sua companheira preta a burra

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