Bicampeã mundial de xadrez recusa-se a usar veste islâmica e não vai defender seus títulos na Arábia Saudita

Parte da esquerda — trincheira à qual pertenço — adora o Islã, que dá guarida para a misoginia, a homofobia, o assassinato de apóstatas e as pseudociências. Não entendo. Entendo é a ucraniana Anna Muzychuk, bicampeã do mundo de xadrez. Ela não irá defender seus títulos no campeonato mundial feminino que tem lugar na Arábia Saudita.

Mulher vestindo abaya.
Mulher vestindo abaya.

Em  publicação na sua página de Facebook, Anna escreveu que prefere defender a igualdade de gênero e ser fiel aos seus princípios: “Não quero jogar pelas regras de outros, não quero usar abaya [veste islâmica para as mulheres que na Arábia Saudita é obrigatória], não quero ter de andar acompanhada para sair e, no geral, não quero me sentir uma criatura secundária”.

“Estou preparada para me erguer pelos meus princípios e não ir a um evento onde, em cinco dias, deveria ganhar mais do que ganho numa dezena de eventos juntos”, explicou Muzychuk, acrescentando que “tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é que quase ninguém se preocupa”, acrescentou.

Em fevereiro deste ano, a campeã norte-americana Nazi Paikidze recusou-se a participar no mundial feminino no Irã, devido à obrigatoriedade do uso de um véu na cabeça. Nessa competição, Anna Muzychuk participou e aceitou utilizar o véu, algo que considerou “mais do que suficiente”.

Numa outra publicação na sua página pessoal, em novembro, Anna Muzychuk justificou a decisão: “Primeiro o Irã, depois a Arábia Saudita. Pergunto-me onde será organizado o próximo campeonato mundial feminino. Apesar do prêmio recorde, não irei jogar em Riad. Usar abaya o tempo todo? Tudo tem o seu limite”, escreveu.

Do Facebook da enxadrista.
Do Facebook da enxadrista.

Com informações da esquerda.net

2 comments / Add your comment below

  1. O que vem acontecendo é que a Federação Internacional de Xadrez (FIDE) consegue ser pior do que a FIFA. Eles não deveriam aceitar a organização de mundiais em países que impedem a presença de determinadas nacionalidades, mas o dinheiro decide tudo. Exemplo: em 2016, a Armênia era bicampeã olímpica (a olimpíada de xadrez é organizada a cada dois anos) e uma das favoritas para aquele ano. Mas a FIDE organizou a olimpíada no Azerbaijão, hostil aos armênios, que acabaram desistindo da competição. Grandes eventos têm ocorrido em países islâmicos, sobretudo Irã e Turquia, acarretando problemas para Israel e exigências medievais para as mulheres. O caso da Ana Muzychuk é apenas mais um de uma longa lista.

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