Rádio

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Eu gosto de rádio. Muito. Mas hoje a quase totalidade das emissoras tem péssima programação musical, apresentadores muito limitados com opiniões irrelevantes ou casuístas, certamente ditadas pelos donos ou anunciantes. Rimou.

Só me sobraram duas: a briosa e querida Rádio da Ufrgs (AM, mas que pode ser ouvida na Internet) e a FM 107,7.

O futebol? Ele passa por uma agonizante fuga de cérebros. Há poucas exceções. Para ouvir um Sala de Redação ou outro programa de rádio, só com muita compaixão pela humanidade.

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Nas redondezas da Bamboletras (sábado, 20/01/2024)

Nas redondezas da Bamboletras (sábado, 20/01/2024)

Mesmo para uma pizzaria popular como a Domino’s, a postura da mulher era por demais à vontade. Sentada, com as costas encostadas na parede e com os pés descalços sobre outra cadeira, ela parecia estar em casa.

Estava com, supostamente, seu companheiro e eu sentei bem na frente dela, em outra mesa. Ele falou primeiro.

— Até que horas a gente vai ficar aqui?

Ela respondeu:

— Até eles fecharem à meia-noite.

Eram 20h15. Eu olhei para ela, que passou a falar comigo:

— É que estamos sem luz em casa, então é melhor ficar beliscando uma pizza e bebendo cerveja — riu. — Aqui pelo menos tem luz e ar condicionado.

Este é um retrato de Porto Alegre pós-temporal.

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Alcançando outro patamar: a Filarmônica de Los Angeles provoca um “orgasmo de corpo inteiro” em pessoa na plateia

Alcançando outro patamar: a Filarmônica de Los Angeles provoca um “orgasmo de corpo inteiro” em pessoa na plateia

Por Christi Carras (traduzido de um jornal sério, o LA Times)

Molly Grant estava curtindo a apresentação da Filarmônica de Los Angeles da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky na sexta-feira no Walt Disney Concert Hall quando ouviu o que descreveu como um “grito/gemido” vindo do mezanino.

O exterior da Walt Disney Concert Hall

“Todo mundo meio que se virou para ver o que estava acontecendo”, disse Grant, que estava sentada perto da pessoa que supostamente fez o barulho, ao The Times no domingo em uma entrevista por telefone.

“Eu vi a garota depois que aconteceu, e presumo que ela… Bem, Foi muito bonito.”

Várias pessoas que assistiram ao Concerto da Filarmônica em LA na sexta-feira relataram ter ouvido uma mulher gemendo durante o segundo movimento da sinfonia.

O compositor e produtor musical Magnus Fiennes, descreveu o som no Twitter como o de uma pessoa tendo um “orgasmo alto e de corpo inteiro”.

Uma suposta gravação de áudio do momento — onde alguém pode ser ouvido chorando durante um trecho silencioso da música — estava circulando nas redes sociais. Os participantes que falaram com o The Times disseram que o clipe era semelhante ao que ouviram.

“Amigos que foram à Filarmônica de Los Angeles ontem à noite estão relatando que no meio do concerto uma senhora teve um orgasmo GRITANTE, a ponto de toda a orquestra parar de tocar”, twittou a jornalista Jocelyn Silver. “Algumas pessoas realmente sabem como viver…”.

No entanto, as pessoas presentes disseram que os músicos tocaram não pararam durante a confusão. A pianista clássica Sharon Su twittou que “verificou com alguém que trabalha no LA Phil e eles confirmaram” que a orquestra continuou tocando durante a comoção.

Ainda não está claro o que exatamente ocorreu na audiência. O Times entrou em contato com LA Phil para comentar, mas ninguém conseguiu identificar ou contatar a pessoa que fez o som.

Outros membros da audiência contestaram a teoria do orgasmo, afirmando que a mulher poderia ter feito o barulho ao acordar depois de ter adormecido. Alguns temiam que pudesse estar relacionado a uma condição médica ou emergência.

Um participante que estava sentado na fileira logo atrás da pessoa que fez o barulho disse que parecia que a mulher estava acordando de um ataque de sono quando fez o som.

“Muito rapidamente, ela meio que caiu nos ombros do parceiro e depois no colo dele. E então o corpo dela ficou mole”, lembrou o membro da platéia, que pediu anonimato para falar sobre o incidente. “Talvez uns cinco segundos depois, ela meio que acordou, e foi quando soltou um grito.”

O membro da plateia que estava sentado na fileira atrás da pessoa disse que já havia testemunhado uma pessoa com narcolepsia ter um ataque de sono, e o que ela viu no LA Phil parecia semelhante.

Depois que a mulher fez o barulho, seu parceiro e outra mulher sentada ao lado dela perguntaram se ela estava bem, e ela respondeu que estava, de acordo com a plateia, que relatou ter ouvido a conversa.

“Eu sei que outra pessoa mencionou que ela estava sorrindo, mas tenho certeza que ela estava muito envergonhada porque outras pessoas estavam olhando para ela”, disse o membro da platéia ao The Times.

Outro espectador enviou um e-mail ao The Times para dizer que ouviu o barulho, mas não achou que fosse um som de êxtase.

O programa de sexta-feira, dirigido pelo maestro Elim Chan, incluiu ainda a interpretação do Concerto para Violino “Caminhos Concêntricos” de Thomas Adès.

As notas do programa online de LA Phil incluem esta descrição do segundo movimento da Sinfonia nº 5 de Tchaikovsky :

“O delicioso tema principal foi adaptado para uma popular canção de amor. A orquestração habilidosa de Tchaikovsky, no entanto, eleva o clima do sentimentalismo ao alto romantismo. A melodia principal do movimento é apresentada em um solo memorável da trompa, seguido por outros atraentes solos de sopro.”

O agente musical Lukas Burton, disse que o som do membro da platéia foi “maravilhosamente cronometrado” dentro da “onda romântica” da sinfonia. “Não se pode saber exatamente o que aconteceu, mas parecia muito claro pelo som que era uma expressão de pura alegria física”, disse Burton. “Foi equivalente àquela cena em um filme em que alguém está falando alto em uma festa ou boate, e então a música para de repente e todos ouvem o que está sendo dito”.

Embora a explosão tenha sido claramente um momento incomum e surpreendente para um concerto de música clássica, Burton o descreveu como “bastante maravilhoso e revigorante”.

“Houve uma espécie de suspiro na plateia”, disse Burton. “Mas acho que todos sentiram que era uma expressão adorável de alguém que estava tão transportado pela música que teve algum tipo de efeito sobre eles fisicamente ou, ouso dizer, até sexualmente.”

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Christi Carras é repórter de entretenimento do Los Angeles Times. Ela foi anteriormente estagiária do Times depois de se formar na UCLA e também trabalhou na Variety, no Hollywood Reporter e na CNN.

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Aqui estão mais seis sinfonias que agregam valor de tipo íntimo:

1 Saint-Saens Sinfonia Nº 3 (aguarde o órgão)
2 Inextinguível de Nielsen (oh!, que maravilha!)
3 Strauss Sinfonia Doméstica (aviso aos pais: inclui cópula)
4 Szymanowski 3º: canção da noite (diz tudo)
5 Mahler Sinfonia Nº 7 (com duas músicas noturnas, duas!)
6 Scriabin Poème de l’Extase (diz tudo)
7 Malcolm Arnold: Toy Symphony

Alguma mais?

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Roald Dahl reescrito: remoção de “linguagem considerada ofensiva” gera polêmica na Inglaterra

Roald Dahl reescrito: remoção de “linguagem considerada ofensiva” gera polêmica na Inglaterra

Salman Rushdie está entre os que ficaram irritados depois que algumas passagens relacionadas a peso, gênero, saúde mental e raça foram reescritas

Há um grande debate no meio cultural inglês. Críticos estão acusando a editora britânica dos clássicos livros infantis de Roald Dahl de censura depois que ela removeu a linguagem colorida de obras como A Fantástica Fábrica de Chocolate e Matilda para torná-las mais aceitáveis ​​para os leitores modernos.

Uma revisão das novas edições dos livros de Dahl estão agora disponíveis nas livrarias do país mostra que algumas passagens relacionadas a peso, saúde mental, gênero e raça foram alteradas. As mudanças feitas pela Puffin Books, uma divisão da Penguin Random House, foram relatadas primeiro pelo jornal britânico Daily Telegraph.

Augustus Gloop, o guloso antagonista de Charlie em A Fantástica Fábrica de Chocolate, publicado originalmente em 1964, não é mais “enormemente gordo”, apenas “enorme”. Na nova edição de As Bruxas, uma mulher sobrenatural se passando por uma mulher comum pode estar trabalhando como uma “cientista de ponta ou administrando um negócio”, mas não como “caixa em um supermercado ou digitando cartas para um empresário”.

A palavra “preto” foi removida da descrição dos terríveis tratores de O Fantástico Sr. Raposo. As máquinas agora são simplesmente “monstros assassinos e de aparência brutal”.

O autor vencedor do prêmio Booker, Salman Rushdie, está entre aqueles que reagiram com raiva à reescrita das palavras de Dahl. Rushdie viveu escondido por anos depois que o Aiatolá Khomeini do Irã, em 1989. emitiu uma fatwa pedindo sua morte por causa da suposta blasfêmia em seu romance Os Versos Satânicos. Ele foi atacado e gravemente ferido no ano passado em um evento no estado de Nova York.

“Roald Dahl não era um anjo, mas isso é uma censura absurda”, escreveu Rushdie no Twitter. “A Puffin Books e o espólio Dahl deveriam ter vergonha.”

As mudanças nos livros de Dahl marcam o mais recente conflito em um debate sobre a sensibilidade cultural, já que os ativistas buscam proteger os jovens dos estereótipos culturais, étnicos e de gênero na literatura e em outras mídias, e os críticos. Estes reclamam que as revisões para se adequar às sensibilidades do século 21 correm o risco de minar o gênio dos grandes artistas e impedir os leitores de confrontar o mundo como ele é.

A Roald Dahl Story Company, que controla os direitos dos livros, disse que trabalhou com Puffin para revisar os textos porque queria garantir que “as maravilhosas histórias e personagens de Dahl continuem sendo apreciados por todas as crianças hoje”.

A linguagem foi revisada em parceria com o Inclusive Minds, coletivo que trabalha para tornar a literatura infantil mais inclusiva e acessível. Quaisquer mudanças foram “pequenas e cuidadosamente consideradas”, disse a empresa.

Ele disse que a análise começou em 2020, antes de a Netflix comprar a Roald Dahl Story Company e embarcar em planos para produzir uma nova geração de filmes baseados nos livros do autor.

“Ao publicar novas tiragens de livros escritos anos atrás, não é incomum revisar a linguagem usada junto com a atualização de outros detalhes, incluindo a capa do livro e o layout da página”, disse a empresa. “Nosso princípio orientador tem sido manter as histórias, os personagens e a irreverência e o espírito afiado do texto original.”

A Puffin não quis se pronunciar.

Dahl morreu em 1990 aos 74 anos. Seus livros, que venderam mais de 300 milhões de cópias, foram traduzidos para 68 idiomas e continuam a ser lidos por crianças em todo o mundo.

Mas ele também é uma figura controversa por causa dos comentários antissemitas feitos ao longo de sua vida.

A família Dahl pediu desculpas em 2020, dizendo que reconhecia a “mágoa duradoura e compreensível causada pelas declarações antissemitas de Roald Dahl”.

Independentemente de suas falhas pessoais, os fãs dos livros de Dahl celebram seu uso de uma linguagem às vezes sombria que aborda os medos das crianças, bem como seu senso de humor.

A PEN America, uma comunidade de 7.500 escritores que defende a liberdade de expressão, disse estar “alarmada” com os relatos das mudanças nos livros de Dahl.

“Se começarmos a tentar corrigir os deslizes percebidos, em vez de permitir que os leitores recebam e reajam aos livros como estão escritos, corremos o risco de distorcer o trabalho de grandes autores e ofuscar as lentes essenciais que a literatura oferece à sociedade”, twittou Suzanne Nossel , o executivo-chefe da PEN America.

Laura Hackett, uma fã de infância de Dahl que agora é vice-editora literária do jornal londrino Sunday Times, teve uma reação mais pessoal à notícia.

“Os editores da Puffin deveriam ter vergonha da cirurgia malfeita que realizaram em algumas das melhores literaturas infantis da Grã-Bretanha”, escreveu ela. “Quanto a mim, guardarei cuidadosamente minhas antigas cópias originais das histórias de Dahl, para que um dia meus filhos possam apreciá-las em toda a sua glória colorida e desagradável.”

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Um psicopatinha

Um psicopatinha

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Eu desconfiava. Todas as minhas luzes de alerta piscavam quando ele estava por perto, principalmente nos últimos seis meses de nosso contato. Informando-me, aprendi que a psicopatia poderia apresentar diversos níveis, alguns mais severos e outros mais brandos. Meu psicopata não era um serial killer de filme, apenas tinha charme e afetividade superficiais — ambas sujeitas a chuvas e trovoadas –, amor pela mentira — criava todo um mundo ao redor de suas invenções — e parecia incapaz de sentir culpa ou remorso. Simpático, era curiosamente incapaz de unir-se a alguém em empatia. E, bem, depois de algum tempo, passou a demonstrar verbalmente o que estava claro em sua postura. Ele desejava o mal de muita gente, às vezes trabalhando duro para isso. Criava fakes, descobria coisas e sistematicamente queria prejudicar alguém.

Eu convivia numa boa trabalhando com o louco. Tenho minha redoma bem construída. Só me dei conta de que a coisa era grave quando ouvi ele falar de seu próprio potencial e talento, coisas verdadeiramente enormes e ecléticas que foram solapadas pela família. Ele poderia ter sido músico, artista plástico, advogado ou chef, mas os fatores externos o prejudicaram. Notei que, dono de um sincero e equivocado sentimento de grandeza, ele agora esperava ser reconhecido como tal, mesmo sem nenhuma realização.

Um belo dia, meio irritado, chutei numa conversa com outro colega. “Ele vai acabar se relacionando com uma mulher bem simples e jovem, inexperiente, afinal, ele precisa de plateia”. Putz, não deu outra. Dei-lhe os parabéns.

Um dia, ele veio com uma estranha história de um assédio sexual que sofrera na infância. Era um caso grave, como todos os do gênero. Voltou ao assunto dias depois, descrevendo uma coisa impossível do ponto de vista físico, coisa de contorcionista mesmo. Fui sacana, pedi mais detalhes e ele amenizou a mentira. Disse que nunca tinham chegado ao ato, que eram só carinhos que ele detestava receber. Aliás, na mesma oportunidade ele me disse que achava que sua jovem mulher tinha uma demanda excessiva de carinhos, enquanto ele só queria sexo. “Tu estás com ela só pelo sexo?”, perguntei. “Claro! Amor a gente finge, As mulheres pedem coisas demais!”.

Os comentários que fez a respeito da moça quando romperam foram de matar. Para justificar a separação, ele criou um fracasso pessoal para ela, coisa que foi recebida com justificado ódio pelas colegas. Ela era perdulária, frígida e fácil de substituir, tanto que ele já estava encaminhando uma nova relação antes de finalizar esta. Sua falta de emoção tornava sombria a bizarrice daquelas declarações públicas.

É um psicopatinha que anda solto por aí. Agora bem longe.

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Meu casaco verde (ou bege)

Meu casaco verde (ou bege)

Eu tenho um velho casaco de inverno. Tenho mais de um, mas agora refiro-me àquele que é verde ou bege — pois sou daltônico e não sei bem a cor dele. Deve ter uns 30 anos ou mais e sempre foi meu. Já está um pouco puído, claro, mas o que posso fazer se uso minhas coisas por anos sem estragá-las? Por exemplo, meu toca-discos é de 1982 e nunca foi parar no conserto.

No ano passado achei que o casaco estava sujo demais e o levei numa lavanderia próxima da livraria, na Venâncio Aires. Os punhos estavam encardidos e ele tinha umas manchas que provavelmente vinham de algum encarquilhado almoço de inverno, talvez no Tuim.

Quando fui buscar meu casaco limpo, o velho senhor dono da lavanderia olhou o resultado e não gostou, porque as manchas ainda estavam ali. Eu disse que queria meu casaco daquele jeito mesmo, mas ele respondeu que de modo algum — ele o lavaria novamente.

Voltei uma semana depois. O dono examinou o casaco e novamente não gostou. As manchas tinham diminuído, mas não totalmente. Insistiam em aparecer.

Ele me pediu desculpas e repetiu que não me entregaria a roupa naquele estado. Eu sorri e combinei de voltar na outra semana.

Quando voltei, ele estava feliz. Tinha conseguido um belo resultado. Ele me mostrou o casaco e realmente estava muito bom, perfeito não fosse o uso.

Três dias depois, voltei com outras roupas para serem lavadas. Não eram tão lendárias quanto o casaco verde (ou bege), só que eu queria pagar mais alguma coisa para aquele senhor tão cuidadoso.

A porta estava fechada. A lavanderia tinha um papel afixado na porta. Eles tinham fechado para sempre.

Falei com os vizinhos e soube que foi por causa da pandemia. O velho senhor não conseguira manter a empresa.

Voltei pra casa com as roupas na sacola.

Eu com o tal casaco | Foto de Bárbara Jardim Ribeiro

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A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

A Amazon está destruindo milhares de livros não vendidos

Por Walker Caplan, no Lit Hub

ITV News relatou que a Amazon está destruindo milhões de itens não vendidos a cada ano — livros, TVs, laptops, drones, fones de ouvido, computadores, milhares de máscaras COVID embaladas estão todos entre os resíduos. Imagens secretas do depósito de Dunfermline da Amazon no Reino Unido, da ITV News, mostram esses itens classificados em caixas marcadas como “Destroy”, para minimizar os custos de armazenamento.

Disse um ex-funcionário anônimo à ITV News : “De sexta a sexta-feira, nossa meta era geralmente destruir 130.000 itens por semana. Eu costumava ficar indignado. Não há razão para tal destruição. No geral, cinquenta por cento de todos os itens não foram abertos e ainda estão em sua embalagem plástica. A outra metade são devoluções e em bom estado. Os funcionários acabaram de ficar insensíveis ao que estão sendo solicitados a fazer. ”Um funcionário disse que em algumas semanas, até 200.000 itens podem ser marcados como “destruir”, enquanto apenas uma fração desse número seria marcada como “doar”. (Uma semana de abril mostrou mais de 124.000 itens marcados como “destruir”, enquanto apenas 28.000 foram marcados como “doar”.)

Outro funcionário veio  corroborar o relato do primeiro funcionário e confirmou que o depósito de Dunfermline não era o único que produzia resíduos nessa escala: “Nós nos livramos de livros novos, de iPhones novos, de PlayStations. Em todas as instalações isso acontece, acredite em mim, acontece. Trabalhei em uma instalação específica, mas conhecia outras pessoas que trabalharam em outras e elas disseram exatamente a mesma coisa. ”

A Amazon negou o envio de qualquer produto para aterros no Reino Unido em declarações à ITV e The Verge e afirma que o aterro que a ITV identificou é um local de reciclagem (apesar dos rótulos “destruir”). Disse a Amazon no comunicado: “Estamos trabalhando em direção a uma meta de descarte zero de produtos e nossa prioridade é revender, doar para organizações de caridade ou reciclar quaisquer produtos não vendidos.” A Amazon disse ao The Verge que menos de um por cento de seus produtos são incinerados para geração de energia.

Assistindo à filmagem do ITV News, é difícil não pensar em todos os que poderiam se beneficiar com os produtos marcados como “destruir”. Esses livros podem trazer alegria para escolas, hospitais, prisões; esses laptops poderiam ajudar os alunos necessitados que precisaram de laptops para aprendizado remoto no ano passado. Sem falar na sustentabilidade ambiental. Como Philip Dunne, presidente do Comitê de Auditoria Ambiental, disse ao ITV News : “[Este] é um grau verdadeiramente surpreendente de desperdício de recursos. E se for verdade, é um escândalo que a Amazon tem que resolver. ”

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Salman Rushdie mete sua colher na questão do cancelamento da biografia de Philip Roth

Salman Rushdie mete sua colher na questão do cancelamento da biografia de Philip Roth

Por Walker Caplan
Traduzido mal e porcamente por mim

No início desta semana, soubemos que a Skyhorse Publishing está pronta para republicar Philip Roth: The Biography, de Blake Bailey, depois que a editora inicial do livro, a WW Norton, colocou o livro fora de impressão devido a notícias de que Bailey havia assediado e agredido ex-alunos de sua turma da oitava série e estuprou a executiva editorial Valentina Rice .

Antes das notícias sobre a decisão da Skyhorse, críticos, a indústria editorial e leitores estavam divididos sobre a decisão da Norton de retirar o livro. Alguns concordaram, outros condenaram o comportamento de Bailey, mas argumentaram que os livros têm valor além de seus autores (ou argumentaram que as deficiências do livro lhe conferem valor histórico). Alguns temiam que a WW Norton abra um precedente preocupante para retirar os livros da impressão. O último a meter a colher foi Salman Rushdie. Em uma entrevista ao Irish Times, Rushdie compartilhou seus pensamentos sobre a decisão de Norton de tirar a biografia de Roth da impressão:

Eu não li o livro de Bailey, mas, em geral, não gosto da ideia de nenhum livro ser descartado porque o autor possa ser um canalha. Posso entender a repulsa dos editores por tal autor, obviamente. Mas parece censura moral. E eu não gosto das sugestões que foram feitas de que isso, de alguma forma, ‘cancela’ Roth também.

Há um movimento progressista juvenil, muito do qual é extremamente valioso, mas parece haver dentro dele uma aceitação de que certas ideias devem ser suprimidas, e acho que isso é preocupante. Onde quer que tenha havido censura, as primeiras pessoas a sofrer com ela são as minorias desprivilegiadas. Portanto, se em nome das minorias desprivilegiadas você deseja endossar a supressão do pensamento errado, estamos em uma via escorregadia.

Rushdie também teve seu ‘cancelamento’. Passou uma década escondido sob proteção policial depois que o aiatolá Khomeini do Irã emitiu uma fatwa pedindo a morte de Rushdie após a publicação de Os Versos Satânicos. Os Versos Satânicos foram proibidos em vários países; cadeias de livrarias pararam de vender o livro. O tradutor japonês de Rushdie foi esfaqueado e assassinado, seu tradutor italiano foi esfaqueado e gravemente ferido, e seu editor norueguês foi baleado, mas sobreviveu). Rushdie tem sido um defensor da liberdade de expressão, tuitando sua desaprovação aos escritores que se retiraram do evento PEN’s 2015 Gala por causa de sua decisão de homenagear o Charlie Hebdo, assinando a polêmica “Carta sobre Justiça e Debate Aberto” de Harper.

Disse Rushdie ao The Guardian após a controvérsia PEN / Charlie Hebdo: “Se apenas endossássemos a liberdade de expressão para as pessoas de quem gostamos de falar, isso seria uma noção muito limitada de liberdade de expressão”. Para Rushdie, o cancelamento do livro de Blake Bailey é outra ameaça à liberdade de expressão, se sua censura depende de definições prévias.

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Biografia de Philip Roth escrita por Blake Bailey foi “cancelada”

Biografia de Philip Roth escrita por Blake Bailey foi “cancelada”

(Traduzo rápida, mal e porcamente este artigo para mostrar como a cultura de cancelamento norte-americana está atingindo gente como Philip Roth. Não quero saber muito sobre a vida pessoal de Bailey, mas fico perplexo com a vontade de destruir a obra de alguém através de sua vida. Já temos Allen, não? Se o artigo cancela o biógrafo — talvez ele mereça –, atinge também Roth de maneira profunda. Por exemplo, a foto que acompanha o artigo é inequívoca. Para quem lê inglês, será melhor clicar no link porque minha a tradução é quase sem revisão).

O novo livro de Blake Bailey sobre Philip Roth foi retirado por sua editora nos Estados Unidos após várias alegações de má conduta sexual contra o biógrafo. O trabalho deve ser julgado pelos padrões de sua vida?

Por Leo Robson
Tradução mal feita por mim

Um dos elementos mais impressionantes das acusações contra o célebre biógrafo literário Blake Bailey foi a rapidez e o veemência de sua negação. Ao longo das últimas semanas, Bailey, 57, cuja biografia de Philip Roth foi publicada no mês passado, foi acusado de vários atos de agressão sexual. As alegações abrangem um período de 20 anos, desde meados da década de 1990, quando Bailey começou a dar aulas de inglês para a oitava série na Lusher Charter School em New Orleans, até 2015, quando Valentina Rice, uma executiva editorial da Bloomsbury USA, afirmou que ele a estuprou na casa do crítico do New York Times Dwight Garner. Bailey foi imediatamente dispensado por seu agente e sua editora americana, WW Norton (que, ao que constava, já havia sido informada sobre o relato de Rice) e interrompeu uma segunda impressão de seu livro sobre Roth, que já era um best seller.

Uma declaração do advogado de Bailey enfatizou que seu cliente nunca “recebeu qualquer reclamação sobre seu tempo em Lusher”. Na era pós-#MeToo, essa defesa tem pouco peso; Bailey estava em uma posição de poder e há várias alegações de que ele se envolveu em um comportamento excessivamente familiar para um ambiente escolar. Embora ele tenha rejeitado todas as acusações recentes contra ele como falsas, Bailey admitiu no passado ter relações com ex-alunas.

Até que os detalhes do contrato de Bailey sejam conhecidos, a retirada feita pela editora do livro, a Norton, da biografia de Roth, parece uma decisão estranha ou pelo menos arbitrária, uma vez que o livro não defende a violência sexual e sua escrita não depende nem foi facilitada pelos supostos crimes de seu autor. (Uma explicação pode ser simplesmente que o editor tomou a decisão à luz da revelação de que já sabia das alegações de Rice.)

Como escândalo literário, a história lembra a de Paul de Man, o crítico belga conhecido por seu trabalho sobre a indeterminação da linguagem que, depois de sua morte, publicou postumamente uma série de artigos em jornais pró-nazistas.

Como escritor, Bailey se especializou nos supostos paradoxos do caráter humano — como alguém pode ser sábio ou emocionalmente intuitivo ou encantador e também agressivo, frio, violento, irresponsável? À primeira vista, parece óbvio o que une os sujeitos das três primeiras biografias de Bailey. Richard Yates (2003), John Cheever (2009) e Charles Jackson (2013): eram todos, em uma frase preferida, “alcoólatras colossais”. O irmão mais velho de Bailey, Scott, era multiplamente viciado e um predador sexual — ele agrediu Bailey pelo menos uma vez — que passou um tempo na prisão e acabou se matando. (Ele foi diagnosticado como esquizofrênico, mas parece mais provável que ele sofresse de um transtorno de personalidade.)

***

O próprio Bailey foi um alcoólatra durante vinte e trinta anos, e ele disse que o fato de Yates e Cheever escreverem sobre “famílias suburbanas aparentemente prósperas e felizes que são realmente afetadas pelo álcool e doenças mentais e assim por diante, pode ter algo a ver com o porquê fiquei atraído pelo trabalho deles ”. Ele também observou que “o que realmente me atrai são personalidades compartimentadas”. Se a atração pela primeira categoria tem suas origens nos fatos de sua experiência, então o apelo da segunda certamente se relaciona com a sensação de Bailey de que “há aspectos de minha natureza que são desprezíveis”. (Ele acrescentou: “Mas eu não sou a soma das minhas qualidades desprezíveis.”)

Ele descreveu John Cheever como “uma espécie de meu sujeito por excelência”, acrescentando que ele tinha uma “ personalidade muito compartimentada”. Cheever se imaginava, Bailey disse, como “um brâmane de Massachusetts que desempenhou o papel de um “paterfamilias do condado de Westchester”. Ele era “um homossexual enrustido que gostava de companhias muito rudes” e, como Bailey disse em outro lugar, estava “apavorado o tempo todo” de que as pessoas descobrissem a verdade. Cheever era “charmoso” e “um mentiroso sem vergonha”. Bailey disse que gostaria de “resolver esse quebra-cabeça”: como um componente de uma personalidade se relaciona com outro que parece diametralmente oposto? Ele disse que “os monstros são fascinantes”.

O retrato da divisão de Bailey carrega uma dimensão ética. Ele revelou que ouviu coisas dos detratores de Cheever “fariam absolutamente você ficar de cabelos em pé”. Mas ele tende a procurar “as coisas atenuantes”, e que saber tudo é perdoar a todos. “Nunca odiei remotamente meus súditos”, disse ele há não muito tempo. “Na verdade, sempre senti uma afinidade calorosa … Tenho uma visão muito sombria de mim mesmo como ser humano, então realmente não é minha função lançar calúnias.” Bailey citou o método de Albert Goldman em sua biografia cruel de Elvis Presley como o “oposto de como eu trabalho”. (Ele elogiou as memórias de Michael Mewshaw de Gore Vidal por revelá-lo como uma “gárgula bêbada”, mas também um “amigo generoso e constante”.)

Mas há um desvio nos comentários de Bailey entre tentar entender o mau comportamento e decidir que, afinal, não era um mau comportamento. Bailey mencionou o caso do protegido de Cheever, um contista chamado Max Zimmer. Na biografia de Cheever de Bailey, há um momento em que Cheever tira o pênis da calça. Zimmer disse: “Aqui estava eu. Com um homem com seu pênis em um lugar totalmente estranho para mim.” Zimmer temia que, se recusasse, Cheever iria “causar confusão”. Bailey afirma que isso não era o estilo de Zimmer — então “Eu o masturbava. E era uma coisa horrível de se fazer. ” Mas Bailey mais tarde viu no diário de Cheever que o escritor estava “terrivelmente atormentado” com o relacionamento: Não era mesquinho ou explorador. Estava apaixonado por Max.

***

A acusação de misoginia contra a escrita de Bailey remonta a pelo menos 2016, quando sua crítica irritada da biografia da escritora Shirley Jackson por Ruth Franklin foi publicada no Wall Street Journal. Ele discordou do que chamou de “tese principal” de Franklin — que Jackson havia sido explorada e maltratada por seu marido, o crítico Stanley Edgar Hyman. A história de “uma feminista pioneira”, escreveu ele, “precisa de um homem mau”. Há uma passagem especialmente reveladora. Franklin descreve como “cruel” uma passagem das memórias de Brendan Gill aqui na New Yorker na qual ela se refere a Jackson como uma mulher cujo “ar de garota gorda de palhaçada frivolidade” mascarava sua “aversão a si mesma não examinada” — uma observação que Bailey defende como “astuta”. Mas então ele resiste fortemente à sugestão de que Hyman tenha conspirado nos excessos de Jackson. Não, ele diz, eles simplesmente gostavam de comer juntos: “Isso os unia mais fortemente do que a literatura”. Bailey está ansioso para aplicar uma estrutura psicológica que acomode a insegurança feminina, mas uma que introduza agressão ou abuso masculino é um passo longe demais.

O livro de Bailey sobre Philip Roth revela seu animus de maneiras semelhantes. Laura Marsh no New Republic escreveu que a animosidade de Bailey em relação à primeira esposa de Roth, Margaret Martinson, era “algo mais do que uma questão de tomar partido em um divórcio amargo”. (Parul Sehgal, no New York Times, também foi fortemente crítico: “Com pouco menos de 900 páginas, o livro é uma extensa apologia do tratamento que Roth dava a suas mulheres.”) Frequentemente, há uma mulher má ou que faz bobagens no relato de Bailey sobre a vida de Roth e sua carreira. No final, em uma passagem muito estranha, Bailey argumenta que a proeminente feminista Carmen Callil, que se opôs a Roth como vencedor do Prêmio Internacional Man Booker de 2011 por motivos artísticos, fez todo o possível para elogiar a personagem feminina do romance Pastoral Americana para parecer despreocupada com a “alegada misoginia” de Roth.

O problema com o livro de Roth — facilmente o pior de Bailey — é que ele se inclina demais para a simpatia. Ele está irritado com a ideia de que Roth seja um misógino, apresentando isso como uma reação a Leaving a doll’s house (1996), onde a segunda esposa de Roth, Claire Bloom, dá vazão a memórias depreciativas de seu relacionamento com Roth. Bailey sofre com o equivalente biográfico da afirmação de Freud de que o psicanalista só pode levar o cliente até onde ele mesmo chegou. Ele nunca, por exemplo, levanta a possibilidade de que Roth justificou sua própria misoginia embarcando em relacionamentos com mulheres com vícios e problemas de saúde mental, ou que os atos de munificência de Roth foram controladores, digamos, ou foram oferecidos no lugar de intimidade emocional. Mais uma vez, a noção de equilíbrio de Bailey, o desejo de compreender ou perdoar, se confunde com a tendência de deixar as pessoas fora de perigo.

Em uma entrevista, Bailey simplesmente não conseguiu reconhecer a legitimidade das objeções ao seu retrato. Se Roth parecia um monstro, como a biografia também poderia ser branda ou censuradora? A resposta é que Bailey muitas vezes parece não apreciar a importância do que está contando. A força das biografias de Bailey é baseada em sua conexão intuitiva com seus temas — algo que ele enfatiza. Mas também existe uma atração inconsciente, e isso não é menos revelador.

***

A própria história de vida de Bailey, conforme ele a conta, traça um arco familiar. Ele foi criado em uma família disfuncional e saiu dos trilhos. Ele se autodenomina “um jovem muito confuso e atrofiado”, mas não dá detalhes sobre conduta manipuladora ou agressão contra as mulheres, mesmo em um espírito de confissão. Bailey afirma que em seus trinta e poucos anos foi salvo ao conhecer sua futura esposa, Mary, que era estudante de graduação na época, e descobrindo sua vocação como biógrafo. Ele ainda tem cicatrizes e memórias ruins e permanece, ele disse, “muito bem conectado”.

Ele se pergunta em suas memórias de família The splendid things we planned (2014), referindo-se a seu irmão Scott: “Por que fui assim, e por que ele foi assim?” A tragédia de Scott, diz ele, é a história “do que eu poderia ter sido, ou do que, pelo menos, ainda não me tornei”, embora a referência seja à autodestrutividade de Scott. Scott, por sua vez, disse a Bailey: “Você vai ser exatamente como eu. Você vai piorar” — especulação considerada absurda pelo autor. Quando a mãe de Bailey diz a ele que Scott só precisa parar de beber, ele responde que não adianta; ele é simplesmente “um lunático sóbrio”. A mesma conclusão não ocorre a Bailey sobre sua própria recuperação.

Em um e-mail de 2020, visto pelo New York Times, Bailey escreveu para uma de suas supostas vítimas, Eve Peyton, uma ex-aluna, sobre “o horror” de uma noite em junho de 2003, na qual, ela afirma, ele a estuprou. Ele disse a ela que estava sofrendo de uma doença mental não especificada na época. Mas então o próprio relato de Bailey sobre seu progresso pessoal contém sinais preocupantes — notadamente, um descarado desprezo pelos limites que permaneceram evidentes no momento da escrita. Como ele explica, ele conheceu Mary em Lusher quando ela veio pegar o dever de casa de sua irmã de 13 anos. “Isso foi durante meu período de planejamento”, escreveu ele, “então tive tempo para flertar com ela”. Quando ele voltou a topar com ela, ela mencionou que vinha trabalhando meio período como auxiliar de professora, então ele a convidou para dar uma aula como convidada — “depois disso eu a levei para tomar um drink”. (Bailey, em suas memórias, lembra de ter dito a seu irmão que nunca tivera relações com seus alunos. Ele também disse a um entrevistador que as linhas de abertura e encerramento do romance Lolita de Nabokov, um texto que ele costumava ensinar em Lusher, “fazia meus cabelos dorsais tremerem”.)

Em uma entrevista, Bailey citou em êxtase a história de Tchekhov Dama com Cachorrinho, enfatizando a noção de que as aparências são falsas. Ele deu, a título de exemplo, a “versão recebida” dos últimos anos de Cheever, que John Updike chamou de “redentora” em que Cheever se recuperou do alcoolismo, chegou a um acordo com sua homossexualidade e criou alguns best sellers. “Nada poderia ser mais falso”, disse Bailey. “A vida superficial teve sucesso e a vida interior foi mais torturada do que nunca.”

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Fofocas do século XIX: Richard Wagner, o gênio que… Era travesti na intimidade?

Fofocas do século XIX: Richard Wagner, o gênio que… Era travesti na intimidade?

Richard Wagner, expoente máximo do O Anel do Nibelungo e Tannhauser e autor de óperas de referência como O Anel do Nibelungo e Tannhauser, era um homem austero, moralista e ferozmente antissemita que também era dotado de uma feminilidade que expressava apenas na intimidade.

Charlotte Higgins (The Guardian)

Uma carta não publicada de Richard Wagner a uma empresa de costura milanesa sugere a possibilidade intrigante de que o grande compositor fosse um travesti na intimidade. A carta foi publicada pela primeira vez recentemente no Wagner Journal. Nele, o compositor de O Anel do Nibelungo detalha o corte de um terno, aparentemente para sua esposa, Cosima.

Depois de solicitar “uma vestimenta elegante para as noites familiares “, ele continua assim: “O corpete terá um decote alto, com renda franzida e laços; as mangas devem ser ajustadas; o corte do vestido terá um babado franzido, do mesmo tipo de seda, sem extensões do corpete até a cintura na frente; a saia deve ser bem larga e com cauda, ​​e com uma linda crinolina e um laço nas costas, como os da frente…”.

Conclui dizendo o seguinte: “E estou especialmente interessado na qualidade do material, na amplitude, nas pregas e franzidos, nos babados, nos laços e na crinolina, todos feitos com o melhor material, e que nenhuma das peças seja presa com agulhas “.

Segundo Barry Millington, co-editor do Wagner Journal, a carta, datada de janeiro de 1874 e agora em uma coleção privada americana, “dá peso à tese de que o compositor exibia tendências travestis”. No mínimo, sinaliza um interesse extremamente detalhado, senão fetichista, pelos detalhes das roupas femininas.

“No mínimo, ele tinha um importante lado feminino”, explicou Millington. “Percebe-se por sua ênfase na seda e nas roupas íntimas de cetim: as roupas que tocavam a pele tinham que ser de seda, e ele alegava que o motivo era a erisipela”, infecção cujos sintomas incluem erupções na pele muito dolorosas.

Durante sua vida, os rumores sobre sua sexualidade foram numerosos. Seu discípulo, Hans von Wolzogen, que publicou um guia para O Anel do Nibelungo, lembrou que Wagner certa vez apareceu vestido com um casaco feminino. Outra anedota conhecida é que Wagner escapou de seus credores em Viena em 1864, disfarçado de mulher.

Em carta enviada em novembro de 1869 à costureira do casal, ele fez um “pedido especial de um vestido de cetim preto que pudesse ser composto de diferentes formas, para que possa ser usado tanto fora, com ou sem Cazavoika, quanto em casa, como uma peça de roupa informal, graças a uma combinação de diferentes peças, capazes de se complementarem”.

Um Cazavoika era, para Wagner, uma Polonaise, um vestido feminino composto por um corpete e uma saia aberta da cintura até o chão para revelar uma anágua.

A costureira, uma mulher francesa chamada Charlotte Chaillon, respondeu com outra carta. Então, em 20 de novembro Wagner aceitou o preço estipulado, e pediu-lhe para adicionar um “lindo chapéu para as manhãs”.

Cosima, que meticulosamente registrava todos os pedidos em seu diário, não mencionou este em lugar nenhum, “aumentando a especulação de que Wagner estava realmente encomendando para si mesmo”, de acordo com Stewart Spencer, redator colaborador do ‘Wagner Journal’.

E em 1877, cinco anos antes da morte do compositor, um escândalo veio à tona quando um jornalista publicou detalhes de um pedido feito por Wagner a outra costureira, descrito por Millington como “uma confusão de cortinas e dobras de veludo, camisas e roupas, com interiores de seda e cetim”. Em outra ocasião, em carta a outra costureira, dizia: “Espero que a calcinha rosa também esteja pronta”.

No mesmo sentido, Joachim Köchler, autor de Richard Wagner: O Último Titã, transmite um retrato muito vívido de um compositor travesti, “que precisava de uma aura de feminilidade para estimular seus sentidos”.

Nos últimos anos, uma verdadeira legião de estudiosos de Richard Wagner não tem poupado esforços no sentido de apurar informação sobre a vida e obra desta figura tão ambígua e polêmica.

Parsifal erótico

A textura erótica de obras como Parsifal, a última ópera de Wagner, aparentemente exigia condições muito específicas para inspirar o compositor. Cetim rosa e almofadas com aroma de rosas eram aparentemente obrigatórios. Além disso, ele se banhou no cômodo logo abaixo de sua sala de trabalho, adicionando pomadas perfumadas à água para que o aroma subisse e inundasse seus sentidos.

Parsifal é uma obra que combate o carnal e as dores provocadas pelo desejo sexual. No segundo ato, o herói luta para superar o apelo sexual das donzelas das flores, que tentam seduzi-lo em um jardim perfumado mágico. “Obviamente ele precisava daquela atmosfera refinada quase fetichista”, conclui Millington.

Os estudiosos conectaram seu gosto por mantos bordados e perfumes florais às fragrâncias descritas em Venusberg (uma gruta onde sereias, ninfas e sacerdotisas se entregam aos prazeres orgíacos), na ópera de Tannhäuser, com as margens do rio cobertas por flores que são descritas no grande dueto de amor na ópera Tristão e Isolda.

Millington especula que Cosima, a esposa de Wagner, não poderia satisfazer sua necessidade de volúpia. Por volta de 1875, ele manteve uma amizade intensa (cuja consumação sexual é desconhecida) com uma mulher chamada Judith Gautier, que fornecia as sedas e os perfumes que Wagner tanto gostava de se cercar.

Richard Wagner: óperas, sedas e babados

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Após ler mais um pouco por aí afirmo que é claro que ele adorava se vestir de mulher. É o que indica sua volumosa e minuciosa correspondência com costureiros. A não ser que ele fosse tão controlador que quisesse dar pitaco até nas roupas de Cosima. 

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Sentindo-me uma Clara Corleone no Bom Fim

Eu tinha corrido 4,8 Km na Redenção (em 30 min) e empurrava meu corpo Santo Antônio acima. Me arrastava suado, sem camisa, com minha barriga à mostra.

Na minha calçada, em sentido contrário, vinham duas mulheres de uns 40 anos. Ao chegarem perto de mim, uma se virou pra outra num tom muito cúmplice e disse em voz alta, de forma pouco natural:

— Tem uns caras mais velhos que são bem gostóóósos.

A outra riu enquanto me media. Quando passamos uns pelos outros, emiti uma de minhas especialidades sonoras, fazendo (com a boca) um autodepreciativo

— Pfff…

Será que é efeito da máscara? Logo pensei nas aventuras da Clara [Corleone] pelo Bom Fim e em contar para Elena só para me fazer.

Entrando no edifício, fiz a frase definitiva:

— Vertendo suor e borogodó, Milton Ribeiro volta para casa quase enfartando.

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Obs.: Borogodó (substantivo masculino):
1. atrativo pessoal irresistível.
2. afeto, carinho.

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Pelé x Maradona

Como jogadores de futebol, Pelé e Maradona são difíceis de comparar. Vi ambos ao vivo em campo. Não apenas eram muito diferentes, como preferiam jogar em posições distintas no ataque. Um é de uma geração, outro de outra e o futebol mudou muito entre os anos fim dos anos 50 e o início dos 70 — período de Pelé — e os anos 80 e 90 — período de Maradona. Como se não bastasse, Pelé gostava de ser medido pela quantidade de seus gols, Maradona nunca fez isso.

Uma coisa dá para dizer: há pouco ou nenhum sangue europeu em ambos.

Mais fácil de comparar são Messi e Cristiano Ronaldo. Hoje, um tem 33 e o outro 35 anos, jogaram na Espanha em times quase análogos e começaram a disputar quem fazia mais gols, quem dava mais assistências e quem ganhava mais títulos para seus times. Fica mais fácil de comparar.

São mais como os tenistas Djokovic e Nadal, que têm diferença de um ano e estão sempre disputando um contra o outro. Está 29 a 27 para o sérvio.

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Ontem, vi um cara ficar visivelmente contrariado pelo nível de informação futebolística de uma mulher que falava sobre Maradona. Eu só ri.

Imagina só, inteligente e ainda falando de futebol como um homem!

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Dia Nacional da Consciência Negra: os cartões-postais dos linchamentos da Ku Klux Klan

Dia Nacional da Consciência Negra: os cartões-postais dos linchamentos da Ku Klux Klan

Retirado daqui.
Tradução livre deste blogueiro

A humanidade pode ser pior do que você imagina, muito pior.

Terrorismo é definido como “o uso de violência e intimidação na busca de objetivos políticos”. A mídia ocidental gosta de pintar terroristas com rostos morenos, mas uma das mais horríveis campanhas de terror aconteceu no século passado em solo norte-americano — os estimados 3.436 linchamentos de homens e mulheres negros americanos entre 1882 e 1950, com o objetivo de controlar e intimidar a população negra pouco antes libertada. Não muitas coisas são mais perturbadoras do que ser confrontado com a evidência visual do lado sombrio da humanidade, especialmente quando são evidências de um ódio generalizado e da violência de um ser humano para com o outro. Este ódio veio do medo e foi impulsionado pela religião e pela crença de que os assassinatos são atos de moralidade. Esta violência visava intimidar e suprimir quaisquer aspirações que uma comunidade possa ter por igualdade e um futuro melhor.

Quando me deparei com a coleção de cartões-postais norte-americanos de James Allen e John Littlefield, publicada em um livro intitulado Without Sanctuary: Lynching Photography in America, notei quão importante é conhecer essas imagens, hoje mais do que nunca. Esses cartões-postais foram feitos para comemorar eventos que fizeram muitos brancos norte-americanos se sentirem orgulhosos — de sua raça, de sua superioridade, de sua civilização e de sua inteligência. Eles tiraram fotos de suas realizações nojentas e covardes para serem conhecidas e lembradas. Nas costas, eles escreveram para amigos e familiares numa empolgação de sociopatas. Esses cartões-postais capturam turbas testemunhando com alegria o assassinato de rapazes e moças, cujo crime mais grave foi a cor da pele. Os cadáveres pendurados e carbonizados nesses cartões-postais viviam em um mundo que contava os dias até seu assassinato, a partir do momento em que colocavam ar em seus pulmões infantis. Essa história é poderosa, de revirar o estômago e de importância essencial. E o mais impressionante sobre essas fotos é que elas não apagam os perpetradores como muitas histórias e memoriais fazem hoje, preferindo focar em quem foi vitimado em vez de naqueles que orgulhosamente — e com o apoio do governo — torturaram, estupraram e assassinaram pessoas. Os assassinos nessas fotos estão orgulhosos, são homens adultos olhando para a câmera com a convicção sorridente de que o adolescente que eles acabaram de matar, um contra cem, merecia seu ódio, medo e frustração. Nenhum grande júri era necessário; a lei estava nas mãos dos assassinos. 

A história não é linear. A história está acontecendo ao nosso redor, o tempo todo. Essas fotos são contexto, são realidade, são fotos do terrorismo norte-americano. Esteja ciente de que essas fotos são repugnantes e muito reais.

O linchamento de Elias Clayton (19 anos), de Elmer Jackson (19) e de Isaac McGhie (20), em 15 de junho de 1920, Duluth, Minnesota.

Por James Allen

Eu tenho um brique, sou um catador, um colecionador. É minha vida e minha vocação. Eu procuro itens que algumas pessoas não querem ou não precisam mais e os vendo para outros que precisam. As crianças são catadoras naturais. Eu fui uma delas. Eu brincava com isso desde quando colecionava abelhas em potes.

Meu pai trazia para casa sacos de lona estufados com nomes de bancos, sacos de moedas de cobre ou meio dólar e nós, crianças, sentávamos em volta dos montes de moedas como se estivéssemos em volta de uma fogueira e gritávamos sons de bingo quando encontramos alguma moeda especial.

As mães não aconselham seus filhos a serem catadores. Nenhum adulto deseja ser chamado disso. No Sul dos EUA, é um termo pejorativo. É coisa de gente muito humilde e ignorante, talvez ladra. Tenho tentado trazer dignidade a meu trabalho, viajando incontáveis ​​estradas em meu estado natal, adquirindo coisas que creio serem úteis e reveladoras — móveis feitos à mão, potes feitos por escravos, colchas remendadas e bengalas esculpidas. Muitas pessoas que me vendem estão sobrecarregadas de bens, ou prontas para irem para o lar dos idosos ansiando pela morte. Alguns são vendedores são relutantes, outros ansiosos. Alguns são amáveis, gentis e acolhedores, outros são mesquinhos, amargos e meio enlouquecidos pela vida e pelo isolamento. Nos EUA tudo está à venda, até uma vergonha nacional. Um dia, deparei-me com um cartão-postal de um linchamento. Os cartões-postais pareciam triviais para mim, eram produtos de segunda mão. Ironicamente, a busca por essas imagens me trouxe um grande senso de propósito e satisfação pessoal.

O linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith. Este foi um grande encontro de linchadores acontecido no dia 7 de agosto de 1930, em Marion, Indiana. Inscrito a lápis na moldura: “Bo aponta para seu niga.” Fora da moldura está escrito: “Klan 4º Joplin, Mo. 33.” Achatadas entre o vidro e o papel há cabelos da vítima. ”
Este é o cadáver carbonizado de Jesse Washington suspenso em um poste. O verso diz “Este é o churrasco que fizemos ontem à noite, minha foto está à esquerda com uma cruz sobre seu filho Joe.” 16 de maio de 1916, Robinson, Texas.

O estudo dessas fotos gerou em mim um enorme medo dos brancos, medo da maioria, dos jovens, da religião, dos aceitos. Talvez certo cuidado a respeito dessas coisas já estivesse em mim, mas certamente não tão ativamente como após a primeira visão de um frágil cartão-postal de Leo Frank morto em um carvalho. Não foi o cadáver que me impressionou, foram os rostos delgados como cães de uma matilha, circulando atrás da morte. Centenas de mercados de pulgas depois, um comerciante me puxou de lado e em tom conspiratório me ofereceu um segundo cartão, este de Laura Nelson, presa como uma pipa de papel em um fio elétrico. A visão de Laura criou uma camada de pesar sobre todos os meus medos.

Acredito que os fotógrafos destes cartões foram mais do que espectadores dos linchamentos. A arte fotográfica desempenhou um papel tão significativo no ritual quanto a tortura. A luxúria impulsionou sua reprodução e distribuição comercial, facilitando a repetição infinita da angústia. Mesmo mortas, as vítimas não tinham abrigo.

O linchamento de JL Compton e Joseph Wilson, vigilantes. Ocorreu no dia 30 de abril de 1870, em Helena, Montana. A inscrição impressa no canto superior direito diz: “Hangman’s Tree, Helena Montana”. O verso deste cartão afirma: “Mais de vinte homens foram enforcados nesta árvore durante os primeiros dias.”
O corpo espancado de um homem afro-americano, apoiado em uma cadeira de balanço, roupas respingadas de sangue, tinta branca e escura aplicada no rosto e na cabeça. Na parede, há a sombra de um homem usando uma vara para apoiar a cabeça da vítima. Postal de 1900.

Essas fotos provocam em mim um forte sentimento de negação e um desejo de congelar minhas emoções. Com o tempo, percebo que meu medo do outro é medo de mim mesmo. Então, esses retratos, arrancados de outros álbuns de família, tornam-se os retratos da minha própria família e de mim mesmo. E os rostos dos vivos e os rostos dos mortos se repetem em mim e na minha vida diária. Já vi John Richards em uma estrada remota do condado, balançando-se em passadas de cavalinho de pau, cabeça baixa, olhos no chão. Já encontrei Laura Nelson em uma mulher pequena e robusta que atendeu minha batida na porta de uma varanda dos fundos. Em seus olhos profundos, observei uma multidão silenciosa desfilar em uma ponte de aço brilhante, olhando para baixo. E na Christmas Lane, a apenas alguns quarteirões de nossa casa, Leo, um menino pequeno, com a fralda da camisa para fora e o boné descentrado, vai para as orações do sábado.

A silhueta do cadáver do afro-americano Allen Brooks pendurado no arco em Elk, cercado por espectadores. O linchamento aconteceu em 3 de março de 1910 na cidade de Dallas, Texas. Inscrição impressa na borda, “LYNCHING SCENE, DALLAS, MARCH 3, 1910”. Inscrição a lápis na borda: “Tudo bem e gostaria de receber um postal seu, Bill’. O verso do cartão diz “Bem, John – este é um registro de um grande dia que tivemos em Dallas … Um negro foi enforcado por agressão a uma menina de três anos. Eu vi a agressão.”
Os cadáveres de cinco homens afro-americanos, Nease Gillepsie, John Gillepsie, “Jack” Dillingham, Henry Lee e George Irwin com espectadores.6 de agosto de 1906. Salisbury, Carolina do Norte.
Cartão postal do linchamento de Will James, Cairo, Illinois 1909
Bennie Simmons, ainda vivo, embebido em óleo de carvão antes de ser incendiado. 13 de junho de 1913. Anadarko, Oklahoma.
O linchamento de Leo Frank. 17 de agosto de 1915, Marietta, Geórgia. Sobreposta à imagem: “o fim de Leo Frank, enforcado por uma turba em Marietta. Agosto 17. 1915. ”

Imagens do linchamento de Frank Embree, Fayette, Missouri 1899

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Ferdinand Waldo Demara – o grande impostor existiu

Ferdinand Waldo Demara – o grande impostor existiu

Do Toluna

Nascido em dezembro de 1921, em Massachusets, Ferdinand Waldo Demara iniciou sua carreira de impostor após desertar do exército americano. Tendo que se esconder, apresentou-se em um mosteiro, como um homem que queria uma vida simples e desejosa de Deus. Enganou os monges por meses – sendo responsável pelas vinhas do mosteiro e a fabricação dos vinhos para a missa. Desistiu de se esconder no mosteiro por seu espirito glutão – não conseguiu se adaptar aos períodos de jejum.

Em suas duas décadas de carreira, ele se passou por monge católico, engenheiro, xerife, enfermeiro, advogado, cientista, professor e médico. Ferdinand Demara não só se passava pelos personagens, ele se transformava neles, levando suas farsas às últimas consequências. Em seu período como “monge”, fundou uma universidade religiosa – que existe até hoje.

O ato máximo de Demara veio durante a Guerra da Coreia. Ele embarcou num destróier da Marinha canadense dizendo ser o Dr. Joseph C. Cyr. A guerra era real, e ele teve que lidar com pacientes reais. Usando uma quantidade copiosa de penicilina, acabou com uma infecção que se alastrava pelo navio, e operou 16 feridos de guerra trazidos ao convés, em estado grave. Demara se enfurnou em sua sala com volumes de medicina. Quando apareceu de volta, operou todos os pacientes – fazendo inclusive cirurgia cardíaca com cavidade torácica aberta. Acredite se quiser, ninguém morreu.

A vaidade, porém, acabou com sua carreira prolifica. Demara publicou suas peripécias na revista Life. Ficou famoso, conhecido e portanto, impossibilitado de ter sucesso em suas farsas. Então virou um pastor batista – de verdade. Cursou teologia e passou a trabalhar em hospitais e obras de caridade, como capelão.

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De como o telemarketing fez com que não atendêssemos mais o telefone

De como o telemarketing fez com que não atendêssemos mais o telefone

Lá por 2017, a Elena propôs desligar o telefone fixo aqui de casa — ele só servia para o telemarketing e para o ex e os amigos dos filhos ligarem. Eu respondi que, em janeiro de 2016, quando um tornado veio dar um passeio em Porto Alegre, foi o fixo que permitiu que eu conversasse com ela, que estava em viagem.

Mas, logo depois, cedi aos argumentos dela e acabamos com o fixo.

Agora, também não atendemos ligações em nossos celulares vindas de desconhecidos e de outros estados. Motivo: ainda o telemarketing. A Elena passa o dia em modo avião, só atendendo o Whats.

Aliás, acho que o WhatsApp deveria agradecer às empresas que nos causam tanto mau humor com ligações silenciosas ou estapafúrdias como esta que recebi numa manhã de um sábado em que podia dormir. É claro que ainda tínhamos o fixo. A ligação ocorreu às 8h da madrugada, pasmem.

— Alô — disse eu só de cuecas e camiseta, reprimindo um bocejo e pensando que poderia ter acontecido algum problema com nossas 4 “crianças”, 2 meus e 2 dela..
— Falo com o Sr. X?
— Não, o Sr. X não mora mais aqui.
— E eu falo com quem?
— Com o Milton, que está com sono.
— Ah, sim. Eu estou telefonando para lhe propor um esplêndido negócio que lhe dará muita tranquilidade, a si e aos seus.
— Que seria?
— Um local belo e sossegado, com vista para a cidade.
— Ih, não tenho dinheiro para investir em imóveis, não tenho nem onde cair morto.
— Justamente!
— O quê? Tu tá me ligando para propor a compra de minha morada eterna?
— Sim. Num lindo gramado, no alto de um morro.
— Com vista pra cidade?
— Sim.
— Então, vai tomar no teu c@.

E, assim, eu soube que a Elena, a quem chamo tantas vezes de “minha boa conselheira”, tinha razão novamente. Hoje, não temos mais um fixo. Mas também raramente atendemos celular. O telemarketing acabou com esse negócio de telefone. Fiquei surpreso dia desses quando vi um filme e um telefone tocou. Imagine que o Humphrey Bogart, logo ele, que não era trouxa, atendeu!

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Tenho um amigo que, quando o telemarketing liga, responde assim: “Ah, que bom que tu ligaste, estava tão solitário… Não falo com ninguém há mais de uma semana. Me conta quem tu és”.

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Outro responde, quando o telefone toca e seu nome é perguntado: “Meu nome é Batman”. E o atendente é obrigado a chamá-lo de Batman durante toda a ligação.

 

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Bergman, Victor Sjöström e um motorista do Uber

Bergman, Victor Sjöström e um motorista do Uber

Dias desses, eu peguei um motorista de Uber hiper qualificado. O cara sabia tudo sobre cinema. E começou a falar sobre os filmes que influenciaram Bergman. Eu conhecia alguns de nome, de ter lido entrevistas e livros do mestre, mas ele os tinha visto. E sugeriu que eu assistisse este filme mudo de Victor Sjöström, realizado em 1920. Sim, Victor é o ator velhinho de Morangos Silvestres. Ele garantiu que eu entenderia muitas coisas de meu diretor predileto olhando os escandinavos mudos e dos anos 30. E aqui está o filme que ele chamou de 100% obrigatório. (Sim, o Brasil é triste. O cara deveria estar dando aulas de cinema, mas estava me levando a uma distribuidora de livros).

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O vírus está nas minhas roupas? Nos meus sapatos? No meu cabelo? Nas minhas mãos?

O vírus está nas minhas roupas? Nos meus sapatos? No meu cabelo? Nas minhas mãos?

Sim, você precisa ficar em casa o máximo de tempo possível. Sim, você precisa ficar bem longe de aglomerações. Sim, você precisa lavar as mãos ou usar álcool gel várias vezes ao dia.

Mas, como eu venho dizendo para pessoas próximas: enfrentar o novo coronavírus é questão de estar no controle. Da nossa saúde, dos nossos hábitos e da nossa cabeça. E esse artigo do New York Times pode ser uma boa leitura nesse sentido – tranquilizadora, inclusive. É em inglês, então uns breves tópicos (todos sustentados por cientistas e especialistas em saúde consultados pelo jornal norte-americano, um dos mais respeitados do mundo)

—> Introdução e tradução do (excelente) escritor e  jornalista Igor Natusch

Pedimos aos especialistas que respondessem perguntas sobre todos os lugares onde o coronavírus se esconde (ou não). Você se sentirá melhor depois de ler isso.

1 – É pouco provável que você tenha coronavírus em suas roupas após sair para a rua, a menos que alguém tenha tossido ou espirrado em sua direção. Embora o vírus possa ficar suspenso no ar por algum período, ele é tão pequeno que dificilmente vai aderir em sua roupa (o mais provável é que qualquer movimento seu desloque ar o suficiente para espantá-lo para longe);

2 – Da mesma forma, dificilmente cabelo ou barba serão fontes de infecção. É preciso que alguém tenha espirrado no seu cabelo (ou que você encoste em algum lugar onde alguém acabou de espirrar), que você passe a mão exatamente onde as gotículas foram parar e depois passe em alguma de suas próprias mucosas, em um tempo hábil para que o vírus continue viável. Impossível não é, mas o risco é bastante baixo, em especial se você lava as mãos / toma banho com frequência;

3 – Sair para a rua, em si, não é perigoso. Não é como se nuvens gigantescas de coronavírus estivessem flutuando no ar. Se você mantiver o distanciamento adequado, é seguro ir até a rua levar o lixo ou dar uma volta rápida com o seu cachorro (mas, e esse é o único acréscimo meu ao que tem na matéria, lave as patas do bicho depois, e logo ficará claro por quê);

4 – A não ser que você esteja cuidando de um doente, não há necessidade de cuidados especiais para lavar roupas que estiveram na rua – basta colocar na máquina ou no tanque e está ótimo;

5- O risco de ficar doente manipulando pacotes está, atualmente, no terreno da teoria. Ou seja, inexistem casos concretos que apontem para esse risco. Se você recebeu uma encomenda, lave as mãos após abri-la e tudo estará bem. Se ainda achar arriscado, deixe-a num canto por 24h antes de abrir;

6 – Calçados usados na rua devem ser removidos já na porta de casa e, se possível, ainda do lado de fora. Mas essa é uma dica de higiene para a VIDA, que pouco depende do coronavírus. Afinal, sapatos pisam no chão (como as patas do seu cachorrinho, né), e o chão é sujo para caramba.

Ninguém sabe com 100% de certeza como o coronavírus se comporta, e ainda existe muita discordância sobre aspectos importantes envolvendo o vírus. Ou seja, é possível que algumas dessas colocações sejam parcialmente revistas no futuro, ou que outros especialistas tenham visões diferentes a respeito de um ou outro ponto. E VOCÊ PRECISA SEGUIR TOMANDO CUIDADO, PRECISA FICAR EM CASA TANTO QUANTO PUDER, EVITAR AGLOMERAÇÕES E LAVAR AS MÃOS. Mas eu acho que a gente precisa confiar na ciência, acima de tudo – e esses cientistas, ouvidos por um jornal extremamente respeitado, estão nos dizendo isso que citei acima. Se for o caso, fique revoltado com eles e elas, não comigo. Sou um jornalista, e estou apenas trazendo informação, de uma das melhores fontes que pode existir. E tentemos, todos e todas, estar no controle – dos nosso hábitos de higiene, dos nossos comportamentos, da nossa cabeça.

Cuidem-se e fiquem bem!

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Quarentena com Arte

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Como os amantes de livros italianos estão lidando com o bloqueio de coronavírus

Como os amantes de livros italianos estão lidando com o bloqueio de coronavírus

Leitores de todo o país estão recomendando livros, enquanto editores, escritores, livrarias e bibliotecas tentam manter a alegria na vida das pessoas

Massimo Carlotto — no The Guardian (tradução minha)

A neve cai nos telhados. O silêncio é sinistro. Apenas alguns dias atrás, este campo montanhoso na fronteira com a Áustria estava cheio de turistas. Agora está quase deserto. Suas estações de esqui, hotéis e restaurantes estão fechados. Geralmente atravessamos a fronteira para fazer compras e encher nossos tanques com gasolina que custa menos e é de melhor qualidade, mas agora a alfândega austríaca recebeu ordem de fechar. Não é mais possível passar. Não moro neste vale, mas tenho uma casa aqui para onde fujo quando preciso de paz para me concentrar na escrita — geralmente quando estou atrasada para o prazo de um romance e meu editor está começando a se preocupar. Mas agora eu prefiro ficar aqui. Não apenas porque o contato com outras pessoas é mínimo, mas porque eu quero assistir o que está acontecendo da distância certa. O coronavírus está mudando a imaginação coletiva dos italianos e nós, escritores, devemos estar em condições de registrá-lo. Eu assisto Pádua, minha cidade, via webcam. As belas praças estão desertas. Finalmente, as pessoas estão aceitando a gravidade da situação.

O bloqueio é absolutamente necessário: o sistema nacional de saúde não consegue acomodar o grande número de pacientes em terapia intensiva. A Itália está pagando o preço por cortes. Felizmente, porém, o governo teve a coragem de tomar medidas drásticas em um país que está culturalmente acostumado a interpretar regras com certa elasticidade. Parte da população, confinada em suas casas, está exalando sua ansiedade e frustração nas mídias sociais e houve incidentes como assaltos no supermercado. Mas celebridades e estrelas do esporte se uniram em uma campanha de divulgação chamada #IStayAtHome. A mensagem deles é insistente: não saia de casa.

O establishment cultural se mobilizou contra o medo: escritores, músicos, artistas, mas também editoras, livrarias e bibliotecas públicas. Todos se empenham em tornar este lar forçado menos triste e difícil.

O fechamento das livrarias foi um golpe para o mercado editorial, que está sendo mantido pelas vendas on-line, mas os leitores tomaram a iniciativa, desenvolvendo maravilhosas listas de leitura boca a boca, destacando clássicos esquecidos e autores de pequenas editoras. Houve uma ênfase em romances que se passam em momentos difíceis da história, de A Peste, de Albert Camus, e Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago.

O bloqueio deve se tornar uma ocasião para reflexão coletiva, não apenas sobre nossos próprios medos, mas também sobre grandes temas sociais, como a solidão — um dos grandes problemas, que o vírus tornou ainda mais doloroso. Solidão não faz diferença de idade ou classe social; aqueles que sofrem com isso precisam de apoio concreto e consistente, mantido ao longo do tempo. O tempo do vírus é uma página na história da Itália; está sendo escrito por muitos, com tragédias e uma miríade de exemplos práticos de solidariedade.

Foto: Prefeitura de Veneza / Divulgação

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“Vivemos numa sociedade prostrada perante os valores da juventude”

“Vivemos numa sociedade prostrada perante os valores da juventude”

“Envelhecer bem é trabalho para toda a vida” foi o tema do painel apresentado por Júlio Machado Vaz no Fórum Socialismo 2019. O médico psiquiatra abordou questões como a necessária transformação dos cuidados de saúde.

Do esquerda.net (Portugal)

“A palavra velhice reenvia-nos, queiramos ou não, para um estar. Para um ser. É algo, aliás, que está completamente burocratizado. Um dia acordamos, temos 65 anos e somos velhos oficialmente”, afirmou Júlio Machado Vaz no início da sua intervenção.

O médico psiquiatra fez referência ao relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que “baseia as suas recomendações na análise das mais recentes evidências a respeito do processo de envelhecimento, e observa que muitas percepções e suposições comuns sobre as pessoas mais velhas são baseadas em estereótipos ultrapassados”.

“Como mostra a evidência, a perda das habilidades comumente associada ao envelhecimento na verdade está apenas vagamente relacionada com a idade cronológica das pessoas. Não existe um idoso ‘típico’. A diversidade das capacidades e necessidades de saúde dos adultos maiores não é aleatória, e sim advinda de eventos que ocorrem ao longo de todo o curso da vida e frequentemente são modificáveis, ressaltando a importância do enfoque de ciclo de vida para se entender o processo de envelhecimento”, lê-se no documento.

Sublinhando que existe “uma mania muito humana” de “cortarmos a vida às fatias”, o que nos dá uma falsa sensação de “segurança”, Júlio Machado Vaz lembrou que “os colegas da neurologia dizem-nos que a nível de desenvolvimento, a nível neuronal, por exemplo, estar a falar de um fim de adolescência antes dos 24 anos não faz sentido”.

A ideia de que a vida é um processo e de que a nossa capacidade física e psicológica está apenas vagamente relacionada com o passar dos anos esteve presente na sua intervenção.

Assumindo que a adoção de estilos de vida saudável aumenta a probabilidade de envelhecermos com mais qualidade de vida, o médico psiquiatra avançou que, a par da necessidade de os profissionais de saúde respeitarem a liberdade individual de cada pessoa, é necessário “evitar a armadilha” de considerar que estamos perante uma “questão meramente individual” e assumir uma “postura inquisitorial”, que se traduz numa “má prática clínica”.

“É ingênuo e insultuoso não levarmos em linha de conta as condições de vida, em sentido lato, das pessoas”, nomeadamente no que respeita às dificuldades econômicas de cada um, defendeu.

De acordo com Júlio Machado Vaz, é preciso transformar os sistemas de saúde: “Ao praticarmos uma medicina baseada no profissional de saúde e não no doente não valorizamos o que vem do outro lado”, sinalizou, avançando que, “se não existe essa articulação, perdemos a ‘eficácia’ da nossa atividade”, já para não falar na pedra basilar, que é o respeito pelo outro.

O profissional de saúde alertou que “não fazer bem sai mais caro” e que, muitas vezes, estamos a “valorizar a quantidade dos atos médicos e não a sua qualidade”, o que representa um “erro crasso em termos éticos, mas também em termos de rentabilidade”, já que a pessoa acaba por voltar aos serviços ou por sobrecarregar outras unidades de saúde.

No que respeita à Saúde Pública, Júlio Machado Vaz considera ainda que é fundamental ter sempre em conta a diversidade física e mental dos mais velhos e priorizar “uma abordagem integrada”, com a intervenção de várias profissões. Bem como é prioritário apostar na formação em gerontologia e geriatria e nos cuidados continuados e domiciliários. Outra questão levantada pelo psiquiatra diz respeito ao facto de, muitas vezes, os profissionais de saúde lidarem com a morte de uma forma impessoal e asséptica, não priorizando o bem-estar da pessoa e diminuindo a qualidade de vida de alguém ao tentar adiar a sua morte.

Durante a sua intervenção, Júlio Machado Vaz abordou ainda a questão da discriminação a que os mais idosos estão sujeitos: “Vivemos numa sociedade que vive totalmente prostrada perante os valores da juventude. Uma das consequências é que a mensagem que a mídia nos passa não é como envelhecer bem, é como fingir que não envelhecemos, o que tem toda a lógica numa sociedade capitalista de consumo”, frisou.

“A partir de certa altura, interiorizamos essa discriminação e já não precisamos de ser discriminados pelos outros. Temos polícias dentro de nós. E não há pior censura do que aquela que foi interiorizada, porque arrastamo-la por todo o lado”, acrescentou.

Júlio Machado Vaz apontou também a discriminação explícita no que respeita à sexualidade dos mais idosos: “Vivemos numa sociedade que decreta que é de mau gosto os mais velhos apaixonarem-se, namorarem, quererem sentir-se bem. De tal maneira que até o léxico é afetado”.

Também a forma como a sociedade lida com a tristeza gera preconceitos e más práticas clínicas: “Vivemos numa sociedade que tem uma tolerância baixíssima para os afetos desagradáveis. A tristeza é um afeto completamente normal. Confundir tristeza com depressões e encher as pessoas de drogas, bem como partir do princípio que uma pessoa mais velha está deprimida apenas porque é mais velha é péssimo na medicina”, destacou.

O médico psiquiatra ressaltou a importância da participação social, assinalando que, com a reforma, inúmeras vezes “descobrimos que temos poucos laços sociais, que não temos hobbies, não temos interesses e isso pode ser catastrófico, nomeadamente em termos psicológicos, o que está associado a determinadas patologias”.

Júlio Machado Vaz alertou que “os modelos antigos de cuidados informais são completamente impossíveis hoje em dia” e que é urgente garantir os direitos dos cuidadores.

A necessidade de assegurar uma supervisão governamental das medidas, mas com parcerias com as famílias e comunidades; de remover barreiras arquitetônicas e adaptar o planeamento urbano; de apostar na melhoria de salários e condições de trabalho; de implementar verdadeiras políticas de gênero; de apoiar iniciativas comunitárias; de garantir o direito à habitação e a proteção contra a pobreza também constam das prioridades enumeradas pelo psiquiatra.

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