Showing all posts in Religião
Jesus loirinho
Um ateu (já que hoje é o Dia do Bibliotecário)
Já se passaram muitos anos desde aquela vez em que fui expulso de uma instituição católica de ensino. O motivo me deixa tranquilo. A ferida interna que ficou, não.
A tal instituição é uma tradicional escola particular porto-alegrense. Um colégio que pode receber quaisquer alunos, mas que tem a característica de, há muitos anos, manter turmas para deficientes visuais. Está preparada para a missão e tem professores especializados. Eu ficava no meu canto, tranquilo, na biblioteca. Gostava de lá e era bastante amigo da bibliotecária que trabalhava à tarde. Ela conhecia seu ofício e era a responsável pela Hora do Conto. Conversávamos antes de ela contar as histórias e lendas para as crianças pequenas, despertando-lhes o interesse com seu talento. Ela também costumava pressionar a bibliotecária titular para que esta cumprisse seus horários de forma a que pudéssemos recolocar mais rapidamente para empréstimo os livros que retornavam e os que chegavam. Chegava muita coisa boa. Eu carimbava os livros, colocava-lhes etiquetas e ajudava na restauração dos muitos que voltavam quase destruídos da casa de crianças e pais descuidados. Quando vieram as férias dos alunos, fui deslocado para a digitação. O que se digitava lá? Ora, livros. Digitávamos os livros que depois seriam impressos em Braille para os deficientes visuais.
Então, em julho, me passaram o livro Porteira Fechada, de Cyro Martins. Ele já fora digitado até a página 50 e faltavam 103. Como tratava-se de leitura obrigatória para o Vestibular da UFRGS, havia a necessidade de passá-lo com urgência para Braille. Era uma atividade que me dava prazer. É um excelente livro, conta uma boa história e dei o meu melhor. E então começaram os problemas.
Conversei com a funcionária que receberia meu trabalho e ela ficou encantada com minha disposição de não apenas terminar a digitação de cada página, como com minha vontade de revisar as 50 páginas iniciais que eu constatara estarem cheias de erros. Haviam permanecido erros de pontuação e palavras não corrigidas, apesar da gritaria do corretor ortográfico do Word. Na curta biografia de Cyro que abre o volume, as únicas letras maiúsculas eram as que iniciavam as frases. O nome dos pais de Cyro, o de sua cidade, o das universidades onde estudou, o das cidades por onde andou, o nome de seus amigos, etc. estavam todos em minúsculas. Pior: como em Braille não há itálicos, os nomes das obras do autor teriam que figurar entre aspas. E não havia aspas no texto. Tinha até uma frase onde parecia que Estrada Nova era parte da frase e não nome de um romance de Cyro. Eu mostrei tudo aquilo para a responsável e ela então pediu que eu fizesse a revisão completa. OK, sem problemas, tinha tempo de sobra.
Quando relatei os acontecimentos para minha chefe, uma religiosa, ela disse que a responsável pelo Braille estava querendo que eu fizesse um trabalho que era de outro setor, não do meu. Completou dizendo que se tratava de uma inútil. Sinceramente, não me parecera. De forma débil, pois sei que tudo o que não tinha lá era “espaço”, “direitos” e “poder”, solicitei educadamente fazê-lo, pois o nome do digitador vai na capa da obra e será lido tanto por quem o vê quanto por quem o lê com as mãos. Ela recusou terminantemente. Disse-me que eu estaria fazendo o trabalho que um setor coalhado de preguiçosos (expressão dela) não fazia. Esta religiosa é uma patética personagem de romance: uma espécie de faz-tudo que anda entre os setores supervisionando o trabalho de cada funcionário, espalhando sorrisos e pequenas maldades. Seu problema era o de ser acatada apenas por quem precisava acatá-la: pelos que tinha medo dela. O restante, os funcionários, riam da figura ou simplesmente a ignoravam. Em quatro meses, nunca tivera nenhum problema. Aquele era o primeiro e não era grave.
Decidi fazer a revisão em casa e entreguei o arquivo ao setor de Bralle num final de manhã através de outra pessoa, para que a freira não tivesse a oportunidade de questionar nada. O meu nome estaria lá, pô. Por volta daquele dia, a freira faz-tudo anunciou que estava estressada — puxa, estressada é tudo o que ela NÃO parecia — e que iria para um retiro. Os tais retiros são motivos de piada entre os funcionários. Quando um religioso se incomoda, ser superior que é, vai para uma espécie de Spa de Cristo; quando o mesmo acontece com um funcionário, ele segue trabalhando. Acontece muito neste gênero de empresas livre de impostos, administradas por deus: quando ninguém suporta mais uma freirinha, ela vai para um retiro e depois é destinada a um novo paradeiro, de onde será novamente chutada entre padre nossos. Certamente ela estava de malas prontas, pronta a enobrecer com suas fofocas a obra de deus em outras plagas, mas antes tinha que me sacanear.
E, antes de viajar, ela, que sempre vinha conversar sorridente comigo, subitamente me acusou de trabalhar em outros “arquivos”. Quis responder, mas ela me mostrava sua mão espalmada, sinal inequívoco de “Não quero ouvir”. Então, eu calava. Sim, era verdade, ela tinha razão, eu mexia em outros arquivos. É que o pessoal do Braille me perguntara se eu poderia apressar a digitação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, que já andava lá pela página 300 com outra pessoa. Eu vira a qualidade da digitação já realizada e sabia que era apenas razoável, principalmente em razão da dificuldade e da aridez do texto em muitas partes. O que fiz? Busquei o livro inteiro no Portal Domínio Público. Busquei a mesma edição digitada, pois o pessoal do Braille me alertara que a transcrição tinha de ser similar ipsis litteris igualzinha cara de um focinho de outro à edição que a escola possuía. Eu queria repassar aos cegos a melhor cópia possível. E que eu fazia com meu pecaminoso arquivo disponibilizado pelo Governo Federal em seu site? Ora, procurava passar o “.pdf” para “.doc” a fim de deixar Os Sertões no formato ideal antes de ir para a impressora Braille. Ficou logo pronto, com suas letras grandes, com underline no lugar dos travessões das falas, travessões onde havia travessões, etc.
Como punição por me preocupar com a qualidade da leitura dos cegos, fui devolvido à Biblioteca. OK, problema nenhum. Lá fui eu, bovinamente. No dia seguinte, recebi a folha de avaliação. Havia várias perguntas e um espaço para que pudéssemos dar nossas opiniões. E então, certamente por raiva, cometi um erro grave. Expliquei o que fizera para o setor de Braille. Falei de Euclides e seus adjetivos arrevesados. Escrevi sem nenhuma ironia, cheio de boas intenções. Uma hora depois, a freirinha voltou com a folha na mão. Sua primeira pergunta foi inacreditável. Ela perguntou sobre minha crença em deus. Mesmo sabendo que meu trabalho era bom e necessário, sabia que me atirava no precipício ao responder: sou ateu. Fui bruscamente solicitado a me retirar dali para sempre.
Nos dias seguintes, recebi diversas ligações do setor de Braille. Queriam que eu voltasse. Eu disse que tinha sido expulso. Fodam-se os cegos, né? Obedeça-se a quem acha a disciplina formal mais importante do que a disciplina cabal de fazer as coisas. Três meses depois, a funcionária do setor de Braille ainda queria que eu voltasse, principalmente porque a freirinha tinha sido finalmente transferida, mas já estava outra em seu lugar que… Já sabia que eu era ateu. Como a responsável pelo setor de Braille também era, mas não dizia.
(Meus sete leitores, digo-lhes: que romance não daria a vida naquele inferno com Cristo, quanto ciúme, quantas querelas, quantos olhares… E quanto conforto, meu deus! Deveria pensar mais nisso e dedicar o resultado às manas servas de deus!).
Obs.: Texto revisado hoje. Prova de que ainda é um problema.
Quando o ateu ri… E muito!
Lembro da vez em que um escritor puxou um Pai Nosso no StudioClio. A minha cara e a do Francisco Marshall — estávamos assistindo juntos à palestra — deve ter sido de tanto pasmo e indignação que o cara passou a mijar os ateus enquanto falava de Grande Sertão. Nada a ver… O cara ficou descontrolado. Falava de Diadorim e mudava de assunto pra religião. Olhava pra nós e a gente nem bola. Eu estou em estado de choque até hoje. Não consigo parar de rir sempre que lembro do episódio.
Como votou ‘certa esquerda’ sobre a anistia da dívida das Igrejas…
Credo, que vergonha! Vou te contar, hein, PCdoB! Podem esquecer o meu voto. Afinal, ainda lembro do tempo em que a esquerda era de esquerda.
O PSol (e o Novo) foram unânimes na reprovação do perdão à dívida e quase todo o PT também. O resultado foi que o Congresso perdoou R$ 1 bilhão de dívidas… Ah, também quero! Vou parar de pagar impostos. O Estado é laico, não tem que perdoar dívida de quaisquer Igrejas.
O “jejum religioso” de Bolsonaro
Bolsonaro decidiu por esse “jejum religioso” depois que Marco Feliciano foi bater na sua porta. Como eu previa — e não sou nenhum gênio — os neopentecostais escolheram o lado dos criminosos. É natural. A atuação deles tem muito a ver com as atividades ilícitas. Seu modus operandi é a pura exploração da ingenuidade com a finalidade de enriquecer.
Ricardo Coimbra
Igreja à venda!
Não tá fácil pra ninguém, nem pra deus. Imaginem que tem uma igreja à venda aqui na Cidade Baixa, Porto Alegre. Poderia nascer um bar, um café, uma LIVRARIA ou uma simples moradia, né? Eu poderia criar a Igreja Colorada de São Milton. Promoveríamos a “Cura Gremista”.
Fotos horríveis de Milton Ribeiro (celular), claro.
Jesus poderia de ter salvado 7 vidas se tivesse doado órgãos
Do Paulopes
Na Austrália, o anúncio “O que Jesus faria” criou polêmica, mas conseguiu o que se propõe: chamar a atenção para a importância da doação de órgãos.
O anúncio afirma que Jesus teria salvado ao menos sete vidas se tivesse manifestado pela doação de seus órgãos antes de ser crucificado.
Numa sequência de imagens de 2min30, soldados romanos perguntam a Jesus pregado na cruz se ele pretende declarar a doação de seus órgãos antes que seja tarde demais.
Entidades cristãs acusam a Australian Daor Register, uma associação que colabora com o governo, de ter produzido uma blasfêmia e pedem censura ao anúncio.
A Australian Christian Lobby, por exemplo, diz que se trata de uma “zombaria”.
A entidade se declara “pró-vida”.
Uma pesquisa apurou que 80% dos australianos afirmam que doariam seus órgãos, mas apenas 34% registraram que são doadores.
Com informação da Australian Daor Register e de outras fontes.
O túmulo de Bergman é…
… perfeitamente ateu. Ele foi enterrado com sua última esposa, Ingrid — que não é a atriz Ingrid Bergman. A esposa de Bergman nasceu Ingrid Karlebo, e muitas vezes é citada como Ingrid von Rosen. Eles foram casados entre 1971 e 1995 e tiveram uma filha. Mas Ingmar teve outros 8 filhos de outros casamentos e não-casamentos.
Bem, nada de cruz ou de símbolos religiosos no túmulo do cineasta e dramaturgo, filho de pastor luterano, e que tanto refletiu sobre o mistério de deus e da morte em seus filmes.
Religião e política
Essa perseguição e pressa para acabar com a terrível ameaça. A proteção da multidão a quem só resta um homem. Ele diabo e deus. Ele tudo. Tudo muito religioso. Até neste momento de absoluta crise política o Brasil mostra-se fundamentalista. Profunda vontade de vomitar.
É Páscoa. Ou o Homem será o Rei ou terá a Cruz. Não há espaço para viéses ou para a inteligência.
Enquanto isso, no Planalto, surfa uma quadrilha de muito mais de 40 ladrões.
Os diferentes, mas nem tanto, natais dos sem fé
Para os de ateus e agnósticos, ver o Natal como um simples feriado seria apenas mais uma alteração num evento que já foi pagão, que depois tornou-se religioso por obra da Igreja Católica, que recebeu um Papai Noel chamado Nicolau – um bispo nascido na Turquia em 284 d.C que deixava saquinhos com moedas próximos às chaminés das casas – e que ganhou o vermelho e branco da Coca Cola em 1931, durante uma bem-sucedida campanha publicitária. Segundo o IBGE, o número brasileiros que declararam não ter religião no último censo, incluindo os ateus, cresceu de 1% nos anos 70 para 7,3% em 2010. O fenômeno é mundial. A American Physical Society fez uma pesquisa na Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca. Destes, os tchecos revelaram-se os mais religiosos, com 60%. O menor número foi encontrado na Holanda. A entidade projetou as tendências no país para 2050, chegando à conclusão de que 70% dos holandeses não terão religião na metade do século XXI. Nos Estados Unidos, o número daqueles que se identificam como cristãos teve uma queda de 10% nos últimos 20 anos, passando de 86 para 76%.
O Sul21 procurou saber como é a comemoração da data para estas pessoas. Afinal, é praticamente impossível passar ao largo da face comercial do Natal. A engenheira Rachel Zanini afirma que, para ela, o Natal foi por muitos anos apenas “decoração e gastronomia” e que nunca contestou o significado da data por viver numa família extremamente católica. A partir do momento em que pode desenvolver uma crítica interna, começou a se incomodar com os excessos religiosos da família e com os comerciais da sociedade, além da obrigatoriedade da comemoração. “Até o salão de beleza onde fui hoje estava decorado com as cores da Coca-Cola. Serviam espumante… Tudo isso pelo nascimento de Jesus?”. Vou à festa da família, mas não compro presentes e só desejo boas festas e bom feriado aos amigos.
A dona de casa italiana Bruna Schiavone diz que, quando saiu do norte da Itália, nos anos 90, as festas eram bem diferentes. “Lá na Itália, a festividade está mais americanizada, mas no meu tempo as crianças comemoravam o Dia de Santa Lucia. Essa festa não é a mesma do Natal, nem na mesma data. As crianças recebiam doces de presente – antigamente ganhavam laranjas como desejo de saúde e necessidade de vitamina C para o inverno –, estes eram os presentes. No dia 25, havia um almoço e fim. Nada de vigília ou troca de presentes. Hoje, vejo a data como uma oportunidade de reunir a família. Não monto pinheirinhos em casa nem deixo a casa com cara de Natal”.
O mesmo faz Francisco Marshall. “No passado, como família germânica tradicional, cantávamos o “noite feliz”, comíamos peru e mais aquele monte de guloseimas. Hoje, reunimos a família e eu estou proibido de fazer piadas sobre religião por causa dos mais velhos. Porém, como ateu programático, às vezes aproveito a deixa… No ano passado, como meu aniversário fica próximo, fiz a festa em 25 de dezembro”. E os presentes? “Neste ano, só presentes dos adultos paras crianças. Não se toca no nome de Jesus Cristo, nem para o bem nem para o mal. Ou seja, é quase um ágape pagão, mas não se cogita passar em branco ou ficar em casa vendo filme. Há o peso da tradição na família”. Marshall explica que normalmente há discussões sobre ateísmo nas reuniões familiares, mas que estas cessam no final do ano. “A convivência é mais importante, mesmo que o ateísmo predomine, o que é o nosso caso”.
O presidente da ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), Daniel Sottomaior, comemora tranquilamente e não se incomoda com a data. “A origem da festa não guarda o menor traço de cristianismo: é o Solis Invictus, o Solstício de inverno. Tenho uma filha de 7 anos que adora o 25 de dezembro. Nossa árvore é uma árvore de Newtal, referência a Isaac Newton, que nasceu nesta data e que descobriu a Lei da Gravidade. Ela tem maçãs, luzes e debaixo dela, um volume dos Principia (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural) do autor. Os outros simbolismos – perus, renas, presentes, árvores, Roberto Carlos – , nada disso nasceu com o Natal. Estamos apenas retomando uma data pagã que foi roubada pela igreja”.
A fala de Sottomaior encontra eco nos livros de história. A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. No hemisfério norte, o solstício de inverno era comemorado por marcar a noite mais longa do ano. No dia seguinte, ela seria paulatinamente mais curta, encaminhando o final do período ruim para as lavouras. Então, no solstício de inverno era festejada a melhoria das perspectivas. Era um tempo em que o homem deixava de ser caçador errante e começava a dominar a agricultura; então a volta dos dias mais longos significava a certeza de novas colheitas no ano seguinte. Na Mesopotâmia a celebração era enorme, com mais de dez dias de festa. Já os gregos cultuavam Dionísio no solstício, o deus do vinho e do prazer. Na China, as homenagens representavam a harmonia da natureza. Os povos antigos que habitavam a atual Grã-Bretanha criaram Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano. Então, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus propôs à Igreja a fixação do nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro. Aceita a proposta, a partir do século IV o Solis Invictus começou sua mutação. Ficou convencionado que Jesus nascera em 25 de dezembro e que as celebrações eram em sua honra.
Mas voltemos a nossos personagens. Ralf Rickli, pedagogo e escritor, trabalhou por anos em comunidades carentes em São Paulo. “Nunca fiz proselitismo ateísta, mas explicava a meus alunos sobre a subjugação da cultura local em relação à do norte. Então, rejeitava os símbolos europeus, temperados, em favor de uma simbologia tropical. Em alguns anos, em vez de usar pinheiros, enfeitávamos bananeiras de Natal. Nossa celebração subversiva sempre foi um sucesso absoluto!. No passado, todos os anos eu pagava pontualmente o imposto familiar, que é o de ir à festa sem nenhuma vontade. Ficava quietinho. Minha mãe foi professora de escola dominical presbiteriana, sabe como é”. Hoje trabalhando em Vitória (ES), Ralf costuma passar o Natal sozinho. Diz que não se deprime, mas que se fosse convidado por alguém legal, iria se divertir com os amigos.
Por falar em depressão, Claudio Costa, psiquiatra e psicanalista mineiro, afirma que há efetivamente pessoas que se sentem excluídas de um fenômeno do qual gostariam de participar com alegria. “Isso ocorre independente de convicções religiosas. Em situações de festa, de alegria obrigatória e com hora marcada, muitos sentem desconforto por não se identificarem com a alegria. Sentem a situação com um beco sem saída. Quem não consegue ter uma crítica lúcida sobre a festa e liberar a sociedade das culpas, sente-se atingido. Muitas vezes a irritação vem da necessidade do cumprimento de um ritual ou até da necessidade de abraçar um familiar que lhe é desafeto. Porém, ao mesmo tempo que se irritam, essas pessoas “não conseguem não ir” e a consciência de que está cumprindo uma obrigação desagradável é causa de aborrecimento.
Estes são apenas alguns depoimentos que colhemos. A impressão geral que ficamos é de que os entrevistados – todos ateus declarados – veem a festa como uma ocasião para reunir a família, dar presentes para as crianças e refletir um pouco, o que está longe de ser negativo. Uma entrevistada que não deseja se identificar faz questão de expor uma restrição: “Olha, tudo bem, mas acho que perdemos alguma qualidade e liberdade que as celebrações pagãs deviam ter, sei lá”.
Publicado em 25 de dezembro de 2011 no Sul21.
No século XV, o Padre Francisco Costa, prior de Trancoso, teve 275 filhos
Sentença Proferida em 1487 contra o Prior de Trancoso (do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, autos arquivados no armário 5, maço 7):
Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:
— com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
— de cinco irmãs teve dezoito filhas;
— de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
— de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
— de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
— dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,
— da própria mãe teve dois filhos.Total: “duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres”.
Porém…
… “El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de Ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo. “.
Será que isso é mesmo verdade? O cara veio de Aveiro para Salvador? E quantos filhos ele teve por aqui?
Você sabia que Martinho Lutero foi um precursor do feminismo?
Tradução livre (*) a partir de uma postagem em russo
da psicóloga e escritora Nuné Barseghyan.
Quinhentos anos da Reforma. Obrigado, Lutero, pelo dia de folga.
Todos sabem que Lutero contribuiu para a saída de um grande número de freiras dos conventos, mas não com a finalidade de que estas caíssem numa vida dissoluta, e sim para que tivessem uma vida honesta, centrada na Religião e dentro do permitido pelas Escrituras. A intenção era a de que elas seguissem se desenvolvendo espiritualmente.
Mas o mundo, há quinhentos anos atrás, era um lugar muito pior, mesmo que seja difícil acreditar. Na época, ninguém era punido por abuso sexual, pois o fato era considerado corriqueiro, normal. E uma mulher que vivia sozinha, convidava e apontava o caminho para o abuso.
E as pobres freiras tinham que casar. Caso contrário, não poderiam sobreviver honestamente.
Uma freira chamada Catarina, que foi provavelmente colocada na Roda dos Expostos, entregue a um convento a fim de que a família se livrasse de uma boca supérflua, não queria se casar de jeito nenhum. Na opinião de alguém que era freira por convicção, o casamento era um terrível erro. Como se não bastasse, ninguém queria se casar com ela por ela ter um rosto feio.
Ela ficou ainda muito tempo sozinha, então Lutero pediu-a em casamento. Ele era um celibatário convicto, mas decidiu salvar a mulher. O casamento foi muito feliz, como sabemos.
Mas nem todo mundo sabe que Lutero, nesta sociedade machista, estava um dia sentado entre homens em uma mesa discutindo todo o tipo de questões prementes relativas à Reforma Religiosa, quando, repentinamente, num ato desafiador e após ouvir todos os colegas homens, voltou-se para a esposa, que servia à mesa, e perguntou: “O que você pensa sobre isso, Frau Luther?”
Frau Luther deu sua opinião detalhadamente, tendo deixado o grupo estupefato. Todos ficaram em transe, impossível imaginar um choque maior. Como assim? Desde quando se ouve uma mulher?
Mas então o Lutero deu o tiro de misericórdia: “Sente-se conosco à mesa para o almoço, querida!”
Se não fosse o próprio Lutero, talvez os homens o agredissem, tamanho o absurdo da atitude. Era um tremendo acinte, uma enorme provocação aos outros comensais.
Eu hoje estou pessoalmente muito agradecida a ele. Posso viver sozinha, sem precisar de autorização. Ninguém acha isso inadequado ou incomum.
Danke, Martin Luther!
(*) Por Elena Romanov e Milton Ribeiro
Igreja da Irlanda tem site de ajuda a filhos de padres
por Patsy McGarry
para National Catholic Reporter
Retirado do Paulopes
Um site de autoajuda criado na Irlanda para dar assistência aos filhos dos padres católicos tem sido procurado por mulheres de todas as idades do mundo todo, desde a senhora de mais de 80 anos de Boston até a mãe de uma criança de três anos das Filipinas.
“Isso prova que o problema não se limita ao passado. Continua existindo”, afirmou Vincent Doyle (34), fundador do site www.copinginternational.com, que é financiado pelo arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin.
Ele disse ao jornal The Irish Times que desde meados de agosto 1.062 pessoas logaram no site, que teve 8 mil visitas e 38 mil acessos de 53 países.
Seu pai, padre John J Doyle, de Co Longford, morreu em 1995. Após confirmar a paternidade do padre em 2011, ele assumiu o sobrenome.
Um artigo publicado no site em 2015 afirma que os acordos de confidencialidade com as mães dos filhos dos sacerdotes eram “uma forma de chantagem contra a mãe e a criança”. Escrito pelo conceituado advogado canônico dos EUA, padre Tom Doyle, afirma que “não há razão válida para tais acordos ou contratos sob qualquer circunstância”.
Em 2015, em resposta às observações do padre Doyle, os bispos católicos da Irlanda disseram que um acordo de confidencialidade era possível “se as partes entrarem em acordo livremente, com o objetivo último de proteger os interesses da criança”.
Esse acordo seria “injusto” se “a mãe fosse indevidamente pressionada” ou se fosse usado “principalmente para proteger a reputação do sacerdote ou a Igreja institucional, criando um véu de sigilo”, disseram.
Em uma carta aberta em apoio ao trabalho da Coping International, o Arcebispo Martin disse que estava disposto a “ajudar, gratuitamente, qualquer filho de sacerdote que o procurasse”.
Peter Murphy, filho do falecido Bispo de Galway Eamonn Casey, recentemente disse ao Boston Globe que a divulgação da identidade de seu pai, em 1992, significou tornar-se uma celebridade instantânea. Ele tinha 17 anos e morava com sua mãe Annie Murphy em Connecticut, nos EUA.
Em um artigo do Spotlight sobre o Coping International, Murphy declarou: “Falei com um (repórter) irlandês de manhã, fui para a escola e pensei: “OK, é só isso”. Mas quando cheguei em casa, eu diria que mais de 100 jornalistas estavam ao redor do condomínio”, disse ele ao Globe.
Com tradução de Luísa Flores Somavilla para IHU Online.
ONU: Brasil cai e fica em 22º lugar em ranking de felicidade; a fria e ateia Noruega lidera
Com informações da BBC Brasil
Não tinha escapatória, né? Com os Temer e seus coxinhas indiciados no poder, o Brasil ficou ainda mais triste, agora segundo as Nações Unidas.
A liderança passou da fria Dinamarca — país com maioria ateia — para a Noruega, que é bem parecida. Uma pesquisa de 2016 revelou que 39% dos noruegueses não acreditam em Deus, contra 37% de crentes, e 23% que responderam não saber. Se Deus não os deixa mais felizes, também o sol e calor não parecem ter muita influência positiva na felicidade das pessoas. Mas isso nós, gaúchos, sabemos.
O Relatório Mundial da Felicidade de 2017 foi divulgado nesta segunda-feira (20) pela ONU. O período compreende os anos de 2014 a 2016. O Brasil caiu cinco posições e está agora no 22º lugar entre 155 países. É a segunda queda consecutiva. Na edição de 2016, referente ao período de 2013 a 2015, o país já havia caído do 16º para o 17º lugar.
O ranking de 2017 é encabeçado pela Noruega, que tirou a liderança da Dinamarca. Islândia, Suíça e Finlândia completam a lista das nações mais felizes do mundo. Portugal é o quarto país menos feliz da Europa.
Na outra ponta, as mais tristes são Ruanda, Síria, Tanzânia e Burundi. A República Centro-Africana ocupa a lanterna.
A Europa Ocidental e a América do Norte dominam o topo do ranking, com os Estados Unidos e o Reino Unido nas 14ª e 19ª posições, respectivamente.
Já países na África Subsaariana e atingidos por conflitos tiveram notas previsivelmente mais baixas. A Síria em guerra ficou no 152º lugar entre 155 países, e Iêmen e Sudão do Sul, que estão enfrentando fome iminente, estão nas 146ª e 147ª posições, respectivamente.
O Relatório Mundial da Felicidade foi divulgado para coincidir com o Dia Internacional da Felicidade da ONU.
O levantamento é baseado em uma única pergunta simples e subjetiva feita a mais de 1 mil pessoas todos os anos em mais de 150 países: “Imagine uma escada, com degraus numerados de zero na base e dez no topo”, diz a pergunta. “O topo da escada representa a melhor vida possível para você e a base da escada representa a pior vida possível para você. Em qual degrau você acredita que está?”
O resultado médio é a nota do país – que, neste ano, variou de 7.54 (Noruega) a 2.69 (República Centro-Africana).
Mas o relatório também analisa as estatísticas para explicar por que um país é mais feliz do que o outro. Entre os dados observados, estão o desempenho da economia (medido pelo PIB per capita), apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha, generosidade e percepção de corrupção.
Câmara foi usada como templo em mais de 100 ocasiões em 2016 / Número de brasileiros sem religião dobra em dois anos
Do Paulopes.
A influência cada vez mais forte de religiosos na política fez com que em 2016 as instalações da Câmara Federal fossem usadas como templo, para a realização de cultos, missa e cerimônias, em mais de 100 ocasiões.
Ali tem se reunido, por exemplo, evangélicos (principalmente estes), católicos, espíritas, fiéis da Seicho-no-ei.
Na explicação da assessoria de imprensa da Câmara, todos os pedidos de realização de eventos religiosos são aprovados para preservar a laicidade do Estado.
Trata-se de um entendimento convenientemente equivocado, para agradar os religiosos.
Em um verdadeiro Estado laico, onde religião e política não se misturam, deputados não realizam sessões em igreja e nem religiosos ocupam o espaço parlamentar para veneração de deuses.
Com informação da Exame.com e foto de Saulo Cruz, da Agência Câmara.
.oOo.
O número de brasileiros sem religião acima de 16 anos pulou em outubro de 2014 para dezembro de 2016 de 6% da população para 14%. Portanto, mais que dobrou.
A informação é do Datafolha. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Os sem religião são compostos por crentes que não estão afiliados a nenhuma igreja, por agnósticos e ateus.
No mesmo período, a Igreja Católica perdeu 9 milhões de fiéis, com queda de 60% para 50%, confirmando uma tendência já registrada por outras pesquisas.
O sociólogo Reginaldo Prandi, professor da USP, disse que o crescimento dos sem religião ocorre em todo mundo.
“[Isto porque] socialmente a religião não tem mais nenhum papel”, disse.
Afirmou que há crentes que hoje podem pertencer a uma igreja e amanhã não.
O fato é que, acrescentou, a sociedade percebeu que religião não é mais “condição obrigatória para ser bom cidadão”.
Com informações da Folha de S.Paulo.
Em nova humilhação aos cientistas brasileiros, Ciência e Tecnologia irá para um Bispo da Universal
O homem que está com o microfone na mão na foto acima chama-se Marcos Pereira. É presidente nacional do PRB, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e será o ministro de Ciência e Tecnologia do governo Michel Temer / Eduardo Cunha. A pasta parece ser uma permanente humilhação aos cientistas brasileiros. Há sete meses, Dilma entregou o Ministério da Ciência e Tecnologia a Celso Pansera, do PMDB fluminense. O deputado entendia pouco da área, mas tinha um restaurante chamado Barganha.
Agora, Temer ofereceu a pasta da ciência a um bispo da Igreja Universal, que prega o ensino do criacionismo e nega a teoria da evolução. O objetivo do vice é garantir o apoio da igreja e de seu partido, que tem 22 deputados e um senador. O PRB era aliado de Dilma, mas mudou de lado às vésperas do impeachment. É novíssima República Teocrática do Brasil, gente!
Ao ser perguntado sobre o que ele achava da Teoria do Evolucionismo, o futuro Ministro respondeu:
— Eu respeito.
Pelo fim da doutrinação marxista nas escolas e universidades!
Li a excelente entrevista do professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo e um post ainda melhor de Tarita Almirão, autora da ideia original publicada no Facebook. Decorrente destas edificantes leituras, senti uma imensa pressão interna de deitar em meu blog o depoimento que segue:
Eu acho repulsiva a doutrinação marxista a que fui submetido desde a mais tenra infância. Quero dizer a vocês que nunca acreditei em Marx, mas, no colégio, antes de começar a aula, tinha que repetir diariamente o Manifesto Comunista. Afinal, eles diziam ser algo natural, cultural e universal. Morria de medo de falar que não acreditava em Marx, porque me olhavam com pena e começavam a citar todas as suas obras. Com certa agressividade e a maior incompreensão, tentavam me convencer de meu erro e da existência de Marx. Em datas festivas — dessas do tipo Nascimento de Marx, Morte de Marx — sou obrigado a ficar quietinho ouvindo as pessoas repetirem a importância da revolução em nossas vidas. Ainda hoje marxistas batem a minha porta em pleno domingo para me falar da mais valia. É uma legião de barbudos insistentes. E o pior é quando ligo a TV e vejo marxistas pregando e gritando coisas de Marx e Hegel. E eles se dividem em várias facções, uma mais presente do que a outra, mas sempre tendo Marx e o Manifesto como base. Uns são bolivarianos, outros comunistas, socialistas, trotskistas, anarquistas, stalinistas, anarco-comunistas, o escambau. Todos os dias são fundados novos templos com nomes cada vez mais estranhos: há o Maoísta Universal do Reino de Marx, a Assembleia de Marx (de orientação guevarista), a Igreja Mundial do Poder de Marx (trotskista, que prega a Revolução Permanente), além da Igreja Internacional de Marx (que apresenta todas as noites o Show de Chávez, de orientação castrista), da Igreja Renascer em Marx (de orientação bakunista ou darwinista, quando aplica a seleção natural stalinista), assim como outras com nomes mais estranhos como Bola de Neve Stalinista, (vagamente bolivarista, promete levar o mundo de roldão em sua pregação do Manifesto). Mas, mesmo pressionado, gostaria que minha orientação liberal fosse respeitada. Sei que, neste mar de marxismo, meu pedido não será atendido nem pelos militantes, nem por Marx — o qual costuma silenciar sistematicamente — , mas sigo em minha luta para fazer valer minhas inclinações.
Linha erótica para evangélicos contém vibrador líquido e gel ‘virgem de novo’
Membros da Congregação Cristã do Brasil, uma das igrejas mais tradicionais do País, João Ribeiro e Lídia Ribeiro — NÃO SÃO MEUS PARENTES! — se juntaram e apostaram suas fichas na criação de uma linha voltada exclusivamente para o público religioso. Os dois criaram o sexshop Secret Toys.
O uso de artigos sensuais no meio gospel pode surpreender aos que olham para os religiosos como frígidos ou que encaram o sexo como pecado se praticado além da reprodução.“Deus não se importa com o que o casal faz entre quatro paredes”, disse João.
A procura de itens eróticos para apimentar a relação não é novidade no meio gospel. Segundo levantamento, óleos de massagens e vibradores líquidos estão entre os produtos mais procurados pelos evangélicos em sexsshops. Mas seu uso ainda é debatido dentro das igrejas.
Na intenção de superar o tradicionalismo, os empresários tratam a nova linha, batizada In Heaven, como “novo segredo de um casamento feliz”. “O nosso stand [da feira] será dividido entre céu e 50 Tons de Cinza”, brinca Ribeiro, já que a linha dividirá espaço com produtos inspirados na trilogia de Christian Grey e Anastasia, que explora o sadomasoquismo e promete ser um dos temas mais explorados no evento por conta do filme.
Os criadores apostaram em embalagens que remetem ao tom divino aos quatro primeiros produtos da da In Heaven (No céu, em inglês). São eles: Pure (adstringente, que promove a sensação “virgem de novo”), Vibe (vibrador líquido), Mais Prazer (excitante feminino) e Mais Tempo (prolongador de ereção). “A ideia principal é que o casal se sinta à vontade para comprar e tenha a certeza de que não está sozinho. Não há motivo para vergonha. Somos 52 milhões de evangélicos no Brasil e não tínhamos uma linha específica”, explicou Ribeiro.
Do Blog do Valente.