Inter dá fiasco, perde para o Mazembe e está fora do Mundial

Alexandre Lops
Foto: Alexandre Lops

Publicado originalmente no Sul21

Em Porto Alegre, estouram foguetes e ouve-se buzinas. De gremistas. O que era considerado impossível, mera fantasia de torcedores do tricolor, aconteceu. O Internacional perdeu para o Mazembe, do Congo, por 2 a 0 nesta terça-feira (14), no Estádio Mohammad Bin Zayed, em Abu Dhabi (Emirados Árabes), vendo o sonho do bicampeonato transformar-se numa triste disputa de terceiro lugar.

O campeão da Libertadores, que era favorito absoluto antes do jogo de hoje começar, perdeu várias chances do gol e mereceu perder, com gols de Mulota Kabangu, aos 7min, e Dioko Kaluyituka, aos 40min, ambos da segunda etapa.

Com a vitória, o time do Congo se torna a primeira equipe a quebrar a tradição da decisão ficar entre um time da América do Sul e outro da Europa. Esta será no próximo sábado, contra o vencedor de Inter de Milão e Seongnam, da Coreia do Sul, que se enfrentam nesta quarta. Também no sábado, o clube gaúcho disputa o terceiro lugar contra o perdedor da semifinal de amanhã. Paradoxalmente, este resultado finalmente justifica a posição da FIFA de colocar todos os continentes na disputa pelo Mundial.

O jogo começou com o Inter bem melhor em campo. O colorado valorizava a posse de bola e chegava com perigo. Em dois minutos de bola rolando, Rafael Sobis e Wilson Matias já haviam desperdiçado boas chances. Aos 10min, a equipe de Roth por muito pouco não abriu o placar. Alecsandro tabelou com D’Alessandro e cruzou na medida para Sobis, que chutou para grande defesa do estranho e espetacular goleiro Kidiaba.

Mais preocupado em marcar (a exemplo das quartas de final, contra o Pachuca, o time abusou de faltas), o Mazembe assustou pela primeira vez apenas aos 12min em chute de longe de perigoso Kabangu, defendido por Renan em dois tempos.

Na parte final da primeira etapa, porém, o Mazembe começou a mostrar que não estava a passeio em Abu Dhabi — ao poucos, passou a controlar o Inter, que, por sua vez, mostrou-se impotente para reagir.

Como desgraça pouca é bobagem, a defesa colorada começou o segundo tempo insegura. Logo no primeiro minuto, Kaluyituka girou para cima da marcação e bateu para fora. Aos 7min, o inesquecível Kabangu dominou absolutamente livre na área e bateu com categoria no canto esquerdo de Renan para abrir o placar.

O Inter respondeu debilmente. Aos 15min, Rafael Sobis pegou sobra da zaga, mas novamente parou em Kidiaba. Demonstrando muito nervosismo no banco desde o começo do jogo, Roth fez duas trocas: a de sempre, Alecsandro por Leandro Damião, e a incompreensível, Tinga por Giuliano, em vez de tirar um de seus volantes.

Aos 19min, D’Alessandro cruzou e Sobis cabeceou para fora. Quando o Inter acertava o alvo, o tremendo Kidiaba brilhava. Aos 25min, o goleiro fez excelente defesa após chute forte de Giuliano. Com os colorados mostrando ansiedade e nervosismo, D’Alessandro perdeu o gol mais feito do universo, chutando meio de rosca, uma bola limpa, recebida na marca do pênalti.

Roth ainda fez uma tentativa ridícula sacando Sobis e mandando o juvenil Oscar para o campo aos 30min. Oscar, recém vindo do time B e ainda encantado com a novidade da viagem, agradeceu a chance e nada fez. Apos 40, Kaluyituka carregou pela esquerda em contragolpe, pedalou e driblou na entrada da área e chutou forte no canto para confirmar um dos maiores feitos do futebol africano e um abissal fracasso colorado.

MAZEMBE (2) — Kidiaba, Nkulukuta, Kimwaki, Ekanga e Kasusula; Mihayo, Kaluyituka, Bedi e Kasongo; Kabangu (Kanda) e Singuluma. Técnico: Lamine N’Diaye

INTERNACIONAL (0) — Renan, Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Wilson Matias, Guiñazu, Tinga (Giuliano) e D’Alessandro; Rafael Sobis (Oscar) e Alecsandro (Leandro Damião). Técnico: Celso Roth

Árbitro: Bjorn Kuipers (Holanda). Auxiliares: Berry Simons (Holanda) e Sander Van Roekel (Holanda).

Gols: Kabangu, aos sete, e Kaluyituka, aos 40 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Nkulukuta (Mazembe); Índio (Inter).

Estádio: Mohammed bin Zayed, Abu Dhabi (Emirados Árabes). Público: 22.131 torcedores.

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Se jogar direitinho, chega à final

É óbvio, é claro. É só jogar direitinho hoje às 14h. O Mazembe é perigoso, mas também é daqueles times que correm de forma desordenada, numa agitação quase caótica, chegando atrasado nas bolas e cometendo muitas faltas. São rápidos, chutam muito e bem e o envelhecido Índio pode sofrer com a correria deles. Porém, insisto, precisamos apenas fazer nosso jogo.

O futebol mudou. O gold standard voltou a ser o estilo Rinus Michels-Cruyff-Rijkaard-van Gaal-Guardiola-Barcelona de fazer a bola rodar e rodar pelo campo até que se abra uma brecha. Nem todos têm um Xavi para fazer a abertura das portas, mas a coisa funciona mesmo conosco. O Inter talvez seja o time brasileiro com maior aptidão para fazer a bola ir de lá para cá, com aquele falso desinteresse de quem pega o dinheiro sem contar, mas é preciso ter uma calma e categoria imensas para isso e calma é hoje tudo o que não sinto. Porque hoje é o “Dia de se livrar do fiasco”, muito mais ameaçador do que o sábado — o “Dia de tentar ser bi mundial”. Lembro de um ditador da Indonésia (Sukarno?) que nomeava os anos: “este é o ano-em-que-deixaremos-de-passar-fome”, “este é o ano-de-desenvolver-a-indústria, aquele é o “ano-de-viver-perigosamente”, ou seja, de eliminar fisicamente a oposição… Ah, os gremistas.

Eles estão mais assustados ainda. Se o Inter for campeão, passamos à frente deles em títulos internacionais de peso, engatamos uma quinta, ganhamos a Recopa do Independiente no meio do ano e adeus tia Chica. A decadência deles em relação a nós neste século ficará muito clara, clara demais, ofuscante, como sempre desejamos… Para completar, eles ontem perderam a primeira posição no ranking da CBF com o reconhecimento dos campeonatos nacionais pré-1971. O novo líder é o Santos, seguido do Palmeiras, e só a RBS poderá criar uma forma de salvar o tricolor, talvez com um “Ranking Monumental”.

Nossa chefe aqui no Sul21 não nos liberou do trabalho, mas haverá uma TV na redação. Até lá, tenho muitas coisas para fazer e, confesso, não terei muito tempo para exercitar meu nervosismo. Melhor assim. O ócio é um algoz torturante, nunca gostei muito dele.

Agora, leiam abaixo como foi a terrível semifinal de 2006 (post de 14 de dezembro de 2006):

Com Alguma Sorte

Para quem não sabe, o dono deste blog está assoberbado de trabalho – sim, aquele que garante sua sobrevivência com razoável dignidade – e, secundariamente, mobilizado pelo inédito Campeonato Mundial que seu time, o Internacional, disputa esta semana no Japão. Calma, mesmo assim, teremos o “Porque hoje é sábado”.

Pois meu dia de ontem começou com a visão de uma Porto Alegre parada, assistindo ao quase-fiasco do Inter contra o Al Ahly. Jogamos muito mal. Os egípcios exerceram forte marcação e nosso time sentiu muito. Alexandre Pato e Iarley ficaram isolados na frente, brigando inutilmente contra os três bons zagueiros adversários, sem o auxílio de Fernandão e Alex, que travavam outra batalha inglória mais atrás. Com todos bem marcados, as tarefas de armação acabavam ficando para os dois volantes de contenção Edinho e Wellington Monteiro, eficientes em suas funções defensivas mas péssimos criadores.

Ora, é sabido que, para jogar futebol, é adequado ter a posse da bola. Os egípcios marcavam bem, recuperavam a bola e então aparecia o outro grande problema. Nosso meio de campo, formado por Edinho, Wellington, Fernandão e Alex, apresentava enormes deficiências de marcação. Alex está fora de forma – é óbvio que deveria jogar Vargas em seu lugar – e Fernandão está desacostumado à posição, pois passou o ano jogando como primeiro e segundo atacante. Então, recuperar a bola era um parto. Não sei como ganhamos o jogo. Ou sei? Foi com muita sorte, com um zagueiro do Al Ahly atrasando uma bola no pé do Pato e com outro um gol de Luís Adriano, um sujeito que nunca tinha feito nada de positivo no time titular e que, mesmo depois do gol, seguiu no padrão de suas péssimas atuações.

Já contra o Barcelona, os problemas serão outros. O Barça joga mais, marca menos e é provável que nosso jogo apareça. Mas, é claro, me preocupa a recuperação da bola. À exceção de Ronaldinho, o Barcelona joga quase sem drilbles, tocando a bola de primeira e com rapidez, em ação coletiva. Se nossa marcação no meio de campo estiver tão deficiente quanto esteve no primeiro jogo, nem precisamos entrar em campo: é derrota certa. E precisamos atacar (ou contra-atacar com perigo), pois não podemos só ficar lá atrás com o Barcelona tranqüilo, rondando nossa área.

Sugiro a todos uma olhada na última Trivela. Há um artigo de Ubiratan Leal que mostra como José Mourinho (Chelsea) e Fabio Capello (Real Madrid) anularam Ronaldinho e venceram seus últimos jogos contra o Barça. Os dois conseguiram atacar e anular Ronaldinho. Concordo que ambos têm times superiores ao do Inter, mas há, embutida no artigo, uma importante lição.

Providência 1 (Ronaldinho): um lateral dedicado à marcação com um volante na sobra. Ceará e Edinho? Ceará e WM?

Providência 2 (a ajuda à Ronaldinho): ambos colocaram atacantes pelo lado direito de ataque – o Chesea botou o Shevchenko e o Real, Robinho – para que os laterais esquerdos Silvinho e Gio (Giovanni von Bronckhorst) não pudessem auxiliá-lo com tranqüilidade.

Providência 3 (forçar o Barça a se defender): ter dois armadores ativos no meio de campo. Como o Barça atua com apenas um volante (Edmílson), isto obrigará Iniesta e Deco a ajudarem na marcação, deixando o ataque dos catalães desconectado do resto do time.

Essas providências – e mais umas poucas outras – fizeram o Barça desaparecer. Mas para que o volante adversário tenha diversão, Fernandão e Alex terão que jogar… e muito! Eu retiraria Alex ou Iarley do time para fazer Vargas entrar. É incrível a consistência que o colombiano dá a nosso meio de campo. Sua presença foi fortemente sentida pelo Al Ahly no final do jogo de quarta-feira. Sua experiência de anos no Boca Juniors ensinou-o a não se omitir, a valorizar o passe e a complicar luta pelo meio de campo, seja jogando bola, seja cometendo faltas. É um jogador precioso que não conta com a simpatia do muitas vezes tolo Abel Braga, um técnico que dá boa dinãmica ao time mas que tem o hábito de fazer escolhas baseadas nas suas preferências pessoais.

Outro fator de preocupação é a má forma física de Alexandre Pato. Logo após fazer embaixadas com o ombro (ver aqui), ele sentiu cãibras, o que já havia ocorrido no jogo contra o Palmeiras. Ou seja, seu prazo de validade atual é curto e ele só joga até os 15 minutos do segundo tempo.

Tenho certeza de que podemos fazer uma partida bem melhor do que a que se viu ontem e que podemos ganhar. Porém, é óbvio que o favoritismo é catalão.

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Na época em que existia Fórmula 1…

… eu, sempre do contra, torcia para Piquet, não para Senna. Desejar a vitória de Senna era como torcer pelo politicamente correto. Lembro que adorei ver ao vivo isso aqui. Não lembro da reação de Galvão Bueno, mas deve ter sido muito divertida, pois ele dizia que neste autódromo era impossível ultrapassar.

Ou clique aqui.

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Pela complexidade

Ontem, estourou uma bombinha no twitter: uma irritação feminista contra um texto publicado no blog do Luiz Nassif que citava a palavra feminazi para caracterizar certo gênero de feminismo. É claro que o mau gosto é evidente e que a analogia entre feminismo e nazismo é infelicíssima, até porque, até onde sei, só existe um tipo de nazismo e este é terrível.

A briga no twitter e nos posts levam todos a posições exageradas e falsas. As feministas passam a demonstrar ojeriza e incompreensão para com o jornalista. Ele, dias atrás tão legal, avançado e “de esquerda”, transformou-se num monstro. Em resposta, ele e seus defensores tiram sarro, adotando pontos de vista cada vez mais machistas. Os dois grupos correm para os extremos, empurrados pelas figurinhas carimbadas de sempre. Não penso que nenhum dos dois grupos seja tão enlouquecidamente equivocado. Mas tornaram-se nas últimas horas. É claro que “os machistas” não têm razão, digamos, primária na questão — pois nem eles acreditam que a expressão discutida seja justa — , mas foram levados a defender-se em função dos ataques.

Casualmente, estou deliciando-me com Um teto todo seu, de Virginia Woolf. OK, não é um livro feminista tal como entendemos a palavra hoje, apesar de ser um texto que deixa muito claras as injustas posições da mulher na sociedade das primeiras décadas do século XX — seu tema, na verdade, é “As Mulheres e a Literatura”. Mas a lição de equilíbrio e a noção de que há camadas e mais camadas de complexidades sob o tema fica desnudada no livrinho de VW (138 páginas, na edição que leio). Isso é tudo o que não acontece na briga de bugios (*) ora observada. É notável como os grandes autores que permanecem como referência maiores, são aqueles que não têm soluções ou palavras definitivas. Dostoiévski mostra todos os lados das questões sem escolher nenhum; Tchékhov dá uma sucinta aula cada vez que demonstra que há paixão e motivos profundos até num passar da faca na manteiga; Virginia é mais explícita e parte para o intimismo a cada linha, expondo uma confusão que chega ao ponto de ser gloriosa; Freud é humilde e costumava retificar-se e dar a cara ao tapa a cada duas páginas… E há mais exemplos, muitos mais. Mas os contendores de ontem têm certezas absolutas.

O importante é ofender, é amassar o adversário. Não deixa de ser curioso.

(*) Diz-se da briga ou discussão acalorada entre duas ou mais pessoas, onde o xingamento, o palavrão e as ofensas mais pesadas são usadas contra o outro. Os bugios, quando brigam, usam a própria bosta para atingir o adversário.

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O Noticiário Enlouquecido

Publicado em 11 de maio de 2007

Ler o jornal pela manhã pode ser uma experiência bizarra. A gente acaba tendo contato com diferentes gêneros de loucura.

Hoje, desci para pegar o jornal e li a manchete principal:

Papa fala aos jovens: “Façam da castidade um baluarte”. Em São Paulo, ele defendeu a contenção sexual como condição para a realização pessoal mesmo no casamento. Em discurso de meia hora, foi interrompido 24 vezes por aplausos e gritos entusiasmados. Puro gozo religioso. Só imagino a crise no setor moteleiro paulistano.

Bem mais razoáveis, membros da comunidade gay carioca fizeram um protesto. Em frente a uma igreja de Nova Iguaçu, uma drag queen vestida como Bento XVI distribuía folhetos pregando a liberdade sexual. Só há um problema. A fala de Bento estava na capa do jornal, o tíimido contra-ataque estava em letras bem pequeninas, na página 7.

Então, virei o jornal e, na contracapa, deparo-me novamente com a loucura…:

“Gremista mata a facadas o marido, torcedor do Inter.” Parece que o marido começou a dar pontapés na mulher quando viu o time do comediante Muricy Ramalho perder para o Grêmio. Meu colega de sofrimento descontrolou-se ao ver que o São Paulo não repôs Mineiro, Fabão, Lugano e Danilo, deixou na reserva Jorge Wagner e Dagoberto e ainda escalou Leandro, Jadilson e Richarlyson. Colorado, identificou-se demais com o São Paulo, foi gozado pela mulher (gozo futebolístico), tentou matar e acabou morto. Seria mais simples matar-se logo.

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O Questionário de Proust (XIX) – Responde Luigi Augusto de Oliveira

Publicado em 14 de março de 2007

Sim, pedi-lhe uma mini-bio. Recebi como resposta:

Olá, Milton.
Veja se serve a minha biografia oficial. Normalmente não serve, mas é a oficial… Nessa Era de Kali-Google, talvez seja até excessiva:

“Luigi Augusto de Oliveira é mineiro.”

Bem, aí está. Porém, fui ao Kali-Google e, de cara, encontro Luigi Augusto de Oliveira (Brasil, 1969). Poeta e romancista. Autor de livros como Dalma, na rede (1997), Solo para ti (2001), e Crucial e vão (2001)..

Tento de novo e leio Luigi Augusto Oliveira foi vencedor na categoria romance do 1º Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira, que teve como júri o romancista Cristóvão Tezza e os escritores André Sant´Anna e Bernardo Ajzenberg. Também fico sabendo que ele foi menção honrosa no Concurso de Narrativas Breves Haroldo Maranhão.

E há coisas como esta e esta por aí. Conheço-o apenas de e-mails trocados. Suas respostas são excelentes. Confiram.

Ah, e seus livros também estão por aí.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

Não creio em defeitos. Creio em atitudes e omissões, adequadas ou não a um contexto.

Como gostaria de morrer?

Sem sofrer senão o imprescindível, mas sem inconsciências ou distrações. Não quero perder o espetáculo, afinal é único e exclusivo.

Qual é seu estado mental mais comum?

A esperar. Mas sem saber o quê, e sem nunca ser o que eu supunha que seria, ou como seria, quando posteriormente me ocorre imaginar que eu supunha algum objeto um pouco menos impreciso. Desculpem a confusão: é frustrante para mim também, e assim eu comunico um pouco desse estado.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Menos o preferido que o mais obsedante: eu.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Entre as que continuam a ser, a biblioteca exagerada que não viverei pala ler/reler bem. Entre as finadas, ter um dia levado a sério o que a grande mídia (e as menores que apenas a acompanham) considera ser a cultura, a arte, o merecedor de atenção.

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Não desprezo pessoas, mas atitudes e omissões, e nem sempre por serem inadequadas ao contexto: ao contrário, tendo a admirar estas e a desprezar as demasiado adequadas, eficientes, as que dão “sucesso”… já que o Grande Contexto é um fracasso em todos os sentidos.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Não admiro pessoas, etc.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Um violoncelo.

Em quais ocasiões costuma mentir?

Só quando falo ou escrevo.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

Quando já nem sequer ocorrerá pensar nisso, ou desejá-lo ou a seus subterfúgios.

Qual é seu maior medo?

Que nada mude. Nem mesmo para pior. Que na velhice eu veja que nem um pouco “disso” que aí está sequer começou a acabar.

Qual é seu maior ressentimento?

Não ter sabido mais cedo e jovem das coisas que eu devia desprezar – e isso era quase tudo.

Que talento desejaria ter?

Ouvido absoluto. Menos pelo ouvido que por ter algo concretamente absoluto.

Qual é seu passatempo favorito?

Desprezar passatempos e cada vez mais aprender a enxergar como quase tudo que nos é ofertado fazer é mero passatempo.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

O mesmo que em todas as demais: a visibilidade. Maria Zambrano disse que, pela etimologia, família são aqueles que enfrentam a fome juntos. Mas as fomes só podem ser bem enfrentadas na quietude, na moita, o que se torna a cada dia mais difícil e condenável socialmente.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

A sofreguidão por passatempos ou por diversão, ou por visibilidades (o “vejam que eu também estou a fazê-lo!”), se não for tudo a mesma coisa.

Onde desejaria viver?

Na mais ensolarada entre as cidades da Escandinávia, mas não das grandes nem das lembradas em qualquer mapa.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

Inteligência. Cada vez mais inútil e mesmo prejudicial, socialmente e para o indivíduo em sua inserção social.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

Não creio em qualidades etc.

Quando e onde você foi mais feliz?

No ventre. O “mais” da pergunta é dispensável.

Próximo: Marconi Leal

Obs. do Milton: Sobre a última pergunta, a grande Iris Murdoch diz o seguinte: “A tranqüilidade de espírito, a ausência de ansiedade, a ausência de medo: são estes os ingredientes da felicidade.” Retirado deste excelente blog.

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O Questionário Proust (XVIII)– Responde Marconi Leal

Publicado em 19 de março de 2007

O fim de semana acabou. Finalmente! Eu não aguentava mais. Ah, o trabalho, os compromissos, os telefonemas, a mesa de trabalho bagunçada, a falta de dinheiro, a correria… Pode haver coisa melhor? Estou feliz, enfim! Bem, aí estão as respostas do Marconi Leal. Muito boas, muito boas. Talvez para me agradar, ele responde que gostaria de viver aqui. Só que é exatamente onde eu também queria estar.

Marconi Leal nasceu no Recife, a 30 de janeiro de 1975. Não por vontade própria, mas por puro esquecimento. No caso, esquecimento de sua mãe, que não tomou a pílula. Atualmente, reside em São Paulo, onde desenvolve o trabalho de redator, revisor e escritor, além de uma asma alérgica motivada pela poluição. É autor de O Clube dos Sete,Perigo no Sertão,O País Sem Nome, entre outros. Considera “entre outros” o melhor deles.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

O fato de elas não serem eu.

Como gostaria de morrer?

Respirando.

Qual é seu estado mental mais comum?

O aparelho em jambo me sucede ontem.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Deus.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Certa vez votei no PFL.

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Fosse ele uma pessoa, desprezaria o Bush.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Os imitadores de Paulo Francis. Não têm talento, mas são persistentes.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Numa atendente de telemarketing, pra me vingar.

Em quais ocasiões costuma mentir?

Declarando o IR.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

O William Bonner decapitado.

Qual é seu maior medo?

Medo, nenhum. Pavor: baratas voadoras.

Qual é seu maior ressentimento?

Não tenho ressentimentos. E me ressinto muito disso.

Que talento desejaria ter?

O de ouro.

Qual é seu passatempo favorito?

Discutir com a televisão.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

Só os parentes.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

Recolher amostra para exame de fezes.

Onde desejaria viver?

Dentro de certa crônica sobre um cinema Marabá.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

Virtude no âmbito social? Desconheço.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

O fato de que ele dura no máximo 100 anos.

Quando e onde você foi mais feliz?

Aqui em casa, diante do computador, minutos atrás, antes do Milton Ribeiro me mandar esse questionário.

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O Questionário de Proust (XVII) – Responde Allan Robert

Publicado em 13 de março de 2007

Não sei vocês, mas eu me divirto muito com este questionário. E há os bastidores. Pedi uma mini-biografia de 5 a 10 linhas para o Allan, ele começou o texto dizendo que tinha pouco a dizer mas escreveu 20 linhas ou mais… Tá bom. O Allan mora em Piacenza e é o grande autor do Carta da Itália. Encontrei-o quando estava em Trento, lá em dezembro de 2005. É inacreditável que ele, tão gentil e tranqüilo no meio daquela neve, tenha sido alguém que, na juventude, trocasse socos por quaisquer motivos, como confessa abaixo.

Tem muito pouco a ser dito a meu respeito. Não que eu seja simplório ou modesto, mas raramente me sinto bem no papel de protagonista. Carioca, Flamengo, nascido e crescido em Copacabana até os 13 anos. Depois, Embu, em SP, onde minha mãe, pintora, participou do nascimento do movimento artístico daquela cidade. Passei muito tempo na Via Dutra, morando ora no Rio, ora em SP. Não me formei em Propaganda e Marketing, nem em Economia. A curiosidade me levou a diversos cursos: fotografia, piloto de avião, canto, judo, batik, joalheria, capoeira. Mas nada levado muito a sério, só buscava algumas respostas e diversão. Era capaz de mudar de humor com um olhar errado e trocar socos com qualquer um. Com o tempo aprendi a respeitar o ponto de vista alheio, até porque os socos doem. Casado com a Eloá há vinte anos, pai da Bianca há 14 e da Luiza há 12, sou fiel aos amigos e aos animais. Meu blog começou a partir da necessidade de manter laços que me são caros e dos e-mails que enviava semanalmente aos amigos deixados no Brasil. Não tenho paciência de editar nada do que escrevo e o meu solecismo fica explícito na cacografia que produzo (gosto de pensar que ninguém precisa da gramática para ser criativo, mas no fundo é preguiça mesmo). Já produzi e expus quadros, esculturas e jóias e vendi tudo. Uns trocados com fotografia, mas prefiro tomar água de coco na praia. Quando tinha 17 anos pensava que era fácil ser poeta, mas não me empenhei. Vim para a Itália em 1999 pensando em ficar uns 4 ou 5 anos, mas pensando morreu um burro. Meus melhores momentos acontecem quando estou dormindo: tenho cada sonho. Prefiro ser um observador. Às vezes privilegiado, como um voyeur que, protegido pela porta, se diverte a olhar dentro das casas que as pessoas constroem na alma.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas ?

A arrogância.

Como gostaria de morrer?

Quem disse que eu gostaria de morrer?

Qual é seu estado mental mais comum?

Costumo me perder em divagações e sou muito distraído .

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Não gosto de listas de preferências. Acho que elas reduzem os horizontes.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Charutos, se tiver que escolher algo material, mas ainda acho que a maior extravagância do ser humano é estar vivo.

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

A lista seria muito longa .

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Admiro muitas pessoas do meu círculo pessoal. Entre as pessoas famosas não admiro ninguém de maneira especial, mas poderia citar Amyr Klink.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Um tigre, uma gaivota, um professor de literatura .

Em quais ocasiões costuma mentir ?

Qualquer ocasião é boa para mentir. O importante é não perder a oportunidade.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

Uma casa de campo na beira do mar.

Qual é seu maior medo ?

Sobreviver às minhas filhas.

Qual é seu maior ressentimento?

Descobrir que a humanidade não retribui a consideração que tenho por ela.

Que talento desejaria ter?

Poder voar como os pássaros. Ter o dom da escrita.

Qual é seu passatempo favorito ?

Ler e caminhar por lugares desconhecidos.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

Acredito que os defeitos fazem parte das pessoas tanto quanto as qualidades.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

Viver da miséria ou ignorância alheias.

Onde desejaria viver?

Numa casa de campo na beira do mar.

Qual a virtude mais exagerada socialmente ?

A humildade.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

A lealdade. Por pessoas, idéias ou ideais .

Quando e onde você foi mais feliz?

No Rio, em Salvador, em Ilhabela e em Macaé. Enfim, em qualquer cidade de praia.

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O Questionário de Proust (XVI) – Responde Tiago Casagrande

Publicado em 7 de março de 2007

Apresentar Tiago Casagrande, o Tiagón? Fiquei um bom tempo na frente do monitor pensando em como somos parecidos. Ele não sabe disso. Sinto-me muito próximo a ele. Ele é mais ou menos eu há 22 anos atrás. Espero que dê mais certo… Um exemplo: só li suas respostas hoje, mas já tinha pensado em dizer que meus momentos mais felizes ocorreram enquanto ouvia música e quando vi meus filhos pela primeira vez. Ele respondeu o que eu responderia e colocará seus filhos na resposta quando tivé-los. Estou escrevendo este parágrafo – agora!, em linguagem Tristram Shandiana – e vejo a Olivia no MSN. Peço-lhe para que ela apresente o Tiago. Ela escreve o que segue e não acrescentarei mais nada porque não precisará:

Tiagón é uma mente que transita por entrelinhas de idéias, nisso de captar o que existe em planos outros. Um escritor meio musical ou talvez um músico meio literário perdido – perdidíssimo – entre publicitários. E ele só faz mesmo sentido em sua falta de sentido, olhando o mundo com seus olhos de rei anacrônico feito criança que não sabe ler e vira o livro de ponta-cabeça porque afinal são tudo pequenos desenhos enfileirados. E só não digo que Tiagón é gênio porque gênio é coisa de poeta romântico e crítico bardólatra mal-resolvido.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

Ultimamente os humanos andam me irritando muito. E a maioria desses defeitos pode ser englobada numa categoria “desrespeito”.

Como gostaria de morrer?

Sonhando. Ei, na verdade eu não gostaria de morrer! Essa é uma pergunta capciosa? ;-D

Qual é seu estado mental mais comum?

Ocupado, como um pregão da bolsa de valores. Na minha cabeça tem sempre um monte de gente gritando, confundindo e geralmente me vendendo.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Space Ghost, versão talk show host. Meu alter ego é burro e sem noção de nada.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

Um ao vivo pirata do Black Sabbath, gravado em 74. Na época, custou quase uma mensalidade da Famecos (que era, imagina, 350 pilas).

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Provavelmente, o Faustão.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Woody Allen.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Ah, só se fosse alguém muito rico, tipo Príncipe de Dubai, essas coisas. Se é pra voltar pro miserê, me deixa em paz!

Em quais ocasiões costuma mentir?

Em eventos e festinhas de publicitários. Mas só porque é de bom tom.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

A ausência total de angústia. (Soou muito dramático? Dá pra botar um drum roll no final, se achares melhor ;-))

Qual é seu maior medo?

Um ataque simultâneo de mais de 150 espécies de insetos, sendo metade deles (mais um) formada por unidades de ataque voadoras. Agh!

Qual é seu maior ressentimento?

A vitória da Yeda nas últimas eleições. E o futebol do Ronaldinho na final do mundial de clubes passado.

Que talento desejaria ter?

Barba e costeletas.

Qual é seu passatempo favorito?

Ler os blogs da Verbeat! Ler continua refrescando.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

Adicionaria uma tia rica, generosa e moribunda. E um primo fanho. Primo fanho é diversão garantida!

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

Rabada!

Onde desejaria viver?

Numa Porto Alegre com a segurança de 20 anos atrás. E que tivesse mais bares legais perto da minha casa. E um súper melhorzinho, porque aquele da Carazinho tá muito bagunçado. E num Petrópolis que não tivesse tanta lomba. E o Barranco não cobrasse tão caro.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

Vida saudável. Ergométricas, broto de alfafa e despertar às 6h da madrugada não conjugam com o verbo “viver”. Tá todo mundo maluco.

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

A sorte.

Quando e onde você foi mais feliz?

Acontece seguido, esteja onde estiver, ouvindo música. De tempos em tempos, surge *aquela* música, que não é só uma grande música mas também tem aquela rara capacidade de traduzir musicalmente o que a palavra “beleza” significa a toda a sensibilidade do nosso córtex. Sendo capaz de desafiar áreas inexploradas da nossa subconsciência. (Inclusive houve hoje; descobrindo “Holy Ghost”, do Owls.) E no momento desse encontro a torrente elétrica que se cria vai levar os harmônicos do som pra tocar pertinho do lugar onde ficam as melhores memórias, e o resultado é uma sensação de plenitude e compreensão alavancada pela música e formada pela fumaça de todas as felicidades das mais felizes memórias. É como se *aquela* música pudesse traduzir os códigos inconscientes do que é mais puro e bom naquilo do que somos formados, sem que o raciocínio estrague tudo. E quando isso acontece, eu me sinto feliz pelo que tenho e pelo que sou. Sem ter que pensar no que “felicidade” significa.

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O Questionário Proust (XV)– Responde Luiz Biajoni

Publicado em 3 de março de 2007

O Biajoni tem razão. Conheço pessoas que dizem que ele é louco. Não é. E olha que eu sei identificar os loucos e os chatos a quilômetros de distância. É um cara legal, daqueles que a gente senta tranqüilo num bar sabendo que só receberá gentileza e boas piadas. Passamos uma tarde e uma noite entre outros amigos, em São Paulo. Como não gostar de alguém que topa qualquer papo, de alguém que tem autêntica curiosidade pelas pessoas, de alguém que ADORA provocar, mas que aceita o contra-ataque com o melhor dos humores? É um ressentimento justo, Biajoni. Te entendo. E, puxa, gostaria de vê-lo muito mais do que uma vez.

E o prazer de estar com o Bia é perfeitamente transposto a seus textos. São leves, fluidos e, quando ele quer, muito provocativos. É bom lê-lo, prova disso é que dá de goleada em mim em número de leitores aqui na Verbeat.

Obs.: Na verdade, acho que estou escrevendo isto só porque ele diz eu sou bonito, apesar de ter denunciado que passo muito trabalho equilibrando uma taturana debaixo do nariz.

– Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

Irritação. Pessoas que se irritam por qualquer coisa me enchem.

– Como gostaria de morrer?

Numa manhãzinha de segunda-feira, para fazer valer uma folga para os amigos. De ataque cardíaco fulminante.

– Qual é seu estado mental mais comum?

Meu estado mental mais comum se chama “lambari”. Parece que tem vários deles atravessando meus pensamentos.

– Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Ulisses, da Odisséia.

– Qual é ou foi sua maior extravagância?

Comprar CDs. Fazendo contas por baixo, gastei um automóvel zero em CDs. (Bom, não podemos contar exatamente como extravagância o fato de ter escrito um livro, né?)

– Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Desprezo o Bush.

– Qual é a pessoa viva que mais admira?

Pô, admiro muita gente. Admiro todos que vivem bem fazendo o que gostam.

– Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

Pô, se pudesse, gostaria de voltar “Biajoni reloaded” – tive uma ótima vida até agora, apesar de todas as dificuldades.

– Em quais ocasiões costuma mentir?

Não costumo mentir. Se o faço em alguns momentos é para proteger alguém que amo – ou para não constranger alguém.

– Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

Casa com quintal e plantas, não precisar trabalhar, família por perto, livros, discos e filmes à mão, computador bom com internet rápida, comidas e bebidas boas, não ter hora para dormir ou acordar.

– Qual é seu maior medo?

Não dar conta de cuidar das pessoas que dependem de mim.

– Qual é seu maior ressentimento?

Ser considerado maluco por alguns.

– Que talento desejaria ter?

Da música, saber tocar um instrumento.

– Qual é seu passatempo favorito?

Sentar com amigos para uma cerveja e uns beliscos ouvindo discos obscuros e tecendo conspirações.

– Se pudesse, o que mudaria em sua família?

O volume da voz.

– Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

É incrível que ainda exista gente passando fome, pleno século XXI.

– Onde desejaria viver?

Olha… Atualmente penso muito em Minas Gerais.

– Qual a virtude mais exagerada socialmente?

Minha? Me empolgar e beber demais quando com os amigos.

– Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

A mesma que Schopenhauer: a de (ainda) se sacrificar por outrem.

– Quando e onde você foi mais feliz?

Atualmente. Embora precisasse de mais dinheiro.

:>)

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O Questionário de Proust (XIV) – Responde Serbon

Publicado em 2 de março de 2007

BIOGRAPHIA DO SERBON (por ele mesmo)

Roqueiro, sãopaulino , blogueiro e pai em horário integral; músico bissexto(bissexual é a mãe) e jornalista nas horas vagas. Sergio Bomfim (corruptela de Serbon ou Serbão para os íntimos) encontra-se em crise da meia idade, pois entrou há pouco na chamada Casa dos Enta. Está criando um alter-ego, o Leonardo, que já tem 12 anos, desenha pra caramba e – oh tempora, oh mores! – sempre sacaneia o pai. Serbão já tentou largar o vício de blogar, mas desistiu e segue a política de redução de danos: apenas um post por dia.

Qual é o defeito que você mais deplora nas outras pessoas?

a pieguice. argh!!!!

Como gostaria de morrer?

eu queria morrer dormindo, como meu avô. não desesperado, gritando, com os passageiros do vôo que ele pilotava.

Qual é seu estado mental mais comum?

confuso? não peraí, indeciso. não, confuso mesmo. é, confuso. ou indeciso.

Qual é o seu personagem de ficção preferido?

Kramer, do Seinfeld. não trabalha, não faz nada e sabe-se lá como vive, mas é um tremendo cuca-fresca.

Qual é ou foi sua maior extravagância?

uma vez, quando o real estava pau a pau com o dólar. arrisquei e comprei um vidrinho de caviar. fiquei sem dinheiro pro ônibus. mas gostei. como diria o Mundinho de Dona Flor, “tem gosto e cheiro de xibiu”…

Qual é a pessoa viva que mais despreza?

Nicolas Cage, disparado.

Qual é a pessoa viva que mais admira?

Jim Morrison. ele não morreu não, forjou a própria morte e trocou de identidade. tem um cadáver de uma loba no túmulo de Père Lachaise.

Se depois de morto tivesse de voltar, em que pessoa ou coisa retornaria?

eu queria voltar como eu mesmo, mas com toda a experiência que tenho agora!!!!

Em quais ocasiões costuma mentir?

em todas as necessárias.

Qual é sua idéia de felicidade perfeita?

o dolce far niente. sou devoto de São Domenico De Masi, o santo padroeiro do ócio.

Qual é seu maior medo?

o de não ter medos, pois aí, estarei anestesiado na vida.

Qual é seu maior ressentimento?

minhas histórias de rejeição.

Que talento desejaria ter?

surfar.

Qual é seu passatempo favorito?

internet. é o favorito de 90% dos que lêem blogs, mas só 0,1% admitem.

Se pudesse, o que mudaria em sua família?

gritaríamos menos.

Qual é a manifestação mais abjeta de miséria?

ir à uma festa, e recolher todas as latinhas de alumínio “pra reciclar”…

Onde desejaria viver?

num cantinho aconchegante.

Qual a virtude mais exagerada socialmente?

aparências…

Qual é qualidade que mais admira num ser humano?

carisma.

Quando e onde você foi mais feliz?

rapaz, pergunta difícil não vale!

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Beethoven – Quarteto de Cordas, Op.59, "Razumovski", Nº 3 – 2º e 4º Mvtos

Para o Dr. Milton Cardoso Ribeiro

Hoje faz 17 anos que meu pai morreu. Esta era uma das músicas que ele mais amava, o terceiro Quarteto Rasumovsky (com “s” ou “z”), especialmente seu tranquilo segundo movimento e o quarto, bem diferente. Infelizmente, não os encontrei com o mesmo quarteto. O 2º vai pelo Alban Berg — esplêndido, esplêndido, esplêndido — e o 4º pelo Borealis, muito bem editado. Nossa, é música de primeira qualidade, nem vou escrever mais.

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Porque às vezes sinto orgulho de minha cidade

Publicado no Sul21, com outro título

A partir deste domingo (13), ônibus com mensagens ateias circularão em Porto Alegre e Salvador. A iniciativa é da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) e apresenta quatro mensagens que expõem um pouco o que pensam os ateus. Segundo a entidade, este é mais um passo dado na direção do reconhecimento dos não crentes como cidadãos plenos e dignos. Serão 10 ônibus em Porto Alegre, financiados por um único doador paulista que prefere permanecer anônimo, e 5 ônibus em Salvador, financiados com recursos da entidade e outros doadores.

O mote da campanha é “Diga não ao preconceito contra ateus”, que aparece em quatro formatos diferentes. Um deles afirma “A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas” e outra diz “Religião não define caráter” mostrando uma foto de Hitler, citado como crente, e Charles Chaplin, um ateu. As propagandas permanecerão nos ônibus por um mês. Porém Daniel Sottomaior, presidente da ATEA, revela que “O prazo pode se estender, se tivermos doações. Somos cerca de 2% dos brasileiros ou 4 milhões de ateus. Muitos têm medo de se expor devido ao preconceito de amigos, chefes e familiares. Isso tem que acabar”.

A campanha traz ainda a foto de um avião atingindo o World Trade Center com os dizeres “Se Deus existe, tudo é permitido”, uma citação alterada da famosa frase de Dostoiévski em Os Irmãos Karamázovi, “Se Deus não existe e a alma é mortal, tudo é permitido”, dita paradoxalmente pelo ateu Ivan Karamázov no romance. Outra peça afirma “Somos todos ateus com os deuses dos outros”, mostrando imagens de um deusa hindu, um deus egípcio e um deus palestino — Jesus.

Segundo a entidade, o objetivo da campanha não é fazer desconversões em massa, mas conseguir um espaço na sociedade e diminuir o preconceito que existe contra ateus.

DOAÇÕES –> AQUI <–

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Dmitri Shostakovich (VIII – Final)

Na primeira parte do último texto, escreverei uma pequena introdução sobre meu diletantismo radical de escolher um compositor para passar centenas de horas a lê-lo e ouvi-lo. Há muita coisa boa e muita porcaria publicada. Já as gravações são quase todas boas. Ele não é compositor para músicos diletantes…

Os piores textos vêm daquelas alas que atribuem ou buscam descobrir alguma posição política no homem e na obra. Tais posturas, encontráveis tanto à direita quanto à esquerda, com predominância daquela, servem apenas para mostrar a ideologia de quem escreve, o que, convenhamos, pouco interessa neste caso. Depois de muito ler, fica clara a grande e falsa exposição que Shostakovich obteve durante da Guerra Fria, no Oriente e no Ocidente. Ambos os lados o utilizaram como exemplo de suas teses. Ele e outros intelectuais soviéticos foram espécies de caixas pretas nas quais se podia adesivar as mais diversas opiniões e posições. Não, Shostakovich nem representava o governo soviético, nem esteve ao lado dos dissidentes Soljenítsin e Sakharov. Se teve inúmeras oportunidades de permanecer no Ocidente e não o fez (argumento da esquerda), também sofreu horrores com Jdanov, Stálin e mesmo depois (argumento da direita); se escreveu ironias ao estado soviético (Cantata Rayok, argumento da direita), também cantou o heroísmo da revolução em obras não encomendadas. Shostakovich parece-me ter sido alguém cujo pensamento político possuía pouca relevância e que agia sempre como artista e ponto. Só isso? Não, em minha opinião, ele era um comunista muito crítico e reto, com uma complexa relação de amor e ódio ao poder da URSS. Apenas Stálin era cem por cento abominado. Era um artista, não um político; não seguia as linhas tortuosas, às vezes indefensáveis, que os partidos frequentemente defendem. Utilizou-se de temas de sua época, porém a perspectiva sob a qual via o mundo era, curiosamente, sempre foi a dos mortos. Dos mortos pelos nazistas, pelos anti-semitas, pelos soviéticos, por Stálin ou pelo passar do tempo, como em toda sua obra final. Como escreveu Fernando Monteiro, toda grande obra gira em torno de três temas: Amor, Deus e Morte. Acho que Shostakovich, teve muito a dizer sobre todos, principalmente sobre os dois últimos temas; o primeiro pela inexistência, o segundo pela onipresença.

Aliás, com o passar do tempo — o qual tem o bom costume de fazer aparecer a verdade e o pouco recomendável hábito de fazer desaparecer nossos pobres corpos –, a discussão sobre o pensamento político de Shostakovich tornar-se-á ociosa e ficará o que interessa: o homem e o compositor; e este era um sujeito brilhante e produtivo, deprimido e eufórico, que torcia interminavelmente os dedos, como mostram os filmes soviéticos, sentado num trem olhando a chuva bater na janela; que homenageava a pureza de alguns revolucionários e criticava ou expelia seu amargor e sarcasmo aos governantes; que permanecia parado por horas em silêncio com os amigos de que gostava — e só com eles.

Por falar em gostar, o que gosto em Shostakovich é sua música. Ela é produto de um artista apaixonado e inacreditavelmente produtivo. A forma com que ele se relacionou com seu tempo serviu à sua música e não o contrário. Escrevia para ser compreendido e para expressar-se, mas não tinha ilusões de mudar seu país e o mundo, que é como parece pensar quem só vê política na arte de Shostakovich. Sua música, antiquada para os modernos e moderna para os anacrônicos (sem ofensas, sem ofensas…), consegue ser visceral e cerebral, e concordo com este artigo quando seu autor fala no quanto a audição de Shostakovich demandou-lhe subjetivamente. Não é música para ser assimilada nas primeiras abordagens e nem esquecida facilmente. São experiências oferecidas por alguém disposto a buscar tudo o que estivesse à mão para expressar o que desejava e que produziu uma obra séria, sarcástica, deprimente, divertida, inteligente, lúdica e extraordinária: às vezes, tudo ao mesmo tempo.

A seguir, comento as três últimas grandes obras de Shostakovich.

Quarteto de Cordas Nº 14, Op. 142 (1972-73)

Este é quase um quarteto para violoncelo solo e trio de cordas, tal é a proeminência dada àquele instrumento. É um quarteto inspiradíssimo, escrito em três movimentos (Allegretto – Adagio – Allegretto), e que tem seu centro dramático em um dilacerante adagio de 9 minutos. Não consigo imaginar uma audição deste quarteto sem a audição em seqüência do Nº 15. Eles, que costumam aparecer juntos, seja em vinil ou em CD, formam, em minha imaginação, uma só música.

Quarteto de Cordas Nº 15, Op. 144 (1974)

Este trabalho, assim como a sonata a seguir, são tidas como obras-primas e seriam os dois principais “réquiens privados” de Shostakovich. Concordo.

O que dizer de um obra escrita em seis movimentos, em que quatro deles são adagio e os outros dois são adagio molto, sendo que, destes dois últimos, um é uma marcha funeral e outro um epílogo…? Ora, no mínimo que é lenta. Porém, como estamos falando do Shostakovich final, estamos falando de uma obra que tem como fundo a morte. Há três movimentos realmente notáveis nesta música: a Serenata: Adagio, a Marcha Fúnebre – Adagio Molto e o musicalmente espetacular Epílogo – Adagio Molto. O Epílogo recebeu vários arranjos sinfônicos e costuma aparecer — separadamente ou não do resto do quarteto — em gravações orquestrais.

Sonata para Viola e piano, Op. 147 (1975) – A Última Composição

Esta é a última composição de Shostakovich e uma de minhas preferidas. Ele começou a escrevê-la em 25 de junho de 1975 e, apesar de ter sido hospitalizado por problemas no coração e nos pulmões neste ínterim, terminou a primeira versão rapidamente, em 6 de julho. Para piorar, os problemas ortopédicos voltaram: “Eu tinha dificuldades para escrever com minha mão direita, foi muito complicado, mas consegui terminar a Sonata para Viola e Piano”. Depois, passou um mês revisando o trabalho em meio aos novos episódios de ordem médica que o levaram a falecer em 9 de agosto.

Sentindo a proximidade da morte, Shostakovich escreveu que procurava repetir a postura estóica de Mussorgsky, que teria enfrentado o inevitável sem auto-comiseração. E, ao ouvirmos esta Sonata, parece que temos mesmo de volta alguma luz dentro da tristeza das últimas obras. A intenção era a de que o primeiro movimento fosse uma espécie de conto, o segundo um scherzo e o terceiro um adágio em homenagem a Beethoven. O resultado é arrasadoramente belo com o som encorpado da viola dominando a sonata.

Os primeiros compassos da Sonata ao Luar, de Beethoven, uma obra que Shostakovich frequentemente executava quando jovem pianista, é citada repetidamente no terceiro movimento, sempre de forma levemente transformada e arrepiante, ao menos no meu caso… O scherzo possui uma marcha e vários motivos dançantes, retirados de uma outra ópera baseada em Gógol — seria sua segunda ópera composta sobre histórias do ucraniano, pois, na sua juventude ele já escrevera O Nariz (1929) — que tinha sido abandonada há mais de trinta anos. Outras alusões são feitas nesta sonata. Há pequenas citações da 9ª Sinfonia (de Shostakovich), da 4ª de Tchaikovski, da 5ª de Beethoven, da Sonata Op.110 de Beethoven, de Stravinsky, Mahler e Brahms. E a abertura da Sonata utiliza trecho do Concerto para Violino de Alban Berg, também conhecido pelo nome de “À memória de um anjo”, o qual é dedicado à filha de Alma Mahler, Manon, morta aos 18 anos, com poliomielite.

Creio não ser apenas invenção deste ouvinte- – há uma constante interferência do inexorável nesta música, talvez sugerida pela intromissão de temas de outros compositores na partitura, talvez sugerida pela atmosfera melancólica da sonata, talvez por meu conhecimento de que ouço um réquiem. O fato é que Shostakovich estava aguardando.

Shostakovich morreu sem ouvir a sonata, que foi estreada num concerto privado no dia 25 de setembro de 1975, data em que faria 69 anos.

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Meu presidente!

Dizer o quê? Ele tem toda a razão, não? Vai junto aqui a solidariedade do blog a Julian Assange. Fala Lula!

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Porque sou Goiás hoje

Sou Goiás porque sou colorado e colorados torcem sempre contra os interesses do Grêmio e vice-versa.

Sou Goiás porque sou um baita de um filha-da-puta que gosta de tirar sarro de gremistas.

Sou Goiás porque será cada vez mais comum times brasileiros vencerem a Libertadores — temos o melhor futebol de clubes do continente, o mesmo não digo sobre seleções — e é bom que o Grêmio fique afastado destes festins.

Sou Goiás porque o Goiás não irá muito longe na Libertadores 2011.

Sou Goiás porque defendo os fracos. (Puff!)

Sou Goiás porque me divirto com as grandes decepções e a torcida do Independiente sofrerá enorme uma frustração in loquo.

Sou Goiás porque adoro quando tudo está preparado para a vitória e sai tudo errado.

Sou Goiás porque Marcão joga lá.

Sou Goiás porque Fernandão é.

Sou Goiás porque me agrada o anticlímax da classificação domingo X a desclassificação de hoje.

Sou Goiás porque é o Brasil na Sul-Americana. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás porque quero ver o Grêmio fodido. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás porque lugar de gazela é assistindo a Libertadores sentadinho no sofá. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás porque nosso caminho ao Bi da Recopa será facilitado contra o time brasileiro, fugindo do Independiente. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás, porque prefiro que esse título venha para o Brasil, mais uma vez. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás porque eliminaram o gazeledo no xiqueróvsky na estréia de Renato Guadalupe, um dia após nosso Bi da América, e na ocasião ouvi as bibas dizendo: — Campeonato de segunda linha, o Grêmio precisa é sair dessa situação (no zonão na época). [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Agora pergunto, será que eles não preferiam estar na situação do Goiás hoje? Rebaixado pra segunda divisão (nenhuma novidade pra eles) e disputando um título continental inédito que daria a vaga pra Libertas do ano que vem. [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

Sou Goiás desde pequeno porque hoje quero ligar para um amigo gazélico e perguntar : — E aí, ´tomô´? [Grupo Arquibancada Colorada do Google]

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O Manifesto de Zizi Possi & Consequências do Post Anterior

Publicado em 5 de agosto de 2004

O post sobre o jabá provocou uma notável série de comentários (que perdi…). Fico agradecidíssimo a todos. Também provocou belas reações fora do âmbito bloguístico. Ganhei links em sites de gravadoras independentes e recebi e-mails de pessoas ótimas e que não conhecia. Dentre eles, gostaria de destacar Augusto Maurer – este eu já conhecia! -, da gravadora Antares, que, com enorme generosidade, tratou de me informar acerca da cena atual das gravadoras independentes. A MPB está buscando uma  saudável revolução cuja finalidade é a retomada do mercado por aqueles a quem de direito – seus verdadeiros artistas. O crescimento da Antares, da Biscoito Fino, da Kuarup, da Acari, da Rob, etc.; as atitudes de artistas como Djavan, Zizi Possi e Lobão apontam que as independentes ainda farão muito barulho. Foi também através do Augusto que recebi o belíssimo documento que transcrevo abaixo e que está no site de Zizi Possi. Com ele, fecho temporariamente o assunto.

~~~~~

O Manifesto de Zizi Possi

Sem arriscar, do artista não brota a obra.
A realização dessa obra requer muita fé no que não se pode ver,
nem tocar,nem sequer acreditar que é possível…
e suportar a pressão dos incrédulos.
Ser artista é entre outras coisas, ter coragem de ousar,
de mergulhar no desconhecido até então.
Quem investe na arte?

Zizi Possi

Meus amigos;
Muitas pessoas que gostam de mim e do meu trabalho têm perguntado sobre a minha rescisão com a gravadora, e o que será do meu futuro.
Gostaria de responder a todos os que têm essa questão em mente, contando um pouco do que, e de como penso sobre isso.
Vale lembrar que não sou dona da verdade, nem pretendo convencer ninguém a respeito de nada.
Estou apenas expressando o meu ponto de vista, e esclarecendo minha opção.
É o seguinte:
A indústria da música no mundo gera o maior capital depois da de petróleo.
Ou pelo menos gerava, antes da facilidade de reprodução de um CD pela pirataria, e da era Internet,
Ou seja: um próspero negócio.
As gravadoras multinacionais no Brasil, historicamente dominaram o mercado por serem mais ricas e organizadas,
Graças ao geométrico potencial de desenvolvimento financeiro, chamaram a atenção e foram absorvidas por grandes corporações ou parques temáticos:
A CBS virou SONY MUSIC – mais um braço da SONY.
A POLYGRAM virou UNIVERSAL MUSIC – mais um braço do parque temático, cinema, bonequinho, álbum de figurinhas, etc e tal…. Que por sua vez já foi vendida para um grupo francês enoooooooooooooooooorme, e que nunca trabalhou com música antes.
A RCA de ontem, a do cachorrinho no gramofone, é hoje BMG.
O André me mostrou pela Internet “quem” é a BMG. Tentem ,e pasmem! E por aí vai…
Ou seja, nas últimas décadas, o negócio foi crescendo tanto que a própria indústria, deslumbrada com os louros conquistados, foi arrebatada pela tentação financeira e acabou abrindo mão de si própria, para se tornar mais um braço de uma grande corporação.
Como braço, se a “gravadora” não gerar um volume pré-determinado de dinheiro no ano, o cargo dos executivos entra em pane, e pode haver um desastre nas suas promissoras carreiras.
Que entre em pane então a arte, a cultura,o artista, e tudo o que é mais trabalhoso de colocar no mercado, pois o consumo deve ser rápido e por atacado. Sem riscos desnecessários.
Quanto mais essa rapidez atropeladora vai crescendo e “resolvendo” a questão, menos importância e cuidado sobra para a arte e o artista – originalmente a matéria prima da indústria!….
Salve as bundas! Salve o hedonismo! Salve a banalização do sexo, da televisão, do “tornar-se famoso a qualquer preço”, e da informação!!!
(que se faça justiça: esse mérito não é só da indústria da música!!! )
É o que temos, e teremos por um bom tempo, até que o mal se consuma a si próprio, e o povo se farte do sexismo, desmistifique a fama barata, e finalmente respire a permissão de merecer mais e melhor do que isso.
Em contrapartida, o Brasil é um grande mercado para a música.
Não é tão difícil alcançar o mínimo anual estipulado. Não requer grandes investimentos comparados aos que os outros braços costumam disponibilizar para o marketing dos respectivos produtos.
Desde que abriu mão da sua identidade para se tornar “parte” de algo maior, deixou também de crescer, de se atualizar, pesquisar, abrir mercados novos, e de investir adequadamente nos seus produtos.
Os caminhos para divulgação trocaram de nome mas continuam os mesmos!
Me pergunto:
Qual é o investimento de suporte que a indústria já fez por aqui?
Casas de espetáculo:
Empresas de igual ou menor porte,investem em suas marcas associando seus nomes a espaços culturais:
ATL Hall (Rio), Credicard Hall, Direct Tv Hall, Teatro Alpha Real (S.P.)
– Tem algum UNIVERSAL MUSIC´S THEATER em algum lugar do Brasil?
Quem sabe um WARNER Music Hall????
Entre nós: para quem trabalha com música, investir num “show room” – um lugar adequado para a apresentação da mesma – não é tão incoerente assim…. você não acha????
Seria até uma garantia de visibilidade para seu investimento, além de ser uma mais do que justa forma de reconhecer a hospitalidade brasileira, oferecendo à sociedade e ao artista mais um local de cultura, lazer e trabalho.
O Bradesco – instituição financeira – fundou e cuida de um grande e super bem estruturado orfanato.
O Bank Boston – instituição financeira – também.
O Itaú – instituição financeira – tem um centro cultural que oferece espaço e visibilidade para que artistas de várias áreas possam mostrar seu trabalho e o público tenha acesso à arte e informação.
Vocês já viram alguma ação cultural e /ou benemérita das multinacionais da música no Brasil ????

Tudo bem que a TV a cabo seja outro braço desta verdadeira “SHIVA” capitalista, e que portanto temos bolsos diferentes…….. embora na mesma calça.
Seria uma heresia pensar em contar com uma pequena janela – pode ser até uma fresta – para a apresentação do nosso produto musical, o da própria empresa ?!!?
Todo o longa metragem lançado, tem sua trilha sonora distribuída e vendida pelo seu “braço” musical do país em questão. Será que isso deveria permanecer assim mesmo, unilateral????
Aí vem aquelas justificativas todas para explicar que a divulgação é escassa porque os programas são sempre os mesmos etc etc
Ai que pena e que cansaço!
Tenho 24 anos de carreira profissional, e 46 de idade, ou seja: não dá mais para ouvir as mesmas desculpas de sempre por aquilo que não foi feito, e acreditar que as alternativas não são viáveis!!!!!
Reclamam da pirataria, e com razão.
Mas temos de reconhecer que o mercado foi negligenciado pela própria indústria.
Ela sempre subestimou o que chamava de “menor “.
Nisso incluem-se a própria pirataria, que há 10 anos atrás representava um “nada” para o mercado, e as pequenas cadeias ou lojas isoladas, porém especializadas em música.
A inadimplência alegada para o corte ao crédito das pequenas lojas, realmente é um fator desestruturador e requer providências.
Nem sempre encontramos a melhor saída para a crise.
Acho que abrindo mão de vender música, abriu-se mão do mercado dela.
Tenho saudade de entrar naquela loja onde o mocinho de crachá se aproximava para ajudar, e quando eu perguntava sobre um determinado artista, ele sabia tudo o que havia sido gravado nos últimos anos.
Mostrava os CDs, citava músicos e o solo da guitarra numa canção, o de sax na outra….
Eram bons os tempos em que se ouvia um disco inteiro com prazer e sede de estar perto da criação e do artista.
Hoje em dia, as lojas minguaram a tal ponto, que só se encontram CDs em supermercados, loja de departamentos, postos de gasolina, e graças a Deus em livrarias!
Imaginem, o CD, produto tão vendido no país, perdeu sua própria loja!!!!
O terrível, é que nesses lugares, (nas livrarias menos) não há lugar para catálogos.
Você só acha os sucessos:
1- da novela,
2- das rádios de “parada musical” ,
3- de compilação feito pela própria gravadora para parecer produto novo, e
4- com sorte, dos últimos 2 ou 3 CDs do artista – lógico, se tiverem sido um sucesso!
Sucesso
– essa é outra boa questão a se repensar.
O sinônimo de sucesso para mim sempre foi o de obter um resultado positivo como decorrência de algum bom trabalho.
Para se obter um resultado é preciso fazer alguma operação antes, certo?
Então, desde que sucesso passou a ser encarado como sinônimo de fama e de dinheiro a qualquer preço, foi diminuída a importância do trabalho do artista.
O sucesso passou a ser a meta, e não o resultado.
As máquinas maravilhosas que corrigem desafinações, e trazem já ritmos e timbres completos, são capazes de reduzir o número de músicos e de consertar qualquer erro.
Não sou contra essa tecnologia, muito pelo contrário – acho bárbaro!
Só sinto por ela estar sendo utilizada tão abusivamente.
O mercado e a mídia podem estar lotados de pessoas que se tornam famosas, mas nem por isso podem ser reconhecidas como artistas.
Isso é sucesso?????
Olha, até meu cachorrinho pode latir afinadinho, e com sorte se cair no gosto popular, ser o maior sucesso do Brasil.
Sucesso no dicionário deles, bem entendido!
Cabe dizer, que neste momento da história, a indústria nacional de música – ontem um “nada ” para o mercado – tem revelado extrema criatividade ao lidar com o mercado, a mídia e as concorrentes.
Que bom poder olhar para este cenário e ver que a batuta na mão da indústria brasileira (a verdadeira ABPD) está regendo um leque aberto de opções menos preconceituosas, preguiçosas e tendenciosas, garantindo um pouco da imensa variedade de músicas e estilos do país – o que caracteriza nossa riqueza cultural.
Tomara que não se percam pelo caminho. Não haverão de se perder!
Enfim quem sou eu para criticar?
Como já disse desde o início, não sou dona da verdade.
Essa é apenas a minha visão deste momento da história da música popular & indústria & mercado.
A mim, cabe apenas saber até onde posso andar nessa direção.
Não me reflito nesses valores.
Sei que vai ser trabalhoso daqui por diante realizar meus projetos sem o suporte financeiro e mercadológico da indústria, mas acredito que vai rolar sim!
Parei de andar por esse caminho, mas não parei de cantar.
Gosto de música, muito! De música com “M” maiúsculo.
E é essa a música que pretendo realizar sempre.
Pode demorar um pouquinho, mas tenho certeza que vai rolar!
Para você meu querido amigo, que vem me acompanhando ha algum tempo, agradeço de coração, e espero retribuir lhe apresentando um trabalho do tamanho do seu carinho e atenção.
Vamos manter contato!
Um grande beijo,
ZZ

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Notícias do Reino do Jabá

Publicado em 2 de agosto de 2004

Estes dias, revendo os CDs de música brasileira que comprei nos últimos anos, constatei que 90% deles eram de gravadoras independentes. Não sabia que era tão outsider.

Ontem, recebi um e-mail com um artigo provavelmente assinado por Sérgio Rubens de Araújo Torres — nunca se sabe a real autoria das coisas que chegam a nossa caixa de entrada — e que fala sobre como as multinacionais fonográficas tratam nossa música. O tom geral do artigo é demasiadamente virulento para o meu refinado gosto (hã?), mas seu conteúdo expressa verdades difíceis de serem contestadas.

Sabem o que é o jabá? Ora, é aquela grana que a emissora de rádio ou TV recebe da gravadora para executar determinadas músicas de seu interesse. É uma forma permitida de suborno e que faz com que sejamos obrigados a ouvir centenas de execuções da mesma música, pois um executivo de uma multinacional decidiu grudá-la em nossa memória de tal forma que sejamos impelidos a ir correndo a uma loja adquiri-la… Sabem qual é o gasto das gravadoras com o jabá? São muitos milhões de reais por ano. É um pagamento difícil de explicar, principalmente para quem se declara quase extinta pela pirataria.

A pergunta principal que faço e que o Sr. Sérgio Torres tenta responder em seu artigo é a seguinte: por que o jabá tem de beneficiar sempre a pior música brasileira? Por que Guinga, por exemplo, não pode ser beneficiado por ele? Mais: por que um artista como Guinga não pode fazer parte do excelso cast de uma grande gravadora e sim do da Veleiros? É por não ser bonitinho? E por que as grandes gravadoras não promovem nada que seja de qualidade? O pop-rock-pagode que costumam promover são constrangedores.

Não sou um nacionalista radical, apenas acho natural que os croatas possam conhecer, através dos meios de comunicação disponíveis na Croácia, o melhor que os compositores e músicos croatas produzam, escolhido por radialistas croatas que tenham liberdade para fazê-lo. Você também não acha que um croata tem o direito de ouvir a boa música croata? É claro que ele tem também o direito de ouvir música croata ruim ou músicas americanas ou inglesas boas ou más, mas ele deve ter liberdade, certo? Pois aqui no Brasil quem faz esta escolha é o jabá, só ele. Ou seja, um executivo de uma gravadora é quem vai determinar se lhe é mais lucrativo que ouçamos carradas de Jota Quest ou de É o Tchan. Isto não é um tipo de censura? Isto não fere a liberdade? Isto não cai em nenhum artigo de nossa monstruosa massa informe de leis?

Vocês, meus 7 amados leitores, talvez não tenham tanto acesso ao dinheiro quanto gostariam, mas certamente têm acesso à informação. Nós, portanto, não precisamos padecer deste problema. Somos privilegiados e compramos (ou baixamos pela rede) o que nos agrada. Eu, por exemplo, fui conhecer a egüinha pocotó há pouco tempo; não ouço as rádios populares e quase não vejo a Globo, a Record, o SBT, a MTV, etc. Conheci a Kelly Key na Playboy e valeu a pena… Vi seus vários lábios, não ouvi sua voz e acho que detestaria fruir sua música.

Mas… e o resto das pessoas deste país? E os que só podem ouvir o que o jabá permite? Isto não nos traz conseqüências culturais? O fato de não nascerem mais tantos Tons, Pixinguinhas, Chicos, Paulinhos, Aris, Gonzagões, Miltons, Noéis, Dorivais, etc. é mera coincidência? Não seria este um caso para nosso Ministro da Cultura preocupar-se? Ou o fato de ser contratado de uma grande gravadora multinacional o tolhe?

(Este texto foi livremente desenvolvido a partir de um artigo de SÉRGIO RUBENS DE ARAÚJO TORRES chamado Multis boicotam produção musical brasileira para favorecer a da matriz.)

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Who`s Next?

Publicado em 30 de janeiro de 2007

Eu pensei naquela velha piada do cara que vai ao psiquiatra e diz ‘Doutor, meu irmão está louco. Ele acha que é uma galinha.’ E o doutor responde ‘Bem, mas por que você não tenta convencê-lo do contrário?’. E o cara diz ‘Eu até o convenceria, mas é que preciso dos ovos’. Bom, eu acho que é mais ou menos isso o que penso dos relacionamentos. Sabe, eles são totalmente loucos, irracionais, absurdos, mas continuamos atrás deles, porque a maioria de nós precisa dos ovos”.

ANNIE HALL – Woody Allen

Meu estado de espírito foi lentamente luto do dia 14 para a brutal ironia dos dias subseqüentes e agora estaciona triste e decepcionado. Ontem, porém, fiz uma piada sobre pensando no rumoroso caso Meg-Paulo José Miranda; fiz mal; como resultado, algumas risadas e e-mails pessoais acusando-me de traição à Meg. Os espectadores desta tragédia grave e real, acontecida da forma mais virtual possível, parecem divididos entre os bondosos que depuseram irrestritamente seu perdão, os malvados incondicionamente irritados e os de minha posição, sem vontade de linchar nem afagar.

Teria muitos motivos para espernear indignado: fui eu o primeiro crédulo a divulgar a notícia a pedido de Paulo José Miranda, fui dos primeiros a ver minha caixa de e-mails pululando de textos que apontavam incoerências e pediam retificações a uma história mal contada. Aliás, minha caixa de entrada – uma verdadeira pândega durante a semana passada – tem declarações por escrito de pessoas que afirmam taxativamente fatos que são negados veementemente duas horas depois… pelas mesmas pessoas. O manicômio. Agora, o movimento está voltando ao normal, mas há os pedidos de explicações. São um saco, pois alguns começam assim: “Milton, cadê o Sub Rosa?, a Meg morreu mesmo?” Putz, e lá vai o Milton explicar….

Logo após meu enlutado post, vi a recém fantasmal criatura escrever um scrap no Orkut como Meg, vi-a metamorfoseada como Tereza Quetzal comentando em meu blog, li cético a declaração do Paulo sobre um encontro de ambos em São Paulo, revisei IPs que não apontavam nem por sombra para os Estados Unidos, discuti acerbamente com o Paulo tentando fazer com que ele abrisse os olhos e visse a mentira (e o problema) em que estava começando a charfurdar – mas ele permaneceu convicto – e tive com vários blogueiros diálogos dos mais inesperados de minha vida.

Não vou contar toda a história em detalhes. Acho mais importante afirmar que discordo visceralmente da posição de perdão irrestrito. Dizer que atitudes mentirosas e imorais – mesmo que provocadas com o objetivo de proteger o objeto amado… – são sub-produtos de uma doença é um enorme erro. Mas é a reação da maioria. Muita gente parece possuir o vício mental de trazer, colada à compreensão, o perdão. Se eu compreendo, perdôo. Discordo. Isto faria com que perdoássemos a todos. Também não me alinho na posição dos que execram o casal. Se a Meg reabrir seu blog, irei lá. Ela errou? Sim, mas o Sub Rosa era bom, muito bom. Quando o Paulo publicar um livro, não vomitarei sobre ele, é provável que goste como gostei dos que li. Preciso dos ovos e esta é uma relação escritor-leitor, ou seja, é a mesma que tenho com Diogo Mainardi (escritor?, foi promovido?) ou Franz Kafka.

Há confusão entre vida pessoal e vida na rede. Quando leio Diogo Mainardi na Veja, rio ou acho lastimável ou sinto impulsos de jogar a revista no lixo, mas sempre o objeto da discussão é o texto. Porém, se falo em seu filho que sofre de retardo mental – fato exposto por ele – e o ofendo dizendo que “ele merece”, não estou sendo apenas deselegante como passa a uma esfera onde só deveria entrar com a máxima educação: a dos problemas pessoais. Ora, só discutirei a impotência do blogueiro X se ele me conceder abertura para isso e, se o fizer, será com amizade e cuidado; só falarei em regimes alimentares quando Y se declarar gordo ou anoréxico e pedir conselhos a respeito; não falarei nunca sobre um transtorno bipolar exposto a mim, pois não tenho competência para tanto e procurarei ser apenas carinhoso. Sim, é preciso cuidado, a exposição existe onde mais da metade dos blogs são confessionais (e chatos). No caso em questão, a super-exposição da vida pessoal de um e de outro era inevitável, pois havia no ar a certeza de uma ocorrência muito estranha. E, talvez pior, houve os diagnósticos…

O caso é que uma fato comum da Internet foi levado ao paroxismo.

O que houve? Ora, uma mulher de mais de 50 anos, muito inteligente, jovial, culta e sedutora entra em contato (ou ele entra em contato, não interessa) com um escritor desimpedido, talentoso, culto e mais jovem. Ela lhe abre contatos, apresenta-lhe pessoas e encanta-se por ele, assim como ele por ela. Então, a mulher manda-lhe uma foto tirada há 25 anos. Fez mal, muito mal, pois ele acreditou que ela fosse ainda aquela – por que desconfiaria? O jogo prossegue e o homem quer conhecer a mulher, claro. Mas não pode, pois descobrirá sua idade! Então, ela cria uma enorme fantasia: adquire um câncer, vai para o Nova Iorque e morre por lá. Fez mal, muito mal, pois ele não apenas acreditou novamente, como resolveu pranteá-la publicamente, com foto e tudo. Mas ele também erra: a morte é importante, porém é mais convicente agregada a um romance fugaz. Ele o cria. Enquanto isso – como é difícil livrar-se do vício da Internet! -, ela fica entrando na rede e sendo descoberta quase todos os dias. Ou todos, teria que revisar. (Neste ínterim, já existia uma rede de relatórios informais da blogosfera.) Quando tento, e tentei várias vezes, dizer ao homem que a mulher está viva, que ele está equivocado, ele responde: está morta e ela é a da foto! E fica irritado. Fez mal, muito mal em desconsiderar as advertências. Às vezes até eu estou certo.

No domingo passado nem era Páscoa, mas quando a gorda mentira estava sendo levada merecida e lentamente pelo Inagaki para a estreita via do esquecimento, onde também teria dificuldades, estoura a bomba. Ressurreição! A mulher reaparece. No primeiro momento passam de mentiroso e idealista e de mentirosa e voyeur à mais pura compreensão e solidariedade. Todos erraram, todos pedem perdão. Meg retorna. Paulo envergonhado, diz que as advertências que recebera estavam corretas; Meg pede desculpas. É claro que, passados dois dias, a situação já deve ser outra. Não sei.

Fico triste, são dois amigos. Não sei se permanecerão. Os brasileiros são tolerantes e colocarão a história nos anais da blogosfera como uma curiosidade. Já os blogs portugueses são muito mais sérios e não sei não.

Mas acho que chega desta história, não sou monotemático. Who`s next?

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Minha participação no imbroglio

Publicado em 26 de janeiro de 2007

No dia 14 deste mês, fui informado que a Meg do Sub Rosa morrera na noite anterior. A notícia dava conta de que ela estava internada no Hospital Monte Sinai em Nova Iorque desde meados do segundo semestre. Pedia que eu avisasse seus amigos. Achei natural ser o portador da comunicação; afinal, era amigo tanto do informante quanto da Meg. Fiz dois posts a respeito, ambos lamentando o fato – um dia 14 e outro dia 16.

Dias depois, alguns contestaram a notícia e lotaram minha caixa de e-mails com protestos. Ela estaria viva. Fiz a averiguação pessoal possível: comprovei que os comentários feitos pela Meg em meu blog, durante o período de hospitalização, haviam sido escritos (ou ao menos gravados) no Brasil. Os endereços IPs associados a eles eram todos brasileiros, mesmo aqueles dos dias 26 e 30/12. Depois, recebi outras informações, mas só posso garantir as que estão sob meu controle, é óbvio.

Mesmo assim, ainda acreditando no ocorrido, entrei na blogagem coletiva do dia 23 em homenagem à sua memória; porém retirei o post uma hora depois, tal foi a ênfase do questionamento: ao mesmo tempo que recebia comentários emocionados, o telefone não parava de tocar e minha caixa de e-mails se enchia. Eram alertas de amigos pedindo para eu não publicar algo que seria falso.

Naturalmente, escrevi um e-mail a quem tinha me avisado de sua morte. Pedi esclarecimentos, é claro, pois a notícia que veiculei comovera toda a comunidade blogueira – imaginem que houve pessoas que me ligaram chorando -, mas a resposta foram apenas protestos pelas perguntas.

Espero que os boatos sejam verdadeiros e que a Meg esteja viva.

Os motivos que me levam a escrever este post são os seguintes:

1. Fui eu, provavelmente, o primeiro a noticiar a morte da Meg.
2. A notícia está finalmente circulando pela rede a partir deste post.

Comentários:

Milton, meu amigo, junto-me aos que te pedem para retirar referências a este PJM. Àurea, sinto muito informá-la, mas tudo isso é cascata. Droga. Eu já tinha dado esse assunto por encerrado.
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 27 2007

Tá bom, vamos continuar perdendo nosso tempo, então. Milton, eu te envio um e-mail e te digo: Sergio morreu. Pronto. Sou tua amiga e pessoa confiável até debaixo d’água. Aí vc me pergunta coisas básicas e obviamente a minha resposta a vc será extremamente ofendida do tipo “respeite a minha dor”. Tudo bem. Por quem vc estaria me tomando, meu amigo??? Olha, me desculpem, mas tudo o que eu mais quero neste momento é que ver isto acabado, preservando o que for bom sobre Meg e o Sub Rosa, sim. E esquecendo certos tipos que não precisam de tanta divulgação, muito menos amizade. E estou falando demais, sim. Porque estou cheia. De verdade. Beijo, Milton. Se quiser, me liga. Eu não sei mais como tentar te convencer a limpar este lixo, do qual vc não é culpado.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 27 2007

Áurea, vou pensar na tua sugestão. De um lado, há a Meg e os anos de excelente relacionamento que tivemos. Há a saudade dela. De outro, há o fato de eu ter divulgado, a pedido do Paulo, um fato que foi contestado e que, na pobre averiguação que fiz (conforme explico neste post) demonstrou não ser inteiramente correto. Minha mulher e vários amigos estão também pedindo que eu delete todos os posts a respeito deste caso. Mas há uma voz interna rebatendo e perguntando: você divulga e depois corre da repercussão?
Milton Ribeiro Minha participação no … Jan 27 2007

Meu amigo, Eu te escrevi por e-mail. Sei que vc não é ariano feito o Sergio. Mas leoninos também são osso duro de roer (risos). É desagradável todo este assunto. E ele já está acabado. Não concordo com Áurea (desculpe, moça, não é nada pessoal), mas PJM já ganhou seu espaço. E vamos deixar esse papo de certidão e cartório pra lá! Quem precisa disto? Ah! Por favor, saia da pia!!! (risos) Beijo pra vcs.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 27 2007

Paulo, não vou deletar teu comentário como tens feito com tantos. Apesar das ofensas e “sugestões” sobre meu mau caráter – vou dormir na pia hoje de tanta preocupação… -, é um comentário dentro do assunto do post e vem ao meu encontro quando diz que parte da solução para o imbroglio seria a apresentação da certidão de óbito. Façamos o seguinte: deves saber em que cartório está. Diga-me que eu peço uma segunda via. De acordo? Quanto à questão “Onde estava Meg”, parece-me que já há certa admissão de que estava em Belém mesmo. Abraços a todos e bom findi. P.S.- Seja objetivo. Não responda com palavrões como tens feito em meu e-mail. Encaminhe soluções. Ninguém suporta mais esta história. Obrigado.
Milton Ribeiro Minha participação no … Jan 27 2007

Milton, É, para mim uma incoerência da tua parte esse post. Em primeiro lugar por que ele não faz jus à sua inteligência que é, ou deveria ser, capaz de discernir com muito mais lucidez os fatos acerca da partida da Meg.Em segundo lugar deveria bastar a você a informação que o Paulo te deu acerca da verdade. Você conhece a integridade dele e isto deveria ser suficiente para que você não tratasse com tanta leviandade a morte da Meg. Ou você acha que o Paulo, ou qualquer pessoa que não seja insana, colocaria no seu blog um post com o título mais pesaroso que alguém pode escrever: “minha mulher morreu” se não fosse verdade? E, se já não bastasse a decepção desse teu post para todos os que conhecem a verdade dos fatos, ainda você oferece um link que para um outro post que transforma a morte num circo, fazendo chacota de tudo e juízos de valor acerca das pessoas envolvidas. PELO AMOR DE DEUS, CARA, RESPEITE A DOR DO PAULO!!!. Retire esse post. A forma como tudo isto está sendo tratado é uma vergonha pra blogosfera e pra nós brasileiros. A Meg deixou tantas marcas boas em todos nós…não precisava ser tão desonrada depois de sua partida. Recupere a lucidez “querídolo”.
Áurea Cruz Minha participação no … Jan 27 2007

Eu vou deletar os posts… que nojo!
Alena Minha participação no … Jan 27 2007

O que menos me importa na vida é o blog! Se fiz ali minha última homenagem à Meg, foi por ela, que amava seu blog e quis que eu fizesse o meu. Mais do que um blog, o subrosa foi a vida da Meg nos seus últimos anos. E fi-lo para seus amigos e continuo certo de ter feito bem, pois seus amigos me agradeceram. Quanto a ser ou não verdade, que ela morreu, é muito fácil de averiguar, caso estejam interessados, pois há uma coisa que se chama certidão de óbito. Quem tenha dúvidas, em vez de dizer disparates e mostrar a falta de educação que tem, deveria telefonar para sua irmã, confirmando a verdade ou a mentira do fato. Mas o mais lamentável é um amigo não defender sua amiga. Isso é o mais lamentável de tudo. Pensem bem nisto, pois um dia podem estar na situação de precisar desse “amigo”.
Paulo José Miranda Minha participação no … Jan 27 2007

meu amigo, sinto muito mesmo tudo o que vc está passado por essa história. eu também torço para que ela esteja viva, mesmo sem compreeender os motivos que a levaram a criar toda essa história. um grande abraço
nora borges Minha participação no … Jan 27 2007

Lamento ter contribuido com essa história toda, lamento ter acreditado no que li aqui, no Milton, no Francisco Cals, e ter dado essa “triste” notícia, e assustado o Dudi. De resto continuo sem entender o por que? E acho também que o melhor a se fazer é ESQUECER o assunto definitivamente.
Eduardo Minha participação no … Jan 27 2007

O Sérgio tem razão ninguém (nem morto, nem vivo, nem do além) merece ler o blog do tal portuga PJM. Aquilo é a coisa mais chata que já li na minha vida. Lendo aquilo até entendo que a Meg tenha querido desaparecer do mapa, só de ler tanta chatice já me dá enjôo, o cara é um porreeeeeeee ha ha ha.
Ana Lucia Minha participação no … Jan 26 2007

Quer saber?? manda esse povinho mequetrefe e querendo uma promoçãozinha “sifu” e vai curtir tua esposa linda!!! Beijos
Sandra Minha participação no … Jan 26 2007

Querido Milton, sugiro a retirada dos links para o PJM da tua lista. Tanto da lista de links quanto dos posts. A maior parte das visitas do cara está saindo do teu blog. A propósito, a falecida deletou o blog. Um abraço!
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 26 2007

Sei lá, cara. Por algum motivo só consigo pensar em Nâzguls alados. Enfim, Solidarnosc.
hermenauta Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, estou pasma com essa história, como abusaram da tua boa fé. Esse mundo virtual é bastante perigoso às vezes. Mas que isso não te desanime a continuar blogando e a fazer amigos de carne e osso.
Leila Minha participação no … Jan 26 2007

Claudia está coberta de razão, Milton. Eu, de minha parte, fiz todos os meus esforços para que o Sergio mantivesse limpo o espaço dele no PDP. Claudia está certa, certíssima. Este assunto pode ser considerado encerrado. E deletado, inclusive. Sem mais. Beijo pra ti. Outro grandão para a Claudia.
Ane Aguirre Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, “pelamordedeus” pára de perder tempo com este absurdo. Não responda mais nada sobre este assunto. Elimine-o e a tudo que há sobre isto no teu blog. É de um tamanho mau gosto o fizeram que não há desculpas. Te usaram como veículo de uma falácia despropositada. Perturbaram tantas pessoas queridas. Não tem cabimento! Só de pensar que a Magaly, com 80 anos e recém viúva, ficou tocada e escreveu longamente sobre o tema me enoja. Ela merece e vocês também mais respeito. É vergonhoso!
Claudia Antonini begin_of_the_skype_highlighting end_of_the_skype_highlighting Minha participação no … Jan 26 2007

mais uma prova que idiotice e imbecilidade dos blogueiros e agregados nao tem limite mesmo.
Ana Lucia Minha participação no … Jan 26 2007

Nesse teu post, faltou falar sobre a argumentação do Paulo José Miranda quando você resolveu questioná-lo. Achei-a sensacional. “Faleceu, como tu bem sabes, pois anunciaste no teu blog.”
Sergio Fonseca Minha participação no … Jan 26 2007

Vou meter minha colher… Se isso foi uma brincadeira ou forma de sair da net, foi de um mau gosto sem tamanho!! No dia em que foi divulgada a morte naveguei por outros blogs e o que li foi indignação, tristeza, sentimentos bons misturados com perda. Mais uma coisa: se ela está viva deve saber desse furdíncio todo. Então, por que não se manifesta??? Por que não desmente? Tá! Eu sei. Não a conheço, não a lia mas, depois de sentir a perda do meu pai há tão pouco tempo, só digo uma coisa: notícia de morte de alguém que gostamos dói demais!!! E, notícia falsa na net, só a morte do Biajoni no dia do niver dele e com muito humor. E se não quiser publicar esse comentário, meu anjo, fique à vontade! Beijos
Sandra Minha participação no … Jan 26 2007

Mas isso é uma ÓTIMA notícia! Eu realmente espero que tenha sido tudo uma brincadeira de péssimo gosto, não me incomodo de nem um pouco de ter caído nela – pena que ninguém me avisou nada sobre as dúvidas que seria boato e eu entrei na blogagem coletiva que entendi tinha sido convocada por você, Milton – mas meu post pra Meg não perde a validade, muito pelo contrário. Só posso torcer muito para que seja mesmo tudo uma grande mentira, isso é o que mais interessa. ps.: mas e o Paulo não é casado com ela? e a Tereza?
Denise Arcoverde Minha participação no … Jan 26 2007

Milton, brincadeira têm hora!
Ramiro Conceição Minha participação no … Jan 26 2007

http://www.omelete.com.br/Conteudo.aspx?id=100003394&secao=cine
Nelson Moraes Minha participação no … Jan 26 2007

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