Porque Hoje é Sábado, Salma Hayek

Ela contou que, quando era jovem, pediu para que sua mãe a levasse…

…à Igreja Universal dos Seios Sagrados, pois os tinha muito pequenos.

Sua mãe a levou, elas fizeram o pedido com muita, muita fé e… Milagre!

Eles ficaram grandes e bonitos. Salma Hayek demonstra muitas vezes uma simpática…

…auto-ironia, algo estranho entre as beldades e os médicos atuais. Filha de um empresário de origem libanesa…

…e de uma cantora de ópera, esta mexicana é uma morena mignon de apenas 1,55m de altura que diz:

“I act tall!…But look how short I am…I can’t even act to be tall”.

Acho incrível a quantidade de beleza concentrada na interessante Salma, mesmo…

…que a maioria de seus filmes não sejam maravilhosos como ela.

Vários Robert Rodriguez, um pequeno papel em Traffic, uma bela atuação no divertido Dogma, o Frida que não vi,…

…mais uma grande atuação no equivocado Pergunte ao Pó – filme que tinha tudo para ser bom, menos o diretor – e a brincadeira Bandidas, com Penélope Cruz.

Sua última participação foi como cinco enfermeiras sobrepostas (um grupo de “Salmetes”!) dançando Happiness is a Warm Gun em Across the Universe.

Depois, ofereceu seus seios firmemente conquistados com sua fé à menina Valentina Paloma, nascida em setembro passado.

Ah, o Dia das Mães!

Dilma é mordida em depoimento

A ministra Dilma Rousseff fazia uma emocionada descrição de seu passado de torturada pela ditadura militar, quando algo ocorreu com o presidente do senado Garibaldi Alves (PMDB-RN).

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Algum dos insepultos fantasmas da ditadura, ainda presentes em nosso egrégio senado, apoderou-se de seu corpo. Ele passou a emitir lúgubres grunhidos e a fazer medonhos movimentos faciais até suas mandíbulas abocanharem o pescoço da ministra.

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Acostumada a maus tratos, Dilma agüentou firme a incorporação do capeta, e logo apresentou discretas contrações faciais, em tudo semelhantes às que demonstrara o senador. Antes de abandonar o recinto por temor ao energúmeno, a ala evangélica confirmou o cheiro de enxofre, apesar de não terem observado a picadura.

P.S.- Nelson Moraes acaba de ventilar a hipótese de que Dilma usava Eau de Cebôle, a fragrância que assusta qualquer vampiro (vide a cara dele).

Atenção, gauchada!

Yeda Pinoquio GrandeEstá circulando um abaixo-assinado que solicita a prorrogação dos trabalhos da CPI do Detran-RS na Assembléia Legislativa. A finalização dos trabalhos está prevista para 6 de junho. A possibilidade de prorrogação é rejeitada por quase toda a bancada governista na Assembléia. Para quem não sabe, houve desvios de mais de R$ 40 milhões e há fortes indícios de envolvimento de nossa governadora.

Para ler o conteúdo da petição e assiná-la, CLIQUE AQUI.

Ler é bom, mas assinar esquenta nossos pés à noite, dá direito a quentões gratuitos em todos os bares do estado (se parece que ela mente, por que não eu?) e cria bons modos. Logo mais, de madrugada, voltaremos a nossa programação normal.

Foto publicada no Washington Post

O Washington Post publicou esta foto em sua capa.

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Claro, é chocante. Trata-se de um menino iraquiano que é levado pelo pai para o hospital. Ele resgatara o filho dos escombros de sua casa após um bombardeio americano. O garoto, de dois anos, acabou morrendo. Só que os leitores se irritaram e protestaram. A alegação é que o Post estaria alimentando o sentimento antiamericano… Concordo com um dos poucos leitores que apoiaram o jornal: “Este é o tipo de imagem que recoloca em nossas mentes referências de brutalidade”.

Sei que numa guerra é normal que nem toda informação circule, ao menos temporariamente, mas a esta capa não é informação, é um documento humano. A foto é do jornalista iraquiano Karim Kadim.

Shostakovich – Vida, Música, Tempo (de Lauro Machado Coelho)

Foi uma surpresa descobrir a existência deste calhamaço de 502 páginas, uma biografia do enorme compositor russo-soviético Dmitri Shostakovich (1906-1975). O que não foi absolutamente surpreendente é o fato da biografia ter sido escrita por Lauro Machado Coelho, autor de alentadas obras sobre ópera que têm preenchido o deserto de publicações do gênero com alguns bem-equipados oásis.

Este livro sobre Shostakovich é imprescidível a quem se interessa pelo autor. O volume de informações é inacreditável e fiquei de tal forma envolvido pelo livro que seria quase uma injustiça criticar o trabalho de Lauro, porém, em meio a tanta novidade, consegui vislumbrar o guichê de reclamações e pretendo fazer uso dele. O texto é muitas vezes descuidado. Tenho a impressão de que Lauro necessitava finalizá-lo no ano de 2006 – ano dos cem anos de nascimento de Shosta – e deixou passar alguns parágrafos que são quase anotações esparsas. Pressa, certamente. A editora poderia tê-lo alertado. Deve haver leitores profissionais na Prespectiva, não? Outro fato é que o autor claramente arrepende-se de ter sido tão anticomunista durante o texto e escreve um inteligente e equilibrado último capítulo – talvez o melhor do livro – chamado “O Caso Shostakovich”. É um curioso e necessário recuo. Afinal, Shostakovich utilizou o mais abstrato dos meios para dar o depoimento mais realista da história da música sobre sua contemporaneidade e há controvérsias por todo lado. Shostakovich não nos legou testemunhos confiáveis. Há momentos de descontrole e outros em que já vemos o LMC do último capítulo. Ou seja, carece de revisão.

Agora, só um louco ousaria criticar o que realmente importa: a detalhada cronologia, a notável descrição das obras, a palavra de um indiscutível conhecedor, as valiosas opiniões de um excelente ouvinte. Também elogio a diagramação do livro, que nos deixa duas boas colunas para que façamos anotações e possamos discutir com o autor e suas fontes… Coisa que adoro fazer.

Vocês sabiam que L&PM lançou em pocket a tradução de Lauro Machado Coelho dos poemas de Anna Akhmátova – Poesia: 1912-1964? Pois é, é bom lê-los.

Quando as pernas (todas) e os decotes (nem todos) desaparecem

Tom Jobim cantava as águas de março que fechariam nossos verões. Eu mentiria se as cantasse em Porto Alegre, pois março e abril foram quentes e parcos em chuvas. Foi uma seqüência de dias lindos, os tais dias lindos do mais puro azul que Drummond dizia acontecerem na segunda metade de abril.

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

TOM JOBIM em Águas de Março – Grande autor, péssimo meteorologista.

Acontece em abril, nessa curva do mês que descamba para a segunda metade. Os boletins meteorológicos não se lembraram de anunciá-lo em linguagem especial. Nenhuma autoridade, munida de organismo publicitário, tirou partido do acontecimento. Discretos, silenciosos, chegaram os dias lindos. E aboliram, sem providências drásticas, o estatuto do calor.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE em Os Dias Lindos – Grande autor, razoável meteorologista

Drummond tem razão, o estatuto do calor está abolido, mas no segundo dia de maio caiu o mundo em forma de chuva. Dirão vocês que não importa, que Drummond é um dos picos da evolução humana e que a culpa deve ser do aquecimento global. OK, sou simpático a qualquer argumentação que enalteça o itabirano, porém lamento dizer que minha contestação aos dias lindos vai além. Saúdo-os ao mesmo tempo que lamento as perdas.

Hoje fui ao centro da cidade. Acostumei-me a caminhar pelas ruas quentes vendo as pernas e decotes das gaúchas. Ficava feliz com a crescente e elegante ousadia daquelas que mostram sua boa forma, suas belas formas, seus bronzeados e seus seios remodelados ou originais. Também apreciava a classe das mulheres que exibiam o que tinham de melhor, escondendo sob panos coloridos o indesejável, o inevitável, o irremediável ou o inexorável. Sou um admirador das artes femininas. Só que hoje o panorama era outro. Os decotes estavam mais fechados, as pernas haviam quase sumido e o colorido das roupas tendiam à diluição. Viram? O dia lindo e seus dezoito graus matinais derrubaram a libido do caminhante.

Mas quem viverá seu qüinquagésimo inverno nesta cidade, sabe que este é um fenômeno sazonal e logo nós, os homens, estas criaturas tão visuais para com o outro sexo, iremos nos readaptar. Ficaremos excitados apenas com um belo rosto e pelo prenúncio de um tornozelo. Conheço alguns que enlouquecerão por um mero salto alto. Pior, há os que abraçarão suas mulheres e amigas apenas para sentirem o aroma do perfume que acompanhará o ar expulso de suas peles pelo abraço. Voltaremos a adivinhar as formas sob as roupas e teremos vontade de levar em nossos carros as mulheres encolhidas nas paradas de ônibus. (Tratar-se-á da mais desinteressada e solidária gentileza.)

Drummond esquece-se de dizer que os dias lindos são o prenúncio de uma época em que o espírito vencerá a observação, em que a cogitação precederá o fato, em que os cobertores serão os companheiros mais adequados a quaisquer primícias e que serão jogados longe apenas durante os clímax. Os dias lindos nos fazem lembrar que, daqui seis meses, haverá uma primavera onde as flores, os plátanos, os guapuruvus e as mulheres reapararecerão. Deslumbrantes.

Porém, o leitor atento que há dentro de mim bate em meu ombro a fim de chamar minha atenção. Diz ele que Drummond vivia no Rio de Janeiro, que lá as pernas e decotes nunca desaparecem, que este é um fenômeno gaúcho, subtropical e que não tenho razão em reclamar do poeta. Acabo esta crônica fazendo tamborilar os dedos da mão direita sobre a mesa. Um por um, repetidamente. É o movimento característico da contrariedade do vencido.

Bagdá

Pessoal, depois do vendaval, ficamos sem água e luz em casa (escrevo numa lan house).

A Zona Sul de Porto Alegre está assim há quase 22 horas.

O celular não pega – a antena deve estar desligada.

O telefone – só temos sem fio e sem luz não funciona.

Estamos incomunicáveis.

Merda.

Mas tomamos banho na casa da sogra.

(Talvez na próximas horas peçamos alimentos não perecíveis, sabe-se lá. Estejam atentos e não nos deixem sós.)

Porque Hoje é Sábado, Scarlett Johansson

Esta parte de seu corpo certamente agrada ao Marconi e a mim, imagine se não!

Mas o rosto de Scarlett Johansson é dos mais belos que já passaram por minhas retinas tão fatigadas e curiosas.

Nascida em novembro de 1984, é certamente a mais famosa e interessante atriz com menos de 30 anos em atividade.

E é um espanto de mulher.

Scarlett é uma raridade que parece apreciar o bom cinema e já foi dirigida por…

… Sofia Coppola num belo filme, por Brian de Palma num equívoco, por Peter Webber em um …

… inesperado acerto, e parece ter virado figurinha comum em filmes de Woody Allen.

Passemos a palavra a Allen: “Ela tem tudo: é linda, sexy, inteligente, divertida, espirituosa …

… e boa para se trabalhar. Gosto de tudo nela. Se ela mantiver a cabeça no lugar nesse campo de trabalho maluco, o futuro será dela.”

Se o que Woody Allen diz é verdade: que é linda e sexy a gente está vendo, mas se ela ainda é …

… inteligente, divertida, espirituosa e boa para se trabalhar, eu não sei o que poderia haver de mais perfeito.

Em 2008, ela virá envenenando maridos em Lucrécia Bórgia e como Ana Bolena …

… junto de Natalie Portman (1981), lutando pelo amor de Henrique VIII. Querem me matar!

Entre as duas, ficaria com Scarlett, nem que fosse para dá-la a meu filho, um grande admirador da moça. Afinal, com 23 para 24 anos… Não sou o tio da Sukita. Mas aceitaria one night stand, claro.

Ássia, de Ivan Turguêniev

Assia Ivan TurguenievComparar Dostoiévski e Tolstói sempre me pareceu coisa de amador. Os dois são tão diferentes que parecem trabalhar em faixa própria. Tolstói tem melhor texto, se o encararmos do ponto de vista clássico, e, de certa forma, é um escritor que aspira à imortalidade. Ele a obteve com folgas… Já Dostoiévski é mais escabelado e moderno, fazendo com que sua prosa dobre-se aos personagens. Eu, que não sou bobo, não faço escolhas e gosto de ambos. Porém, havia outros enormes escritores circulando pela Rússia czarista e havia um que trabalhava na faixa de Tolstói. Era Ivan Turguêniev. Escritor de grandes recursos, criou algumas novelas perfeitas e um romance idem: Pais e Filhos.

Tenho especial consideração pelas novelas, estas narrativas que ficam entre o conto e o romance, seja em tamanho, seja em alargamento de intenções. Grandes escritores se dedicaram ao gênero. Kafka escreveu A Metamorfose, A Colônia Penal e outras; Henry James tem obras-primas como A Volta do Parafuso, Os Amigos dos Amigos, A Vida Privada, O Altar dos Mortos, a insuperável A Fera na Selva, etc.; Isak Dinesen tem Os Sonhadores e outras; Heinrich von Kleist escreveu uma inesquecível: Michael Kolhaas; Tolstói tem seu trio de ferro: Sonata a Kreutzer , A Morte de Ivan Illich e A Felicidade Conjugal; Goethe tem Werther. Estes exemplos foram os primeiros a me ocorrer, há muitíssimos mais.

Voltemos a Turguêniev ou Turguenev, como queiram. Quando vi que a Cosac & Naify tinha lançado a novela Ássia, animei-me imediatamente – seria ela um outro O Primeiro Amor, seria ela outra grande novela de Turguêniev? Não, não é tão boa, mas estão lá todas as características que fizeram deste russo um escritor tão singular. Lá está a prosa impecável do russo e lá estão os aristocratas inúteis de sempre, porém o narrador de Ássia é, além de inútil, um covarde emasculado. Ássia é uma jovem que se apaixona por ele. Só que o narrador fica confuso no momento decisivo e deixa a moça pensar que ele não a ama.

Este tema é um clássico em várias literaturas. Inclusive Machado de Assis constrói um de seus melhores e mais importantes contos sobre o tema do momento decisivo – o Missa do Galo (que é muito melhor que Ássia, bem entendido). Só que Turguêniev não deseja apenas mostrar um desencontro fortuito entre dois amantes, mas uma “história moral de sua geração”. Talvez por isto tenha criado um narrador tão inerte e irritante. Esta aristocracia russa, cuja psicologia é tão bem descrita neste livro e em grande parte da obra de Tchékov, mereceu plenamente a revolução que a sepultou.

Não ignoro que na literatura russa do século XIX havia eslavófilos e europeístas. Eu passei intencionalmente por cima desta esta classificação, OK?

Um Corpinho que Cai

Para meus filhos, sobre o caso da menina Isabella Nardoni.

Meus filhos, o caso da Isabella Nardoni não é para piadas, mas não resisto a uma. Por isso, o título esdrúxulo acompanhado da foto. Mórbido, não? Quero explicar-lhes o que houve naquela noite em São Paulo. Ora, é óbvio que vocês já notaram que às vezes me descontrolo, ficando muito irritado com vocês. Eu já berrei e tive vontade de matá-los por tênis embarrados deixados no meio da sala, por algum esquecimento tolo ou por motivos maiores. Eu juro que, em alguns desses irrefletidos momentos, senti tanto ódio que quis acabar com vocês.

O que diferencia a loucura da normalidade é que as pessoas ditas normais sentem a raiva crescer como um oceano de sangue quente que sobe direto à cabeça e… ou não fazem nada ou apenas gritam feito loucos ou saem da sala batendo a porta. Vocês sabem, já fiz vários escândalos desse tipo. Mas os loucos deixam que o ódio absoluto seja transformado em atos de agressão física. Houve um sujeito chamado Sigmund Freud que ensinou que civilização é um monte de coisas, mas também é repressão. A gente é educado desde pequeno a não sair matando gente por aí só porque nos bateu uma raiva incontrolável. Incontrolável uma merda. A gente sente a raiva, dá um soco na mesa, a mão dói e a gente trata de tentar conversar. É assim que acontece.

Quando te perguntei, Bárbara, se alguma vez tiveste vontade de me matar, tu respondeste que nunca, porém depois pensaste melhor e respondeste que só umas duas vezes… Viste? É normal. Nós nos amamos, mas já tivemos momentos de irreflexão em que achamos que o mundo seria melhor se um de nós não existisse. É normal. O que não é normal são pais que se deixam tomar pela violência irrefletida por longo tempo.

Quando, por exemplo, critico vocês com argumentos e palavras razoáveis, a Claudia normalmente me apóia, mas nas raras vezes que rugi feito um louco, ela sempre me criticou acerbamente e mandou-me parar. Mandou mesmo! E eu obedeci. Noto agora que sempre tive meus ataques na frente dela, talvez porque inconscientemente soubesse que não haveria apoio. Ou seja, os pais controlam um ao outro.

O que é loucura é que ambos se voltem contra uma criança a fim de assassiná-la. O que não é normal é que um tenha tido o descontrole de bater na cabeça de uma menina sem oposição do outro. Mais incrível é que o outro, em vez de protegê-la, ainda a tenha estrangulado. E o mais inacreditável é que eles tenham combinado atirá-la pela janela. Vocês não imaginam o quanto sempre estiveram longe de um ato desses.

O que faz com que esta notícia vire assunto nacional é a conjugação de vários fatos: a criança era branca, paulista e de classe média. Isto é, o crime foi cometido por gente como nós, gente que já sentiu vontade de, eventualmente, atacar suas crianças em momentos de descontrole. Ou seja, a sociedade branca do maior estado brasileiro, está fazendo um tratamento psiquiátrico coletivo. O resto país aproveita e se trata também. Todos estão condenando o próprio ódio e descontrole, que sabem eventualmente possuir, como coisas realmente hediondas. Têm razão nisso. O casal Nardoni entrou como uma luva num medo que é de todos. Quando eu abri o quarto do Bernardo numa manhã dessas e vi que ele não tinha chegado – ele me prometera chegar a determinada hora da madrugada -, quando vi que ele não atendia o telefone, disse para minha mulher que ia matá-lo…, mas só fui capaz de umas ácidas ironias quando ele chegou em casa. Ainda bem. Ele notou que tinha sido grave e passou a me avisar. Mas é contra aquele demônio que deseja matar que estamos fazendo a catarse coletiva que envolve o casal Nardoni.

Afinal, o público consumidor de notícias é branco, de classe média e, volta e meia, sente ímpetos de esganar seus filhos. Se Isabela fosse de uma família pobre e favelada, tendo sido atirada num barranco qualquer por um pai criminoso, não receberia grande atenção dos jornais e televisões. Por quê? Ora, porque os pobres não consomem jornais e haveria dificuldade de identificação por parte dos leitores. Mas um casal que mora bem, que possui carro e é branco e paulista? Nossa! Isso somos nós e por este motivo é tão impactante.

Meus filhos, vocês riram muito quando anunciei o título deste post e é claro que ele está aí para chamar a atenção de quem passar. Saibam que, de qualquer modo, para fazer seus corpinhos caírem de forma eficiente me daria muito trabalho. Teria que subir até o terraço. Não é fácil a vida de quem mora no primeiro andar…

Em defesa de Yeda Crusius, nossa governadora

Sacanagem o que estão fazendo com nossa honrada governadora. Então a pessoa que governa todos os gaúchos não pode morar bem? Vão proibir também isso?

O delegado Luiz Fernando Tubino, ex-chefe da Polícia Civil gaúcha e certamente um pobre ressentido loser nojento e feio, afirmou que Lair Ferst — coordenador da espetacular e vitoriosa campanha de Yeda Crusius ao governo do estado em 2006 — teria dado R$ 400 mil para ajudar a inatacável governadora a comprar uma casa no bairro Vila Jardim. Segundo o delegado, a Operação Rodin, da Polícia Federal, teria identificado o cheque. Qual é o problema, hein? Você não aceitaria um cheque desses de presente? Ou vai dizer que fugiria dele?

A casa da mais importante gremista do estado foi comprada no dia 6 de dezembro de 2006, 37 dias após do segundo turno das eleições. Notem bem: nossa decorosa governadora pensou 37 dias em como utilizar o cheque, só realizando a compra quando as tensões geradas pelo cargo, pela incompreensão da sociedade gaúcha e por gentalhas como essa e essa e essa fizeram-na pensar no futuro e em como seria tranqüilizador para si e sua família um aumento de patrimônio. Segundo certidão do Cartório de Registro de Imóveis da 4ª Zona de Porto Alegre foi uma pechincha: custou somente R$ 750 mil. Mais: nossa íntegra governadora é tão modesta e ficou tão na pindaíba após a compra que, em 18 de outubro de 2007, alienou-a ao Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) para garantir um empréstimo de R$ 50 mil. Veja bem, ignaro leitor, nossa pudente governadora não tinha R$ 50 mil! Um troco! A casa das pantalhas está localizada em zona nobre de nossa capital e tem 467 metros quadrados de área construída. Ou seja, é uma moradia digna e segura para a insuspeita figura pública que detém, em suas mãos transparentes, as rédeas de nossos destinos.

Também não me surpreende que os corretores consultados estejam dizendo que a casa valeria R$ 1,5 milhão. Ora, ela é um ser humano como nós e provavelmente declarou, de comum acordo com o vendedor, ter pago menos pelo imóvel a fim de obter a vantagem de ver reduzido o imposto que pagaria para um governo municipal inoperante. Onde está o problema? Vai dizer que você pagou seu ITBI inteirinho — o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis, seu idiota — quando comprou sua moradia? Claro que não! E quem faz isso?

Tenho dois pedidos a fazer:

Primeiro: Tubino, comprove AGORA suas acusações! Quero ver! Só porque você é um ex-chefe da Polícia Civil falando numa CPI, acha terá mais importância do que a palavra tranqüila, meridiana e superior de Yeda? Comprove AGORA, seu merdinha! Já disse, quero provas! Esta frase que você diz: “A CPI não deve perder a oportunidade de destampar algumas panelas”, merece que o leite jorre imediatamente na chapa quente. Vocês verão quão branco e puro é o leite de nossa virtuosa Yeda. Tenho certeza.

Segundo: Lair, mande umas fotos da miss para o Porque Hoje é Sábado e depois marque um encontro… Com ela? Claro que não! Agende para mim um daqueles encontros com empresários que você arranjava para a briosa Yeda. Nada de chope, tá? Sou um cara fino, prefiro vinho. Vamos, marca logo! Vá, vá!

Papel Da Blogosfera
Gravura roubada do Diário Gauche

Confesso ser um privilegiado

Monica Salmaso 11. Ela é uma cantora musicista, se vocês entendem o que quero dizer: é que o termo cantora está tão perniciosamente ampliado por artistas performáticos, midiáticos e macaquéticos que talvez seja necessário explicar que ela é uma artista que singelamente entra no palco e canta. Só? Não, ela é a melhor. E é apaixonada (muito) pelo que faz e é simpática (muito) e é inteligente (muito) e é uma solidária antidiva (muito) que divide seus méritos com os músicos. Mônica Salmaso se apresentará hoje em Porto Alegre, fazendo soprar, pelo velho Teatro São Pedro, o melhor ar sonoro deste sábado. Eu, Carol e Bernardo – graças à Helen, que comprou os ingressos há quase vinte dias e ainda não recebeu ressarcimento… – estaremos lá. Um privilégio, sem dúvida. Na saída, um bar ou análogo com todos exibindo moralmente alguns centímetros a mais.

2. Ontem, participei como entrevistado de uma aula do Curso de Letras da PUC. Fui muito bem tratado pela turma do professor Charles Kiefer. Assuntos: literatura, blogs, internet e alguns temas inesperados — como o levantado por aquela bela moça sobre a vaidade de todo escritor-blogueiro, de todo escritor, de todo blogueiro… Falei por quase duas horas a 60 atentos alunos, mas minha vaidade despertada teria suportado outras três. Sou um privilegiado, n’est-ce pas? Resta-me agradecer à Simone Vey pelo convite.

Feliz no Futebol

Andrezinho E Fernandao

Uma derrota em Curitiba por 2 x 0 na semana passada. Hoje, 42.000 colorados no Beira-Rio; eu e meu filho entre eles; um jogador nosso cai desmaiado a um minuto de jogo; tomamos um gol aos dois. Resultado: uma virada – Inter 5 x 1 Paraná. Fernandão foi o dono da festa.

Uma grande partida. A primeira comoção foi a queda de Jonas, que, aos 22 segundos, voou sobre Índio e caiu de costas no chão. Farejei desgraça, mas o menino tinha “apenas” desmaiado após a queda, deixando uns dentes pelo gramado. O Paraná começou a perder o jogo ao não aceitar o pedido dos jogadores do Inter de pararem o jogo para que Jonas recebesse atendimento médico. Foi uma completa falta de fair-play e os caras quase fizeram um gol enquanto pedíamos para que o jogo fosse paralisado. Depois da entrada do carro-maca, o Paraná foi novamente ao ataque e fez 1 a 0. Tudo isso em dois minutos. Devido ao saldo qualificado, precisávamos fazer quatro gols. Fizemos cinco.

A ambulância ainda estava à beira do gramado quando Andrezinho empatou em cruzamento de Bustos. O Paraná reclama da arbitragem e ela realmente foi localista. Wagner Tardelli é amigo dos grandes. Rouba-nos contra o Corínthians, mas dá uma mão contra o Paraná, time da segunda divisão, como o Corínthians… Bem, esqueçam! A expulsão de Ângelo, aos 21, foi justa, mas Magrão testou a boa vontade do árbitro ao acertar violentamente Daniel Marques quando já estava 3 x 1. Tardelli achou a entrada de Magrão normal. Muito obrigado!

O Paraná é ruim de doer, só que não é fácil ter que fazer quatro gols para se classificar e conseguir. Há dois excelentes jogadores no Paraná que mereceriam estar num bom time brasileiro, mas que certamente estarão em julho no exterior: o jovem Giuliano (10) e Leo (5). Esses incomodaram, porém o resto é mais ou menos como o time do Grêmio.

Não descreverei a virada gol por gol. É monótona a história dos vitoriosos. Eu gostaria de me referir novamente a Fernandão. Orientou o time, correu como na final da Libertadores contra o São Paulo (palavras de Abel), deu passes perfeitos (muitos, muitos), desarmou como nunca, mostrando que decisão é com ele. É difícil agüentar Fernandão durante o ano. Parece desinteressado, esperando um jogo maior… Pois ontem ele teve.

Upgrade: Não percam o antológico comentário do gremista Tarsis, do Pensar Emburrece.

Os Comentários: Afeto e Ódio na Blogosfera

Publicado em 28 de julho de 2003

Meu blog completou dois meses de vida. Descobri os blogs no dia em que criei o meu. Fiquei encantado. A partir deste dia, sempre repeti para mim mesmo que não deveria desenvolver nenhuma ansiedade para angariar mais leitores e que me limitaria aos assuntos que me interessavam. Mudar os temas ou torná-los mais fáceis só me afastaria “da minha turma”. Esperava que os possíveis leitores fossem chegando naturalmente e que, se não chegassem, pelo menos o blog se tornaria um sucedâneo de todos os arquivos “.doc” que escrevia e que deixava no computador, com a vantagem de ter um provedor para fazer os back-ups por mim. Neste sentido, neguei-me a colocar o ansiogênico contador de visitas. Mas esta fingida serenidade só foi possível até reconhecer minha turma. Quando li outros blogueiros afins, passei a buscar maior proximidade deles. Queria ser amigo daquelas pessoas. O valor do que hoje obtenho em sugestões, idéias ou em afeto é algo que não posso mensurar. Já estou ficando mal acostumado com tanta atenção de parte de pessoas queridas, especiais, inteligentes e que não conheceria sem o blog, pois dois moram no Rio, outros dois em São Paulo, outro em Goiás, etc.

Depois de alguns dias, disponibilizei aos leitores não apenas meu e-mail como também a possibilidade de fazerem comentários. Tal como a Andréa Augusto – do visitável e altamente desfrutável blog Literatus – gosto que me corrijam e adoro as cordiais discordâncias que nascem de bons temas.

Por exemplo, fiz uma pequena viagem de fim de semana e, quando voltei, fui olhar se havia comentários no blog ou no e-mail. Havia boas surpresas no post “Um Kafka Amigo”. Seis pessoas conhecidas e desconhecidas, blogueiros e não blogueiros, chegaram e escreveram mensagens simpáticas, agradáveis e demonstrativas de que o post fora lido com atenção. Outras quatro preferiram me contatar pelo e-mail com mensagens de mesmo teor. Isto deixa qualquer um feliz.

Porém hoje, ao meio-dia, vi uma parte do reverso. Entrei casualmente em alguns blogs que receberam comentários muito agressivos, injustos ou difamatórios. Invariavelmente, estes comentários eram anônimos e quase sempre o autor do blog partia para o bate-boca em termos semelhantes aos utilizados pelo agressor. É um erro, não se combate a barbárie com mais barbárie, não se deve chegar a um nível rasante só porque fomos agredidos de forma baixa. Por sorte, ainda não fui vítima deles. Recebi somente um comentário transtornado pelo ódio, mas era tão disparatado que acabei por rir apenas. Para completar este cenário parcial, recebi à tarde a notícia de que o excelente blog Perto do Coração Selvagem havia retornado à ativa, mas sem o espaço para comentários. Explico: no dia 17 de junho o Perto havia anunciado seu fim. Motivo: ataques pessoais.

Creio que uma ofensa costuma dizer mais sobre o ofensor do que sobre o ofendido e acho que, jogando ao lado e para nossa torcida, dentro do nosso estádio, a Máfia do Bem (expressão do Zadig) acaba vencendo. Os sapos que tivermos que engolir, faz parte…. “Faz parte” uma merda! Não somos o Bam-bam! Com toda a nossa exatidão verbal, diremos que engolir sapos “é inerente” à condição que escolhemos.

Entrevista (Literatura de Mercado)

Abordagem Nº 2 ao fracasso da literatura.

Na próxima sexta-feira, se até lá não descobrirem que sou um embusteiro, uma turma do curso de Letras da PUC-RS fará uma entrevista comigo. Enviaram-me uma série de perguntas para me servir de roteiro e, acho, para que soubesse onde pisaria. Espero que sejam bonzinhos e não me retalhem. O assunto é a chamada “literatura de mercado” versus a “literatura artística”.

1) Qual a sua opinião sobre a literatura de mercado? Ela é literatura?

Antes de responder, acho que devo tentar definir o que é literatura. Na minha opinião, literatura é tudo que é lido como literatura por determinado grupo de pessoas. É aquilo que desperta a imaginação do leitor e lhe provoca emoções de índole literária, sentimental, matemática, lógica, de curiosidade, etc.

Eu, que adoro matemática e até fiz faculdade na área, acho alguns teoremas modelos de concisão e elegância. Para mim, são como poemas. Sei que o tipo de emoção causada por eles é semelhante à poética. Seria literatura? Sim, se forem lidos como tal.

Porém, de forma geral, literatura é a arte que usa a palavra como matéria-prima. Então, considero válida a literatura oral – afinal, foi início de tudo! – mas, para ser literatura, o texto tem que ser escrito com a intenção de provocar efeito estético. Talvez Paulo Coelho provoque efeito estético em seus leitores, certamente pessoas cujos modelos e exigências são muito limitados. Eu preferia dizer que não é literatura, mas, infelizmente, penso que seja, ao menos para aqueles a quem se destina. Mesmo Sidney Sheldon, que talvez escrevesse seus livros sob determinadas fórmulas comerciais, não preocupando-se com nenhum refinamento de forma ou conteúdo, talvez provoque emoção literária em gente idiotizada. A Bíblia também pode ser considerada literatura porque, para quem acredita ou vai acreditar, causa efeito estético, emoção… O que fazer? Tudo aqui, como aliás em qualquer campo do conhecimento, é complexo e depende da interação com o outro, com o receptor.

Mais: a literatura, em minha opinião, engloba tudo, de crônicas do dia-a-dia até a poesia mais diáfana, passando por obras de não-ficção cuja construção textual ultrapasse a simples função informativa. O raso ou o profundo dependem da qualidade do leitor.

2) Quais as razões do sucesso desse tipo de literatura?

Ora, o marketing estuda como chegar à boa vendagem e ao lucro. Eu não entendo de marketing, mas creio que o livro – capa, conteúdo, lançamento e divulgação – obedeça a um cuidadoso esquema pré-estabelecido. O marketing cria a ilusão de necessidade no consumidor. Confunde e funciona.

3) Por que Paulo Coelho é o escritor mais bem sucedido do país? Qual é o valor literário de sua obra? O que falta aos seus romances?

Eu não li Paul Rabbit, só trechos. O mundo me contra-indicou e sou um bom menino. Certa vez, vi o Prof. Cláudio Moreno lendo e indicando erros num trecho de um romance dele. Era uma prosa miserável, não preciso daquilo. Ah, enquanto cortava o cabelo, li numa Playboy que ele sabia como não sair numa fotografia, mesmo que tenha sido clicado. Ou seja, talvez o caso de Rabbit não seja literário, mas médico.

4) Acredita que a literatura de mercado tem como mérito a formação de novos leitores?

Apenas de forma casual. Eu e meus dois filhos, por exemplo, desde pequenos, sempre rejeitamos intuitivamente a literatura de má qualidade. As crianças logo identificaram o que não era bom. Então, não passamos por essa fase. Ao menos a nós, a literatura de mercado não formou.

5) A literatura menor pode ser uma forma de introduzir a população arredia à leitura a obras maiores?

Os livros conversam entre si. Um cita o outro. Talvez alguém chegue a algo maior através de Paulo Coelho, por exemplo, mas depende da sorte ou de si mesmo. Acho que nós temos a tendência a pensar que mandamos nos leitores, que ele tem que ser orientado, mas não é assim. É só mostrar ao leitores potenciais que existem coisas de todo tipo. Ele escolhe o que desejará ler e se desejará.

6) “A cada ano, morrem setenta leitores e apenas dois são substituídos. Eis um modo bem fácil de visualizar a questão”, Roth disse. Por “leitores” ele entende pessoas que lêem livros sérios regular e seriamente. A prova de que “a era literária chegou a seu final está por toda parte”, ele afirmou. “A prova é a cultura, a prova é a sociedade, a prova é a tela, a passagem da tela do cinema para a tela da televisão e para a do computador. Não temos muito tempo, nem muito espaço, e poucos hábitos mentais determinam o modo como as pessoas usam seu tempo livre. A literatura exige um hábito mental que desapareceu. Exige silêncio, algum tipo de isolamento e a concentração continuada na presença de um fator enigmático. É difícil apreender um romance maduro, inteligente, adulto. É difícil saber o que fazer da literatura. Por isso digo que dizem coisas estúpidas sobre ela, pois, a não ser que as pessoas sejam suficientemente educadas, elas não sabem o que fazer dela.”

REMNICK, David. Dentro da floresta: perfis e outros escritos da revista The New Yorker.
São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Muito apocalíptico este Sr. Remnick. Discordo dele. A boa literatura irá sim recuar, recuar, e virará coisa de especialistas e de gente inteligente, que se diverte com coisas mais complexas e que pode ouvir a música de um texto misturada a múltiplos significados, nem sempre claros. A sensibilidade não irá morrer, mesmo que a educação seja uma porcaria. E, quem conseguir se destacar como autor desta rarefeira confraria, até ganhará dinheiro, penso. Cresci ouvindo falar na morte do romance e do rock n`roll. Mas eles vivem de suas crises e estão aí. O mesmo, penso, ocorrerá com a literatura de arte.

7) Qual é a sua opinião sobre o público leitor sério existente no Brasil: ele está crescendo ou diminuindo? A criação de literatura de qualidade está fadada ao desaparecimento?

Não sei se cresce ou não, mas não desaparecerá. Só se pessoas como nós desaparecerem. E a gente se reproduz…

8. Existe literatura de mercado direcionada a grupos especiais, como indivíduos de um determinado sexo ou nível cultural?

Não sei.

9) Você gostaria de apresentar outra discussão sobre o tema literatura artística versus literatura de mercado?

Sim. A decadência é geral. O cinema é menos do que uma sombra do que foi no passado e nesta área é ainda mais complicado, pois há a intervenção direta de muita grana, de investimento pesado. Pensem que nos anos 70 tínhamos Bergman, Buñuel, Fellini, Visconti, Antonioni, Kurosawa, todos ativos; quem são seus análogos atuais? O cinema foi infantilizado a fim de buscar mais espectadores. Grandes investimentos, grandes lucros – é do capitalismo. O cinema hoje, principalmente o americano, não significa nada em termos de arte. Outra crise? A música brasileira tinha Tom, Chico, Milton, Gil, Edu Lobo, Caetano em pleno auge, no mesmo período. Olhe a cena de hoje: Guinga é um compositor quase secreto, Mônica Salmaso é uma cantora desconhecida. Voltando ao cinema, onde estão Hal Hartley e Kusturica? Estes mal conseguem fazer filmes e, quando conseguem, talvez não tenham distribuição… Ou seja, não adianta a literatura achar que é a única desgraçada, pois o marasmo e a vulgaridade grassam.

A Confissão de Sexy Hot

Digamos que o Grêmio superou em muito as expectativas coloradas. Acostumamo-nos a nos divertir com os desempenhos pungentes e dolorosos do tricolor, mas nunca, nem em nossos mais loucos desejos, aspiramos a que ele saísse de cena. E agora? Neste mundo politicamente correto, vamos zombar e nos distrair com quem nos próximos trinta dias?

Aproveito para lhes deixar aqui uma informação de cocheira, ou melhor, de academia. O treinador do Grêmio, Celso Roth – também conhecido como Sexy Hot em algumas rodas – é ou era meu colega na academia Sal da Terra, que ostenta sua bicho-grilice há vinte anos na Av. José de Alencar, em Porto Alegre. Digo “era” porque não o vi mais depois que assumiu o imortal fardo. Pois, pasmem vocês… Não deixem-me antes abrir novo parágrafo.

Pronto. Pois pasmem que Sexy Hot, três dias antes de ser entronizado como técnico da equipe banana, disse informalmente a mim entre um supino e uma flexão plantar:

– Ou o Grêmio contrata cinco bons jogadores ou não chega nem à final do campeonato gaúcho. Cinco, não menos.

Não contratou ninguém e, quando vi que não chegou nem às semifinais e que as oitavas-de-final da Copa do Brasil passaram igualmente ao largo do Estádio Olímpico (*), pensei:

– Puxa, então ele não se enganou com aqueles 19 jogos de invencibilidade. Esse conhece!

Desculpe, Hot. Nunca seja tão franco próximo a um blogueiro. Somos pouco confiáveis.

P.S.- A propósito, quando foram as Olimpíadas de Porto Alegre?