Bom dia, Aguirre ou Futebol, futebol e (pouco) futebol

Bom dia, Aguirre ou Futebol, futebol e (pouco) futebol

O Inter venceu ontem à noite o Fluminense por 4 x 2, placar que não espelha a dificuldade do jogo, que estava 2 x 2 aos 90 minutos e que ficou 4 x 2 aos 93 e 95. Meio envergonhado com os olhares, o Inter está amamentando um recém-nascido espírito vencedor — o qual ontem não se abateu com o gol de empate do Flu aos 38 do segundo tempo.

Só os bons: Edenílson Cuesta e Bruno Méndez | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Aguirre também está conseguindo que o time não pare de criar chances de gol. Antes criávamos e desperdiçávamos, agora criamos e fazemos. Durante a época de desenfreado despilfarro, a sombra do Z-4 aproximou-se e eu tinha receio de que o time desanimasse de vez. (Sabemos que os times grandes que caem passam por esta fase de nervosismo, perdendo gols incríveis a cada jogo). Mas o fato é que fizemos 8 gols  contra 2 times nada ruins.

Deste modo, Aguirre e o departamento de futebol tiveram o mérito de umedecer o chão, fazendo a poeira baixar, de acalmar os ânimos de quem estava deslumbrado com a janela de transferências e de deixar o grupo respirar. Tenho certeza de que em nosso sorriso de hoje há boa dose de alívio.

Cuesta voltou a fazer seu jogo de grandes acertos e algumas falhas. Dourado e Lindoso estão cobrindo direitinho os avanços do argentino — que ontem deu os passes para os dois gols de Edenílson. (Aliás, Ed jogou demais ontem e já é um dos goleadores do Covidão 2021). Yuri se encontrou. Taison começa e voar. Bruno Méndez é um verdadeiro achado. Daniel é outro acerto. Só Moisés e Patrick não conseguem acompanhar os outros. Por que tu não escalas Paulo Victor no lugar do Moisés, Aguirre?

E afastaram o Galhardo. Bom jogador, só que um baita de um chato, basta olhar pra cara dele para saber que adora azucrinar.

Estamos com 21 pontos em 16 jogos. É uma campanha fraca (44% de aproveitamento), mas é ascendente.

E la nave va. Ainda não sabemos claramente para onde vai, só que não é para o Z-4.

.oOo.

Há exatos 15 anos, eu, meu filho Bernardo e o amigo Milton Saad fomos juntos ao Beira-rio. Tinha chovido durante o dia, mas parou de chover ali pelas 17h, enquanto nos deslocávamos para o estádio a fim de ver o Inter ganhar nosso primeira Libertadores. Ficamos horas na fila, mas como valeu a pena!

Dois causos daquele dia:

~ 1 ~

Meu sobrinho Filipe — na época um adulto de 22 anos e que assistia o jogo em outro local do estádio — não suporta a tensão e resolve “ver” o final da partida fechado no banheiro. Entra no malcheiroso recinto com o rádio a todo volume. Como consequência, vê saírem das privadas e de todos os cantos pessoas gritando para ele desligar aquela porcaria. O banheiro estava lotado.

— Aqui ninguém ouve rádio, caralho! Se quiser ficar com a gente, desliga!

Filipe desligou. Todos ouviam o som do estádio, esperando os gritos da comemoração do título. Sim, é uma espécie de seita da qual ignoramos a existência. Eles ficaram ali parados, os nervos à flor da pele, aspirando à vitória e a inolvidável fragrância de um banheiro masculino de estádio de futebol. (Nada como saber usar crases).

~ 2 ~

Eu pergunto para o Bernardo, no finalzinho do jogo.

— Dado, quantos minutos?

Ele consulta o relógio.

— 42.

Depois de meia hora e de uns duzentos ataques do São Paulo, pergunto novamente:

— Dado, quantos minutos?

Ele consulta o relógio.

— 43.

— Não pode, merda! Tu não sabe nem controlar o tempo, bosta!

(Como se mede o “tempo emocional”?).

15 anos. Saudades daquele dia.

Sim, Tinga fez este gol bem na minha frente

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O Grêmio está louco para cair. Dei gargalhadas com a entrevista de Felipão após a partida. Segundo o mestre, o Grêmio tinha perdido porque não se esforçava nem cometia faltas nos momentos fundamentais. Interessante. Ele vive nos anos 90.

Fico feliz de ter previsto as dificuldades tricolores. Quem lê minhas bobagens, sabe que eu escrevi que Geromel, Rafinha, Diego Souza e Maicon completariam 36 anos neste segundo semestre e não aguentariam as exigências físicas do Brasileiro. O Grêmio conseguiu substituir bem Rafinha, mas Diego e Maicon sumiram e Geromel está Geromal.

É claro que nós desejamos a terceira queda, só que esse Campaz que eles contrataram é muito bom e pode acertar o time e enterrar de vez Jean Pyerre — o bom jogador que parece não querer jogar. Acho que, para livrarem-se do Z-4, eles precisarão ganhar mais ou menos a metade dos pontos que disputarão a partir de agora. É simples, mas sabemos como é. Quando estamos mal, até peido descadeira.

O Inter estava caindo e reagiu. Eles deram uma broxada violenta, daquelas que o cara até para de se mexer. Que permaneçam assim.

Quem tem medo de Felipão? | Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press

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Bom dia, Aguirre (com os lances do baile de Inter 0 x 2 São Paulo)

Bom dia, Aguirre (com os lances do baile de Inter 0 x 2 São Paulo)

Aguirre, só te resta agradecer ao São Paulo o fato de não ter nos goleado por 5 ou 6 x 0. Obrigado.

Bem, meu amigo, basta ler as redes sociais. Quando vimos que tu tinhas escalado a zaga com Lucas Ribeiro e Pedro Henrique, selaste nossa sorte. Inventaste algo que só funciona no teu imaginativo cérebro. O Inter traz um zagueiro e tu o colocas na lateral direita, mantendo a dupla comprovadamente ruim, a que era para ser substituída. Parabéns. Aos dois minutos, o estreante uruguaio tentou um drible desnecessário e deu início ao Show da Zaga.

Diego Aguirre, o Professor Pardal | Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional

Mal posicionados, Lucas, Pedro e Daniel cometeram um absurdo, com destaque para o goleiro que, mesmo vendo seu gol aberto, colocou-se para interceptar um cruzamento. Que não aconteceu. O cara do SP chutou para o gol vazio. Um disparate completo cometido por 4 Patetas: Méndez, Lucas, Pedro e Daniel.

É incrível a falta que fizeram Cuesta e Edenílson. A zaga fracassou espetacularmente e quem falava mal de Cuesta sentiu saudades dele. No meio sem Edenilson, a qualidade dos passes, que já era péssima com ele, foi a zero.

Patrick sumiu. Caio Vidal é uma mosca tonta que perdeu dois gols feitos antes de nossas oportunidades de ataque desaparecerem. Bruno Méndez não tem habilidade para jogar na lateral. Johnny está perdido — melhor seria se ficasse na frente da zaga, ao lado de Dourado. Yuri também vai mal, mas está desacompanhado.

Erramos um número absurdo de passes. O futebol moderno pertence a quem é mais rápido e erra menos. Somos rápidos, mas não acertamos passes. É uma vergonha.

Digo sem medo de errar que o time de hoje é inferior ao de 2016. Sinto no ar um cheiro de Segunda Divisão e já vi que o 17º colocado — o primeiro que cai — está a três pontinhos de distância.

Não temos dinâmica nenhuma de jogo, nada de entrosamento, mas creio que, para minorar nossa inevitável derrota no GreNal do próximo sábado, deveríamos entrar com Daniel (o burro); Saravia, Méndez, Cuesta e Paulo Victor; Dourado e Johnny (protegendo a zaga), Edenílson e Boschilia (Taison, se puder); Yuri e Caio Vidal (ou Palácios, ou Cuestinha, tanto faz).

E vou escrever uma coisa chocante: o Inter é pior do que o Grêmio. Bem pior. Uma pena.

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