De Londres para Paris, 22 de fevereiro: Eurostar, Tim Hotel e primeira ida aos vinhos

De Londres para Paris, 22 de fevereiro: Eurostar, Tim Hotel e primeira ida aos vinhos

De manhã, ainda em Londres, pegamos o Eurostar até Paris. Saímos de táxi de nosso querido EasyHotel até a enorme St Pancras Station. No caminho, só para nos atrapalhar, passamos bem na frente da Wallace Collection… Na St Pancras, era nossa última chance de comprar a History Today que a Nikelen nos pedira. Perguntamos por todo lado e nada. A revista simplesmente não existia. Já fizéramos o mesmo no dia anterior, com o mesmo resultado.

A viagem de trem é tranquila e confortável. Pontualíssima, dura aproximadamente 3 horas e tem o preço de pouco menos que 90 libras. Passamos pelo chamado eurotúnel. Ele foi construído no subsolo, 50 metros abaixo do leito do mar do Norte. Inaugurado em maio de 1994, o túnel do Canal da Mancha liga a França e a Inglaterra e tem 51 quilômetros de extensão. Custou seis bilhões de dólares, e é a obra mais cara do mundo paga inteiramente com dinheiro privado. Em Paris, a estação onde o trem chega é a Gare du Nord. De lá, pegamos o terceiro táxi da viagem até o hotel, que ficava bem perto. Tudo calculadinho.

Ficamos no TimHotel da Rue Linné, 5, bem na frente do Jardin des Plantes, onde está localizado o Museu Nacional de História Natural. Num raio de uns 4 Km, andando a pé, tínhamos a Notre Dame, a Shakespeare & Company, o Pantheon, a Rue Mouffetard, os Jardins de Luxemburgo, o Louvre, o Musée d`Orsay, etc. Enfim, se fôssemos alérgicos a metrô, poderíamos ficar sem ele, tal era a perfeita a localização (ver no centro do mapa) do hotel reservado pela Casamundi. Quando chegamos, abri a janela de nosso quarto, peguei o tablet e tirei uma foto digna do filme Amélie Poulain. A luz sobrenatural que saía da fruteira da esquina era de cinema.

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Não consegui repetir o fenômeno quando peguei a máquina fotográfica.

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Virando o corpo para o lado direito, dava para ver o portão do Jardin des Plantes. Sim, estava anoitecendo.

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Fomos explorar a Rue Linné. A primeira coisa que vimos foi que o grande Georges Perec tinha morado por 8 anos na vizinhança.

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Depois de um longo passeio, entramos num Carrefour a fim de comprarmos nosso jantar. Este, o jantar, foi maravilhoso, mesmo com a cruel alergia à proteína de leite da Elena em pleno país dos queijos.

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Em nosso quarto — desta vez de bom tamanho — abrimos um daqueles vinhos premiados que o Farinatti nos indicou.

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13 e 14 de fevereiro: ainda de Porto Alegre a Londres

13 e 14 de fevereiro: ainda de Porto Alegre a Londres

Pois comecei a contar nossa viagem sem falar no embarque em Porto Alegre. A Elena manifestou estranheza pelo fato de estarmos saindo do país sem estresse, brigas, nada. As malas tinham sido fechadas desorganizadamente e às pressas, tudo em cima da hora. Desta forma, tivemos em nossas mãos tudo para um pequeno atrito, só que este não ocorreu. Esta tem sido nossa rotina. Minha companheira sentia-se vivendo uma doce e inédita irrealidade, onde as coisas caminhavam natural, amorosa e cordialmente. E reclamou, para minha diversão. Propus um espancamento súbito, mas ela apelou para a Maria da Penha e achei melhor deixá-la insatisfeita, sem problemas.

O voo pela TAP foi perfeito, em 11 horas estávamos em Lisboa, conforme as fotos do post anterior. Nossa maior preocupação foi em vão: acontece que minha companheira é alérgica à proteína do leite e a empresa portuguesa respeitou a dieta combinada quando da compra das passagens pela Casamundi. Tudo certo.

Duas horas depois, pontualmente, a TAP já nos levava para Londres, não para o aeroporto de Heatrow, mas para Gatwick. Fizemos lá a imigração. Eu, como cidadão europeu e, portanto, pessoa de qualidades especiais, fui para a fila rápida e descomplicada dos semideuses da União Européia; a Elena, sendo um bielorrussa naturalizada brasileira, foi para a fila dos sob desconfiança. Eu passei tranquilo, claro, já a Elena teve que responder as perguntas de um inglês sorridente e cortês.

— O que você veio fazer aqui?

— Vim conhecer a cidade e assistir concertos.

— O que você faz?

— Sou violinista de uma Orquestra Sinfônica no Brasil.

— Música clássica?

— Sim.

— Hummm… E onde está seu violino?

— Deixei no Brasil.

— Good, férias são férias. Está sozinha?

— Não, estou com meu boyfriend.

— E onde ele está?

— Na outra fila.

— Mas por que ele está na outra fila?

— É que ele é cidadão português.

O homem ficou pensativo e concluiu:

— Makes sense.

— Poderia tirar os óculos para eu ver melhor seu rosto?

— Sim.

— E vão para onde depois?

— Para Paris e Lisboa.

— Gostaria de ver a passagem.

— Aqui está.

— Perfect. Enjoy London!

E saímos para o mundo! Ou mais exatamente para o Gatwick Express, modo mais barato e fácil de ir daquele aeroporto até o centro de Londres, mais precisamente a Victoria Station. É a melhor opção: os trens saem a cada 15 min, o trem vai direto e a passagem custa 19 pounds por pessoa. Dali para o Earl`s Court é uma barbada de metrô.

No próximo capítulo, meus sete leitores saberão sobre nossa chegada ao hotel, a qual foi bastante espetacular e que deu à Elena o esperado alívio: finalmente, o estresse.

Ela poderia ter mostrado esta foto pro cara, né?
Ela poderia ter mostrado esta foto pro cara, né? | Foto: Vanessa Wigger

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13 e 14 de fevereiro: de Porto Alegre a Londres

13 e 14 de fevereiro: de Porto Alegre a Londres

Planejamos nossa viagem junto a Casamundi, que nos conseguiu um preço do tamanho de nosso bolso para a viagem e conexões. O voo foi pela TAP e, além do preço legal, pudemos ir de Porto Alegre a Lisboa direto, sem passar pelo inferno de Guarulhos e por um possível problema e translado de bagagens. A vantagem é que a gente chega muito mais descansado, o que não é pouca coisa.

De manhã, eu e Elena aterrissamos ao aeroporto de Lisboa que, não obstante o fato de ser uma cidade de 700 mil habitantes, tem um aeroporto dez vezes maior, mais equipado e mais funcional do que o de Porto Alegre, cidade de 1,5 milhão. Estávamos acessando nossos e-mails antes de pegar a conexão também da TAP para Londres, quando…

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… começou um show, um pequeno show que se revelou uma linda surpresa e afetuosa saudação para uma viagem perfeita.

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A cantora, acordeonista e compositora Celina da Piedade fez uma curta e bela apresentação matinal para quem ali estava.

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Algumas pessoas começaram a dançar — um deles um cadeirante temporário.

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Outros a fotografar, como eu e outros.

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O grupo era formado por Celina, um contrabaixista e uma tecladista. Eles interpretaram canções folclóricas do interior de Portugal. As pessoas não conseguiam ouvir sem sorrir. Nós também ficamos felizes com as boas-vindas.

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E chegamos a Londres pelo aeroporto de Gatwick. Pegamos o Gatwick Express até a região central da capital, deixamos nossa bagagem num hotel do quela falaremos nos próximos dias e fomos para um pub. Achamos estranho que em todas as mesas havia velas acesas, tornando o ambiente romântico. É que era o dia 14 de fevereiro, também conhecido como …

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Valentine’s Day.

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1º de fevereiro: Roma e uma pequena aventura em Londres

Dia complicado e cansativo, nossa! Eu e minha filha Bárbara tínhamos saído de Porto Alegre no dia 31. Neste dia tivemos que chegar ao aeroporto cedo, muito cedo, a pedido da Casamundi. Acho que foi excesso de zelo, mas tudo bem, melhor o excesso do que a falta. De Porto Alegre, fomos ao Rio de Janeiro e de lá saímos para Roma pela Alitalia. Não é que estivesse quente dentro do avião, é que era o verdadeiro inferno. A Bárbara mal dormiu, eu consegui umas duas horas de sono. Queria tirar a camiseta que usava e ficar sem camisa, mas temia que aqueles italianos — incrivelmente de terno — me jogassem para fora do avião.

Chegamos a Roma 40 minutos antes do horário previsto. E demos graças ao Diabo pela franquia destes preciosos minutos. A sugestão de pegarmos o serviço de ônibus da TerraVision revelou-se sensacional. Pegamos o ônibus antes do previsto e a viagem de Fiumicino a Roma foi absolutamente rápida e confortável. Chegamos a Cidade Eterna pelas 8h da manhã e, talvez pela raiva pela péssima noite, resolvemos fazer um turismo doido. Saímos do terminal de ônibus da via Marsala e decidimos: vamos fazer todos os principais monumentos a pé. E começamos a infantaria: Coliseu, Piazza Navona, Fontana de Trevi, Panteon, Vittorio Emmanuelle (aquela máquina de escrever horrível) e ainda fomos ao Musei Capitolini, que eu desconhecia e ao qual fui indicado pela Bárbara. Valeu muito a pena.

O resultado de alguns quilômetros de caminhada e de alguns equívocos de percurso, mais a noite mal dormida, foi um enorme cansaço. Além disso, a Babi estava com as pernas doloridas e eu com dor nos pés… Mas chegamos de volta à via Marsala e depois ao aeroporto de Fiumicino. O voo para Londres — novamente pela Alitalia — foi também a uma temperatura de banho, mas sem água.

Londres começou com uma missão ao estilo 007, só que jamais a imaginávamos. Chegamos no horário previsto das 23h05, mas a imigração, as malas e o enorme aeroporto fizeram com que nós ficássemos liberados quase à meia-noite. Quando perguntei pelo serviço de trem que nos levaria a Paddington Station, fiquei sabendo que este não existia mais, mas que poderia ir a Earl`s Court, local de nosso hotel, de modo muito mais tranquilo, pelo metrô, que aqui é chamado simpaticamente de Underground para diferenciar dos outros trens. Melhor ainda, não? Claro, só que eram 23h57 e o último trem sairia de Heathrow às 24h. Até agora não sei como conseguimos correr até o guichê automático — pois não havia mais atendentes na estação –, enfiamos o cartão Diners na máquina que cuspiu duas passagens e entramos a tempo no trem. Não sei. Só sei que um funcionário do metrô se compadeceu de nós e não apenas operou o equipamento como abriu todas as cancelas até a porta do trem. Isto é, compramos as passagens, mas não as utilizamos. Sim, estamos entre polite, and very good people. Se não fosse a política externa deles…

Então, aí vai a nossa segunda dica — a primeira foi a TerraVision: nunca chegue tão tarde a Londres, a não ser que queira gastar os tubos com um táxi de Heathrow até a cidade.

A 1h da madrugada estávamos chegando ao fim de nossa longa viagem: entrando no easyHotel, hotelzinho de quartos diminutos, mas de preço muito bom, daqui em Earl`s Court. Olha, nunca um banho foi tão libertador.

A Bárbara ornamentada por uma lasca de Coliseu.
As lojas de moda eclesiástica. Presenteie seu padre preferido.
Essa foto deu certo, né? É do teto do Panteon.
O Panteon por fora.
Jornalismo Sul21; protesto dos funcionários da RAI. Eles estão amordaçados, mas um deles ainda fala.
E como!
Sem Anita Ekberg e com demasiada luz.
O que é IMU?
Olhei, olhei e não sei como o cara fica ali. Não há fios, nada.

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